Com a vida cada vez mais
tecnológica, manter diversos aparelhos elétricos e eletrônicos ligados em casa,
ao mesmo tempo, é cada vez mais comum. É a TV, a caixinha de som, o videogame,
o liquidificador, o secador de cabelos, a máquina de lavar, a furadeira – todos
em uso por mães, pais e filhos no cotidiano de inúmeros lares. E em meio a esse
cenário, até para conversar é preciso aumentar o volume da voz para se fazer
entender. Assim, as famílias vão convivendo com o barulho no cotidiano sem
perceberem o mal que tudo isso causa aos ouvidos.
É preciso ficar atento à
mudança de tom de voz e também à emissão de ruído dos eletrônicos. Se algum
aparelho é barulhento ao extremo ou está velho e começou a emitir um som mais
alto do que antes é melhor trocá-lo. Tanto ruído pode ocasionar danos auditivos
em todos que os convivem no ambiente, em grau maior ou menor, dependendo da
disposição genética de cada um. Uma dica: caso algum amigo ou familiar diga que
você está falando muito alto, isso pode ser um alerta quanto aos hábitos ruins
que você tem e que precisam mudar.
Barulhos presentes no dia a
dia podem ser traduzidos em decibéis. Uma conversa normal entre duas pessoas
varia de 45 a 55 decibéis; o aspirador de pó emite ruídos de 70 a 85 decibéis;
o liquidificador, dependendo da marca, vai de 85 a 93 decibéis; e, no caso do
secador de cabelo, o ruído pode chegar a 90 decibéis. Já o barulho de uma
furadeira pode chegar a 100 decibéis.
“A exposição contínua a ruídos
superiores a 80 decibéis pode causar perda progressiva da audição. Os primeiros
sintomas em geral são a dificuldade de ouvir e de manter uma boa conversação.
Infelizmente é comum que o indivíduo só procure tratamento quando a perda
auditiva já está mais grave. Qualquer dano à audição vai se somando ao longo do
tempo e os efeitos podem não ser logo notados. Permanecer em ambientes
barulhentos com frequência pode levar, com o tempo, à perda irreversível da
audição”, alerta a fonoaudióloga Isabela Carvalho, da Telex Soluções Auditivas.
Habituados com o barulho em casa,
os brasileiros também estão sendo afetados pelos ruídos das ruas, causados por
obras, trânsito e carros de som. Em vários bairros, medições apontam cenários
de até 110 decibéis, quando o nível máximo de ruído permitido é de 55 decibéis
no período diurno e de 50 decibéis à noite. Se exposto a ruídos desta
intensidade durante quatro horas diárias, o indivíduo poderá ter sua acuidade
auditiva afetada e os primeiros sintomas podem ser um zumbido nos ouvidos. Por
causa de tanto barulho nas ruas e em casa, é cada vez mais comum a perda
precoce de audição entre adultos e até mesmo jovens, principalmente pela
prática de ouvir música em volume alto no fone de ouvido.
Para reverter esse quadro,
inúmeros hábitos devem ser mudados. Evitar o ambiente barulhento dentro de
casa, controlando principalmente o volume da TV e do aparelho de som; prestar
atenção quanto ao volume da música nos fones de ouvido; não ouvir música alta
dentro do carro; e educar os filhos para que evitem se manter em lugares
barulhentos durante muito tempo, a fim de que possam manter uma boa audição até
a velhice, quando naturalmente as células ciliadas do ouvido começam a morrer,
gerando dificuldades para ouvir.
Caso haja suspeitas de que a
sua audição já não é a mesma de antes, procure um otorrinolaringologista. Por
meio de exames, o médico vai diagnosticar o grau e o tipo de perda auditiva.
Geralmente é recomendado o uso de aparelho auditivo. “A tecnologia presente nos
aparelhos atuais tornou possível devolver ao indivíduo uma audição bem próxima
à realidade. E o que é melhor, usando próteses minúsculas ou até mesmo
intra-auriculares, que mantêm a discrição e elegância tão necessárias para que
homens e mulheres se sintam seguros para frequentar ambientes de trabalho,
festas e reuniões com amigos”, conclui a fonoaudióloga.
Segundo a Organização Mundial
da Saúde (OMS), cerca de 466 milhões de pessoas têm problemas auditivos hoje no
mundo. Há cinco anos, eram 360 milhões. O alerta é para evitar que o distúrbio
venha a afetar 900 milhões de pessoas em 2050, caso medidas de prevenção não
sejam adotadas.
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