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sexta-feira, 23 de fevereiro de 2024

Kaspersky descobre novo método para identificar programas espiões no iOS

 Entre os malwares que podem ser identificados estão os espiões Pegasus, Reign e Predator


Pesquisadores da Kaspersky divulgaram um novo método para detectar spyware sofisticados para iOS, como Pegasus, Reign e Predator, em que o objetivo é infectar dispositivos e copiar mensagens, gravar chamadas, registrar localização e até ativar microfones e câmeras. Confira abaixo as recomendações da Kaspersky de como se proteger do spyware.

A Equipe Global de Pesquisa e Análise (GReAT) da Kaspersky desenvolveu um método para detectar indicadores de infecção de spyware sofisticado para iOS, como o Pegasus, e os novos Reign e Predator, por meio da análise do Shutdown
܂log – um artefato de perícia pouco conhecido.

Os especialistas da empresa descobriram que infecções do Pegasus deixam rastros inesperados no log do sistema chamado “Shutdown
܂log”, armazenado no arquivo “sysdiag” de qualquer dispositivo móvel iOS. Esse arquivo mantém informações de todas as sessões de inicialização, ou seja, as anomalias associadas ao malware Pegasus ficarão visíveis no log se o usuário infectado reiniciar o dispositivo.

Dentre o que foi identificado, havia processos “complexos” que impediam a reinicialização, especialmente os associados ao Pegasus, juntamente com traços de infecção descobertos por meio de observações da comunidade de cibersegurança.

Analisando o arquivo Shutdown
܂log em infecções do Pegasus, os especialistas da Kaspersky notaram um caminho de infecção comum, “/private/var/db/”, que espelha caminhos observados em infecções causadas por outros malware de iOS, como o Reign e o Predator. Os pesquisadores da empresa sugerem que esse arquivo de log tenha potencial para a identificação de infecções relacionadas a essas famílias de malware.

Para facilitar a pesquisa de infecções por spyware, os especialistas da Kaspersky desenvolveram um utilitário de auto verificação para os usuários. Os scripts Python3 simplificam a extração, análise e avaliação do artefato Shutdown
܂log. A ferramenta foi compartilhada publicamente no GitHub e está disponível para macOS, Windows e Linux.

“A análise do sysdiag mostra-se minimamente invasiva e utiliza poucos recursos, recorrendo a dados baseados no sistema para identificar possíveis infecções no iPhone. Como confirmamos a consistência desse comportamento com outras infecções do Pegasus que analisamos, acreditamos que isso servirá como um artefato de perícia confiável para respaldar a análise de infecções”, comenta Maher Yamout, pesquisador-chefe de segurança da Equipe GReAT da Kaspersky.

Os spyware para iOS, como o Pegasus, são extremamente sofisticados. Nem sempre é possível evitar a exploração bem-sucedida, mas os usuários podem tomar medidas para dificultar a ação dos criminosos. Para se proteger de spyware avançado no iOS, os especialistas da Kaspersky recomendam:

  • Reinicie o dispositivo diariamente: Segundo a pesquisa da Amnesty International e da Citizen Lab, o Pegasus muitas vezes depende de “zero clique” e “dia zero” sem persistência. Inicializações diárias regulares podem ajudar a limpar o dispositivo, tornando necessário que os golpistas o reinfectem repetidamente, aumentando assim a chance de detecção ao longo do tempo.
  • Modo de bloqueio: há vários relatórios públicos sobre o sucesso do recém-adicionado modo de bloqueio da Apple para ajudar a conter infecções por malware no iOS.
  • Desative o iMessage e o Facetime: o iMessage, ativado por padrão, é um atraente vetor de ataque. Sua desativação reduz o risco de se tornar uma vítima de cadeias de “zero clique”. O mesmo aplica-se ao Facetime, um outro possível vetor de exploração.
  • Mantenha o dispositivo atualizado: instale os mais recentes patches do iOS imediatamente, pois muitos kits de exploits do iOS visam vulnerabilidades já corrigidas. A agilidade das atualizações é fundamental para estar à frente de alguns invasores de nações-estado, que podem explorar o atraso nas atualizações.
  • Tenha cautela com links: evite clicar em links recebidos em mensagens, pois clientes do Pegasus podem recorrer a exploits de “um clique” entregues por SMS, outros mensageiros ou e-mail.
  • Verifique backups e o sysdiag regularmente: o processamento de backups criptografados e arquivos sysdiagnose usando o MVT e as ferramentas da Kaspersky pode ajudar na detecção de malware para iOS.

Ao incorporar essas práticas em sua rotina, os usuários podem fortalecer suas defesas contra spyware de iOS avançado e reduzir o risco de ataques bem-sucedidos.




Kaspersky
Mais informações no site


O Desafio Educacional no Brasil: Transformando Compromissos em Ações

 

Uma frase costumeiramente dita pelo líder sul-africano Nelson Mandela, vencedor do Prêmio Nobel da Paz de 1993, nunca perde o sentido: “A educação é a arma mais poderosa que você pode usar para mudar o mundo”. Eis uma lição que o Brasil não aprendeu porque permanece sem priorizar a educação como agente de transformação do País.

