Espécie deve ser totalmente extinta até 2070,
como resultado da intensa exploração madeireira e do manejo inadequado das
sementes
Créditos: César Wegler Filho/Pixabay
Créditos: César Wegler Filho/Pixabay
Artigo publicado
pela Universidade de Reading, no Reino Unido, revela que a espécie pode deixar
de existir nos próximos anos devido à intensa exploração e às mudanças
climáticas
Dos 20 milhões de hectares da extensão original da
Floresta com Araucárias, hoje restam apenas de 1 a 3%. Para o futuro, a
expectativa de cientistas da Universidade de Reading, no Reino Unido, não é
nada positiva. Segundo estudo publicado este ano na Wiley Online
Library, a araucária (Araucaria angustifolia) deve ser
totalmente extinta até 2070, como resultado da intensa e predatória exploração
madeireira e do manejo inadequado das sementes. O cenário é agravado pelas
mudanças climáticas, que interferem nesse e em outros ecossistemas. Para os
cientistas, apenas intervenções direcionadas podem ajudar a garantir a
sobrevivência da espécie na natureza.
Componente importante da Mata Atlântica, a
araucária ocorre predominantemente nos estados do Sul do Brasil e em algumas
regiões serranas do Sudeste. Conhecida como símbolo do Paraná, a árvore de
grande porte pode atingir 50 metros de altura. Atualmente, os poucos
remanescentes da espécie estão localizados em pequenas e médias propriedades
rurais, que asseguram aos agricultores uma importante fatia de renda por meio
da extração do pinhão (semente da Araucária) e das folhas de erva-mate, que
fazem parte do ecossistema da Floresta com Araucárias.
Araucária+
Como forma de conciliar a conservação de espécies e
o desenvolvimento econômico, em 2013, foi criada a iniciativa Araucária+ por
meio da parceria entre as fundações Grupo Boticário de Proteção à Natureza e
CERTI. A proposta objetiva impulsionar a conservação da biodiversidade,
reduzindo a tendência de desmatamento e degradação desse ecossistema por meio
de um modelo de valorização da Floresta com Araucárias e de desenvolvimento
sustentável das comunidades associadas.
Atualmente, o Araucária+ conta com mais de 50
organizações parceiras, entre empresas, institutos de Ciência e Tecnologia,
investidores, poder público e cerca de 80 produtores articulados. Mais de 6,5
milhões de metros quadrados de floresta estão sendo conservados e monitorados
pela iniciativa. Também foi firmada a parceria com o Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para a restauração ecológica e
estruturação da cadeia de restauração em regiões de remanescente, visando a
proteção de 2,6 milhões de metros quadrados de Floresta com Araucárias.
Por meio da iniciativa, produtores locais são
conectados a um mercado diferenciado, formado por empresas que adotam
estratégias de inovação e sustentabilidade em seus produtos, demandando insumos
de origem sustentável, com informação e rastreabilidade agregada. Para acessar
esse mercado, os agricultores devem adotar o Padrão Sustentável de Produção,
com análise das cadeias produtivas em que se identificam os principais impactos
derivados da extração de produtos da floresta. Integrados, eles recebem
orientação técnica e capacitação, além de um plano de melhorias direcionado
para cada propriedade.
“Nós formamos uma rede de atores que estão
envolvidos das mais variadas formas com as cadeias produtivas não-madeireiras
desta floresta e que, por falta de incentivos ou conhecimento, acabam
trabalhando de forma isolada. Ao conectarmos esses atores, potencializamos os
impactos de suas iniciativas. Com isso, geramos renda e conservamos a Floresta
com Araucárias”, destaca Guilherme Karam, coordenador de Negócios e
Biodiversidade da Fundação Grupo Boticário.
Sobre a Fundação Grupo
Boticário
A Fundação Grupo Boticário é fruto da inspiração de
Miguel Krigsner, fundador de O Boticário e atual presidente do Conselho de
Administração do Grupo Boticário. A instituição foi criada em 1990, dois anos
antes da Rio-92 ou Cúpula da Terra, evento que foi um marco para a conservação
ambiental mundial. A Fundação Grupo Boticário apoia ações de conservação da
natureza em todo o Brasil, totalizando mais de 1.500 iniciativas apoiadas
financeiramente. Protege 11 mil hectares de Mata Atlântica e Cerrado, por meio
da criação e manutenção de duas reservas naturais. Atua para que a conservação
da biodiversidade seja priorizada nos negócios e nas políticas públicas, além
de contribuir para que a natureza sirva de inspiração ou seja parte da solução
para diversos problemas da sociedade. A instituição defende que o patrimônio
natural bem conservado é a base para o desenvolvimento econômico e bem-estar
social. Também promove ações de engajamento e sensibilização, que aproximam a
natureza do cotidiano das pessoas.

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