Especialista
em direito internacional do Mackenzie explica como a fatalidade impacta na
relação entre os países e como a família pode mover uma ação judicial na
Nicarágua
De acordo com o professor de direito
internacional da Universidade Presbiteriana Mackenzie, Clayton Vinicius
Pegoraro de Araújo, a convocação do embaixador brasileiro ao Itamaraty
(Ministério das Relações Exteriores) é um alerta para autoridades da Nicarágua,
sinalizando que o governo quer explicações para definir medidas que garantam a
segurança dos brasileiros que correm riscos por conta da suposta invasão de
paramilitares. “Esse gesto inicial é entendido como uma retaliação e um
possível rompimento de relações diplomáticas, mas é pouco provável que isso
aconteça”, sinaliza o especialista.
Araújo ressalta que a convocação do
chanceler da Nicarágua para explicar o trabalho que está sendo feito para
identificar e punir os responsáveis é um alerta para outros países. “O episódio
sinaliza um possível risco para outros estrangeiros que moram no país. É uma
situação trágica que fugiu do controle e as autoridades locais precisam
investigar e dar suporte, que neste caso, já tomou proporções de comoção
social”.
O especialista explica que a família da
estudante brasileira Raynéia Gabrielle Lima, de 30 anos, morta nesta
segunda-feira (23) no sul da capital da Nicarágua, onde cursava medicina, pode
mover uma ação, mas os termos jurídicos devem cumprir as leis do pais onde
aconteceu o fato. “Neste caso as autoridades brasileiras precisam dar suporte,
mas é limitado por conta da soberania por que as investigações precisam ser
realizadas pelo país onde aconteceu o crime”.
Além disso, o professor comenta que o
local onde ela estava deveria ter segurança e proteção para que uma pessoa
armada não entrasse, mas é importante lembrar que o país vive um momento de
quase guerra civil, em uma convulsão social, política e armada. Com a cautela
devida, os familiares podem mover uma ação na Nicarágua exigindo a
responsabilização pela pessoa que cometeu o ato, mas vale frisar que, do ponto
de vista internacional, não seria possível responsabilizar o governo daquele
país.
Araújo finaliza alertando para as
próximas ações do Itamaraty, “em um cenário de caos em outro país, o governo
brasileiro precisa ter um senso atualizado com os números de brasileiros na
Nicarágua, para oferecer suporte e alertar sobre os riscos”.
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