Dra. Sonia Tucunduva Philippi apresenta passos para ajudar na alimentação dos pequenos
É muito comum que na
fase do desenvolvimento nutricional e da introdução alimentar, as crianças
tenham dificuldades e até mesmo receios para experimentar novos gostos, sabores
e texturas.
O medo de provar novas
comidas é conhecido como neofobia alimentar, que deve ser identificada e
tratada rapidamente, para evitar carências nutricionais. No entanto, nesta
fase, os famosos "chiliques" na hora das refeições podem ocorrer caso
determinado alimento ou grupos de alimentos sejam servidos.
Segundo a pesquisadora
e professora associada da Faculdade de Saúde Pública da USP e parceira do Comitê
Umami, Dra. Sonia Tucunduva Philippi, é natural que essas rejeições ocorram,
uma vez que a criança é seletiva e o paladar está sendo desenvolvido.
"Deve-se insistir na oferta e programar o alimento recusado em uma nova
oportunidade, sem desistir", ressalta. "Lembre-se que existem
preferências e aversões pelas comidas e que ambas situações devem ser tratadas
com paciência, considerando os momentos e oscilações do apetite",
completa.
Pensando em ajudar
nesse processo, a professora lista alguns passos essenciais para auxiliar e
facilitar o período de adaptação alimentar, garantindo o equilíbrio
nutricional.
Brinque com a
apresentação no prato
A pesquisadora explica
que a alimentação apropriada na infância requer cuidados relacionados aos
aspectos sensoriais, principalmente a apresentação visual, como: as cores, os
formatos atrativos e a forma de preparo das receitas. "É fundamental que a
composição no prato tenha a presença de verduras, legumes e frutas, respeitando
os queridinhos da criança. Vale até investir em formatos criativos. Por
exemplo, pegue um ovo cozido e corte ao meio, coloque dois olhinhos de semente
de chia e um bico de damasco, voilà, temos um pintinho".
Fique atento às
reações
Dra. Sonia afirma que
é importante ficar atento às atitudes que a criança tem demonstrado ao receber
cada alimento. "São momentos de desenvolvimento em que as reações devem
ser observadas, desde o preparo da refeição, as porções oferecidas, a autonomia
ao comer, os utensílios utilizados e o tipo de comida", alerta a
especialista.
Tenha hábitos
semelhantes
O adulto responsável
se torna automaticamente a referência comportamental da criança, que passa a
ser um reflexo do que se come em casa. "Esses hábitos são construídos na
infância e a família deve estabelecer regras de convívio, impondo limites de
quantidade de refeições, mas sem medidas autoritárias, proibições e castigos.
Em uma certa idade eles começarão a construir sua identidade alimentar, dando
espaço para seus prediletos, e os pais e cuidadores precisam trabalhar
positivamente nas possíveis neofobias e na construção de um padrão
saudável", complementa a professora Sonia.
Inclua ingredientes
saborosos
As células sensoriais
da boca enviam sinais ao cérebro, que são responsáveis por registrar diferentes
gostos, como: doce, salgado, azedo, amargo e umami. A pesquisadora destaca que
existem crianças que apresentam um paladar muito apurado e seletivo. "Tem
aquelas que gostam de gostos combinados, como o doce e o salgado, por isso,
conhecer os outros gostos, como o umami, que realça o sabor dos alimentos, é
uma ótima forma de estimular o paladar", ressalta. "Harmonizar os
alimentos certos pode ser uma excelente estratégia para tornar o prato mais
atraente. Faça um teste: ofereça uma alface crespa, acrescente opções umami:
tomate cereja, milho cozido, cogumelo paris ou queijo parmesão ralado. Além de
colorido, fica muito mais saboroso", exemplifica.
Convide para colocar a
mão na massa
Envolvê-los na
elaboração das receitas pode fazer com que criem mais gosto pela comida.
"Quando as crianças participam do processo de preparação em família, têm
melhores chances de ter uma alimentação saudável, assim como estarem motivadas
a comer o que elas mesmas escolheram, compraram e prepararam", aconselha
Tucunduva. "Elas tornam-se capazes de prestar atenção em várias coisas ao
mesmo tempo, desenvolver maior raciocínio de causa e efeito, de classificar,
reclassificar, generalizar e adotar como hábito alimentar".
E se mesmo assim a
criança apresentar falta de apetite constante?
Dra.
Sonia ressalta que a falta de apetite não deve ser constante se forem excluídas
as possibilidades de morbidades associadas. Por isso, o acompanhamento com o
pediatra e com o nutricionista precisa ser regular para o monitoramento do
crescimento e desenvolvimento,
UMAMI
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