O economista Igor
Lucena, lista algumas dicas para evitar erros na hora de investir na renda fixa
A crise gerada pela covid-19 causou
incertezas para os investidores brasileiros que, para fugirem da instabilidade
da renda variável, buscaram opções mais conservadoras e com menor
rentabilidade. E um dos maiores reflexos destas mudanças é a disparada que a
caderneta de poupança sofreu nos últimos meses. De acordo com números
divulgados pelo Banco Central (BC), em julho, os investidores depositaram
R$27,14 bilhões a mais do que retiraram da aplicação - o maior saldo para o mês
desde o início da série histórica, em 1995.
O economista Igor Lucena, explica que a paixão dos investidores por estas opções mais conservadoras já vem de décadas, pois os juros eram altos e asseguravam um bom retorno. Por mais que o cenário tenha mudado nos últimos anos com a queda da Selic, esses investimentos continuam entre as preferências. “Mas é importante pontuar que renda fixa não é sinônimo de retorno garantido. Esses investimentos também estão sujeitos a riscos, tanto de crédito quanto de mercado. Em algumas situações, o valor de um papel pode variar tanto quanto uma ação”, explica.
Na maior parte das vezes, a melhor opção para o investidor é ter uma carteira diversificada, considerando que a mesma é de extrema importância na construção de patrimônio e deve ser elaborada de acordo com os objetivos de cada investidor. “Podemos listar cinco motivos essenciais para ter uma carteira diversificada: ela evita que toda a sua rentabilidade esteja exposta ao mesmo tipo de risco de um segmento, mercado, indexador, além de ter presença em vários mercados para garantir uma rentabilidade melhor e mais segura. Ela também apresenta uma redução de risco, potencialização de ganhos e proporciona um certo equilíbrio e comodidade”, complementa
Uma das coisas mais importantes quando se tem uma carteira diversificada é saber onde investir. É necessário prestar atenção em alguns fatores iniciais que podem interferir bastante na rentabilidade dos investimentos. “Para garantir um bom investimento, dicas importantes são: se organizar, verificar o tamanho do capital, analisar o perfil de tolerância a risco, conhecer o seu perfil investidor, se proteger da inflamação, considerar o tempo de investimento e avaliar os custos operacionais”, define.
Além disso, é normal cometer alguns
erros ao investir em renda fixa. Para evitar isso, Igor lista algumas dicas.
Confira:
1 – Não aposte na primeira opção
apresentada pelo gerente: antes de tudo, é sempre necessário
fazer uma análise. “É preciso pesquisar as melhores taxas e opções de
investimentos para os mesmos títulos e não aceitar a primeira opção que o
gerente do banco sugere por puro comodismo”, diz Igor.
2 – Busque saber o prazo da aplicação: um
dos maiores erros de quem quer investir na renda fixa é fazer isso mesmo sem
saber o prazo da aplicação. “Em busca de uma taxa mais atrativa, acabam
aplicando todo seu dinheiro em investimentos sem liquidez e longos prazos de
resgate”, alerta.
3 – Saiba o que é o Fundo Garantidor de
Crédito (FGC): é sempre importante para a segurança do
próprio investidor saber da existência e significado do FGC. “O FGC é um
mecanismo que permite que o investidor de renda fixa tenha uma segurança que
reaverá seu dinheiro em caso de falência do banco que investe”, explica.
4 – Não acredite que não se pode perder
dinheiro em renda fixa: muitos investidores têm a convicção de
que não é possível perder dinheiro com renda fixa. No entanto, devido a vários
fatores, ele pode perder dinheiro sim. “Um bom exemplo é quando se escolhe um
título prefixado e há uma elevação na taxa de juros e o investidor decide sair
do título antes do vencimento”, entende Igor.
5 – Leve a inflação em conta ao
calcular a rentabilidade: é importante sempre manter-se atento à
inflação quando pensar em investir em algo. Deixar isso passar, pode causar
prejuízo. “Um investimento pode render 10% ao ano, mas, se a inflação for de 9%
naquele ano, ele renderá muito pouco na prática, já que há uma perda de valor
envolvida”, explica.
6
– Avalie o melhor indicador para investir:
essa análise é fundamental para obter informações sobre a situação e o
desempenho das empresas e não cometer erros na hora de investir. “Os
investimentos em renda fixa costumam ser atrelados a diversos indicadores, seja
o CDI (Certificado de Depósito Interbancário) ou IPCA (Índice de Preços ao
Consumidor Amplo)”, conclui Igor.
Igor Macedo de Lucena - economista e
empresário, Doutorando em Relações Internacionais na Universidade de Lisboa,
membro da Chatham House – The Royal Institute of International Affairs e da
Associação Portuguesa de Ciência Política.
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