29 de
outubro, Dia Mundial do Combate ao AVC
Fraqueza ou formigamento de um lado do corpo, dificuldade súbita para
falar, tontura, alteração repentina da visão e dor de cabeça repentina são os
cinco principais sintomas do acidente cerebral vascular, o AVC, também
conhecido popularmente como derrame. Infelizmente, ainda é alarmante o número
de pessoas que não sabem reconhecer os sinais e sintomas da doença.
“Existe um desconhecimento muito grande sobre o AVC no Brasil. A
patologia é multifatorial e possui prevenção e tratamento eficazes, porém
inacessíveis à grande parte da população. O tratamento endovascular, por
exemplo, ainda não é pago pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Precisamos fazer
um trabalho de disseminação de informação e conhecimento sobre os cuidados a se
ter com o AVC”, explica dr. Octávio Marques, professor de Neurologia da
Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (USP) e vice-presidente da Sociedade
Brasileira de Doenças Cerebrovasculares (SBDCV). Hoje, 1 em cada 4 pessoas no
mundo têm a doença e 1 em cada 6 morre em decorrência dela.
Os obstáculos para tratar o acidente vascular cerebral adequadamente
também dificultam a reversão desse cenário. Ainda que o tratamento do AVC tenha
passado por uma revolução nos últimos tempos, o desconhecimento por parte dos
profissionais prejudica a intervenção adequada. Segundo dr. Octávio, é preciso
qualificar o trabalho conjunto multidisciplinar.
“O AVC é tão frequente no país que não pode ser responsabilidade apenas
do neurologista. Todo profissional deve conhecer, saber como evitar e como
tratar. É importante capacitar pessoas que atuam na área de Enfermagem,
Fisioterapia, Psicologia, entre outras, a trabalhar em equipe contra a
patologia”, declara dr. Octávio.
A doutora Gisele Sampaio Silva, professora de Neurologia Clínica da
Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), concorda e aposta no ensino como
forma de conscientização contra a doença: “O tratamento agudo do AVC mudou
radicalmente a forma como a gente educa e informa os neurologistas nos dias de
hoje. Ensinamos pensando na organização e atendimento adequado à doença dentro
do sistema de saúde como um todo”.
O combate ao AVC no Brasil já resultou em inúmeros avanços. Segundo a
dra. Gisele, estamos em uma era de grandes mudanças na prevenção e tratamento
da doença cerebrovascular. A utilização da neuroimagem avançada, por exemplo,
contribuiu para aumentar a janela de tratamento e evitar que a doença atingisse
mais pessoas. O uso de novos anticoagulantes, por exemplo, pode evitar que a
doença atinja mais pessoas. Além disso, o cuidado ao AVC alterou radicalmente a
função do neurologista no mercado de trabalho, abrindo oportunidades de
trabalho em emergências, UTIs e coordenação de unidade de AVC.
Na semana de 29 de outubro, Dia Mundial do Combate
ao AVC, a comunidade médica brasileira se mobilizará em uma campanha que visa
ampliar o conhecimento populacional quanto ao acidente vascular cerebral e
expandir o alcance da medicina na prevenção da doença. O tema sugerido pela
World Stroke Oranization e que será seguido no Brasil, “1 em cada 4 de nós terá
um AVC ao longo da vida: não deixe que seja você”, reforça a necessidade de
atuação na prevenção da doença. As iniciativas visam reforçar a atenção às
principais causas do AVC (pressão alta, diabetes, colesterol alto, tabagismo,
dieta desregulada, entre outras) e ao cuidado com a saúde.
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