Fonte: IT Professional
Na corridinha matinal seu
relógio inteligente monitora seus batimentos cardíacos e a oxigenação,
alimentando seu prontuário eletrônico que está na nuvem e pode ser acessado
pelo seu cardiologista em tempo real. Ao chegar em casa, seu celular conectado
a um sensor subcutâneo implantado no seu braço dá um alerta de que você
esqueceu de tomar sua medicação. Ao usar o vaso
sanitário, um teste de urina pode descobrir uma infecção ou, surpresa!, uma
gravidez.
Nenhuma revolução na área da
saúde será tão impactante quanto as que nascerão na maternidade da Internet das
Coisas e que nos próximos anos deixarão o berçário para levar a transformação
digital aos consultórios, aos hospitais, aos laboratórios e, acredite, até
mesmo à sua casa.
Duvida?
Pois saiba que o Google
registrou recentemente uma patente para monitorar a saúde cardiovascular de
pacientes através de dados coletados em banheiras ultrassônicas, assentos
sanitários sensíveis à pressão, sensores no espelho e outros dispositivos que
estarão instalados em um banheiro inteligente projetado para auxiliar no
acompanhamento de pacientes com problemas cardíacos.
Do conforto do lar, sem
precisar marcar uma consulta, o paciente poderá acompanhar continuamente seu
estado, fazer exames e diminuir riscos de ocorrências mais graves tomando
medidas preventivas assim que receber o diagnóstico. Com isso, reduzirá os
gastos com saúde e visitas desnecessárias ao médico. O sistema de saúde, seja público
ou privado, também se beneficiará ao ter condições de identificar e priorizar
os casos mais graves, reduzindo assim o custo do tratamento de doenças
crônicas.
O prognóstico é claro: a Internet
of Healthcare Things (IoHT) ou Internet of Medical Things (IoMT) irá
trazer impactos sem precedentes na história da medicina. Uma pesquisa da Aruba
Networks indica que 87% das organizações de saúde irão adotar a IoT até
2019. A IDC
(International Data Corporation) prevê que no próximo ano 40% delas estarão
utilizando biosensores. A eMarketer
projeta que esse será um mercado de impressionantes US$ 163 bilhões em 2020.
Como nas demais indústrias,
a principal vitamina da Internet das Coisas e sua principal aplicação na
medicina é o Big Data.
A empresa de análises
de mercado MarketsandMarkets
avalia que em 2021 o mercado global de wearables (tecnologias
vestíveis) de saúde será de US$ 12 bilhões. A empresa de pesquisa Berg Insight prevê que, no mesmo ano,
existirão mais de 50 milhões de pessoas monitoradas por equipamentos
conectados, que irão abastecer continuamente bancos com dados sobre a saúde da
população, permitindo, por exemplo, antecipar uma campanha de vacinação ao
prever a iminência de uma epidemia ou avaliar quais terapias estão trazendo melhores
resultados para determinado tipo de câncer.
Minerando dados provenientes
de diversas fontes e apoiados por algoritmos, os profissionais da saúde -
médicos, laboratoristas, pesquisadores e enfermeiros – contarão com um poderoso
sistema de Electronic Healthcare Records (EHR) para identificar
patologias, receber recomendações para definir os tratamentos mais indicados e
acelerar o desenvolvimento de novos medicamentos a partir de testes em grupos
de indivíduos monitorados.
É um caminho sem volta. As
principais empresas de tecnologia do mundo já embarcaram na IoMT, fazendo uso
intenso de Inteligência Artificial.
A IBM colocou a inteligência
artificial do Watson
para analisar dados de saúde recebidos de aparelhos conectados. A Philips
fechou parceria com a Salesforce.com para criar uma plataforma que integra
equipamentos médicos para extração e análise de informações recolhidas através
de prontuários, exames de imagem e wearables. Intel e Microsoft
também são atores importantes da nova revolução da IoT na medicina de precisão,
sustentada pela associação da Inteligência Artificial com a robótica e a
computação em nuvem.
Fonte da Imagem: Neurogadget
Além do Big Data,
outras aplicações de IoT já vêm garantindo maior qualidade de vida aos
pacientes. A Roche distribui um monitor que, implantado sob a pele, envia para
um app no celular os índices de glicose dos diabéticos. Desenvolvidas pelo
Google e licenciadas pela Novartis, lentes de contato analisam as lágrimas dos
pacientes para também medir os níveis de açúcar no sangue.
Mas incrível mesmo são os
sensores ingeríveis da Proteus
Digital Health. Basta engolir uma pílula que dissolve no estômago e produz
um pequeno sinal transmitido para um app para avisar o paciente se ele está ou
não seguindo o tratamento e tomando sua medicação de forma correta.
Fonte da Imagem: Pharmafile
A IoT viabilizará uma
medicina mais assertiva, preventiva e, por isso mesmo, menos custosa, o que é
uma boa notícia considerando a perspectiva de envelhecimento da população
mundial, que contabilizará 1,2 bilhão de idosos em 2025.
Ela possibilitará o
monitoramento dos pacientes em casa e o acompanhamento de idosos remotamente.
Se associada aos serviços de orientação médica, os médicos estarão conectados
realizando consultas via vídeo conferência e, assim, teremos menor impacto no
fluxo de pessoas nos ambulatórios dos hospitais. Os grandes hospitais irão, a
cada dia, se especializar cada vez mais na alta complexidade.
Estudos divulgados
recentemente pela Topmed mostram que, somente com os serviços de orientação
médica, 34% dos pacientes deixam de ir às emergências e 40% já são encaminhados
a um médico especialista, evitando o desperdício.
No entanto, um ponto de
atenção são os riscos inerentes de vazamentos de dados pessoais extremamente
sensíveis, o que já chamou a atenção de empresas de segurança de TI como Intel,
Oracle, IBM e Cisco, todas empenhadas em disputar o mercado de soluções de
segurança para healthcare.
Pior do que ter seus dados
expostos (já imaginou?) seria se seu marcapasso ou o monitor que controla a
dosagem da sua medicação fossem ‘hackeados’. Um estudo da Healthcare
Informatics indicou que no ano passado 45% dos ataques de ransomware foram
contra indústria de healthcare.
Riscos à parte, o fato é
que, com o crescimento exponencial da IoT no mundo de healthcare,
médicos dificilmente prescreverão algum tratamento ou medicação sem antes
consultar seu prontuário eletrônico na nuvem e compará-lo com milhares de casos
semelhantes. Por isso, se quiser ser tratado pela IoMT, esteja disposto para
ser monitorado o tempo todo, a toda hora, em qualquer lugar.
O acesso à sua saúde estará
em suas mãos!
Michel Levy - CEO da Zatix Tecnologia e Membro do Conselho do
Grupo Benner. Foi CEO da Saraiva, Presidente da microsoft no Brasil e Vice-Presidente de Operações da
TIM
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