Embora o número de
fumantes esteja em queda mundialmente, cigarro eletrônico e narguilé ainda
atraem público jovem
O alerta para o consumo de cigarro é importante para promover o controle da doença, que é a quarta principal causa de morte no Brasil e, até 2020, deve se tornar a terceiraiii. Mundialmente, a redução do número de fumantes e a tendência de maior preocupação com a saúde não são suficientes para diminuir os danos que o tabaco provoca, já que a OMS estima que mais de 7 milhões de pessoas morrem anualmente devido a elei. A DPOC é uma condição crônica, o que significa que acompanhará a pessoa por toda a vida. A sigla indica a combinação de duas condições pulmonares bastante graves: a bronquite crônica, quando os brônquios estão com inflamação e produzem muita secreção, e o enfisema, que é a destruição das paredes das células dos pulmões.
Como os sintomas da DPOC são parecidos com os de outras doenças pulmonares, as pessoas que desenvolvem a doença não costumam dar atenção aos sinais no começo da doença e acabam procurando o especialista quando a condição está avançada. Os pacientes sentem falta de ar, tosse seca e pouca disposição para fazer as atividades do cotidiano, por conta da limitação do fluxo de ar que entra e sai dos pulmões. O diretor da Comissão de Infecções Respiratórias da Sociedade Paulista de Pneumologia e Tisiologia, Dr. Mauro Gomes, alerta que "os pacientes, muitas vezes, não sabem reconhecer e explicar para o médico exatamente o que estão sentindo. A falta de ar, por exemplo, costuma ser relatada como um cansaço constante. Muitas vezes eles atribuem isso ao sedentarismo, excesso de peso ou à própria idade e não imaginam que já exista uma doença pulmonar. Outras pessoas evitam ir ao consultório também porque sentem culpa pelo hábito de fumar – e não sabem como parar".
A iniciativa GOLDiv aponta o principal grupo de risco da doença: pessoas com mais de 40 anos, fumantes ou ex-fumantes, com queixas de tosse frequente, expectoração ou "catarro" constante e cansaço ou falta de ar ao fazer esforço, como subir escadas ou caminhar. O levantamento feito pelo Ministério da Saúde indica que os homens são o público que mais fumaii. O mesmo estudo apontou que uma das faixas etárias que teve aumento do número de fumantes foi a de 18 a 24 anos. Por isso, o Dr. Mauro Gomes ressalta a importância do trabalho de conscientização da população: "embora a doença atinja mais homens e pessoas com mais de 40 anos, os jovens também devem estar cientes dos seus sintomas. Como a DPOC não tem cura, a prevenção é a melhor escolha para não desenvolver a doença. Aqui, vale pontuar que não só o cigarro traz problemas aos pulmões. Narguilé e cigarros eletrônicos também são prejudiciais à saúde".
Para o especialista, a prevenção está atrelada ao autoconhecimento e à mudança de hábitos. "Como o tabaco causa uma dependência, ele faz parte da rotina do fumante e costuma ser associado a momentos de lazer e de alívio do estresse", explica o pneumologista. Portanto, parar de fumar pode ser um processo lento e desafiador – e o acompanhamento de um especialista pode facilitar essa mudança de rotina. Uma das dicas do especialista é focar sempre no resultado, que é positivo para a saúde da pessoa. Muitas vezes, os amigos e familiares que convivem com o fumante auxiliam nesse processo.
O diagnóstico precoce da DPOC é a principal medida
para evitar complicações.
Pacientes com crises recorrentes
de falta de ar possuem 4,3 vezes mais risco de morte do que os que realizam o
tratamento adequado e não enfrentam essas crises, chamadas de
"exacerbações"v. Além do acompanhamento médico, o especialista
indica o tratamento regular com medicamentos para evitar restrições no dia a
dia do paciente. "O uso contínuo da medicação reduz complicações pela doença e evita
limitações na rotina do paciente. O tiotrópio, uma das opções de tratamento,
reduz em 16% o risco de morte nos pacientes com DPOC", explica
o Dr. Mauro Gomes. Medidas além do tratamento convencional também são
fundamentais, como a prática de atividade física regular com acompanhamento
médico, vacinação contra gripe e pneumonia e não fumar.
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