Aqueles que precisam de mais
cuidados costumam ser as principais vítimas
Injustiça, brutalidade e grande
violação dos direitos humanos, a violência contra idosos faz vítimas todos os
dias. No Brasil, são 23.5 milhões de pessoas acima de 65 anos, o que representa
mais de 11% da população, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE). Os
números impressionam e têm crescido, só nos quatro primeiros meses de 2016, a Ouvidoria
Nacional de Direitos Humanos, responsável pelo recebimento de denúncias de
violações de direitos, registrou mais de 12 mil denúncias de violência contra a
pessoa idosa.
As pesquisas ainda mostraram que a
maior parte das violações ocorre dentro da casa das vítimas, cometida por
familiares. Não à toa, a Organização
das Nações Unidas (ONU) instituiu 15 de junho como o Dia Mundial de
Conscientização da Violência contra Idosos. “A possibilidade de denunciar esses
crimes permitiu grandes avanços no combate à violência, mas falta muito para uma
queda significativa desses números”, lamenta o advogado Luiz Fernando
Valladão.
De acordo com ele, é comum que as
vítimas se recusem a procurar ajuda, seja por desconhecimento do que está
ocorrendo, medo de sofrerem ainda mais abuso ou por estarem muito abaladas
física ou psicologicamente. “A realidade no Brasil é triste, em especial, no
que diz respeito a abandono e negligência. Outra dificuldade de se combater os
casos é que, quando não cometida por parentes, as agressões partem de
profissionais de confiança da família”.
E, se a violência física pode ser mais
visível aos olhos, há outras modalidades difíceis de ser atestadas. “Há
problema em comprovar o crime. A violência psicológica, por exemplo, mesmo é
algo que não deixa vestígios”, pondera Valladão. Para ele, nessa faixa etária,
não são raros, ainda, os casos de violência econômico-financeira e do
patrimônio. “Trata-se das situações em que terceiros usufruem de suas
aposentadorias para benefício próprio, se apropriando ou desviando bens e
rendimentos do idoso”, explica o advogado.
Como denunciar
Ainda que seja algo difícil para as
vítimas, a denúncia é a melhor forma de combate. “Ao identificarmos aumento no
registro de denúncias, não significa, necessariamente, que o índice de
violência tem crescido. Esses dados, de forma geral, representam que cada vez
mais pessoas têm procurado ajuda”, pondera.
A denúncia não precisa ser feita em
delegacias especializadas, que ainda não existem em todas as cidades, basta
fazer boletim de ocorrência junto à polícia ou pelo Disque 100, serviço do
Ministério de Direitos Humanos. Por telefone, é possível manter o anonimato.
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