Estudos indicam que câncer de
pele tem incidência estabilizada, mas mortalidade ainda cresce no Brasil
Mais de um terço dos brasileiros terão câncer de
pele nos próximos três anos, segundo estimativas do INCA
Com
a chegada do verão e das férias escolares, é hora de reforçar os cuidados com a
pele. A campanha “Dezembro Laranja”, criada pela Sociedade Brasileira de
Dermatologia (SBD) em 2014, tem o objetivo de conscientizar a população e prevenir
o câncer de pele, que é o mais comum no Brasil. A doença é provocada pelo
crescimento anormal de células que compõem a pele, que se dispõem em camadas e,
de acordo com a área afetadas, se diferem em diferentes tipos de câncer.
Segundo projeções do Instituto Nacional do Câncer (INCA) para o próximo
triênio, o câncer de pele não melanoma responderá por 31,3% de todos os
diagnósticos oncológicos no país.[1]
O
subgrupo mais comum é o câncer de pele não-melanoma, representado, sobretudo,
pelos carcinomas basocelulares e carcinomas espinocelulares. Esse subgrupo é
responsável por cerca de 177 mil casos por ano, de acordo com a SBD[i],
porém , felizmente, apresenta baixa letalidade. O tipo mais agressivo e mais
raro é o melanoma, que registra cerca de 8,5 mil novos casos anualmente, e que
apresenta maior chance de gerar metástases -- cenário no qual o câncer se espalha
para outros órgãos. O melanoma acomete células da pele chamada melanócitos, que
produzem melanina, proteína responsável por conferir cor à pele.
Apesar de o melanoma ser um subtipo de câncer de pele raro no Brasil, essa realidade não se repete em todas as partes do mundo. Na Austrália, por exemplo, 16,8 mil pessoas serão diagnosticadas com melanoma no País, e uma pessoa é diagnosticada com a doença a cada 30 minutos.[2] Isso ocorre por vários motivos: o clima favorece o aparecimento de lesões que progridem para o melanoma, com muito sol e altos níveis de raios ultravioleta. Outro fator determinante na Austrália é o fato de muitas pessoas terem pele muito clara, e a cultura local de fazer atividades ao ar livre. No Brasil, apesar de o número de diagnósticos de melanoma ter estabilizado nos últimos anos, a mortalidade vem crescendo em pessoas com menos de 60 anos de idade com essa doença, segundo apontam estudos.[3]
Esses
são alguns fatores de risco para o câncer de pele em geral: a exposiçãoà
radiação ultravioleta e o chamado fototipo, definido pela cor da pele, cor dos
olhos e cabelos. Pessoas de pele clara, com fototipos I e II, tem mais risco de
desenvolver a doença, que também pode se manifestar em pessoas negras, mesmo
que em casos mais raros. Fototipos é um modelo de mensurar o tom da pele de
acordo com a quantidade de melanina, que podem variar de 1 a 6 sendo 1, a mais
pele mais clara, e 6, a mais escura. Outros fatores de risco incluem a
imunossupressão (exemplo: pacientes transplantados apresentam risco muito
elevado de câncer de pele) e histórico familiar -- reforçando a necessidade de
exames preventivos regularmente caso haja parentes que têm ou tiveram a
doença-, exposição prolongada ao sol na infância e adolescência e trabalhar por
longas horas exposto ao sol sem a proteção adequada[ii].
O
diagnóstico é feito por meio de exame clínico e biópsia, mas é importante estar
atento aos sintomas para que seja possível identificar o câncer de pele ainda
no início. Pintas com relevo, que mudam de cor, textura ou tamanho e manchas ou
feridas que não cicatrizam e apresentam coceira ou sangramento são os
principais sinais de alerta para procurar um especialista.[iii]
Estudo
recente também aponta que a demora no começo do tratamento para melanoma pode
ser um indicador de mortalidade. Para pacientes com plano de saúde suplementar,
o tempo médio do diagnóstico para o tratamento foi de 28 dias. Para usuários do
SUS, este tempo é de mais de 60 dias. Essa demora foi observada
prioritariamente em mulheres de baixa escolaridade, residentes do Nordeste do
Brasil.[4]
Segundo
o cirurgião oncológico do Hospital Sírio-Libanês, Dr. Fábio Ferreira, o hábito
de examinar a pele é pouco difundido, o que atrasa o diagnóstico. “Além disso,
a população, principalmente aqueles que vivem longe do litoral, pouco adere ao
uso do protetor solar nas regiões do corpo expostas ao sol no dia a dia, embora
o Brasil seja um país ensolarado na maior parte do ano”, completa.
Prevenção
Evitar
a exposição ao sol sem a proteção adequada é a principal forma de prevenir o
câncer de pele, mas como fazer isso da forma correta?
- Evitar tomar sol entre 10h e 16h;
- Utilizar filtros solares diariamente, com fator de proteção solar (FPS) 30, no mínimo, e reaplicar ao longo do dia -- inclusive produtos à prova d’água;
- Cobrir áreas expostas com roupas e acessórios apropriados, como
camisas de manga comprida, chapéus, bonés e óculos escuros;
- Na praia ou piscina, usar barracas e guarda-sóis feitos de algodão
ou lona, que absorvem cerca de 50% da radiação UV. Os produtos feitos de
nylon não são recomendados pois 95% dos raios UV passam pelo material;
Também
é recomendado visitar um dermatologista uma vez ao ano para exames completos.
Sociedade Beneficente de Senhoras Hospital Sírio-Libanês
https://hospitalsiriolibanes.org.br/[1] Link
[2] Link
[3] Link
[4] Link
[i] Link
[ii] Link
[iii] Link
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