Iniciativa compõe o maior banco de dados do mundo em relação a transtornos psíquicos de profissionais de saúde durante a pandemia do coronavírus
O Ministério da Saúde divulgou, nesta quarta-feira (09/09), uma pesquisa com dados sobre a influência da Covid-19 na saúde mental dos profissionais que fazem parte da ação estratégica “O Brasil Conta Comigo”, iniciativa que conta com mais de um milhão de profissionais cadastrados para atuar no combate à doença em todo o país. Os questionários foram respondidos por mais de 185 mil profissionais voluntários, entre maio e julho de 2020, caracterizando o maior banco de dados do mundo em relação à saúde mental de profissionais durante a pandemia do coronavírus.
A pesquisa foi
realizada pela Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação em Saúde (SGTES)
em parceria com a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) e com a
Universidade de Minas Gerais (UFMG). Segundo o levantamento, 7% relataram ter
diagnósticos psiquiátricos prévios, sendo os mais frequentes a depressão e o
transtorno de ansiedade generalizada. Já 58,4% dos participantes estão com a
presença de sintomas psicológicos e psiquiátricos abaixo da média na população
brasileira. E, 12% apresentaram alta pontuação em sintomas autorrelatados, de
acordo com os parâmetros populacionais brasileiros.
“É importante
ressaltar que a partir desses dados levantados, através de indicadores sérios e
reais, poderemos traçar estratégias eficazes para intensificar o cuidado com a
saúde mental dos nossos profissionais de saúde”, destaca Mayra Pinheiro,
secretária de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde do Ministério da Saúde
(SGTES). No que diz respeito à qualidade de vida na saúde física, que avalia
sintomas como dor, desconforto, dependência de medicação ou de tratamentos, qualidade
do sono e energia para o trabalho; 81,7% relataram níveis bons ou muito bons.
Apenas 2% apresentaram relato de que esse aspecto da qualidade de vida
necessita melhorar.
Em relação à saúde
psicológica, são avaliados sentimentos positivos e negativos, autoestima,
espiritualidade/religião e crenças pessoais, concentração, memória e imagem
corporal. A partir destes aspectos, 76% da amostra apresenta relato de níveis
bons ou muito bons. Apenas 1,1% percebe a necessidade de melhorar esse aspecto
da qualidade de vida. “Podemos concluir que os profissionais que se cadastraram
nesta ação estratégica contam com um alto grau de empatia, amor ao próximo e
capacidade de doação, além de um capital mental com um nível muito bem
trabalhado”, afirma a secretária Mayra Pinheiro.
No âmbito da
percepção da segurança física e proteção, que engloba ambiente no lar, recursos
financeiros, disponibilidade e qualidade dos cuidados de saúde e sociais,
oportunidade de adquirir novas informações e habilidades, participação e oportunidades
de recreação/lazer e ambiente físico (poluição, ruído, trânsito, clima e
transporte); a amostra apresentou que 70% relataram níveis bons ou muito bons
de qualidade de vida e 5,1% indicaram que esse aspecto da qualidade de vida
necessita melhorar.
Para o indicador de
percepção da qualidade de vida relacionada aos aspectos do meio ambiente, 88,3%
da amostra apresentou relato de níveis bons ou regulares e 11,7% indicaram
necessidade de melhora.
“Esse estudo foi
feito por uma política de estado, que está preocupado e atento aos cuidados com
a saúde mental de seus profissionais. Toda a pesquisa foi baseada em fatos
reais, realizada com indivíduos que contemplam uma faixa etária entre 20 a 79
anos. É uma fonte de dados que vai frutificar internacionalmente, pois é
inédita no mundo. Essa base de dados que colhemos de maneira científica, vai
servir como fonte de trabalho e pesquisa para cerca de 10 a 12 anos”, afirma o
presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), Antônio Geraldo da
Silva.
A pesquisa também
traçou um perfil sociodemográfico dos participantes. O perfil predominante é de
mulheres (80%) com idade variando entre os 20 e os 79 anos (média de 33 anos),
sendo que a maioria se declara como etnia branca (61%), seguido pelos que se
declaram como pardos (29%). Todos os estados e o Distrito Federal estão
representados na amostra de participantes, sendo que São Paulo é o estado com
mais respondentes (28,7%), seguido por Minas Gerais (9,2%) e Rio de Janeiro
(9,1%).
SUPORTE PSQUIÁTRICO
O Ministério da
Saúde também ofereceu suporte psiquiátrico aos profissionais que foram enviados
através da ação estratégica, com o acompanhamento emocional, através de
consultas presenciais, atendimentos online e suporte psíquico por aplicativo de
mensagens, quando necessário. Desde a chegada dos primeiros profissionais de
saúde ao Amazonas, o trabalho envolveu palestras de acolhimento abordando temas
como resiliência, estresse e adaptabilidade, atividades em grupo como Oficinas
de Inteligência Emocional, além de assistência médica especializada em
psiquiatria disponível aos profissionais. O objetivo era oferecer suporte
psicológico e motivacional necessário para que o trabalho dos profissionais no
enfrentamento à Covid-19 fosse desenvolvido sem sofrimento emocional e sem
possíveis adoecimentos psíquicos.
Para os demais
locais, a Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação em Saúde (SGTES),
referenciou o Projeto TelePSI, desenvolvido pelo Ministério da Saúde e Hospital
das Clínicas de Porto Alegre (HCPA), que presta serviços de suporte psicológico
para os profissionais de saúde que estão na linha de frente do combate à
Covid-19 através de teleconsulta por meio de uma central de atendimento que
funciona de segunda a sexta-feira, das 8h às 20h, pelo 0800 644 6543 (opção 4).
SAÚDE E EVIDÊNCIAS
Também foi
anunciado nesta quarta (09/09) o Projeto Saúde e Evidências, que tem como meta
agregar conteúdo científico das áreas de especialização em saúde em ambiente
virtual (registra-rh.saude.gov.br), fornecendo subsídios técnicos e de boas
práticas para acadêmicos e residentes em saúde. A primeira edição do projeto
terá como destaque a saúde mental, por meio da publicação de documentos
científicos elaborados pela Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) que
contêm diretrizes brasileiras para a abordagem do comportamento suicida.
O ambiente on-line
de compartilhamento de conhecimento proporciona uma assistência segura ao
paciente, por meio de profissionais mais capacitados para atender as demandas
do Sistema Único de Saúde (SUS). O Projeto também é uma iniciativa da
Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde (SGTES) em parceria com
sociedades de especialidades médicas ligadas à Associação Médica Brasileira
(AMB), conselhos profissionais de saúde e com a Secretaria de Ciência,
Tecnologias e Insumos Estratégicos do Ministério da Saúde (SCTIE). O projeto
pretende, ainda, realizar a divulgação de congressos e eventos das
especialidades, além de informações sobre os programas de residência.
Ministério
da Saúde
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