De acordo com a Pesquisa de Vigilância de Fatores
de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel)
realizada pelo Ministério da Saúde, a obesidade voltou a crescer no Brasil a
níveis alarmantes. No país, mais da metade da população (55,7%) tem excesso de
peso e a prevalência da obesidade ultrapassou os 19%. Entre 2006 e 2018, o índice
da obesidade aumentou em 67,8% acarretando, além do sobrepeso, no
desenvolvimento de doenças relacionadas a isso, como a diabetes, a hipertensão,
o colesterol alto e muitos outros problemas.
A alimentação desequilibrada, com o alto consumo de
alimentos ultraprocessados e açucarados junto a vida sedentária contribuem para
o agravamento do quadro. Diante da dificuldade em adquirir novos hábitos,
muitas pessoas acabam recorrendo a cirurgia bariátrica como única alternativa,
quando na verdade ela deve ser uma das opções de tratamento da obesidade,
aliada aos hábitos saudáveis. Até porque, caso esses hábitos não sejam
adotados, o paciente pode voltar a engordar após certo período de realização da
cirurgia.
Seguindo as orientações da Agência Nacional de
Saúde Suplementar (ANS), a cirurgia bariátrica é indicada para pacientes com
IMC – índice de massa corpórea – igual ou maior a 40 ou IMC entre 35 e 39,9 com
no mínimo uma doença associada. Por se tratar de um procedimento complexo, o
Conselho Federal de Medicina (CFM) regulamentou quatro tipos de procedimentos,
que podem variar de acordo com a avalição realizada pelo cirurgião e as
condições de saúde do paciente.
O Bypass Gástrico é o procedimento mais comum,
representando 75% dos casos. Ele reduz em 90% a capacidade do estômago,
diminuindo a ingestão de alimentos e desviando-os para a primeira parte do
intestino (duodeno) até a porção intermediária (jejuno). Com isso, reduz-se a
liberação do hormônio da fome (grelina) e de outros liberados pelo próprio
intestino. Além do rápido equilíbrio das complicações da obesidade, a perda de
peso é também considerável.
Antes de realizar o procedimento, algumas medidas
devem ser adotadas pelo paciente, tais como: alimentação balanceada e sem
exageros; quem fuma, deve parar 30 dias antes para evitar complicações
pulmonares; é preciso fazer um acompanhamento psicológico antes e depois para
dar todo o apoio necessário, identificar possíveis distúrbios alimentares ou
relacionados ao consumo de álcool e drogas.
O pós-operatório também requer cuidados e a alimentação
deverá ser reintroduzida aos poucos. De sete a dez dias após a cirurgia, os
alimentos serão todos líquidos e fracionados, passando, depois, a serem
pastosos ou cremosos e somente de 25 a 30 dias após o procedimento é que os
alimentos em sua forma sólida serão recolocados na dieta.
Para que se obtenha sucesso ao final desse processo
de intervenção cirúrgica, as mudanças alimentares precisam fazer parte dessa
nova vida. Não baste reduzir a quantidade e não melhorar a qualidade dos
alimentos, é preciso estabelecer uma dieta rica em legumes, verduras, frutas,
fibras, proteínas e carboidratos de qualidade. Além disso, a prática de
atividades físicas, aeróbicas e de fortalecimento muscular são também
fundamentais para chegar ao resultado físico desejado.
Dr. José
Afonso Sallet - médico gastroenterologista do Hospital IGESP.
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