Pesquisar no Blog

sexta-feira, 4 de dezembro de 2020

Dezembro Laranja: cuidar de manchas e pintas é essencial para prevenir o câncer de pele

Saiba mais sobre fatores de risco, detecção e tratamento da doença, que deve contar com cerca de 185 mil casos registrados no Brasil em 2020

Dezembro Laranja marca o mês de conscientização sobre o Câncer de pele, o mais incidente entre a população brasileira. Os últimos dados divulgados pelo Instituto Nacional do Câncer (INCA) apontam que, até o final de 2020, dos 625 mil novos casos de tumores malignos diagnosticados entre a população, mais de 185 mil serão de pele. O número diz respeito a dois tipos de câncer: o de pele não melanoma e o de pele melanoma, somados. O mais comum deles, o não melanoma, possui altos índices de cura quando é detectado e tratado precocemente e sua prevenção está diretamente ligada aos cuidados com a exposição excessiva aos raios solares sem a devida proteção.

Para Sheila Ferreira, oncologista do CPO Oncoclínicas, neste momento de pandemia, o alerta sobre a condição se torna ainda mais essencial. "A população não deve descuidar da atenção global à saúde. Por conta do novo coronavírus, muitas pessoas deixaram de usar rotineiramente o protetor solar, mas devemos lembrar que a luz provenientes de telas e lâmpadas em geral também é nociva à pele. Por isso, a recomendação vale para dentro e fora de casa. Além disso, é imprescindível que caso identificada qualquer alteração na pele, como feridas que não cicatrizam ou manchas suspeitas, a pessoa busque atendimento médico especializado", diz.

Segundo a especialista, independentemente da classificação do câncer de pele, os fatores que aumentam o risco são os mesmos: a exposição prolongada e repetida ao sol, sem uso de proteção adequada. Ter a pele e olhos claros, cabelos ruivos ou loiros, ser albino (ou possuir histórico familiar) também contribuem para o aumento de risco da doença. "A irradiação ultravioleta do sol - conhecida como raio UV - é a principal vilã no câncer de pele. Continuada, ou mesmo intermitente, como em períodos de férias, por exemplo, se feita de maneira não protegida, pode ser considerada um fator de risco preocupante", explica Dra. Sheila.

Ela ressalta ainda que, além das pessoas que possuem histórico familiar e exercem profissões que exigem exposição solar diária, os tabagistas também podem estar mais suscetíveis a desenvolver câncer de pele. "Além disso, portadores de alguma imunossupressão também podem ter seu risco aumentado. Porém, tais grupos de risco não invalidam a necessidade de cuidado em todo o tipo de pele. Inclusive, a pele negra, quando há desenvolvimento de melanoma, têm geralmente pior prognóstico", completa.

Dra. Sheila ainda reforça que o protetor solar é um aliado importantíssimo para a prevenção do câncer. "Ele deve ser aplicado a cada duas horas e repassado, principalmente, após o contato da pele com a água. Proteger bebês e crianças é especialmente importante. Antes dos 6 meses de idade, eles devem ser mantidos fora do sol usando roupas, chapéus, cobertores e persianas. Após completar esses 6 meses, também devem se proteger com o protetor. Os raios de sol podem penetrar janelas, atravessar a cobertura de nuvens e ainda são refletidos pela água, areia e concreto. Ou seja: nem a sombra é completamente protetora", alerta. 



Como detectar e tratar o câncer de pele

Os principais sinais e sintomas de câncer não-melanoma são a presença de lesões cutâneas com crescimento rápido, ulcerações que não cicatrizam e que podem estar associadas a sangramento, coceira e algumas vezes dor e geralmente surgem em áreas muito expostas ao Sol como rosto, pescoço e braços.

