O Dia Mundial da Visão é celebrado na segunda
quinta-feira do mês de outubro, este ano, no dia 10. Próximo à data, também há
o Dia das Crianças (12), que é um dos principais grupos de atenção quando o
assunto é saúde ocular. A Dra. Daniela Lima de Jesus, oftalmologista do HCLOE,
empresa do Grupo Opty, especialista em estrabismo e oftalmopediatria, comenta
sobre as principais dúvidas dos pais em relação à saúde ocular dos pequenos,
assim como a importância da prevenção.
“Crianças com dificuldades visuais podem ter
prejuízo do rendimento escolar e muitas vezes queixas de cefaleia, dispersão e
personalidade introvertida, no caso dos míopes. Já os hipermétropes podem
apresentar pouca disposição para a leitura, se não tratados. Tudo isso mostra
que o cuidado com a saúde ocular vai além da visão, mas influencia o
comportamento das crianças”, afirma a oftalmopediatra.
O alerta no Dia Mundial da Saúde e no Dia das Crianças
para a prevenção e cuidados oculares se torna ainda mais importante, quando se
estima, de acordo com o Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO), que mais da
metade das causas da cegueira infantil no Brasil poderiam ser evitadas. Dados
da Organização Mundial da Saúde (OMS) mostram que o número de crianças cegas no
mundo é de cerca de 1.4 milhão.
Desde o princípio – Ao nascer, a criança enxerga muito pouco e a
visão vai se desenvolvendo no decorrer dos anos. Cerca de 90% do
desenvolvimento visual ocorre até os dois anos de vida. Acredita-se que atinja
todo seu potencial por volta dos cinco ou seis anos de idade. Mas os cuidados
para evitar que as crianças tenham doenças oftalmológicas devem se iniciar
antes do nascimento. “O acompanhamento pré-natal é muito importante, pois pode
evitar o comprometimento da visão do bebê que irá nascer. Algumas doenças como
rubéola, toxoplasmose e sífilis podem causar cegueira e problemas neurológicos
na criança. Além disso, a suplementação do ácido fólico das mulheres que
desejam engravidar e das gestantes é fundamental para a formação do sistema
nervoso do bebê, do qual os olhos fazem parte”, explica a oftalmologista.
De acordo com a médica do HCLOE, os primeiros
quatro meses de vida são o período crítico do desenvolvimento visual, pois
qualquer obstáculo na formação da imagem durante esse tempo pode acarretar em
grandes comprometimentos. Os bebês são avaliados logo no nascimento, por meio
do teste do reflexo vermelho no berçário, que, quando normal, mostra integridade
do eixo visual (córnea, cristalino, vítreo e retina). Após essa avaliação,
recomenda-se exame novamente entre 6 meses e 1 ano de vida, depois aos 3 anos,
quando a criança começa a informar a acuidade visual, e na idade escolar. De
acordo com o CBO, 30% das crianças nessa fase, entre 7 e 14 anos, apresentam
problemas de refração que comprometem o empenho diário. Em todas as avaliações,
deve-se avaliar o alinhamento ocular, a presença de erros de refração (grau dos
olhos) e a presença de ambliopia (olho preguiçoso).
Os principais sintomas que levam a criança ao
consultório do oftalmologista são: cefaleia, olhos vermelhos, coceira,
lacrimejamento e sensibilidade com claridade. “Crianças com problemas visuais
nem sempre demonstram essa dificuldade, mas aquelas que se aproximam muito da
TV, do livro ou da lousa ou que apresentam desinteresse pela leitura ou com
frequência se apresentam dispersos podem levantar a suspeita”, diz a médica. De
acordo com a oftalmopediatra, os pais também podem suspeitar de problemas
visuais por meio de fotos, que devem mostrar o reflexo vermelho na área da
pupila dos filhos. Observar também se existe diferença na posição das
pálpebras, se a pupila se apresenta branca ou se está fora do centro do olho,
motivos que sugerem uma ida ao oftalmologista.
Mais comum
– Conforme afirma a Dra. Daniela Lima de Jesus, os erros refracionais, embora
não sejam considerados uma doença, estão presentes em quase 22% das crianças
até 9 anos. A miopia gera uma dificuldade de enxergar para longe, com dificuldade
de ver a lousa ou a TV, podendo apresentar dores de cabeça pelo movimento de
“cerrar os olhos” para ver melhor. Os hipermétropes e astigmatas podem se
queixar no ato da leitura. O tratamento é realizado com a prescrição de óculos.
Bebês que apresentem erros de refração acima dos limites para sua idade já
podem utilizar óculos.
“A armação de silicone é uma das mais utilizadas,
por ser mais flexível e fácil de ajustar. As armações devem ser de aro fechado
e é importante que os óculos tenham apoio nasal”, diz a oftalmologista. Para
facilitar esse momento, escolher uma
armação colorida e atrativa para criança é muito importante. “Para as que já
demonstram preferências, o ideal é permitir que elas mesmas possam escolher a
cor. Mas, antes disso, é necessário que os óculos fiquem confortável no
rostinho. Normalmente a criança aceita e se adapta bem ao uso dos óculos”,
conta.
Já as lentes de contato podem ser utilizadas, sob
supervisão médica, em alguns casos de afacia (ausência de cristalino e lente
intraocular), após cirurgia de catarata congênita, ou em casos de anisometropia
(diferença grande de grau entre os olhos), para evitar o desconforto causado
pela correção com os óculos.
Além de conjuntivites, uveítes e neurites, o
estrabismo é outra doença que pode atrapalhar o desenvolvimento normal da
visão, principalmente se o tratamento for tardio. O olho que desvia pode ficar
preguiçoso e a criança não desenvolver a visão em 3D. Na suspeita de desvios
oculares, a avaliação oftalmológica deve ser imediata, para que se realize o
tratamento o mais breve possível, o que, muitas vezes, envolve óculos, tampão
e/ou cirurgia.
Dicas para o dia a dia – A criança está suscetível a acidentes domésticos,
seja com objetos perfurocortantes ou queimaduras por produtos químicos, devendo
os pais tomarem as precauções para que esses acidentes sejam evitados. Cuidados
redobrados também são essenciais na prática de esporte e atividades ao ar
livre. A oftalmopediatra Daniela Lima de Jesus destaca cinco principais
cuidados:
·
Em ambiente com crianças, não deixe fácil acesso a
objetos pontiagudos e produtos químicos de limpeza;
·
Fique atento para sinais (olhos vermelhos) e
sintomas (dor ocular, dor de cabeça, coceira, lacrimejamento) que podem estar
relacionados a dificuldade visual;
·
Controle o uso de eletrônicos, já que a exposição
à luz azul pode causar danos aos olhos e levar à alta miopia, conforme apontam
recentes estudos, além dos olhos ficarem secos;
·
Não permitir que a criança coce os olhos (risco
maior de desenvolver ceratocone);
·
Mantenha as consultas de rotina com o
oftalmologista em dia.
Grupo Opty
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