Alterações hormonais podem resultar no
comprometimento do equilíbrio dos fluidos labirínticos, afirma especialista do
HP
Localizado na porção mais interna do ouvido, o labirinto é um dos principais órgãos responsáveis pelo equilíbrio corporal, trabalhando em conjunto com o sentido da visão e a propriocepção (capacidade do corpo de perceber e reconhecer a posição, movimento e orientação de seus membros, sem precisar da visão).
As variações hormonais femininas podem ter uma relação com as doenças labirínticas, que afetam o equilíbrio e a audição. Durante o ciclo menstrual, os níveis de estrogênio e progesterona podem afetar o sistema vestibular, responsável pelo equilíbrio, e a cóclea, responsável pela audição.
Conforme
o otorrinolaringologista do Hospital Paulista Dr. Ricardo Dorigueto, as
principais doenças do labirinto que podem ser influenciadas pelo controle
hormonal feminino são Vertigem Posicional Paroxística Benigna (VPPB), um
distúrbio da orelha interna que causa crises de vertigens desencadeadas por
determinadas mudanças na posição da cabeça; e doença de Ménière, caracterizada
por ataques recorrentes de vertigem espontânea, perda de audição e zumbido.
Essa última ocorre devido ao aumento da pressão dos líquidos da orelha interna.
Especificamente nas mulheres, segundo ele, as
alterações hormonais que ocorrem no ciclo menstrual, gestação e menopausa podem
resultar no comprometimento da homeostase (equilíbrio) dos fluidos
labirínticos, agindo diretamente nos processos enzimáticos e na atuação de
neurotransmissores.
“Os nossos hormônios atuam em todo nosso corpo e,
claro, que uma mudança nos seus níveis pode acarretar sintomas num órgão tão
sensível quanto o labirinto”, explica o médico.
Artigo publicado pela Revista Brasileira de
Otorrinolaringologia corrobora com a tese, ressaltando que, no ciclo menstrual
regular, ocorrem variações nos níveis de hormônios esteroides ovarianos,
estrógeno e progesterona, conforme as fases do ciclo.
“No labirinto, temos um líquido que precisa estar bem
equilibrado na quantidade de suas substâncias para o bom funcionamento do
ouvido. E é exatamente aí que o hormônio atua e, em algumas pessoas, pode
desencadear sintomas de instabilidade, sensação de cabeça vazia ou como se
andasse flutuando, além de zumbido e intolerância aos sons”, ressalta Dr.
Dorigueto.
Esses sintomas, relacionados ao ciclo menstrual e à
gravidez, se devem em geral à progesterona que leva a um aumento de água e
sódio, podendo gerar um aumento da pressão dentro do labirinto e causar
sintomas parecidos com a síndrome de Ménière, assim como as alterações hormonais, particularmente durante a menopausa,
aumentam a incidência de VPPB em mulheres. A provável fisiopatologia, segundo o
especialista, está relacionada aos receptores de estrogênio na orelha interna.
“Devido à retenção de sódio e à hipertensão
endolinfática, é na fase lútea (última fase do
ciclo menstrual) que podem ser observados quadro de hidropisia
labiríntica” afirma o médico.
O especialista finaliza destacando que, como é comum
confundir as doenças do labirinto, é necessário que o paciente realize uma
consulta com um otorrinolaringologista para garantir o correto diagnóstico e
tratamento adequado.
Hospital Paulista de
Otorrinolaringologia
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