Termo se
refere à queda dos níveis de testosterona, hormônio com inúmeras funções no
organismo; controle e reposição hormonal orientada é essencial para garantir
qualidade de sono, saúde cardíaca, queda de libido, depressão, fogachos entre
outros, quando existem sintomas e alterações
Menor força muscular é um dos sintomas
relacionados à redução da testosterona (Freepik)
É
verdade que estamos muito mais familiarizados com a menopausa e os efeitos que
ela traz ao organismo da mulher, mas os homens também podem enfrentar um
período de mudanças hormonais. Mas no homem, diferentemente da mulher, não
existe parada da produção de hormônios, portanto não existe a “andropausa”. O
que ocorre é a diminuição da produção hormonal, podendo levar a falta do
hormônio ou não. Já o termo hipogonadismo refere-se a níveis de hormônio sexual
abaixo da normalidade.
No
Dia Nacional do Homem, que se celebra em 15 de julho, a Sociedade de
Endocrinologia e Metabologia – Regional do Paraná (SBEM-PR) chama a atenção dos
homens para este tema, que é cercado de tabus. “No homem, os níveis de
testosterona, que é o principal hormônio sexual masculino, reduzem com a idade,
porém geralmente dentro do valor de normalidade e sem sintomas ou
consequências”, afirma o endocrinologista Emerson Cestari Marino.
Ele
explica que se usa o termo hipogonadismo quando ocorrem níveis abaixo da
normalidade, em mais de um exame, com no mínimo um mês de intervalo. “Isso
associado a sintomas como, por exemplo, perda de libido (vontade sexual), perda
de vigor, obesidade abdominal, depressão, dificuldade de ereção (impotência),
alteração na qualidade do sono e fogachos”, alerta o médico.
Riscos
da falta de testosterona
A
falta deste hormônio sexual pode ter várias causas, como obesidade, diabetes,
uso de medicamentos, doenças específicas e até tumores do sistema endócrino.
Por isso é fundamental não somente tratar a falta do hormônio, como tratar a
causa desta falta, que pode reverter o quadro. “A testosterona tem importância
em diversas funções do organismo, além da sexual. A falta ou o excesso deste
hormônio podem trazer consequências graves como alterações na produção de
glóbulos vermelhos, na força e massa muscular e óssea, além das funções do
coração, artéria e veias”, explica o endocrinologista da SBEM-PR.
Veja
algumas perguntas frequentes no consultório do endocrinologista acerca deste
tema.
Qual
o nome correto: Andropausa, DAEM ou hipogonadismo?
No homem, diferentemente da mulher, não existe parada da produção de hormônio, portanto não existe “andropausa”, o que ocorre é a diminuição da produção hormonal, podendo levar a falta do hormônio ou não. Sendo assim, tanto DAEM como hipogonadismo masculino tardio são aceitos na área médica, porém seu médico vai entender ao que você está se referindo.
Quem
precisa dosar a testosterona?
Apenas
aqueles que tenham queixas relacionadas a baixa da testosterona, como os
colocados abaixo:
Sexuais |
Diminuição de Libido
(Vontade sexual) Disfunção Erétil (Impotência) |
Corporais |
Fadiga Menor massa e força muscular Aumento de gordura abdominal Hipertensão Arterial Diabetes Mellitus Alterações de colesterol e triglicerídeos Anemia Osteoporose |
Psíquicos |
Depressão Alterações de memória e raciocínio |
Somente
a falta de testosterona pode dar estes sintomas?
Não,
estes sintomas são inespecíficos e em torno de metade das pessoas com estes
sintomas não possuem alteração de testosterona. Estresse, problemas no
relacionamento e outras doenças podem causar os mesmos sintomas.
Mesmo
que eu não me importar com estes sintomas, tenho que tratar?
O
fator mais importante para indicar o tratamento se a testosterona está baixa e
há sintomas, é que os estudos mostram redução de morte no grupo que realizou
tratamento. Sendo assim, é importante tratar.
