Avanço no direito
dos pacientes proporciona acesso, pela rede privada de saúde, ao tratamento
imunobiológico
A última atualização do rol de eventos e
procedimentos da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), que é a cobertura
mínima obrigatória dos planos de saúde no Brasil, trouxe uma ótima notícia para
os brasileiros que convivem com a Esclerose Múltipla (EM) - a inclusão de um
medicamento imunubiológico para tratar a doença no Sistema de Saúde privado. O
natalizumabe, administrado via infusão intravenosa, está indicado para a
prevenção de surtos e retarda a progressão da incapacidade nos pacientes com
Esclerose Múltipla Recorrente Remitente.
"Essa incorporação é um grande avanço no
direito do paciente. Até o ano passado, não tínhamos qualquer medicamento para
tratar a EM disponível na cobertura mínima da ANS. É mais uma via de acesso ao
tratamento. Para nós, quanto mais opções, melhor", explica Gustavo San
Martin, fundador da associação de pacientes Amigos Múltiplos pela Esclerose
(AME).
Os pacientes com prescrição médica de natalizumabe
podem realizar a solicitação do medicamento e do procedimento diretamente à sua
operadora de saúde ou sua rede de prestadores credenciada e referenciada. As
terapias atualmente disponíveis para o tratamento da esclerose múltipla
permitem controlar sua progressão, reduzindo a recorrência de surtos e
aliviando os sintomas. O objetivo principal é manter a doença estável. Os
medicamentos, aliados ao suporte de uma equipe médica multidisciplinar e a um
estilo de vida adaptado, permitem ao paciente conviver com a doença de forma
controlada e manter a qualidade de vida.
Quando não diagnosticada precocemente e tratada, a
EM afeta significativamente a qualidade de vida do paciente já nos estágios
iniciais. "A doença exige um tratamento individualizado e nem sempre uma
terapia que funciona para um, é adequada e eficaz para o outro, por isso, é de
extrema importância a ampliação do seu arsenal terapêutico. A inclusão desta
terapia no rol do sistema privado é mais uma grande conquista para pacientes e
médicos", explica o neurologista Jefferson Becker, Presidente Executivo do
Comitê Brasileiro de Tratamento e Pesquisa em Esclerose Múltipla e Doenças
Neuroimunológicas (BCTRIMS).
A esclerose múltipla é uma doença que compromete o
sistema nervoso central. É um processo de inflamação crônica de natureza
autoimune que pode causar desde problemas momentâneos de visão, falta de
equilíbrio até sintomas mais graves, como cegueira e paralisia completa dos
membros. A doença está relacionada à destruição da mielina – membrana que
envolve as fibras nervosas responsáveis pela condução dos impulsos elétricos no
cérebro, medula espinhal e nervos ópticos. A perda da mielina pode dificultar e
até mesmo interromper a transmissão de impulsos. A inflamação pode atingir
diferentes partes do sistema nervoso, provocando sintomas distintos, que podem
ser leves ou severos, sem hora certa para aparecer.
A doença geralmente surge sob a forma de surtos
recorrentes, sintomas neurológicos que duram ao menos um dia. A maioria dos
pacientes diagnosticados são jovens, entre 20 e 40 anos, o que resulta em um
impacto pessoal, social e econômico considerável por ser uma fase extremamente
ativa do ser humano. A progressão, a severidade e a especificidade dos sintomas
são imprevisíveis e variam de uma pessoa para outra. Algumas são minimamente
afetadas, enquanto outras sofrem rápida progressão até a incapacidade total.
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