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segunda-feira, 7 de novembro de 2016

Especialistas debatem serviços compartilhados em evento no Secovi-SP





O Vice-Presidente de Assuntos Turísticos-Imobiliário do SECOVI-SP, Caio Calfat, e
Daniela Klaiman, especialista em comportamento do consumidor (Divulgação Secovi-SP/Calão Jorge)


Há duas semanas, o governador de Nova York, Andrew Cuomo, assinou lei restringindo o anúncio de aluguéis de moradias por períodos menores a 30 dias em todo o estado. A decisão, que prevê multa de até 7,5 mil dólares caso descumprida, afeta principalmente plataformas de moradia compartilhada, como o Airbnb, que já entrou na Justiça contra a medida. A nova lei vem complementar outra norma, aprovada em 2010 no estado americano, e que proíbe o aluguel de unidades multifamiliares por períodos inferiores a um mês. 

Ambas as leis tentam regular o mercado turístico e imobiliário de Nova York, a principal cidade do estado e, também, maior receptor turístico dos Estados Unidos. Entidades de moradores afirmam ainda que o preço dos aluguéis na cidade subiu demasiadamente com a chegada do serviço, expulsando os locais para áreas mais distantes. O motivo: quem tem um imóvel em Nova York hoje lucra muito mais com o aluguel para turistas.
 
Fato é que as ações do governo Cuomo reacenderam as discussões em torno da regulamentação dos serviços compartilhados, que só em 2014 movimentaram 110 bilhões de dólares no mundo, segundo levantamento da revista Forbes. Recentemente, especialistas se reuniram no Secovi-SP para debater o crescimento deste mercado e seu impacto na economia nacional. Para uma plateia formada por empresários do setor, o consultor Caio Calfat, vice-presidente de Assuntos Turísticos-Imobiliário do Secovi-SP e diretor da Caio Calfat Real Estate Consulting, a executiva Flávia Matos, Public Police Manager do Airbnb, e coolhunter Daniela Klaiman, professora da ESPM (Escola Superior de Propaganda e Marketing) e CEO da Unpark trataram dos novos modelos que ganham espaço no mercado brasileiro.
Especialista em comportamento do consumidor, Daniela reafirmou a mudança de paradigma do brasileiro em relação aos serviços, hoje mais preocupado em “usufruir sem possuir” e “ter acesso em vez de posse”. Esta nova visão sobre o bem de consumo é que faz o modelo compartilhado ser um caminho sem volta. “É um movimento que ninguém vai conseguir frear porque é conduzido pelos próprios consumidores”, afirma.

Outro case foi exibido pelo consultor Caio Calfat. Ele explicou que um dos exemplos da busca por este “acesso” no mercado imobiliário é materializada no forte crescimento dos empreendimentos turísticos no modelo "fractional", ainda recente no Brasil. Neles, o apartamento ou casa (geralmente dentro de resorts com parque aquático, marina, lago ou perto da praia) pertence a diversos proprietários e não a somente um. “Cada dono usa, de forma igualitária, por algumas semanas, este imóvel de férias ao longo do ano e ainda dividem os custos com manutenções e impostos”, aponta Calfat, cuja consultoria realizou um estudo no início de 2016 que apontou elevação de 60% na comercialização destes empreendimentos compartilhados em relação à 2015. Se os usuários estiverem filiados a uma intercambiadora de semana de férias, o "fractional" permite ainda que eles troquem estadias entre si, normalmente sem custos adicionais, o que amplia o leque de destinos.
Modelo mais famoso de sharing economy no mercado imobiliário, o Airbnb também foi analisado. A executiva Flávia Matos contou que no início ele era apenas um site em que pessoas alugavam os quartos na sua casa. Deu tão certo, que o site começou a ser usado para alugar apartamentos inteiros e hoje tem mais de 2 milhões de anúncios em 191 países. “A empresa tem sido o catalizador de um novo jeito de viajar, atendendo a este comportamento do consumidor”, diz Flávia. Calfat afirmou que não há estudos no Brasil que mostrem o impacto do Airbnb no setor hoteleiro nacional. “Mas em todo o mundo será preciso avançar em uma melhor regulação do mercado para equilibrar a concorrência entre os hotéis e as plataformas digitais de aluguel de imóveis”, disse após o evento. “Não à toa o governo de Nova York tem buscado soluções.”  
Comunidades – Para Calfat, além de captarem uma tendência de mercado, os modelos de Airbnb ou mesmo do aplicativo Uber (que permite o compartilhamento de serviços de mobilidade) contam com a força da comunidade de usuários. "“Se não fosse a comunidade, o Uber seria apenas mais um serviço de nicho”, conclui.



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