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quarta-feira, 16 de dezembro de 2020

Entenda como a Neuropsicologia contribui no tratamento da Dependência Química

Reabilitação Cognitiva é recurso moderno e eficaz


A neuropsicologia estuda a relação entre o cérebro e o comportamento cognitivo, emocional, social e motor. E é comprovado que o uso crônico de substâncias afeta diretamente a área pré-frontal cerebral, que está relacionada justamente às chamadas funções executivas, que são essenciais para o funcionamento mental adequado, e para a recuperação e tratamento do paciente.

Segundo a neuropsicóloga da Clínica Maia, Dolores Pinheiro Fernandez, comprometimentos cognitivos, provocados pela dependência química, como prejuízo da atenção e memória estão ligados a ações como planejar e antecipar soluções de problemas, criar estratégias para lidar com frustrações, estabelecer e cumprir metas.

"Se essas funções são prejudicadas, elas influenciam negativamente na adesão do dependente ao tratamento, por exemplo, gerando dificuldade na compreensão e assimilação de conceitos básicos da terapia e, consequentemente, nos processos de reabilitação - comprometendo a prevenção de recaídas e a reinserção social", explica Dolores.

Hoje já há evidências científicas, por meio de exames de neuroimagem, destacando que após utilização frequente de drogas como crack e cocaína, as funções da região frontal do cérebro ficam quase inativas e que, mesmo após um período de abstinência médio de 4 meses, está região ainda não está funcionando adequadamente, fato este que demonstra a importância e necessidade do tratamento prolongado do paciente.

Dessa forma, na rotina diária, a equipe especializada aplica exercícios específicos que possibilitam identificar e reconhecer esses déficits, causados pelo vício, visando o sucesso do tratamento.

"A neuropsicologia consegue identificar a dimensão e a gravidade do comprometimento das funções cerebrais, bem como as funções ainda preservadas. Esse é um fator que facilita bastante o planejamento da reabilitação e o acompanhamento da evolução do quadro do dependente", aponta a especialista.

Vale ressaltar que há aplicação de testes especiais, e uma avaliação bem formulada e detalhada do paciente de forma a investigar como era o funcionamento cognitivo dele antes da dependência química, para assim identificar se ela alterou o desempenho cognitivo ou se determinado prejuízo já acompanhava a pessoa desde a infância/adolescência.

Por isso, são feitas análises individualizadas e personalizadas para traçar melhores estratégias terapêuticas para cada caso, o que aumenta as chances de progresso do tratamento.

"A Reabilitação Cognitiva, que verifica as áreas prejudicadas e também as necessidades do paciente (a fim de desenvolver um bom nível de funcionamento social, físico e mental), é inclusive uma técnica que motiva o paciente e que dá a ele segurança, autoestima, suporte e confiança, por isso a adesão e a dedicação ao tratamento são muito melhores com o método", completa a neuropsicóloga.


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