Se
eu não tiver falta de hormônio e usar testosterona, pode fazer mal?
Sim,
nestes mesmos estudos que avaliaram risco de morte para quem usava ou não, foi
visto que aqueles que utilizavam testosterona em excesso ou sem necessidade,
morreram mais que os que estavam com os níveis normais.
Estudos
mais recentes mostram também aumento do risco de insuficiência cardíaca,
infarto e mortes em pessoas que utilizam testosterona e outros hormônios
masculinos para ganho de massa muscular e desempenho esportivo.
Outras
alterações que podem ocorrer com o uso é o aumento de glóbulos vermelhos acima
do normal, aumentando o risco de trombose, hepatite por uso de medicamento,
reações alérgicas, aumento de roncos e apneia do sono, aumento do risco de
infarto e AVC.
Com
apenas uma dosagem de testosterona e sintomas, posso iniciar tratamento?
Não
é indicado. A dosagem de testosterona como a de outros hormônios, pode sofrer
diversas interferências de medicamentos, situações pessoais, estresse,
problemas na dosagem do laboratório e doenças recentes. Assim sempre deve ser
repetida antes de tratar. Um simples resfriado pode alterar a dosagem de
diversos hormônios e os sintomas da deficiência não são específicos.
Se
eu iniciar o tratamento, devo tratar por toda a vida?
Não
necessariamente. Caso tenha a causa revertida como, por exemplo, o
controle do diabetes mellitus, a perda de peso ou o controle de um tumor
endócrino, existe uma chance grande de seus níveis de testosterona voltarem ao
normal e poder cessar o uso da testosterona.
Por
isso é imprescindível tratar a causa da falta de hormônio e realizar o
acompanhamento corretamente.
Qual
o melhor tratamento?
Existem
alguns tipos de tratamento aceitos, como o uso de gel ou solução de
testosterona para passar na pele e injeções, que devem ser discutidas com seu
médico. Não é indicado o uso de testosterona por boca nem manipulada. O uso via
oral aumenta muito a chance de hepatite por medicamento e a manipulação pode
sofrer diversas interferências, sendo indicado apenas utilizar formulações já prontas.
Existem
tratamentos alternativos para reverter a falta de hormônio?
Em
alguns casos, o uso de alguns medicamentos pode ser utilizado para tentar
reverter o quadro, porém estes casos devem ser bem selecionados. Medicações
ditas naturais não mostraram benefício claro nem segurança no tratamento até o
momento. Não existem implantes aprovados para reposição de testosterona.
A
obesidade é causa ou consequência da falta de testosterona?
A
obesidade altera o controle hormonal da produção de testosterona, que piora a
obesidade. Sendo assim, é formado um ciclo vicioso, sendo importante o
tratamento de ambas as situações ao mesmo tempo para obter um resultado melhor
em longo prazo, com possibilidade de normalização e suspensão das medicações.
A
reposição de testosterona interfere na fertilidade?
Sim,
com a reposição de testosterona existe a diminuição e até mesmo a parada de
produção de espermatozoides, que pode ser temporária ou permanente.
Caso
exista a expectativa de gestação natural em breve e os testículos tenham
capacidade de produzir espermatozoides e testosterona se estimulados, existem
outros tratamentos possíveis.
* Com informações de: Manual de Condutas Práticas em Endocrinologia e Metabologia (Rômulo
Augusto dos Santos, Emerson Cestari Marino, Renata Gonçalves Campos – THS
Editora – São José do Rio Preto – 2013)
Endocrinologia Feminina e Andrologia (– 2ª Edição – Ruth Clapauch – Editora Guanabara Koogan – Rio de Janeiro – 2016).)
Endocrinologia Feminina e Andrologia (– 2ª Edição – Ruth Clapauch – Editora Guanabara Koogan – Rio de Janeiro – 2016).)
Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia – Regional Paraná | SBEM-PR
E-mail: sbempr@endocrino.org.br
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