Os malefícios do cigarro e da obesidade já
são amplamente conhecidos. Mas o que poucos sabem é que o tabagismo das mães
durante o período da amamentação, após o término da gravidez, aumenta a
probabilidade da criança apresentar obesidade na vida adulta. Alterações
nutricionais e ambientais, como o uso de cigarro durante a amamentação, podem
levar a obesidade em função da disfunção do tecido adiposo marrom. Essa descoberta
tem grande relevância uma vez que estudos apontam que a restauração da função
desse tecido pode ser considerada uma terapia anti-obesidade, explica a
pesquisadora Thamara Cherem Peixoto, do Laboratório de Fisiologia Endócrina, da
Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj).
Através de experimento em ratos do tipo
Wistar, incluindo mães e os filhotes, o grupo da Uerj verificou que o tabagismo
materno, mesmo após a gravidez, aumenta as chances dos filhotes se tornarem
obesos na idade adulta. Um dos mecanismos envolvidos seria por conta da redução
da capacidade termogênica do tecido adiposo marrom.
Além disso, Thamara testou modelo de
desmame precoce, mimetizando a interrupção do aleitamento materno exclusivo
antes dos seis meses. E nos experimentos, demonstrou que os filhotes
desenvolvem obesidade, resistência à insulina e à leptina. A grande novidade é
que também existe uma disfunção do tecido adiposo marrom que compromete a
atividade termogênica, favorecendo o acúmulo de gordura.
Os resultados
destes estudos foram publicados recentemente em dois periódicos científicos: um
no Brazilian Journal of Medical and Biological Research. E o
segundo, agora em setembro de 2019, na revista Neuroscience, da
International Brain Research Organization (IBRO).
A pesquisa contribui para o melhor
entendimento das doenças prevalentes em seres humanos e, assim, pode guiar
autoridades públicas a criarem novas politicas, alertando mulheres fumantes
sobre os riscos impostos às crianças durante a amamentação, mesmo que as mães
parem de fumar durante a gravidez e fumem longe de seus filhos durante o
aleitamento. Com os resultados da pesquisa, Thamara espera ainda reforçar a
importância do aleitamento materno exclusivo até os seis meses de vida.
No modelo aplicado, a pesquisa foi
desenvolvida com ratos Wistar e, principalmente, com tecido adiposo marrom,
tecido adiposo branco e hipotálamo. O estudo foi desenhado com três diferentes
experimentos (modelos fumaça, nicotina e desmame precoce). Cada experimento
durou em torno de oito meses dentro do biotério e envolveu etapas de
acasalamento, gestação (3 semanas), lactação (3 semanas), programação (26
semanas), além do período dedicado as análises (6 meses por modelo).
A obesidade é uma epidemia atual que
atinge tanto países desenvolvidos como em desenvolvimento, como o Brasil. O
laboratório da Uerj tem tradição na área e procura investigar os
fatores que aumentam o risco de desenvolvimento da obesidade e suas
doenças associadas, tais como diabetes, dislipidemias, hipertensão e doenças
cardiovasculares.
Thamara Cherem Peixoto - cursa o doutorado no Programa de
Pós-Graduação em Biociências da Uerj com apoio da FAPERJ, por meio do programa
Bolsa Nota 10.
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