Pandemia trouxe o segundo pior cenário dos últimos dez anos para tomada e concessão de crédito no país. Levantamento especial considera um conjunto de variáveis para classificar a configuração do mercado de crédito em três níveis
O Semáforo do Crédito funciona como
uma bússola, dando uma direção da atual situação do ambiente de crédito no Brasil.
Ainda não é possível afirmar que novembro sinaliza uma pausa na recuperação ou
o início de uma fase desfavorável no mercado de crédito. Incertezas em relação
aos desdobramentos da crise, incluindo possibilidade de novas ondas de
contaminação e eficiência de uma futura vacina, podem ter gerado um sinal de
alerta entre os agentes econômicos. Os próximos meses serão cruciais para
definir a extensão da recuperação e o cenário do crédito para pessoa física em
2021”, afirma o economista da Serasa Experian, Luiz Rabi.
Desenvolvido pelo Instituto
Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV IBRE), o Semáforo foi
decomposto em quatro grupos que ressaltam aspectos distintos do mercado de
crédito: Volume de Crédito, Confiança, Condições de Crédito e Renda. Assim,
segue três configurações: vermelho se abaixo de 90 pontos, indicando um cenário
desfavorável; amarelo se entre 90 e 110 pontos, denotando estado de atenção;
verde se acima de 110 pontos, denotando um cenário favorável. Na pontuação mais
alta, o índice sinaliza o aumento da procura por crédito, condições
econômico-financeiras mais favoráveis, crescimento do volume de financiamento
para pessoa física no país com relativa estabilidade ou até mesmo queda dos
níveis de inadimplência.
Com base histórica desde outubro de
2010, o estudo mostra que o menor nível alcançado durante a pandemia (39,5
pontos em maio/20) é bastante similar a outubro de 2015, quando foi registrado
o pior nível do índice (36,9 pontos), resultado da crise política e recessão econômica
enfrentada pelo país, que se estendeu até 2016. Já dezembro de 2017 registrou o
auge de um ambiente de crédito favorável, com 137,2 pontos, que veio se
mantendo até o início da pandemia de Covid-19.
O ano de 2014 foi escolhido como
período de referência do estudo por ser um período em que o mercado de crédito
ao consumidor operava num ambiente de expansão moderada de seus volumes com
relativa estabilidade dos níveis de inadimplência. A média em 2014 foi
normalizada em 100 e o desvio-padrão em 10. Todos os outros períodos receberam
uma pontuação em relação a essa base de comparação.
Decomposição
do estudo
O estudo foi construído com base em quatro grupos que ressaltam aspectos
distintos do mercado de crédito: Volume de Crédito, Confiança, Condições de Crédito
e Renda.
O Volume de Crédito é composto por
dados de concessão do mercado, consultas ao cadastro negativo e informações do
cadastro positivo da Serasa Experian. O grupo Confiança é resultado de uma
combinação de diversos índices da Sondagem do Consumidor e índices de confiança
empresariais de setores da economia elaborados pelo FGV IBRE. Já o grupo
Condições de Crédito considera taxas de inadimplência, taxas de juros e
comprometimento de renda. Por fim, o grupo referente à Renda agrega informações
de ocupação e massa salarial da população.
Dentre esses, o Volume de Crédito
contribui com o maior peso do indicador, seguido pelos grupos Confiança e
Condições de Crédito, que têm historicamente participações semelhantes no
levantamento. O grupo da Renda tem o menor peso e demonstra uma maior
resiliência nos momentos de recessão, ou seja, as séries desse grupo são menos
impactadas pelas crises que as demais. Por outro lado, as séries do grupo de
Confiança respondem mais forte às crises, períodos em que as sondagens
registram um aumento do pessimismo e incerteza na economia.
Veja abaixo o gráfico com a
decomposição do estudo:
Serasa
Experian
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