Pesquisa mostra que
maior acesso ao crosslink explica recuo.
O transplante de córnea no Brasil está em queda segundo o
Ministério da Saúde. A pasta prevê encerrar este ano com 15.026 cirurgias,
cerca de 8% a menos que os 16.417 procedimentos realizados em 2017. A diminuição da fila de espera é ainda maior.
Em junho deste ano 10.256 brasileiros aguardavam por uma doação, contra 13.920
no ano passado.
Segundo o oftalmologista Leôncio Queiroz Neto do
Instituto Penido Burnier apesar do recuo
a espera pelo transplante é
longa, compromete as atividades diárias e pode causar transtornos como
ansiedade e depressão.
Para ele a principal causa
da menor busca pelo transplante de córnea neste ano é a inclusão do crosslink
no rol 2018 dos planos de saúde pela ANS (Agencia Nacional de Saúde). Isso
porque, uma pesquisa realizada por Queiroz Neto com 920 portadores de
ceratocone, mostra que 52% dos que tinham indicação para realizar a cirurgia
afirmaram não ter condições de pagar pelo procedimento.
Dos que passaram pelo crosslink 86,9% tiveram
estabilidade do ceratocone e 45% uma melhora da visão.
A
cirurgia
O médico explica que o crosslink é o único tratamento que
inibe a progressão do ceratocone, doença degenerativa que afina a córnea e
responde por 70% dos transplantes no Brasil. O procedimento, observa, também é
indicado no combate de infecções resistentes causadas pelo uso de lente de
contato vencida, mal higienizada ou durante o sono.
A cirurgia é ambulatorial, feita sob anestesia local e
aumenta em até três vezes a resistência da córnea através da aplicação de
radiação ultravioleta (UV) associada à vitamina B12 (riboflavina). “É a maior
resistência das fibras de colágeno da córnea que faz a cirurgia prevenir o
transplante” , afirma.
Como
identificar
Queiroz Neto afirma que um dos maiores desafios do
ceratocone é o diagnóstico logo no início da doença. Isso porque, observa, frequentemente
é confundido com astigmatismo associado à miopia e a progressão é mais
agressiva durante a infância e juventude e os resultados do tratamento também
são mais efetivos.
Alérgicos e portadores da síndrome de Down formam os
principais grupos de risco
Os sinais de alerta que podem indicar aos pais a doença
em crianças são:
·
Troca frequente do grau dos óculos
·
Dificuldade de permanecer em locais bem
iluminados
·
Hábito de coçar ou esfregar os olhos
·
Queda repentina no desempenho escolar
·
Olhos irritados.
Estes sintomas devem
ser relatados ao oftalmologista para que seja feita uma tomografia exame que
detecta inclusive anomalias na face posterior da córnea. “Quanto antes é feito
o diagnóstico, maiores são as chances de preservar a visão”, pondera.
Contraindicações
Adiar o tratamento do
ceratocone pode inviabilizar o melhor tratamento, alerta Queiroz Neto. Isso
porque, o crosslink não pode ser aplicado em córneas muito finas, com
cicatrizes e olhos com glaucoma.
Para proteger a
córnea as dicas são: usar [óculos com filtro UV (ultravioleta) nas atividades
externas, evitar o contato com produtos químicos e corpos estranhos usando
equipamento de proteção individual, EPI, adequada para cada atividade.
Nenhum comentário:
Postar um comentário