Mesmo com as mudanças nos meios de comunicação que
enfrentamos atualmente, o trabalho da assessoria de imprensa ainda é um
mistério para muitas pessoas e empresas. Entre nossas funções visamos construir
e solidificar a imagem da marca - seja empresa ou pessoa - , por meio de
matérias orgânicas nos diferentes meios de comunicação, como televisão,
portais, revistas, jornais impressos e até rádio. Porém, a maneira de consumir
notícia mudou e, assim, as redes sociais como Facebook e Instagram roubaram o
espaço de muitos veículos na hora de achar um /conteúdo. Com este cenário, o
trabalho antigo de assessoria de imprensa vai morrer?
Não, na minha opinião não irá morrer, ele irá se transformar
- e essa transformação já é perceptível. Para se ter uma ideia, segundo um
estudo pela Hoopsuite com a We Are Social, o Brasil está classificado como o
segundo país que mais usa a internet, em que, cada pessoa, fica em média nove
horas e vinte e nove minutos por dia. Com este cenário, é possível perceber
onde as pessoas procuram notícias e consomem informações atualmente.
Antes, um assessor de imprensa, produzia um release, ou
seja, um texto com um título chamativo e disparava para um mailing gigantesco
de jornalistas que, por sua vez, publicavam ou marcavam uma entrevista com o
porta-voz para uma matéria mais ampla. Porém, muitos veículos de comunicação
não existem mais, como a crise da editora Abril que, em 2018, anunciou o
fechamento de 10 títulos. O mesmo aconteceu com a editora Escala, ou até
mesmo com alguns programas de TV que simplesmente não têm mais audiência.
Por outro lado, Instagram cresce cada dia mais e torna-se
perceptível que o público está no online, quer a notícia ali e agora, e
dificilmente comprará uma revista para ler sobre emagrecimento, sendo que pode
seguir uma influenciadora que mostra sua rotina saudável. Nesse momento, como
assessora, me pergunto: qual estratégia seguir para dar visibilidade ao meu
cliente? As agências de assessoria de imprensa passaram a oferecer um serviço
de PR - Public Relations (Relações Públicas), em que a assessoria de imprensa
se tornou apenas um braço. Na hora de vender o serviço, é importante explicar
para o cliente que fazemos muito mais que uma aparição na mídia, pois somos os
responsáveis pela imagem da marca diante do público externo, potencializando
ainda mais os seus valores.
A imprensa nunca vai acabar, mas ela encontrará outros meios
de chegar até quem consome notícia. E as marcas que desejam aparecer, precisam
entender essa transformação e investir em um serviço de comunicação completa,
conhecida como comunicação 360°. As agências, além de incluir os clientes na
imprensa - independente da plataforma utilizada, também será responsável por
alimentar as redes sociais dessa mesma marca, criar vídeos criativos para o
Youtube, ou até criar os vídeos-releases, em que um jornalista poderá ter um
canal e postar um vídeo pronto de um cliente, falando sobre um determinado
assunto. Por que não?
O mesmo raciocínio podemos ter com os influenciadores
digitais. Eles não são jornalistas, mas são formadores de opinião e contam com
um grande público que se influenciam por suas opiniões. As marcas precisam
estar lá, é preciso criar laços com esses influenciadores, por meio de
parcerias, para dar mais visibilidade. Com este cenário, acredito que fica mais
fácil de empreendedores e empresas entenderem a importância de um PR atualmente
e não somente grandes empresas poderão investir nesse serviço, como acontecia
há alguns anos.
Um micro empreendedor, por exemplo, precisa de visibilidade,
precisa ser achado nas primeiras páginas do Google, precisa ter um bom
posicionamento nas redes sociais, um bom site e, ainda, aparições orgânicas nos
principais meios de comunicação. Costumo dizer para os meus clientes que, no
momento em que eles saem na imprensa, isso mostra para o seu público-alvo que
ele tem experiência, renome, mesmo que este mesmo público não tenha encontrado
a notícia, mas no momento em que entre no Instagram da marca e vê que aquele
serviço está como referência nos veículos, passará credibilidade, confiança.
Por isso essa comunicação precisa estar alinhada.
O que seria essa tal comunicação 360°?
Para isso, são usadas algumas estratégias como mídias
sociais, comunicação interna, branded content, assessoria de imprensa, entre
outras. Vou dar um exemplo de como isso se aplica. Vamos supor que você é dono
de um escritório de arquitetura, nós procuramos saber qual é sua especialidade,
seu potencial, se você abre faturamento, seus lançamentos e o que deseja passar
da sua empresa. A partir disso, traçamos um plano de comunicação, em que vamos
divulgar alguns press release, textos direcionados para a imprensa com
informações relevantes sobre seu trabalho e também podemos marcar encontros de
relacionamentos com jornalistas - sempre de forma estratégica para alcançarmos
aquela pessoa que se interessa pelo assunto. Sempre prezar por qualidade e não
quantidade.
Quando começamos a divulgar seu nome e o da sua empresa
podem começar a surgir as solicitações de entrevista, tudo de forma orgânica.
Temos que saber qual é o seu intuito com o trabalho de assessoria de mídia, se
você for um artista plástico e não abre faturamento, é mais vantajoso sair em
veículos trade, como Arte1, em que seu público-alvo está mais presente do que
no Valor Econômico, por exemplo. Muitas vezes, sair em 100 blogs sobre diversos
assuntos, não traz o mesmo retorno de sair em apenas um portal que abranja seu
público de interesse.
Depois de alinhar tudo isso, a agência precisará traçar um
cronograma de pautas para o blog da empresa, além de pensar em estratégias de
posts nas redes sociais para maior visibilidade e posicionamento. Se você gosta
de falar em vídeo, criar um canal no Youtube ou vídeos para o Instagram, também
é bem importante nos tempos atuais. Temos que pensar que as pessoas estão quase
todo tempo no online, conectadas e, se o negócio que não estiver nesse meio,
não sobreviverá. Tudo isso forma o plano de comunicação.
Portanto, é perceptível a importância da atualização e
seguir essas tendências. O mercado de comunicação tem sofrido sim por uma
transformação, mas tudo é adaptável e precisamos ficar de olho no que as
pessoas estão consumindo. Isso vale para qualquer negócio. Consideramos um
trabalho de formiguinha que, assim como no formigueiro, na agência o trabalho é
planejado, com o desenvolvimento da comunicação corporativa focando todos os
níveis: relacionamento com o jornalista/influenciador ou público-final, por
meio da divulgação de conteúdo relevante que aperfeiçoam e destacam o trabalho
do cliente.
Beatriz Destefani Augusto -jornalista e sócia-fundadora da
Comunica PR, agência de Relações Públicas
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