Quadro é definido
quando a mulher sofre três ou mais perdas com menos de 20 semanas de gestação
O sonho da maternidade pode ser um pouco mais
desafiador para algumas mulheres. Pesquisas indicam que de 15% a 20% das
gestações não evoluem, ou seja, terminam em abortos nos primeiros três meses de
gravidez. Apesar de, na maioria das vezes, a interrupção da gravidez ser
tratada com um fato natural, para alguns casais o quadro torna-se rotineiro,
gerando o aborto de repetição.
De acordo com *Renato de Oliveira, ginecologista e infertileuta
da Criogênesis, dos casais em idade fértil, 2% a 5% sofrem
abortos de repetição, que se caracterizam pela perda recorrente da gestação
antes de 20 semanas. “Um quadro de abortamento espontâneo é caracterizado
quando ocorre uma perda gestacional de forma espontânea até a 20ª a 22ª
semana de gravidez ou quando ocorre a perda de um feto com peso menor do que
500 gramas. Já abortos de repetição são casos em que ocorreram três abortos
consecutivos ou, para alguns pesquisadores, quando houve duas ou mais perdas
gestacionais logo no início da gravidez, antes da 22ª semana”.
O especialista ainda ressalta que os abortos
ocorrem devido a seis fatores básicos, atuando isolados ou em conjunto. Dentre
as alterações estão:
Genéticas: A maior parte dos abortos, cerca de 60%, é decorrente de alterações
genéticas no embrião, pois eles devem possuir 46 cromossomos que permitem seu
desenvolvimento normal. Muitas gestações acabam em abortamento, pois os
embriões tem cromossomos a mais ou a menos. Além disso, o impacto da idade
materna é grande. Dos 35 aos 39 anos, a probabilidade de se ter um aborto gira
em torno de 25%. Já dos 40 aos 44 anos, é superior a 50%.
Vasculares (trombofilias): Doenças do sangue são causas comuns de abortamento, pois podem originar
trombose de vasos placentários e impedir a correta chegada dos nutrientes
maternos ao feto, o que comprometeria o seu desenvolvimento.
Endócrinas e infecciosas: Diabetes mellitus e distúrbios da tireoide (hipo e hipertireoidismo),
quando não tratados, podem ser causadores de abortamento. Algumas infecções, na
fase inicial da gravidez, também podem levar à ocorrência de aborto. Por isso,
é muito importante realizar avaliação médica ginecológica de rotina.
Anatômicas: Algumas alterações da anatomia do útero (adquiridas ou congênitas),
podem ser causas de abortamento. Quanto aos miomas, eles podem interferir e
causar aborto principalmente se forem maiores que 4 cm ou se comprometerem a
cavidade endometrial.
Imunológicas: Refere-se à reação imunológica contra algo que o nosso organismo não
reconhece. Enquanto numa gravidez normal o feto é protegido pelo organismo
feminino, em algumas mulheres seu sistema imunológico não reconhece a gravidez
e passa a se defender do feto por considerá-lo um corpo estranho, devendo,
portanto, ser eliminado.
Hábitos e estilo de vida: Tabagismo, consumo excessivo de álcool e o uso de drogas aumentam o
risco de abortamento. Mulheres acima do peso ideal também tem maiores chances
de abortarem e terem complicações durante a gestação.
“É importante lembrar que, mesmo após 3 abortos
consecutivos, a mulher ainda tem 70% de chance de ter uma gestação tranquila. No
entanto, além dos problemas físicos enfrentados pela mulher, é difícil ter a
aceitação psicológica. Assim, antes de fazer novas tentativas, é preciso buscar
ajuda especializada e identificar as causas”, finaliza Dr. Renato.
Renato de Oliveira - Formado
em Medicina no ano de 2007 na Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP).
Residência em Ginecologia e Obstetrícia entre 2009 e 2012 no Centro de Atenção
Integral à saúde da Mulher (CAISM) na UNICAMP. Especialização médica em
Reprodução humana na Faculdade de Medicina do ABC, entre 2012 a 2014.
Ginecologista responsável pela área de reprodução humana da Criogênesis. Membro
da equipe de infertilidade do Instituto Ideia Fértil. Participou de diversas
publicações sobre endometriose, infertilidade e carcinoma no colo do útero.
Criogênesis
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