O
Vice-Presidente de Assuntos Turísticos-Imobiliário do SECOVI-SP, Caio Calfat, e
Daniela Klaiman, especialista em comportamento do consumidor (Divulgação Secovi-SP/Calão Jorge)
Daniela Klaiman, especialista em comportamento do consumidor (Divulgação Secovi-SP/Calão Jorge)
Há duas
semanas, o governador de Nova York, Andrew Cuomo, assinou lei restringindo o
anúncio de aluguéis de moradias por períodos menores a 30 dias em todo o
estado. A decisão, que prevê multa de até 7,5 mil dólares caso descumprida,
afeta principalmente plataformas de moradia compartilhada, como o Airbnb, que
já entrou na Justiça contra a medida. A nova lei vem complementar outra norma,
aprovada em 2010 no estado americano, e que proíbe o aluguel de unidades
multifamiliares por períodos inferiores a um mês.
Ambas as
leis tentam regular o mercado turístico e imobiliário de Nova York, a principal
cidade do estado e, também, maior receptor turístico dos Estados Unidos.
Entidades de moradores afirmam ainda que o preço dos aluguéis na cidade subiu
demasiadamente com a chegada do serviço, expulsando os locais para áreas mais
distantes. O motivo: quem tem um imóvel em Nova York hoje lucra muito mais com
o aluguel para turistas.
Fato é que as ações do governo Cuomo
reacenderam as discussões em torno da regulamentação dos serviços
compartilhados, que só em 2014 movimentaram 110 bilhões de dólares no mundo,
segundo levantamento da revista Forbes. Recentemente, especialistas se reuniram
no Secovi-SP para debater o crescimento deste mercado e seu impacto na economia
nacional. Para uma plateia formada por empresários do setor, o consultor Caio Calfat,
vice-presidente de Assuntos Turísticos-Imobiliário do Secovi-SP e diretor da
Caio Calfat Real Estate Consulting, a executiva Flávia Matos, Public Police
Manager do Airbnb, e coolhunter Daniela Klaiman, professora da ESPM (Escola
Superior de Propaganda e Marketing) e CEO da Unpark trataram dos novos modelos
que ganham espaço no mercado brasileiro.
Especialista em comportamento do
consumidor, Daniela reafirmou a mudança de paradigma do brasileiro em relação
aos serviços, hoje mais preocupado em “usufruir sem possuir” e “ter acesso em
vez de posse”. Esta nova visão sobre o bem de consumo é que faz o modelo
compartilhado ser um caminho sem volta. “É um movimento que ninguém vai
conseguir frear porque é conduzido pelos próprios consumidores”, afirma.
Outro case foi exibido pelo consultor Caio Calfat. Ele explicou que um dos exemplos da busca por este “acesso” no mercado imobiliário é materializada no forte crescimento dos empreendimentos turísticos no modelo "fractional", ainda recente no Brasil. Neles, o apartamento ou casa (geralmente dentro de resorts com parque aquático, marina, lago ou perto da praia) pertence a diversos proprietários e não a somente um. “Cada dono usa, de forma igualitária, por algumas semanas, este imóvel de férias ao longo do ano e ainda dividem os custos com manutenções e impostos”, aponta Calfat, cuja consultoria realizou um estudo no início de 2016 que apontou elevação de 60% na comercialização destes empreendimentos compartilhados em relação à 2015. Se os usuários estiverem filiados a uma intercambiadora de semana de férias, o "fractional" permite ainda que eles troquem estadias entre si, normalmente sem custos adicionais, o que amplia o leque de destinos.
Outro case foi exibido pelo consultor Caio Calfat. Ele explicou que um dos exemplos da busca por este “acesso” no mercado imobiliário é materializada no forte crescimento dos empreendimentos turísticos no modelo "fractional", ainda recente no Brasil. Neles, o apartamento ou casa (geralmente dentro de resorts com parque aquático, marina, lago ou perto da praia) pertence a diversos proprietários e não a somente um. “Cada dono usa, de forma igualitária, por algumas semanas, este imóvel de férias ao longo do ano e ainda dividem os custos com manutenções e impostos”, aponta Calfat, cuja consultoria realizou um estudo no início de 2016 que apontou elevação de 60% na comercialização destes empreendimentos compartilhados em relação à 2015. Se os usuários estiverem filiados a uma intercambiadora de semana de férias, o "fractional" permite ainda que eles troquem estadias entre si, normalmente sem custos adicionais, o que amplia o leque de destinos.
Modelo mais famoso de sharing economy no mercado
imobiliário, o Airbnb também foi analisado. A executiva Flávia Matos contou que
no início ele era apenas um site em que pessoas alugavam os quartos na sua
casa. Deu tão certo, que o site começou a ser usado para alugar apartamentos
inteiros e hoje tem mais de 2 milhões de anúncios em 191 países. “A empresa tem
sido o catalizador de um novo jeito de viajar, atendendo a este comportamento
do consumidor”, diz Flávia. Calfat afirmou que não há estudos no Brasil
que mostrem o impacto do Airbnb no setor hoteleiro nacional. “Mas em todo o
mundo será preciso avançar em uma melhor regulação do mercado para equilibrar a
concorrência entre os hotéis e as plataformas digitais de aluguel de imóveis”,
disse após o evento. “Não à toa o governo de Nova York tem buscado
soluções.”
Comunidades – Para Calfat, além de captarem uma
tendência de mercado, os modelos de Airbnb ou mesmo do aplicativo Uber (que
permite o compartilhamento de serviços de mobilidade) contam com a força da
comunidade de usuários. "“Se não fosse a comunidade, o Uber seria apenas
mais um serviço de nicho”, conclui.
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