Flávio Athayde, responsável pela
cervejaria Votus, explica como a falta de sanitização pode interferir na
qualidade do produto
Você sabia que a falta de assepsia dos
equipamentos de serviço de bares e restaurantes impacta na qualidade dos
chopes? Atualmente, com a grande variedade de estilos disponíveis no mercado,
caso não seja feita a limpeza e sanitização corretas das torneiras ou taps,
como são conhecidas, é possível que um chope mais delicado seja prejudicado
pela bebida que foi servida anteriormente.
“O chope é uma bebida não pasteurizada. Sendo
assim, existe uma carga microbiológica ativa maior nele do que na cerveja.
Esses microorganismos se prendem na tubulação da chopeira e, se o
equipamento não for limpo de maneira adequada, haverá liberação de subprodutos
dos processos orgânicos que vão impactar sabor, aroma, cor e cristalinidade”,
afirma Flávio Athayde, responsável pela cervejaria Votus.
Os chamados off-flavours ou “defeitos” no
chope vão depender das bebidas que passaram anteriormente naquela torneira, mas
de forma geral, eles podem ser: Ácido Caprílico (que lembra sabão de coco),
Ácido Acético (que remete a vinagre), Ácido Capróico e/ou Caprílico (este, em
baixa concentração, lembra sabão de coco e, em altas concentrações, lembra
couro molhado, couro velho). Outro off-flavor possível é o sabor metálico (como
de alumínio ou ferrugem), gerado quando a limpeza e sanitização do equipamento
são feitas de maneira incorreta.
E não são apenas as torneiras que devem ser
higienizadas corretamente, mas também utensílios como os copos e taças. “Copos
sujos são fáceis de identificar por causa das bolhas que se formam na lateral
quando o chope é servido. O que mais prejudica no serviço em copos sujos é a
formação de muita espuma, ou a baixa retenção dela causada por gorduras”,
pontua Flávio.
Outra coisa que pode prejudicar a qualidade do
chope é a má conservação do produto no ponto de venda. Para que ele seja
servido fresco e em condições ideais, as casas que o comercializam deve
conservá-lo em temperaturas adequadas, que variam de estilo para estilo, de
preferência em câmara fria. Além disso, após aberto o barril, o chope deve ser
consumido em até três dias.
Segundo Athayde, a má conservação dos chopes nos
pontos de vendas prejudica a imagem das cervejarias que os produziram. Muitas
vezes, por conta de uma demora do comerciante para vender o chope ou por erros
de cálculos na hora de fazer o pedido, o consumidor acaba experimentando um
produto pouco fresco, longe do ideal. Além da falta de assepsia, que contribui
para descaracterizar ainda mais o produto.
“Tudo isso leva a experiências ruins do
consumidor com o produto, que dali em diante passará a evitá-lo em qualquer
ponto de venda, e não apenas naquele, achando que o problema é com o chope,
quando na verdade a falha é falta de assepsia e conservação do produto no ponto
de venda. Por isso, o cuidado com a higienização é importante também para a
produtora, que pode ter sua imagem prejudicada”, finaliza o responsável pela
cervejaria Votus.
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