O neurocientista e psicanalista Fabiano de Abreu dá dicas para pacientes com depressão.
Estamos no 'Setembro
Amarelo', e nunca na história este tema se tornou tão relevante como no momento
de pandemia que vivemos. A campanha iniciada em 2015 no Brasil escolheu o mês
de setembro para que possamos nos conscientizar e ajudar contribuindo com a
prevenção, assim é possível evitar que a depressão leve ao suicídio.
Após relatos de suicídios
relacionado com o coronavírus e o confinamento a ele associada, o
neurocientista, psicanalista, membro da Mensa e especialista em estudos da
mente humana, Fabiano
de Abreu,
foi contactado. Após ter confirmado que o número de casos de depressão se
acentuou com esta crise psicológica da pandemia, o pesquisador logo
concentrou-se em pesquisas e análises para avaliar o que ele já previa ocorrer.
“Eu já temia a
possibilidade de que pessoas com depressão e/ou ansiedade potencializada, no
confinamento, sendo bombardeadas com notícias ruins e a má utilização da
ansiedade, poderiam piorar o quadro depressivo ou chegar nele; e ter um aumento
no número de suicídios. Tomando ciência do ocorrido, reuni o meu grupo de
pesquisa para tentarmos contribuir de alguma maneira para que isso não eleve
mais ainda o número de mortos por causa do coronavírus, seja diretamente ou
indiretamente.
Pessoas com uma ansiedade
potencializada e contínua podem entrar em depressão, e pessoas em depressão têm
maior risco de suicídio. O risco é maior na vigência da doença e de
comorbidades. Estamos imersos num cenário de incertezas e elas geram medos e
angústias. É importante cuidar do equilíbrio emocional a fim de evitar ações
definitivas para problemas transitórios. O suicídio não é solução; e sim mais
um problema de saúde pública a ser tratado."
Fabiano encontra
dificuldades em aprofundar a sua pesquisa no Brasil devido a burocracia para
fazer pesquisas no país, mas como vive também em Portugal, aproveitou a maior
facilidade em pesquisas na Europa para chegar às suas conclusões.
Sou registrado na
‘Plataforma Brasil’ onde preciso protocolar uma simples pesquisa e o
procedimento é lento e burocrático e eu tenho pressa já que cada dia perdido
podem significar vidas perdidas por falta de auxílio. Em Portugal,
profissionais da saúde podem fazer pesquisas de forma independente assinando
embaixo a responsabilidade. Minha pesquisa foi baseada em entrevistas com
psicólogos membros do meu centro de pesquisas, também com base no Instituto
Gaio, membro da Unesco onde fiz o meu mestrado em psicanálise e atendo
pacientes sem condições financeiras de pagar tratamento, e com base na pesquisa
que fiz em Portugal com portugueses e brasileiros que vivem no país. “
“Quanto mais cedo o
diagnóstico, melhor o prognóstico", diz o psicanalista.
Seguem as dicas do
profissional para observar o caso mais próximo e tentar ajudar
Em momento de reclusão e
isolamento social, por conta do cenário mundial - Pandemia de Coronavírus - se
você é portador da doença “Depressão”, observe algumas questões “preventivas”
bastante pertinentes:
- Mantenha o seu tratamento
psicoterápico via on-line, a grande maioria dos profissionais estão a
trabalhar nessa modalidade.
- Se faz uso de medicação, siga
corretamente a prescrição médica. Não aumente a dosagem, nem faça desmame
por conta própria.
- Se a sua medicação está a findar,
entre em contato com o seu Psiquiatra, todos estão a trabalhar sob novos
protocolos.
- Mantenha-se informado somente por
vias sérias e éticas de notícias. Evite “Fake News”.
- Trabalhe a sua respiração através
da meditação. A respiração consciente e ritmada, mantém a homeostase do
corpo.
- Durma bem, o sono fisiológico
possibilita uma “psicoprofilaxia”, filtragem e limpeza de metabólitos
cerebrais.
- Mantenha uma alimentação
equilibrada. Alimentos funcionais, menos processados e coloridos.
“Descasque mais e desembrulhe menos”
- Beba água, mantenha-se hidratado
para o melhor funcionamento de todo o sistema de filtragem e eliminação,
mantendo o organismo em bom funcionamento.
- Use a criatividade e o espaço
possível para uma atividade física que goste.
- Evite excesso de álcool, evite
drogas. Mantenha-se lúcido.
- Mantenha a rotina, isso faz com
que você continue orientado no tempo.
- Desenvolva um plano, e faça um
planejamento para realizar uma “comemoração” quando tudo isso
passar.
- Traga para sua mente bons
pensamentos e boas emoções. O que nós pensamos nós sentimos.
- Pense coisas boas!
- Sinta-se pertencendo a um grupo,
o sentimento de pertença traz-nos importância.
- Faça chamadas de vídeo ou mesmo
videoconferência para reunir os amigos.
- Não falta tempo, por isso
organize a casa, os armários, leia os livros que guardou na estante,
assista aos filmes e as séries que queria e não tinha “tempo”.
- Descubra um talento oculto, e
trabalhe-o como uma TO - Terapia Ocupacional: Escrever, desenhar, pintar,
esculpir, cozinhar, bordar…
Para casos mais graves em
que tenha ocorrido uma tentativa ou pensamentos de suicídio, trabalhe na “redução de danos”,
seguindo orientações básicas:
- Seja presente de forma integral
na vida do sujeito portador do transtorno - depressão.
- Aproxime-se de pessoas que estão
em sofrimento emocional/psicológico.
- Ofereça conversa com escuta de
qualidade.
- Conduza a conversa até perceber
que a pessoa está segura e confiando em si.
- Pergunte abertamente se ela já
pensou na própria morte.
- Com o terreno preparado, pergunte
se ela já pensou em tirar a própria vida.
- Pergunte que método ela
escolheria e por que seria assim?
- Deixe-a falar, chorar, contar
todo o seu plano.
- Após tomar conhecimento da
idealização e do planeamento, mostra-se solidário.
- Compreenda “sem julgar”, a partir
daí ofereça um “pacto ou um contrato de preservação” à vida.
- O desafio e a confissão trazem
alívio. Deixando a pessoa com o recurso de procurar ajuda naquele
confidente ou num grupo de ajuda.
- Quando nos esvaziamos desse
sentimento de angústia e desesperança, começamos a valorizar a vida.
- Ter alguém que guarda o nosso
segredo conecta-nos a um outro ser. Esse sentimento de confiança forma um
elo e traz motivação para superar o momento.
- Ter ciência do plano e do
planeamento para a execução, podendo tirar da pessoa a ferramenta que ela
utilizaria.
- Recolha a medicação, retire o que
puder ser feito de corda, lâminas cortantes, e não deixe a pessoa
sozinha.
- A presença traz a companhia e
inibe a tentativa de atentar contra a própria vida.
Fabiano de Abreu -
Neurofilósofo - neurocientista, neuropsicólogo, neuropsicanalista,
neuroplasticista, psicanalista, psicopedagogo, jornalista, filósofo,
nutricionista clínico, poeta e empresário.
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