Doença é tratada à
base de penicilina e tem cura, podendo o paciente ficar livre das sequelas
quando diagnosticado nos primeiros estágios
Os últimos dados disponíveis do
Ministério da Saúde apontam crescimento nos casos de sífilis no Brasil. Somente
em 2017 foi registrado um aumento de 28,5% na taxa de detecção em gestantes;
16,4% na incidência de sífilis congênita e 31,8% nos casos de sífilis
adquirida, quando comparado a 2016. Diante deste cenário, o Seconci
-SP (Serviço Social da Construção) aproveita a
celebração do Dia Nacional de Combate à Sífilis e à Sífilis Congênita,
comemorado no próximo sábado (19), para esclarecer os principais sintomas e
formas de tratamento destas doenças.
A médica clínica da instituição, Dagmar
Maia Kistemann, explica que a sífilis é considerada porta de entrada para
infecções sexualmente transmissíveis (IST), incluindo o Vírus da
Imunodeficiência Humana (popularmente conhecido como o vírus HIV). “Apesar de
não ser uma regra, o primeiro sintoma da sífilis é uma úlcera indolor, que pode
desaparecer sem deixar cicatrizes”, explica a doutora.
Além disso, por serem infecções
sexualmente transmissíveis, é muito importante que as pessoas utilizem o
preservativo durante todo o ato sexual para evitar o contágio. A médica
explica, ainda, que muitas pessoas podem nem saber que estão infectadas pela
enfermidade.
Sintomas e evolução da doença
A sífilis é causada pela bactéria
Treponema pallidum. Além da relação sexual, o contágio também pode ocorrer de
mãe para filho, no momento do parto e, de forma mais rara, por meio de transfusão
de sangue. Após a contaminação, a doença se desenvolve em quatro estágios:
primário, secundário, latente e terciário.
Na sífilis primária, os sintomas se
manifestam de dez a noventa dias (média de 21 dias) após o contágio, nas
regiões da boca, ânus e área genital, onde são formadas feridas indolores
(cancros). As feridas podem ter remissão espontânea em até quatro semanas sem
deixar cicatrizes. Após este período, se o paciente não for tratado, a infecção
continuará no organismo sem sintoma aparente (infecção latente).
Na sequência, o paciente entra na fase
secundária, em que os sintomas são variados e duram em média entre quatro a 12 semanas.
Nesta fase, a pessoa pode apresentar manchas na pele em diferentes partes do
corpo, diversas lesões como alopecia (perda de cabelo), especialmente na cabeça
e nas sobrancelhas (madarose).
Segundo a médica clínica do Seconci-SP,
após os estágios iniciais, a doença entra no período chamado de latência, no
qual a pessoa não apresenta sintomas, mas continua infectada. Se não for
submetido a tratamento, o indivíduo entrará na fase terciária. Esta etapa pode
levar de dois a 40 anos depois do início da infecção para se manifestar e a
pessoa está sujeita a problemas mais graves, como danos no cérebro ou na
medula, no nervo ótico, nos sistemas ósseo e cardiovascular e lesões cutâneas.
Já a sífilis
congênita ocorre em qualquer fase gestacional, podendo levar ao abortamento ou
sequelas tardias. “A criança pode apresentar manchas na pele, anemia severa,
pneumonia, baixo peso, prematuridade e outros manifestações graves. Já entre as
manifestações tardias da doença podemos destacar: má formação dos dentes, surdez,
cegueira, dificuldade de aprendizado, má formação dos ossos, convulsões, entre
outras complicações mais graves”, pontua a médica.
Os problemas ao bebê podem ser evitados
por meio da realização do pré-natal, onde é feita a sorologia para sífilis e
seu tratamento precoce.
Tratamento e cura
A dra. Dagmar destaca que a detecção da
sífilis é realizada por meio de análise laboratorial do sangue, feita de forma
gratuita no Sistema Único de Saúde (SUS) ou nas unidades públicas de saúde.
“Quando é detectada e tratada logo no início, aumenta a possibilidade de o
paciente se curar da sífilis sem nenhuma sequela. Por isso, é muito importante
realizar os exames periódicos e, no caso das grávidas, fazer o pré-natal
durante toda a gestação”.
A médica pontua
ainda que o tratamento da sífilis é realizado à base de penicilina, mas a
dosagem e período podem variar de acordo com a fase da doença em que a pessoa
se encontra.
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