Pedro
Parente assumiu há pouco mais de um mês a presidência da Petrobras para vencer
o desafio de sair do atoleiro ao qual a empresa foi atirada pelos desgovernos
consecutivos de Lula e Dilma Rousseff. É a hora, de uma vez por todas, de
encarar a Petrobras como uma empresa que é estatal sim, mas também integrante
do mercado mundial, sujeita às regras internacionais e livre de influências
político-partidárias. É hora de voltar a ser uma empresa de fato.
Ao
assumir o cargo, o novo presidente anunciou três pilares que guiarão sua
gestão. O primeiro é a consolidação da nova governança, que seja capaz de
garantir a plena recuperação da credibilidade junto aos acionistas, os
credores, o mercado e, por último, mas não menos importante, o conjunto da
sociedade, nas palavras do próprio Parente.
O
segundo é a noção de responsabilidade econômica e financeira em absolutamente
todos os planos da empresa, com capacidade de gerar retorno econômico adequado.
O terceiro inclui abertura de parcerias, fortalecimento da gestão de riscos e
tratamento e monitoramento dos riscos aos quais está sujeita. Não só riscos
estratégicos e operacionais, mas também de mercado, de imagem, além de
redobrada atenção para os operacionais e socioambientais.
Indicado
pelo presidente interino Michel Temer para substituir Aldemir Bendine, Pedro
Parente integra uma nova equipe que tem agradado o mercado financeiro, com
nomes respeitados como Henrique Meirelles (Ministério da Fazenda), Ilan
Goldfajn (Banco Central) e Maria Silvia Bastos Marques (BNDES).
O
novo presidente da empresa tem entre os principais desafios reduzir o
endividamento e comandar o plano de desinvestimentos da petroleira – por meio
da venda de ativos. É preciso também definir qual será a política de preços de
combustíveis em meio à queda dos preços internacionais do petróleo e fazer a
companhia voltar a operar no azul.
São
desafios que devem ser enfrentados para recuperar o valor de mercado da
Petrobras. Ela chegou a valer R$ 510,3 bilhões em 2008, número que caiu abaixo
de R$ 100 bilhões no ano passado, retornando para o patamar de R$ 120 bilhões
no fechamento de maio.
Medidas
que precisam ser tomadas para reverter a desvalorização do preço das ações da
empresa, que fecharam junho cotadas a R$ 9,42, acumulando queda próxima a 25%
em um ano. Em 2016, entretanto, as ações subiram 37% considerada a cotação dos
últimos dias, mas ainda seguem distantes das máximas, atingidas na passagem de
2007 para 2008, quando chegaram a superar R$ 33.
Essas
mudanças positivas devem ser guiadas sempre por critérios empresariais, por uma
visão de uma Petrobras orgulho nacional enquanto empresa, e não facilitadora de
propinas em contratos públicos, financiadora de esquemas de corrupção. É
preciso deixar para trás esse triste período de superfaturamentos e desvios.
Agora
estes fatos devem ser página virada e assunto para Polícia Federal, Ministério
Público Federal e os devidos processos legais. A Petrobras precisa sim ter suas
ingerências passadas investigadas, seus culpados punidos e os maus exemplos
sempre lembrados, mas sem que isso retarde seus passos para o futuro.
É
preciso lucidez para focar os esforços e as atenções em fatos que urgentemente
precisam ser revertidos. O endividamento líquido da Petrobras passou de um
patamar de R$ 100 bilhões, no fim de 2011, para mais de R$ 390 bilhões, no fim
de 2015. Segundo o último balanço da companhia, o valor recuou para R$ 369,5
bilhões no fim de março, sendo que R$ 62 bilhões se referem à dívida de curto
prazo.
A
dívida bruta da Petrobras atingiu no 3º trimestre de 2015 o nível recorde de R$
506,5 bilhões, o que levou a companhia a perder o grau de investimento (selo de
bom pagador) e a ganhar o título de petroleira mais endividada do mundo e a 2ª
empresa de capital aberto mais endividada da América Latina e Estados Unidos. O
endividamento bruto, entretanto, recuou, passando para R$ 492,849 bilhões no
final de 2015, e para R$ 450,015 bilhões no final de março deste ano.
Centro
da Operação Lava-Jato, em abril de 2014, a companhia calculou em R$ 6,194
bilhões as perdas por conta da corrupção sistêmica instalada em seu cotidiano
como se fosse algo natural. Sem falar no prejuízo acumulado por três trimestres
seguidos.
No
1° trimestre, reportou um prejuízo líquido de R$ 1,246 bilhão. Em 2015, a
empresa registrou perda recorde de R$ 34,836 bilhões, superando o resultado
negativo de R$ 21,587 bilhões de 2014. Com essa sucessão, decidiu não pagar a
acionistas dividendos referentes a 2014 e 2015.
Pedro
Parente anunciou que em pouco menos de 90 dias apresentará um plano completo
para tirar a empresa do lamaçal ao qual foi atirada. É preciso lembrar sempre que
a Petrobras não é uma vergonha para o Brasil, pelo contrário, sempre foi motivo
de orgulho e símbolo da nossa capacidade. Vergonha é o que fizeram com ela e
agora precisa, urgentemente, ser desfeito.
Arnaldo Jardim - deputado federal
licenciado (PPS-SP) e secretario de Agricultura e Abastecimento do Estado de
São Paulo
E-mail: arnaldojardim@arnaldojardim.com.brSite oficial: www.arnaldojardim.com.br
Twitter: @ArnaldoJardim
Nenhum comentário:
Postar um comentário