Pandemia requer distanciamento geográfico e aproximação afetiva
A
pandemia tirou o ser humano da zona de conforto e exigiu novos hábitos. O
isolamento foi um dos pontos que mexeu intensamente com as pessoas neste
período e causou muitas controvérsias – seja pela questão emocional, nas
práticas do dia a dia ou na área econômica. O ser humano é um ser social e, da
noite para o dia, precisou se reestruturar e readequar hábitos que são
inerentes como a socialização.
“É
necessário acompanhar com bastante atenção os reflexos do isolamento na
população, uma vez que a diminuição dos contatos sociais, medo e inseguranças
diversas decorrentes do atual cenário podem ser bastante impactantes e nem
todos tiveram as condições, habilidades e a maturidade para trabalhar as
emoções causadas pelas mudanças ocorridas neste período”, explica o professor
Guilherme Alcântara Ramos, mestre em Psicologia, coordenador de equipes de
projetos psicopedagógicos e do Núcleo de Atendimento Psicopedagógico do Centro
Universitário UniCuritiba.
Segundo
ele, um dos pontos a se atentar é que a superação do momento de pandemia pede e
requer o chamado “isolamento social geográfico”, mas não o “isolamento
afetivo”. “Existe uma distância bem grande entre um distanciamento e outro.
Nossa orientação é para que as pessoas encurtem distâncias, aproveitando o que
a tecnologia tem de melhor e estimulem os afetos”, ressalta.
De
acordo com o coordenador, o fato das visitas e festas não estarem liberadas
para evitar aglomerações não invalida a criatividade. Pelo contrário, ela
precisa ser estimulada e colocada em prática, em prol do bem comum. Assim, vale
organizar festa de aniversário online, happy hour, confraternização, encontros
virtuais que sejam de descontração e não remetam apenas às questões de
trabalho. “Fisicamente as pessoas não estão no mesmo espaço, mas quando se
conectam, elas se reabastecem e reforçam o vínculo emocional - o que é
extremamente benéfico e necessário”, explica.
Pontos
de atenção
Uma
pesquisa da Organização Mundial da Saúde (OMS) de 2017 destaca que, no Brasil,
entre os jovens de 15 a 19 anos, o suicídio é um dos maiores motivos de morte,
ficando atrás apenas da violência interpessoal e dos acidentes de trânsito.
Outro
estudo recente da OMS também demonstra que a ansiedade, por exemplo, atinge
mais de 260 milhões de pessoas no mundo. O Brasil, em 2019, era o país com o
maior número de pessoas ansiosas: 9,3% da população. “Embora sejam do ano
passado, os números da pesquisa deixam claro que 86% dos brasileiros sofrem com
algum transtorno mental como ansiedade e depressão”, analisa o professor.
Ramos
enfatiza que, neste momento, o mês de setembro - já tradicional pelas campanhas
de prevenção à saúde mental e combate ao chamado autoextermínio - vem
justamente ressaltar a importância dos afetos. “Também é um chamado para que
você exercite a sensibilidade e olhe com atenção para quem está do outro lado
da tela. Será que meu colega está bem, como ele tem administrado as emoções
neste período?”, ilustra.
O coordenador do Núcleo de Atendimento
Psicopedagógico do Centro Universitário UniCuritiba esclarece que os problemas
mentais não significam uma fraqueza nata, mas são fruto de uma conjuntura.
“Insônia, tristeza constante, ideias de morte, isolamento voluntário e
alternâncias de humor são coisas que precisam de diálogo a respeito e devem ser
levadas a sério”.
“Os
cuidados com a saúde mental valem para todos – sejam adultos, crianças ou
idosos. Não tenha medo ou vergonha de procurar ajuda – para si ou para alguém
que você conhece”, reforça.
Centro
de Apoio
Um dos
centros de apoio emocional mais atuantes no Brasil é o Centro de Valorização da
Vida (CVV). Nele existe o serviço de escuta 24 horas por dia. Basta ligar para
188 e solicitar o atendimento. O serviço também está disponível via internet
pelo www.cvv.org.br,
e-mail, chat e Skype.
O Centro
Universitário UniCuritiba também dispõe de um Núcleo de Acessibilidade e Apoio
Psicopedagógico (NAAP) voltado, neste momento, ao atendimento da comunidade
acadêmica. O objetivo é trazer um suporte
aos estudantes que precisam de algum tipo de auxílio a fim de melhorar o
processo de aprendizagem.
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