Especialistas falam sobre o impacto dos transtornos mentais durante o EAD e como isso mudou a forma de interação social no retorno das aulas nos colégios e universidades
A falta de interação social, a
incerteza de se passar por essa crise de saúde, e em muitos casos a falta de
recursos e um ambiente favorável ao aprendizado, gerou bastante defasagem entre
estudantes que precisaram se superar e contar com uma rede de apoio para vencer
tais dificuldades. Em meio a distrações, sensações de incapacidade e inúmeras
inquietações, muitos alunos ainda se encontram desconexos com o retorno das atividades.
Após quase dois longos anos, alguns
colégios e universidades retomaram as aulas presenciais trazendo para a maioria
dos estudantes um mix de sentimentos que oscilam entre alívio e
preocupação. Afinal, foi um período conturbado para todos, sobretudo para os
alunos que sofrem de transtornos mentais ou foram diagnosticados durante esse
tempo com TDAH, dislexias, depressão, ansiedade e diversas outras adversidades.
“Ao ter que se adaptar totalmente ao
novo ensino presencial, acredito que a maior dificuldade seja no sentido de
socialização e ao se adequar a um fluxo de estudos mais intenso. No caso de
alunos com transtornos mentais, precisamos monitorar e ser empáticos. É injusto
que haja uma cobrança imediata referente ao rendimento acadêmico, é uma nova
realidade”, observa Ciomara Schneider, professora do curso de psicologia do
CEUB.
Em uma pesquisa realizada por
brasileiros, publicada em 2022 pela FAPESP, os pesquisadores observaram que de
672 estudantes, 161 não se inscreveram nas plataformas de aulas à distância
enquanto se encarava o período de isolamento. A pesquisa concluiu que ao
apresentar sintomas prévios de transtornos mentais, a chance do jovem não
assistir às aulas online era maior.
Para o Dr. Lucas Cruz, neurologista do
Hospital Anchieta de Brasília, misturar um espaço que deveria ser de lazer com
um ambiente que precisou ser de produtividade como a casa trouxe um estresse,
“a dificuldade em se manter constante acarretou na queda do rendimento dos
estudantes, seja em fase escolar ou universitária. Por isso é preciso que sejam
trabalhadas expectativas realistas, rotinas factíveis, tudo isso no objetivo de
recuperar a perda do aprendizado remoto e fazer com que esses alunos resgatem
sua autoestima intelectual”.
Qual o impacto das
atividades físicas nisso tudo?
Muito além de benefícios estéticos,
tanto a prevenção quanto o tratamento de transtornos mentais, são fortemente
influenciados de forma positiva com a prática de exercícios físicos. Atualmente
em meio a tantos estímulos, é um grande desafio encontrar um ponto de descanso
mental. Trabalho, estudos, responsabilidades afetivas e afins, são demandas que
ocupam uma grande parte do dia e por vezes geram sobrecargas.
Lucas Victor, educador físico da rede
Bodytech Brasília, traz tal prática como válvula de escape nos tempos atuais e
ainda complementa lembrando sobre a importância do autocuidado, “hoje através
do exercício físico muitas pessoas conseguem se desligar desses inúmeros
estímulos mentais e tiram um tempo para si. A liberação de hormônios como
serotonina, adrenalina e endorfina, fazem com que nos sintamos melhores e
tenhamos uma sensação maior de bem-estar”.
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