Se houve um tema em alta em 2020 no universo corporativo foi a transformação digital. Diante das novas regras impostas pela pandemia, empresas de todos os portes e segmentos precisaram se adaptar e encontrar novas formas de sobreviver. A tecnologia foi a única solução para a maioria delas.
Nesse contexto, a transformação digital assumiu o
protagonismo. A pandemia não mandou “recados”; não deu tempo para que ninguém
se preparasse. Ela chegou repentinamente e se instalou, demandando medidas de
contingência para que as empresas continuassem operando. As vendas por sites,
redes sociais ou mesmo por aplicativos de mensagens, simplesmente explodiram.
De uma forma ou de outra, todos foram afetados. Uns
mais, outros menos. No caso de empresas aéreas e de turismo, o impacto foi
enorme. Por outro lado, e-commerces ou lojas virtuais em geral, tiveram um
grande crescimento em número de vendas e faturamento. Contudo, os problemas
cresceram na mesma proporção. Dificuldades com o pós-venda, como a não
disponibilidade do produto vendido em estoque ou o não cumprimento do prazo de
entrega, ficaram entre as maiores reclamações.
Tudo isso aconteceu devido a três grandes fatores:
a falta de planejamento estratégico, de investimento adequado e de tempo para
uma correta implementação das soluções digitais. A transformação digital exige
planejamento - e muito, por sinal. É preciso dispor de uma equipe especializada
e bem formada, começando pela direção das empresas, que precisa entender o que
é o digital, das suas exigências fundamentais até a ponta do processo, com desenvolvedores
bem formados sobre as plataformas atuais de desenvolvimento. Vale destacar que
quase todo dia surge uma nova plataforma que acaba revolucionando esse
segmento, o que exige constante e frequente adaptação.
O investimento é outro fator que compromete os bons
resultados. Mais de 90% das empresas brasileiras são pequenas e médias,
dispondo de poucos recursos para tecnologia. Além disso, aquelas que nasceram
há mais de cinco anos foram desenvolvidas em um mundo que praticamente não
existe mais. Muita coisa mudou nos últimos anos. Muitas dessas empresas possuem
seus sistemas transacionais e de gestão automatizados, mas esses sistemas, em
sua enorme maioria, não estão prontos para trabalhar no mundo da internet e,
sua adequação é algo que exige, em alguns casos, investimento e tempo
significativos - o que para as PMEs é um enorme problema, já que elas não
dispõem de orçamento e equipe técnica para conduzir as ações propostas pela
transformação digital.
Somado a isso, o tempo foi outra barreira enorme,
visto que tudo teve que ser feito às pressas. Normalmente, a adequação da
realidade sistêmica das empresas exige prazos que ultrapassam um ano de
desenvolvimento, gerando enormes impactos na implementação de soluções exigidas
pela transformação digital. Ou seja, sem planejamento estratégico,
investimentos adequados e tempo suficiente para implementar e testar soluções
digitais, muitas empresas acabaram sendo duramente prejudicas nesse contexto.
E esse prejuízo não ficou restrito apenas às PMEs.
Até os bancos, que a princípio dispõe de orçamentos, equipe e tempo, tem
perdido espaço significativo para as fintechs. Elas propõem a venda de produtos
e/ou serviços que resolvem de forma ágil e rápida as necessidades pontuais dos
clientes. A competição com essas startups é complicada porque a infraestrutura
dos sistemas operacionais dos bancos é antiga e precisa de muita adequação para
poder oferecer o mesmo que as fintechs oferecem.
De modo geral, o que 2020 mostrou para empresas de
todos os portes e segmentos é que a transformação digital é um caminho sem
volta. As empresas que, daqui para frente, resistirem à sua real implementação,
devem enfrentar sérios problemas que podem, inclusive, comprometer sua
existência. É melhor não pagar para ver.
Fernando Rizzatti -
sócio-diretor na Neotix Transformação Digital. Tecnologia aplicada ao mundo dos
negócios é a essência de sua trajetória profissional, de mais de 25 anos,
sempre aliada à inovação que agrega valor. Da indústria de transformação,
passando pelo segmento financeiro e de economia mista, tem habilidades para
entender necessidades e encontrar soluções. Acredita em equipe e união de
talentos. Adora música e a inspiração para compor. Dirige a Neotix como
quem compõe uma sinfonia. Cada nota é fundamental.
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