Reabilitação Cognitiva é recurso moderno e eficaz
A neuropsicologia estuda a relação entre o cérebro e o
comportamento cognitivo, emocional, social e motor. E é comprovado que o uso
crônico de substâncias afeta diretamente a área pré-frontal cerebral, que está
relacionada justamente às chamadas funções executivas, que são essenciais para
o funcionamento mental adequado, e para a recuperação e tratamento do paciente.
Segundo a neuropsicóloga da Clínica Maia, Dolores Pinheiro Fernandez,
comprometimentos cognitivos, provocados pela dependência química, como prejuízo
da atenção e memória estão ligados a ações como planejar e antecipar soluções
de problemas, criar estratégias para lidar com frustrações, estabelecer e
cumprir metas.
"Se essas funções são prejudicadas, elas influenciam negativamente na
adesão do dependente ao tratamento, por exemplo, gerando dificuldade na
compreensão e assimilação de conceitos básicos da terapia e, consequentemente,
nos processos de reabilitação - comprometendo a prevenção de recaídas e a
reinserção social", explica Dolores.
Hoje já há evidências científicas, por meio de exames de
neuroimagem, destacando que após utilização frequente de drogas como crack e
cocaína, as funções da região frontal do cérebro ficam quase inativas e que,
mesmo após um período de abstinência médio de 4 meses, está região ainda não
está funcionando adequadamente, fato este que demonstra a importância e
necessidade do tratamento prolongado do paciente.
Dessa forma, na rotina diária, a equipe
especializada aplica exercícios específicos que possibilitam identificar e
reconhecer esses déficits, causados pelo vício, visando o sucesso do
tratamento.
"A neuropsicologia consegue identificar a
dimensão e a gravidade do comprometimento das funções cerebrais, bem como as
funções ainda preservadas. Esse é um fator que facilita bastante o planejamento
da reabilitação e o acompanhamento da evolução do quadro do dependente",
aponta a especialista.
Vale ressaltar que há aplicação de testes
especiais, e uma avaliação bem formulada e detalhada do paciente de forma a
investigar como era o funcionamento cognitivo dele antes da dependência
química, para assim identificar se ela alterou o desempenho cognitivo ou se
determinado prejuízo já acompanhava a pessoa desde a infância/adolescência.
Por isso, são feitas análises individualizadas e
personalizadas para traçar melhores estratégias terapêuticas para cada caso, o
que aumenta as chances de progresso do tratamento.
"A Reabilitação Cognitiva, que verifica as
áreas prejudicadas e também as necessidades do paciente (a fim de desenvolver
um bom nível de funcionamento social, físico e mental), é inclusive uma técnica
que motiva o paciente e que dá a ele segurança, autoestima, suporte e
confiança, por isso a adesão e a dedicação ao tratamento são muito melhores com
o método", completa a neuropsicóloga.
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