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segunda-feira, 23 de julho de 2018

Depressão – como maus diagnósticos podem levar ao suicídio


90% dos casos de suicídios já foram reduzidos apenas com uso de medicação controlada, segundo estudos

Recentemente duas pessoas talentosas e admiradas mundialmente – uma do mundo da moda e outra da área de gastronomia – chocaram o mundo ao tirarem as próprias vidas. Anthony Bourdain, diziam muitos, tinha o emprego dos sonhos, viajando pelo mundo e mostrando em seu programa a cultura e a culinária de lugares desconhecidos. E Kate Spade - uma conhecida estilista norte-americana que influenciou milhares de mulheres com seu trabalho inovador, irreverente e feminino. Ambos cometeram suicídio na mesma semana e da mesma maneira, tragicamente trazendo à tona, mais uma vez, a discussão sobre o tema. O psiquiatra e pesquisador do Hospital das Clínica de SP, Dr Diego Tavares explica o que realmente está por trás da grande maioria dos casos de suicídio, como  prevenir e atuar de maneira eficaz diante de alguém com mudança de comportamento e sinais de alerta para suicídio.
O médico alerta para os fatores da depressão da ponta do iceberg, os estressores ou gatilhos para determinadas causas que levem ao problema. Alguns exemplos são: a perda de emprego, problema financeiro, separação, bullying, assédio moral, burnout, etc mas pouco se fala sobre as raízes de um comportamento suicida.
“Quem se suicida está doente, isso é um fato, mesmo que a doença esteja francamente oculta e silenciosa e na maior parte dos caso, o suicídio traz, em algum grau, alguma desordem em nível de sistema nervoso e de regulação emocional - é um problema físico”, alerta o médico.
O problema é que, o termo “depressão” se popularizou de uma maneira incorreta do ponto de vista médico, de doença, sendo mal compreendido por muitos. E é aí que mora o grande perigo.
Para exemplificar, Dr Diego enumera os tipos de depressão:

·         depressão melancólica: é a retratada nos filmes e por isso é o que a maior parte das pessoas acredita ser depressão. É um tipo grave em que os pacientes podem apresentar intensa lentidão motora, ficam de cama, parados o tempo todo, não comem, não tomam banho e têm acentuada perda da capacidade de sentir prazer por coisas antes prazerosas. A característica principal da melancolia é a completa ausência de reatividade do humor, ou seja, a pessoa não se anima com nenhum estímulo positivo.

.      depressão ansiosa: os pacientes apresentam sintomas depressivos      menos graves, porém apresentam uma proeminência maior de sintomas ansiosos (medo intenso, preocupação, tensão, hipervigilância e insegurança). Na depressão atípica a pessoa sente um humor de apatia, sono excessivo durante o dia, aumento exagerado de apetite e reatividade do humor (melhora com fatores positivos eventuais).

·         depressão atípica: é mais perigosa e desconhecida pois apresenta maior risco de suicídio.
São quadros de depressão com maior agitação mental, desespero, angústia, dificuldade de concentração por distraibilidade e pensamento acelerado, maior irritabilidade, maior impulsividade (fumar demais, beber demais, gastar compulsivamente, abuso de calmantes, etc), aumento da fala reclamando e sofrendo com a depressão, labilidade de humor (momentos bem melhor e momentos péssimo).

·         depressão mista: com grande fatorde risco para o suicídio, aqui os pacientes apresentam-se com ideação suicida e com muita agitação psicomotora, o que os leva a colocar em prática a ideia de morte. Além de apresentam-se agitados e ansiosos, sentindo um sofrimento extremamente grande, para o qual a única saída é a morte.

Dr Diego conta que os tratamentos devem ser feitos com medicações de estabilizadores de humor sozinhos ou associados aos antidepressivos. “Mas, o mais importante de tudo é tratar a depressão como prevenção do suicídio ser mais críticos com relação a diagnósticos da doença. Depressão não é frescura, não passa logo e merece atenção”, finaliza o especialista.






FONTE: Dr. Diego Tavares - Graduado em medicina pela Faculdade de Medicina de Botucatu - Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (FMB-UNESP) em 2010 e residência médica em Psiquiatria pelo Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (IPQ-HC-FMUSP) em 2013. Psiquiatra Pesquisador do Programa de Transtornos Afetivos (GRUDA) e do Serviço Interdisciplinar de Neuromodulação e Estimulação Magnética Transcraniana (SIN-EMT) do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (IPQ-HC-FMUSP) e coordenador do Ambulatório do Programa de Transtornos Afetivos do ABC (PRTOAB). https://drdiegotavarespsiquiatra.com/


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