Órgão tem papel
importante no aparelho digestivo, mas o corpo se adapta facilmente à sua
ausência
A colecistectomia – ou retirada da vesícula – é uma
das cirurgias abdominais mais realizadas no mundo, inclusive no Brasil.
Considerada um procedimento de baixo risco, ela pode evitar uma série de
problemas graves, entre eles, a colecistite (inflamação da vesícula biliar),
que atinge cerca de 20% da população adulta e até 35% da população idosa. Mas,
afinal, para que serve a vesícula e como podemos viver sem ela?
O cirurgião de urgência e emergência Bruno Pereira,
CEO do Grupo Surgical, responsável pelas cirurgias de Urgência e Emergência de
sete hospitais de Campinas Valinhos e Vinhedo, explica que a vesícula é um
órgão, parecido com um “saquinho”, que fica próximo ao canal biliar. “Sua
principal função é armazenar a bile, um líquido produzido pelo fígado,
utilizado na digestão de alimentos, principalmente das gorduras”, diz. “A bile
é formada por várias substâncias, entre elas, o colesterol, que é um dos
principais responsáveis pela formação de cálculos na vesícula. Esses cálculos,
que podem ser grandes ou pequenos, muitas vezes, impedem que a bile vá para o
intestino fazer a digestão, o que acaba causando uma inflamação, que é a
colecistite”, afirma.
A colecistite é uma doença grave e, quando
diagnosticada, o paciente precisa ser submetido a uma colecistectomia. “O ideal
é que a pessoa faça uma cirurgia eletiva e retire a vesícula biliar ao
descobrir que possui cálculos, o que acaba acontecendo em exames de imagens de
rotina ou quando ela começa a ter cólicas”, orienta. “Não dá para saber se esses
cálculos vão desencadear problemas mais graves, por isso, a orientação é para
que o paciente seja operado preventivamente. Caso aconteça uma evolução para a
colecistite – ou até mesmo para uma pancreatite, que é quando os cálculos
biliares interrompem o fluxo das secreções pancreáticas, causando um processo
inflamatório, que pode levar à morte – a cirurgia é de urgência e os riscos são
muito maiores para o paciente”, alerta.
Mas é possível viver sem a vesícula? De acordo com
o cirurgião, não só é possível como o paciente volta a levar uma vida normal.
“É lógico que a vesícula tem um papel no nosso organismo e não deve ser
retirada se estiver saudável. Mas, quando apresenta cálculos, o custo-benefício
dela já não é tão bom. O corpo se adapta à falta dela. Quando o paciente está
sem a vesícula, o colédoco, que é um ducto que transporta a bile, dilata e
passa a armazenar essa substância. Portanto, o paciente tem uma vida normal.
Pode sentir uma alteração no trato intestinal nos primeiros meses após a cirurgia,
mas em pouco tempo, tudo volta ao normal”, explica o cirurgião.
De acordo com Pereira, é importante que o paciente
fique atento a alguns sintomas. “Os casos de colecistite crônicos são
caracterizados por crises de dor (cólica biliar), que se repetem sempre que os
cálculos biliares bloqueiam temporariamente o duto cístico”, explica. “Já nos
casos agudos, a cólica biliar costuma ser mais forte e duradoura, podendo durar
até mais de 12 horas, com pico entre 15 e 60 minutos após o início. Os
pacientes relatam que, muitas vezes, a dor é insuportável e vem acompanhada de
enjoos e vômitos”, complementa o cirurgião. De acordo com ele, cerca de 30% dos
pacientes com colecistite aguda também apresentam febre e, em alguns casos,
calafrios.
O paciente com colecistite aguda precisa ser
operado logo após o aparecimento dos primeiros sintomas porque o quadro pode
ser agravar e causar outros problemas, que podem até levar à morte. Entre as
complicações mais comuns, estão a peritonite (inflamação do peritônio),
formação de fístula para o intestino, septicemia (infecção generalizada),
formação de abcessos causados pela necrose provocada pelas bactérias e
pancreatite. “Essas complicações costumam ser muito graves. Por isso, é
importante agir rapidamente”, reforça Pereira.
Grupo Surgical
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