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segunda-feira, 7 de outubro de 2019

Mães fumantes, filhos obesos


 Novo estudo revela impactos do tabagismo materno para "tecido anti-obesidadade


Os malefícios do cigarro e da obesidade já são amplamente conhecidos. Mas o que poucos sabem é que o tabagismo das mães durante o período da amamentação, após o término da gravidez, aumenta a probabilidade da criança apresentar obesidade na vida adulta. Alterações nutricionais e ambientais, como o uso de cigarro durante a amamentação, podem levar a obesidade em função da disfunção do tecido adiposo marrom. Essa descoberta tem grande relevância uma vez que estudos apontam que a restauração da função desse tecido pode ser considerada uma terapia anti-obesidade, explica a pesquisadora Thamara Cherem Peixoto, do Laboratório de Fisiologia Endócrina, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj).

Através de experimento em ratos do tipo Wistar, incluindo mães e os filhotes, o grupo da Uerj verificou que o tabagismo materno, mesmo após a gravidez, aumenta as chances dos filhotes se tornarem obesos na idade adulta. Um dos mecanismos envolvidos seria por conta da redução da capacidade termogênica do tecido adiposo marrom. 

Além disso, Thamara testou modelo de desmame precoce, mimetizando a interrupção do aleitamento materno exclusivo antes dos seis meses. E nos experimentos, demonstrou que os filhotes desenvolvem obesidade, resistência à insulina e à leptina. A grande novidade é que também existe uma disfunção do tecido adiposo marrom que compromete a atividade termogênica, favorecendo o acúmulo de gordura. 

Os resultados destes estudos foram publicados recentemente em dois periódicos científicos: um no Brazilian Journal of Medical and Biological Research. E o segundo, agora em setembro de 2019, na revista Neuroscience, da International Brain Research Organization (IBRO).

A pesquisa contribui para o melhor entendimento das doenças prevalentes em seres humanos e, assim, pode guiar autoridades públicas a criarem novas politicas, alertando mulheres fumantes sobre os riscos impostos às crianças durante a amamentação, mesmo que as mães parem de fumar durante a gravidez e fumem longe de seus filhos durante o aleitamento. Com os resultados da pesquisa, Thamara espera ainda reforçar a importância do aleitamento materno exclusivo até os seis meses de vida.

No modelo aplicado, a pesquisa foi desenvolvida com ratos Wistar e, principalmente, com tecido adiposo marrom, tecido adiposo branco e hipotálamo. O estudo foi desenhado com três diferentes experimentos (modelos fumaça, nicotina e desmame precoce). Cada experimento durou em torno de oito meses dentro do biotério e envolveu etapas de acasalamento, gestação (3 semanas), lactação (3 semanas), programação (26 semanas), além do período dedicado as análises (6 meses por modelo).
 A obesidade é uma epidemia atual que atinge tanto países desenvolvidos como em desenvolvimento, como o Brasil. O laboratório da Uerj tem tradição na área e procura investigar os fatores que aumentam o risco de desenvolvimento da obesidade e suas doenças associadas, tais como diabetes, dislipidemias, hipertensão e doenças cardiovasculares.






Thamara Cherem Peixoto - cursa o doutorado no Programa de Pós-Graduação em Biociências da Uerj com apoio da FAPERJ, por meio do programa Bolsa Nota 10.

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