Agora nos deparamos com a frase da atualidade: O
novo normal. É emblemática, carrega nas letras um significado de mudança,
comportamento, atitudes, mas traz consigo também a incerteza. O novo assusta,
porém também mexe com as sensações e sentimentos do ser humano. A
imprevisibilidade dá um toque, para muitos, de redescobrimento.
E se focarmos no mercado de shopping centers? O que
se espera dessa indústria? O que falam os estudiosos?
Estou lendo diariamente as opiniões e a visão do
novo normal nos centros comerciais. Ainda não encontrei nenhuma linha de
pensamento que realmente tenha o embasamento para essa árdua retomada. Será que
os mais de 500 shoppings vão sobreviver? Será que o pequeno varejista - que é
um grande pilar dos templos de consumo - vai ter fôlego para continuar?
Vários questionamentos e suposições estão no ar,
mas no meu entendimento, nesses 30 anos de jornada, percebo que alguns sinais
evidentes estão sendo deixados de lado nesse momento. Nesses primeiros momentos
de retomada, a vedete foi o front de atuação na parte operacional. Com certeza
havia a necessidade de aplicar os protocolos exigidos - e cada shopping de
acordo, com a situação financeira, está tentando oferecer ao consumidor a
sensação de segurança na parte de higiene e sanitização.
Entretanto, passados os dias, começamos a analisar
os números e a performance dos empreendimentos.Já era esperado que o fluxo não
voltaria, por hora, a sua normalidade. Tal qual que as lojas sofreriam, neste
retorno parcial, com um caixa totalmente comprometido. Existe, também,
necessidade de investimentos na contratação ou retorno das equipes, na análise
do estoque e nos insumos necessários para abrirem as portas.
Mas acredito que estejamos esquecendo de uma peça
importante: o marketing - o plano de ação a curto e médio prazo para sobreviver
ao novo normal. Certamente as grandes administradoras já elaboraram, e vão
colocar em prática, as estratégias para a manutenção do seu negócio.
No entanto, nesse universo de 500 shoppings
espalhados por esse Brasil, existe uma fatia expressiva de pequenos centros
comerciais que já enfrentavam situações delicadas no fluxo de caixa do
condomínio e fundo de promoções. Trata-se de administradoras de pequeno porte,
que não possuem estruturas internas para pensar e desenvolver o planejamento do
novo marketing.
Um novo marketing dentro do novo normal. Assim que
houve o fechamento obrigatório dos shoppings, essa área foi praticamente
exterminada. Motivos óbvios, financeiros e de fluxo de caixa. Mas, se
observarmos detalhadamente, aquele que não parar e olhar para esse
departamento, provavelmente sofrerá consequências graves no futuro próximo.
É fundamental que além do “taxímetro” rodando no
financeiro e operações, o marketing precise voltar a sua engrenagem - porém com
uma nova leitura, como se tivéssemos que revisitar os velhos livros de Philip
Kotler (considerado o mestre do marketing moderno) para construir novas
estratégias de apoio ao lojista e a inteligência, visando fomentar o consumo
sem estimular a aglomeração.
O desenho da área será outro. Os objetivos
continuarão os mesmos, mas a forma de condução será totalmente diferente. O
planejamento trivial, que até 2019 era praticado, não terá mais serventia.
Variáveis importantes, como o digital e apoio direto ao pequeno varejista,
serão os grandes ingredientes para ultrapassarmos essa entressafra que ainda
vai perdurar por algum tempo.
Usando outra frase emblemática dos dias de hoje:
"vai passar". Mas cuidado para passar e não continuar. Acredite: O
incerto pode trazer bons ventos, mas evite os vendavais.
Roberta Veloso - Há 30 anos atuando no mercado de
shopping centers e varejo.
Bacharel em Comunicação Social, com MBA em Gestão Estratégica de Negócios pela UFF (Universidade Federal Fluminense). Exerceu cargos de liderança como gerência, superintendência e diretoria nas principais administradoras do segmento. Especialista em administração e marketing de empreendimentos comerciais.
Bacharel em Comunicação Social, com MBA em Gestão Estratégica de Negócios pela UFF (Universidade Federal Fluminense). Exerceu cargos de liderança como gerência, superintendência e diretoria nas principais administradoras do segmento. Especialista em administração e marketing de empreendimentos comerciais.
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