Saiba mais sobre
fatores de risco, detecção e tratamento da doença, que deve contar com cerca de
185 mil casos registrados no Brasil em 2020
Dezembro Laranja marca o mês de
conscientização sobre o Câncer de pele, o mais incidente entre a população
brasileira. Os últimos dados divulgados pelo Instituto Nacional do Câncer
(INCA) apontam que, até o final de 2020, dos 625 mil novos casos de tumores
malignos diagnosticados entre a população, mais de 185 mil serão de pele. O
número diz respeito a dois tipos de câncer: o de pele não melanoma e o de pele
melanoma, somados. O mais comum deles, o não melanoma, possui altos índices de
cura quando é detectado e tratado precocemente e sua prevenção está diretamente
ligada aos cuidados com a exposição excessiva aos raios solares sem a devida
proteção.
Para Sheila Ferreira, oncologista do CPO Oncoclínicas, neste momento de
pandemia, o alerta sobre a condição se torna ainda mais essencial. "A
população não deve descuidar da atenção global à saúde. Por conta do novo
coronavírus, muitas pessoas deixaram de usar rotineiramente o protetor solar,
mas devemos lembrar que a luz provenientes de telas e lâmpadas em geral também
é nociva à pele. Por isso, a recomendação vale para dentro e fora de casa. Além
disso, é imprescindível que caso identificada qualquer alteração na pele, como
feridas que não cicatrizam ou manchas suspeitas, a pessoa busque atendimento
médico especializado", diz.
Segundo a especialista, independentemente da classificação do câncer de pele,
os fatores que aumentam o risco são os mesmos: a exposição prolongada e
repetida ao sol, sem uso de proteção adequada. Ter a pele e olhos claros,
cabelos ruivos ou loiros, ser albino (ou possuir histórico familiar) também
contribuem para o aumento de risco da doença. "A irradiação ultravioleta
do sol - conhecida como raio UV - é a principal vilã no câncer de pele.
Continuada, ou mesmo intermitente, como em períodos de férias, por exemplo, se
feita de maneira não protegida, pode ser considerada um fator de risco
preocupante", explica Dra. Sheila.
Ela ressalta ainda que, além das pessoas que possuem histórico familiar e
exercem profissões que exigem exposição solar diária, os tabagistas também
podem estar mais suscetíveis a desenvolver câncer de pele. "Além disso,
portadores de alguma imunossupressão também podem ter seu risco aumentado.
Porém, tais grupos de risco não invalidam a necessidade de cuidado em todo o tipo
de pele. Inclusive, a pele negra, quando há desenvolvimento de melanoma, têm
geralmente pior prognóstico", completa.
Dra. Sheila ainda reforça que o protetor solar é um aliado importantíssimo para
a prevenção do câncer. "Ele deve ser aplicado a cada duas horas e
repassado, principalmente, após o contato da pele com a água. Proteger bebês e
crianças é especialmente importante. Antes dos 6 meses de idade, eles devem ser
mantidos fora do sol usando roupas, chapéus, cobertores e persianas. Após
completar esses 6 meses, também devem se proteger com o protetor. Os raios de
sol podem penetrar janelas, atravessar a cobertura de nuvens e ainda são
refletidos pela água, areia e concreto. Ou seja: nem a sombra é completamente
protetora", alerta.
Como detectar e tratar o câncer de pele
Os principais sinais e sintomas de câncer não-melanoma são a presença de lesões
cutâneas com crescimento rápido, ulcerações que não cicatrizam e que podem
estar associadas a sangramento, coceira e algumas vezes dor e geralmente surgem
em áreas muito expostas ao Sol como rosto, pescoço e braços.
É importante a avaliação frequente de um especialista para acompanhamento das
lesões cutâneas. A análise da mudança nas características destas lesões é de
extrema importância para um diagnóstico precoce, pois quando identificado em
fase inicial, o câncer de pele tem excelentes respostas aos tratamentos. Além
disso, o dermatologista tem o papel de orientar uma proteção adequada para
descobrir os possíveis riscos que os raios solares podem causar na pele.
