Caso de Fabiana Justus levanta debate sobre uso de materiais pouco eficazes na proteção contra a Covid
Lutar contra a
contaminação do coronavírus requer a adoção de várias estratégias juntas.
Isolamento social, lavar as mãos, passar álcool gel, não sair de casa sem
máscara, trocar de roupa toda a vez que voltar da rua, deixar os sapatos na
porta. Tudo isso até chegar a tão sonhada vacina. Enquanto o melhor dos mundos
não acontece, a conscientização ainda é a melhor forma para minimizar os
impactos da Covid-19.
Na última semana a
influenciadora digital Fabiana Justus divulgou uma série de vídeos no Instagram
afirmando ter contraído o novo coronavírus após adotar o uso de modelos de
máscaras feitas em tricô. "Linda e estilosa", como descrita por
Fabiana, todavia, o tecido tem entre suas características a porosidade, não
sendo efetivamente uma barreira eficaz, segundo especialistas.
Mas afinal, como escolher
a máscara certa para não ser vítima do mesmo erro da influenciadora? O primeiro
ponto é verificar a composição do tecido e atentar para suas características.
Tramas mais abertas podem transmitir a sensação de maior respirabilidade - caso
do tricô. Todavia, de forma geral, quanto mais poroso for o material, maior a
proteção. Neste caso, as melhores alternativas são ainda o tricoline (100%
algodão), o poliéster e os chamados tecidos tecnológicos, que recebem adição de
aditivos com propriedades bactericidas, fungicidas e antivirais.
Alternativas no
mercado que são efetivas e podem oferecer proteção segura à população
Diante da pandemia,
o mercado brasileiro desenvolveu inovações importantes para garantir o maior
conforto ao usuário das máscaras, sem abrir mão da proteção adequada. Há opções
de tecidos com comprovação de efetividade como barreira mecânica para barrar a
passagem de gotículas e oferecem propriedades capazes de inativar o Sars-Cov-2
de sua superfície logo após o contato.
A exemplo disso, a
indústria têxtil Delfim, no mercado há mais de 60 anos, criou o DelfimProtect,
em parceria com a empresa Nanox, ligada à Universidade Federal de São Carlos
(UFSCar), graças à uma inovação 100% nacional: micropartículas de prata, que
tem uma espécie de condutor que elimina o novo coronavírus por contato em menos
de dois minutos por meio da oxidação. "A prata tem propriedades
bactericidas e fungicidas. Vários tipos de fios foram testados, até que o
resultado ideal fosse alcançado", explica Mauro Deutsch, presidente da
companhia.
O produto final é
feito de 100% poliéster, algo que desmistifica a premissa de que para ser
eficiente o tecido precisa ter em sua composição algodão e mais outro tipo de
fibra. "A malharia de urdume não desfia e não desgasta, além de ser
confortável no vestir e para a passagem de ar. Além disso, a proteção está na
filtragem, nas propriedades antibactericidas e na antiativação do vírus, algo
que conseguimos com os íons de prata", enumera Mauro. O grande ponto alto
do tecido é a sua alta eficiência de filtragem, comprovada cientificamente, que
chega a 93%, além de sua barreira física e mecânica. "É um índice próximo
ao obtido por uma máscara cirúrgica. É algo inovador e disruptivo",
ressalta. Outra característica inovadora é a repelência à água.
A durabilidade dos
tecidos antivirais é outro aspecto que tem gerado vários questionamentos. De
acordo com Deutsch, máscaras feitas com esse tipo de tecido com propriedades
anti-Covid podem ser lavadas até 30 vezes sem perder a eficácia da ação das
micropartículas de prata. "Há estudos em andamento que estão checando
estender esse número até 45 vezes", aponta o presidente da Delfim.
Mauro ressalta que o
processo de lavagem tem que ser o mais simples possível, desvendando algumas
informações que circulam por aí de forma equivocada. "As máscaras podem
ser lavadas na máquina de lavar, sem nenhum problema. Apenas é importante
colocá-las em sacos de proteção para roupas delicadas e não usar
alvejante". E ele fornece mais uma dica valiosa. "Para manter a
efetividade da repelência é preciso passar a máscara ou qualquer produto feito
com o DelfimProtect com ferro após a lavagem".
Com a disseminação
dos tecidos antivirais no mercado, muita gente tem comprado gato por lebre por
conta da pirataria. Para garantir a compra de produtos que, de fato, assegurem
a proteção, o presidente da Delfim fornece alguns conselhos. "Se a busca
for pelo tecido, no site da Delfim nós indicamos os nossos distribuidores.
Procure nossa marca no produto. Se a intenção é comprar os produtos prontos,
escolha fornecedores de confiança que realmente esteja comercializando uma
máscara que proteja contra o coronavírus, e não venda itens piratas".
Apesar de todos
esses atributos, Mauro faz questão de enfatizar a importância de manter a
higiene pessoal. "O uso de máscara aumenta significativamente o grau de
proteção contra o vírus. Mas isso não significa que a pessoa estará totalmente
protegida. O hábito de higiene pessoal tem que feito a todo momento. E, para
mim, ele veio para ficar".
Proteção para além das máscaras
Cada vez mais é
possível ver a utilização desses tecidos ganhando uma amplitude maior. Hoje já
está presente em toalhas de mesa de restaurantes, aventais para os garçons,
jalecos para médicos, uniformes escolares, entre tantas outras aplicações.
O restaurante Così,
que conta com unidades em São Paulo e Brasilia, adotou o "super
tecido" para a produção de toalhas, além de aventais e máscaras utilizados
pela equipe de cozinha - chef, assistentes e auxiliares - e para o time da
linha de frente, incluindo garçons, maître, entre outros.
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