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domingo, 7 de julho de 2024

Indicadores de saúde mental no trabalho são mais desfavoráveis entre mulheres e millenials

Índice de Bem-estar Corporativo (IBC) revela grupos mais suscetíveis; razões estruturais explicam resultados, segundo coordenadora do curso de Psicologia da ESAMC Santos

 

A saúde mental das mulheres e millenials (profissionais na faixa dos 31 aos 40 anos) nos escritórios tiveram os resultados mais baixos do levantamento Índice de Bem-estar Corporativo (IBC) 2023. Desenvolvido pela plataforma online de terapia Zenklub em parceria com a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), o IBC das mulheres atingiu 63,9 pontos e está 14,1 pontos abaixo do índice mínimo considerado saudável (78).

O índice dos homens foi um pouco acima, chegando a 68,1, mas, em ambos os casos, o bem-estar do trabalhador está longe do ideal. Já na faixa etária dos millenials (31 aos 40 anos), os indicadores foram os mais baixos, com o IBC das mulheres em 63,6 e o dos homens em 67,4.

O IBC foi criado para mensurar a saúde mental e o nível de satisfação dos profissionais dentro das organizações e avalia nove dimensões. Cinco delas (Conflitos, Desconexão do Trabalho, Exaustão, Preocupação Constante e Volume de Demanda) seguem o critério de quanto mais baixa a pontuação, melhor a qualidade do indicador. Com isso, o melhor indicador foi o de Conflitos (24) e o pior, a Exaustão (58,8).

As outras quatro dimensões - Autonomia e participação, Clareza das responsabilidades, Relacionamento com colegas e Relacionamento com líder - seguiram o critério oposto: quanto maior a pontuação, melhor. Dessa forma, a dimensão mais bem avaliada foi o Relacionamento com Colegas (78,1) e a pior foi o Relacionamento com o Líder (70,8).

Considerando a Média Geral por Dimensão, o trabalhador brasileiro somou 65,4 pontos, sendo que a Exaustão foi o quesito que mais contribuiu negativamente para o resultado geral.


Desequilíbrios estruturais

Para a psicóloga Cristina Collaço, coordenadora do curso de Psicologia da ESAMC Santos, os baixos índices de satisfação profissional e saúde mental das mulheres estão ligados a questões estruturais. “De certo modo, a pesquisa foi conservadora em função de questões que não apareceram. A mulher tem um nível de insatisfação até maior quando você avalia questões como falta de equidade salarial e de oportunidades, além do assédio. Por esses motivos, a mulher se sente rebaixada e tudo isso acaba pesando contra o bem-estar e saúde mental delas”, disse Cristina.

Como executiva de RH, Cristina encontrou muitas situações de desequilíbrio nos ambientes corporativos. “Venho de empresas que tinham certo referencial de equidade, mas a falta de oportunidades para as mulheres é uma situação generalizada e alimenta a baixa autoestima. Também existe uma carga de responsabilidades fora da empresa (a atribuição cultural de cuidar da casa e dos filhos), que acaba interferindo na autoestima delas e não é visível na pesquisa”, acrescenta.


Expectativas desalinhadas

Em relação à alta insatisfação da geração Millenium, Cristina atribui isso ao desalinhamento de expectativas. No geral, o perfil dos profissionais millenials é imediatista e eles querem que as empresas se adaptem ao ritmo deles, segundo Cristina.

“Mas essa não é a dinâmica geral e, por isso, está havendo um choque de mentalidades. Eles se sentem frustrados pelo fato de as coisas não acontecerem do jeito que eles querem. É preciso buscar o equilíbrio de expectativas”, observa a coordenadora.


Formação em Psicologia

Questões de saúde mental, autoestima e comportamentais estão entre os temas estudados nos cursos de Psicologia de forma teórica e prática. Como profissional de relações humanas, o psicólogo pode atuar tanto em organizações, consultórios, hospitais e escolas investigando questões comportamentais e recomendando planos de atuação terapêutica e desenvolvimento de bem-estar.

Nesse sentido, a formação em Psicologia abre possibilidades amplas de carreira, mas exige um olhar aberto para o autoconhecimento, a reflexão e o contraditório. “Durante os cinco anos do curso, as alunas e alunos vão aprender a se entenderem como pessoas, pois é dessa forma que eles poderão ajudar outras pessoas”, segundo Cristina.

 

Cristina Collaço - Coordenadora do Curso de Psicologia da ESAMC Santos, executiva de RH e consultora de Carreiras. Também é professora de Gestão Estratégica de Pessoas e Psicologia na Graduação e Pós-Graduação da ESAMC Santos. Com formação em Psicologia e pós-graduação em Gestão Empresarial, Cristina tem mais de 30 anos de experiência em RH, tendo atuado como executiva em multinacionais químicas e metalúrgicas. Em sua trajetória profissional, desenvolveu programas estratégicos de atração, formação e retenção de talentos, liderança, desenvolvimento e orientação de carreiras e programas de cultura organizacional voltados à Diversidade e Inclusão.


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