"O câncer de pele não-melanoma pode ser classificado em: carcinoma
basocelular e carcinoma espinocelular. O primeiro é o tipo mais frequente, com
crescimento normalmente mais lento. O diagnóstico se dá, usualmente, pelo
aparecimento de uma lesão nodular rosa com aspecto peroláceo na pele exposta do
rosto, pescoço e couro cabeludo. Já no carcinoma espinocelular, mais comuns em
homens, ocorre a formação de um nódulo que cresce rapidamente, com ulceração
(ferida) de difícil cicatrização", explica Dra. Sheila.
Os casos de câncer de pele do tipo melanoma são, por sua vez, geralmente os que
se iniciam com o aparecimento de pintas escuras na pele, que apresentam
modificações ao longo do tempo. As alterações a serem avaliadas como suspeitas
são o "ABCDE"- Assimetria, Bordas irregulares, Cor, Diâmetro,
Evolução. Através de uma avaliação prévia das pintas, a doença é diagnosticada
facilmente.
Apesar de corresponder somente a 3% dos tumores malignos de pele registrados no
país, o melanoma é considerado um dos tipos mais graves devido à alta
possibilidade de provocar metástase. No Brasil, entre os 8.450 casos previstos
para 2020, ocorrerão cerca de 1.791 mortes. "Esse tipo de tumor pode
aparecer na pele ou mucosas, na forma de manchas, pintas ou sinais. É
necessário ficar alerta quanto às possíveis mudanças nas pintas, como aumento
de tamanho, variação de cor, perda da definição ou irregularidades das bordas e
sangramento. Ao primeiro sinal de mudança, é recomendável buscar o
aconselhamento médico", frisa a oncologista clínica do CPO Oncoclínicas.
Quando diagnosticada a doença, é indicada a ressecção cirúrgica destas lesões
por especialista habilitado para adequada abordagem das margens ao redor do
tumor. Posteriormente, dependendo do estágio da doença, pode ser necessária a
realização de tratamento complementar. Quando diagnosticada precocemente,
quimioterapia ou radioterapia são raramente necessárias e a cirurgia é capaz de
resolver a maioria dos casos.
"Vale ressaltar que o tratamento para o câncer de pele pode ser feito
apenas através de cirurgia quando é detectado no início. Já em casos mais
avançados da doença pode ser preciso a realização de terapias
complementares", completa a médica.
Novas alternativas terapêuticas
A oncologista destaca ainda que diversos avanços têm melhorado a qualidade de
vida e sobrevida dos pacientes, com principal atenção às boas respostas às
medicações imunoterápicas, que estimulam o próprio sistema imunológico do
paciente a identificar e combater as células malignas.
"O que a gente observava antes é que os melanomas avançados não tinham uma
resposta boa aos tratamentos mais tradicionais, infelizmente. A chegada da
Imunoterapia não só no câncer de pele, mas também para o tratamento de outros
tumores, vem com ótimos resultados nos casos de melanoma. Hoje em dia, mesmo em
casos de melanoma metastático, as pessoas têm vivido anos. É uma revolução.
Além de outros, como aqueles com droga alvo molecular, por exemplo",
afirma.
No entanto, o melhor tratamento continua sendo a prevenção e o acompanhamento
contínuo de possíveis alterações que possam indicar o surgimento da doença,
promovendo assim o seu diagnóstico em fase inicial. Os cuidados devem ser
intensificados no verão: não se expor ao sol das 10h às 16h, usar protetor
solar, viseiras, chapéus e/ou bonés, bem como roupas e óculos de sol com
proteção UV, mas que devem seguir o ano inteiro. E não deixar de se consultar
com dermatologistas regularmente.
Nenhum comentário:
Postar um comentário