É importante a avaliação frequente de um especialista para acompanhamento das lesões cutâneas. A análise da mudança nas características destas lesões é de extrema importância para um diagnóstico precoce, pois quando identificado em fase inicial, o câncer de pele tem excelentes respostas aos tratamentos. Além disso, o dermatologista tem o papel de orientar uma proteção adequada para descobrir os possíveis riscos que os raios solares podem causar na pele.

"O câncer de pele não-melanoma pode ser classificado em: carcinoma basocelular e carcinoma espinocelular. O primeiro é o tipo mais frequente, com crescimento normalmente mais lento. O diagnóstico se dá, usualmente, pelo aparecimento de uma lesão nodular rosa com aspecto peroláceo na pele exposta do rosto, pescoço e couro cabeludo. Já no carcinoma espinocelular, mais comuns em homens, ocorre a formação de um nódulo que cresce rapidamente, com ulceração (ferida) de difícil cicatrização", explica Dra. Sheila.

Os casos de câncer de pele do tipo melanoma são, por sua vez, geralmente os que se iniciam com o aparecimento de pintas escuras na pele, que apresentam modificações ao longo do tempo. As alterações a serem avaliadas como suspeitas são o "ABCDE"- Assimetria, Bordas irregulares, Cor, Diâmetro, Evolução. Através de uma avaliação prévia das pintas, a doença é diagnosticada facilmente.

Apesar de corresponder somente a 3% dos tumores malignos de pele registrados no país, o melanoma é considerado um dos tipos mais graves devido à alta possibilidade de provocar metástase. No Brasil, entre os 8.450 casos previstos para 2020, ocorrerão cerca de 1.791 mortes. "Esse tipo de tumor pode aparecer na pele ou mucosas, na forma de manchas, pintas ou sinais. É necessário ficar alerta quanto às possíveis mudanças nas pintas, como aumento de tamanho, variação de cor, perda da definição ou irregularidades das bordas e sangramento. Ao primeiro sinal de mudança, é recomendável buscar o aconselhamento médico", frisa a oncologista clínica do CPO Oncoclínicas.

Quando diagnosticada a doença, é indicada a ressecção cirúrgica destas lesões por especialista habilitado para adequada abordagem das margens ao redor do tumor. Posteriormente, dependendo do estágio da doença, pode ser necessária a realização de tratamento complementar. Quando diagnosticada precocemente, quimioterapia ou radioterapia são raramente necessárias e a cirurgia é capaz de resolver a maioria dos casos.

"Vale ressaltar que o tratamento para o câncer de pele pode ser feito apenas através de cirurgia quando é detectado no início. Já em casos mais avançados da doença pode ser preciso a realização de terapias complementares", completa a médica. 



Novas alternativas terapêuticas

A oncologista destaca ainda que diversos avanços têm melhorado a qualidade de vida e sobrevida dos pacientes, com principal atenção às boas respostas às medicações imunoterápicas, que estimulam o próprio sistema imunológico do paciente a identificar e combater as células malignas.

"O que a gente observava antes é que os melanomas avançados não tinham uma resposta boa aos tratamentos mais tradicionais, infelizmente. A chegada da Imunoterapia não só no câncer de pele, mas também para o tratamento de outros tumores, vem com ótimos resultados nos casos de melanoma. Hoje em dia, mesmo em casos de melanoma metastático, as pessoas têm vivido anos. É uma revolução. Além de outros, como aqueles com droga alvo molecular, por exemplo", afirma.

No entanto, o melhor tratamento continua sendo a prevenção e o acompanhamento contínuo de possíveis alterações que possam indicar o surgimento da doença, promovendo assim o seu diagnóstico em fase inicial. Os cuidados devem ser intensificados no verão: não se expor ao sol das 10h às 16h, usar protetor solar, viseiras, chapéus e/ou bonés, bem como roupas e óculos de sol com proteção UV, mas que devem seguir o ano inteiro. E não deixar de se consultar com dermatologistas regularmente.


Nenhum comentário:

Postar um comentário

Posts mais acessados