A maioria dos profissionais já viram ou ouviram relatos de seus
colegas.
Infelizmente o assédio
sexual em ambientes profissionais é algo antigo e muito comum. A maioria dos
profissionais já viram ou ouviram relatos de seus colegas. Felizmente a
imprensa tem noticiado mais o assunto e algumas vítimas se enchem de coragem
para denunciar, ainda que não seja algo fácil de se fazer. Além da exposição do
caso ser constrangedor, para entrar na justiça a vítima precisa se expor, ter
provas ou testemunhas. Convenhamos, porém, que é muito difícil a vítima
registrar seu próprio assédio e na maioria das vezes não há testemunhas.
O assédio sexual pode existir de várias formar, com avanços sexuais não aceitáveis e
não requeridos, através de contatos verbais ou físicos, que criam uma atmosfera
ofensiva, vexatória, humilhante, hostil e
de subordinação. Classificados em dois tipos, esse comportamento sexual pode se apresentar
em forma de chantagem, que vem com coação em troca de benefícios,
ascensão ou afim de manutenção da carreira; ou intimidação, onde não há ameaças, mas há abordagens grosseiras com ofensas,
disfarçadas de “brincadeiras”, e propostas inadequadas, que constrangem e
amedrontam.
Em ambientes
profissionais, a maioria dos casos deste tipo, envolve uma relação de poder,
onde líderes utilizam de suas autoridades de forma errada, provocando algumas
vezes o bloqueio a denúncias. O assediado logicamente deve procurar o
departamento pessoal ou ouvidoria da companhia, porém muitas vezes esses
departamentos estão debaixo da hierarquia dos próprios abusadores, o que torna
a queixa sem resultado e, o pior, a pessoa cair no descrédito.
Como profissional de RH,
lamentavelmente já vi muitas pessoas serem desacreditadas e desligadas após a
denúncia de assédio sexual, algumas vezes feita pelos próprios executivos das
companhias. Entrar na justiça contra a própria empresa onde trabalha não é
habitual. Então, as vítimas acabam se desligando das empresas antes de procurar
seus direitos na justiça ou em denúncias feitas a sindicatos ou órgãos
regulamentadores da área onde atua. E a busca ao que lhe é direito (a justiça)
acaba sendo uma saga, pois além de representar traumas psicológicos e mentais,
pode também representar prejuízos financeiros, pois será necessário abandonar
seu trabalho, arcar com gastos com advogados e as constrangedoras idas a
audiências. Além disso, as vítimas acabam sendo acusadas pelo próprio abuso que
sofreram.
Mesmo com toda as
dificuldades e preconceitos existentes em relação a esse assunto, as mulheres
precisam entender o que é assédio, compreender que é crime e ir atrás dos seus
direitos. Isso contribui para que outras pessoas que foram vítimas se sintam
encorajadas a denunciar; atraia os olhares do Ministério Público do Trabalho ao
assunto; leve as empresas e a sociedade a mudarem a postura “machista” que
tenta subjugar a mulher como profissional.
Um dos grandes erros das
empresas é que o líder que comete assédio sexual com as profissionais com quem
trabalha, normalmente são tratados apenas como inconsequentes, que teve um
deslize cometendo um “erro”, e não como alguém que praticou um crime. Isso gera
impunidade e acaba alimentando os acontecimentos.
As empresas podem e devem
prevenir o abuso sexual educando seus profissionais e colaboradores; criando
ouvidorias com profissionais especializados; elaborando uma política sobre o
assunto, com consequências para os abusadores (em posição de liderança ou não);
ao invés de esconder, também deve resolver os conflitos existentes, realocando
a vítima e punindo o culpado; lembrando que quanto mais falar sobre o assunto,
mais esclarecerá e impedirá assédios dentro da companhia.
Kelly Stak -
consultora de RH e especialista em desenvolvimento de pessoas.
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