“Se os homens são puros, as leis são
desnecessárias;
se os homens são corruptos, as leis são
inúteis.”
(Thomas Jefferson)
Laja-Jato,
presidente e ex-presidentes, senadores, deputados, empresários. O cenário atual
nos passa a impressão de que a corrupção e a falta de ética estão associadas
exclusivamente ao cenário político-econômico. Infelizmente, isso não é verdade.
Estas são características desta nação e a única forma de mudança é através da
educação. Quer exemplos? Então vamos lá.
Em
um final de semana fui ao cinema com minha família. A fila era extensa, tanto
que levamos mais de 30 minutos para adquirir os ingressos. Havia uma fila
preferencial para idosos, pessoas com deficiência e gestantes. De repente,
aparece um casal com três filhos, sendo o mais jovem com cerca de 5 anos de
idade. Eles deveriam usar o acesso especial? Evidentemente não, mas o fizeram.
Minutos depois, surge outro casal na mesma fila. Ao ser chamado, o pai pega o
filho com cerca de 6 anos no colo apenas para se justificar. E o pior é que a
funcionária no caixa, ao invés de recusar o atendimento, prosseguiu, enquanto o
gerente da unidade também não tomou nenhuma providência. Quero salientar que
nenhuma das crianças envolvidas aparentava qualquer necessidade especial.
Em
uma viagem recente usei um táxi para me deslocar. Em nosso diálogo, o motorista
me contou que atendeu um grupo de executivos que, ao final da viagem,
questionaram se ele poderia fazer alguns “recibos extras” que usariam
posteriormente para obter reembolso, pois usariam o valor para ir a baladas
noturnas. E, claro, ofereceram ao taxista uma comissão de 20% sobre o valor de
cada documento emitido. Aquele taxista recusou o pedido, mas tenho convicção de
que outros não devem ter adotado o mesmo procedimento.
Levei
minha filha de 7 anos de idade a uma loja para fazer a troca de um brinquedo.
Após sairmos, ela comentou: “Papai, parece que tem uma caixa a mais dentro da
sacola”. De fato, incluíram equivocadamente o item trocado dentro da embalagem.
Imediatamente retornamos à loja e devolvemos o produto ao vendedor. Ao adotar
este procedimento, ficou evidenciado para minha filha que devemos fazer o que é certo, e não o que nos convém.
A
falta de ética está naqueles que usam o acostamento para ganhar alguns minutos
e estacionam em vagas preferenciais. Está em quem adquire produtos pirateados
porque o custo é menor. Está nas pessoas que fazem um acordo com um dentista ou
médico pela não emissão de nota fiscal em troca de um desconto. Está naqueles
que usam um CPF de terceiros para reduzir o imposto de renda a pagar. Está no
jovem estudante que cola numa prova escolar...
O
que estamos vivenciando é o reflexo de um triste padrão cultural. Somos uma
nação hipócrita (não a única, evidentemente) que se queixa dos fatos quando os
mesmos não nos beneficiam.
Vamos
levar duas ou três décadas para mudar este status se iniciarmos mudanças
a partir de agora. Tudo se reduz aos valores. Vamos continuar sendo o “país do
jeitinho” ou quais valores pretendemos exaltar? Tais mudanças começam em casa,
são apoiadas pela educação a partir do ensino fundamental e depois precisam ser
disseminadas. Porém, não é o que estamos buscando, não é o que estamos fazendo.
Face
ao exposto, peço-lhe que reflita sobre seus próprios comportamentos. Lembre-se
de que caráter é sua essência, enquanto reputação é o que os outros pensam a
seu respeito. Caráter é que o você faz quando ninguém está lhe observando.
Tom Coelho - especialista
em gestão de pessoas e negócios. É empresário, diretor do CIESP (Centro das
Indústrias do Estado de São Paulo) e Conselheiro do Conselho Superior de
Responsabilidade Social (CONSOCIAL/FIESP). É autor de 9 livros e detém mais de
25 anos de experiência no mundo empresarial.
E-mail: tomcoelho@tomcoelho.com.br.
Visite: www.tomcoelho.com.br, www.setevidas.com.br e www.zeroacidente.com.br.
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