A obesidade está
relacionada a 10% de todas as mortes oncológicas em não fumantes
Como é sabido a obesidade resulta de um acúmulo de gordura no corpo,
definido por um Índice de Massa Corporal (IMC) ≥ 30 kg/m2 em
indivíduos adultos, enquanto que sobrepeso é definido por um IMC entre 25 e
29,9 kg/m2.
Dados atuais mostram que a estatística vem crescendo em pessoas adultas
com obesidade. No Brasil, a prevalência da obesidade aumentou 60% em 10 anos,
passando de 11,8% em 2006 para 18,9% em 2016, acometendo um em cada cinco
brasileiros.
A obesidade tem sido associada ao desenvolvimento de diferentes tipos de
câncer, estando relacionada a 10% de todas as mortes oncológicas em não
fumantes e presente em aproximadamente 14% de todas as mortes por câncer em
homens e 20% em mulheres.
Em 2013 a Associação Médica Americana (AMA) definiu a obesidade como
doença e, portanto, enfermidade que demanda tratamento, não sendo mais uma
condição, mas uma entidade nosológica relacionada a inúmeras complicações e
problemas clínicos. Portanto, deixou de ser somente algo estético mas passou a
ser um problema sério.
Dados obtidos de 57 estudos de corte sugerem que a cada 5 kg/m2
de aumento no IMC aumenta o risco de mortalidade por neoplasias em até 10%. No
subgrupo de obesos, não tabagista, o risco de morte por câncer pode chegar a
38% nos homens e 33% nas mulheres e, comparando-se à população não obesa, as
pessoas do sexo masculino com obesidade grave tem uma chance 52% maior de
morrer por câncer, sendo o risco mais acentuado nas mulheres (62% maior).
O percentual de ocorrência de câncer relacionado ao sobrepeso e
obesidade depende do órgão acometido pelo tumor, destacando-se as neoplasias de
cólon e reto, mama, útero, esôfago, vesícula biliar, pâncreas, rins, próstata,
colo uterino e ovários e, em menor proporção, Linfoma não Hodgkin, mieloma
múltiplo, estômago e fígado.
A obesidade pode estar presente em até 40-50% dos casos de neoplasias de
endométrio e esôfago, 20-30% das neoplasias renais e até 50% dos casos de mama
após a menopausa. Foi detectada uma relação inversa entre IMC e neoplasias de
mama antes da menopausa e pulmão, porém, há provável evidência que a obesidade
abdominal (gordura localizada) aumente o risco de neoplasias de pâncreas,
endométrio e mama.
A atividade física pode reduzir o risco de vários tipos de câncer,
principalmente de mama, cólon, endométrio e próstata, e possivelmente pâncreas,
mesmo quando iniciado em fases tardias da vida. Para pessoas sedentárias, um
aumento gradual de atividade física deve ser estimulado, com o objetivo de se
alcançar pelo menos 150 minutos de atividade física moderada ou intensa por
semana. Para prevenir o ganho de peso ou para a redução, é sugerido 300 minutos
de atividade física moderada ou intensa. É importante saber que os benefícios
decorrentes da prática de atividade física na prevenção do câncer e de outras
doenças crônicas são cumulativos ao longo da vida.
Sobre a nutrição, a indicação é a de limitar o consumo de carne
processadas e vermelhas, ingerir pelo menos 2,5 xícaras de vegetais e frutas
por dia, escolher grãos integrais ao invés de grãos refinados, limitar a
ingestão de bebidas alcoólicas em 1 drink por dia para mulheres e 2 para
homens.
E, finalmente, tentar manter-se saudável emocionalmente.
Celso Massumoto
(CRM-SP 48392) - onco-hematologista, é diretor clínico da Oncocenter, coordenador
de transplante de medula óssea do Hospital Nove de Julho e membro da Associação
Brasileira de Linfoma e Leucemia (Abrale) e da Casa Hope. Autor dos livros:
Manual de Onco-Hematologia/TMO. Protocolos interdisciplinares; Células-tronco:
da coleta aos protocolos terapêuticos e Gastronomia Hospitalar no Câncer e TMO.
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