 

Há 33 anos a Constituição Federal de 1988 deu um passo significativo ao obrigar, em seu artigo 212, que a União aplique ao menos 18% e os governos estaduais e municipais invistam, no mínimo, 25% da receita resultante de impostos em educação. O problema é que um equívoco histórico se perpetua por falta de coragem ou omissão propositada de nossos governantes, com a covarde cumplicidade do Congresso Nacional.

 

Isso porque o governo federal até hoje se aproveita de uma inexatidão terminológica seguida pelos constituintes, os quais, ao tratar da obrigação constitucional de investimento em educação, fixaram percentual de arrecadação de impostos e não de tributos (que englobam impostos, taxas e contribuições). E faz isso aumentando a carga tributária via contribuições – como Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins) e Contribuições de Intervenção no Domínio Econômico (CIDE) – e adotando a política de conceder renúncias fiscais com os impostos compartilhados com estados e municípios, como o Imposto de Renda (IR) e o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI).

 

Ou seja, sem que congressistas, governadores, prefeitos e reitores de universidades percebessem, o governo federal conseguiu, ao mesmo tempo, subtrair as receitas dos Estados e Municípios e impedir o aumento dos investimentos obrigatórios em educação e saúde, calculados apenas sobre os impostos. Além disso, sobrepôs as receitas e o poder da União, e consequentemente a dependência dos Estados e Municípios, (entortaram a federação), distorcendo o princípio federativo.

 

Com a ciência de tais informações, é incontestável pensar que se o percentual destinado à educação abarcasse também os tributos, e não somente aos impostos, haveria imediato e robusto reforço nos recursos carimbados para esse segmento, vital para mudar para melhor a realidade do Brasil. Mas não é só.

 

Se o Brasil almeja garantir mais receitas para a educação, precisa rever a prática enraizada de concessão de renúncias fiscais, especialmente as que envolvem IR e IPI, cujo total correspondeu, em 2021, de 4,5 a 5% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional. Como são impostos compartilhados com estados e municípios, ambos representam perda para esses entes federativos aplicarem em educação cada vez que uma renúncia fiscal é concedida.

 

Em valores calculados sobre a estimativa do PIB de 2022 (R$ 9,7 trilhões), IR e IPI somam R$ 657 bilhões. E a renúncia fiscal da União sobre esses dois impostos atinge R$ 145 bilhões, ou até R$ 165 bilhões se considerada a renúncia fiscal adicional sobre IPI garantida por decretos recentes do governo federal. Isto é: as renúncias fiscais consomem 25,11% das receitas de IR e IPI.

 

Há outros números superlativos. As benesses fiscais da União resultam de perda de R$ 37,15 bilhões para o Fundo de Participação dos Estados e de R$ 40,42 bilhões para o Fundo de Participação dos Municípios. Isso representa R$ 19,39 bilhões a menos para investimento nos ensinos fundamental e médio (estados e municípios) e menos R$ 15,84 bilhões para o ensino superior e institutos de pesquisa (União). Um país que ainda tem 11 milhões de analfabetos não pode se dar ao luxo de desprezar R$ 35,23 bilhões por ano para investimento em área tão sensível. É possível mudar esse rumo, proibindo a renúncia fiscal com impostos compartilhados ou garantindo compensações por meio do repasse do volume de recursos retirados pela renúncia, via outra fonte.

 

Além de aumentar os investimentos, o Brasil ainda precisa repensar a qualidade da educação que oferece aos seus cidadãos. É urgente implantar escolas de tempo integral nos ensinos fundamental e médio assim como, na mesma medida, é necessário valorizar a profissão de professor, oferecendo-lhe remuneração adequada, capacitação permanente com treinamento e reciclagem, e melhores condições de segurança e transporte, sobretudo para os profissionais que atuam nas periferias, na zona rural e nos cursos noturnos. Recursos para isso existem e viriam da redução das renúncias fiscais.

 

As novas tecnologias, as novas profissões, as recentes necessidades do mercado exigem também uma revisão das grades curriculares, hoje defasadas, trazendo-as para o século XXI a fim de preparar os estudantes para os desafios atuais e futuros do mundo globalizado e altamente tecnológico. A Matemática hoje lecionada nos ensinos fundamental e médio no Brasil, por exemplo, sequer aborda a questão das finanças, com a qual o cidadão vai conviver até o fim da vida, seja a nível pessoal, seja a nível profissional. Todos os cursos deveriam incluir noções elementares de finanças, de economia e de controle de gastos.

 

Nem é preciso dizer que o Brasil também precisa universalizar o acesso ao ensino superior e fomentar as instituições de pesquisas, aproveitando a fonte de recursos garantida por uma nova política de renúncias fiscais que deveria ser limitada por lei a 1,5% a 2% do PIB, no máximo. Educação nunca foi despesa; sempre foi investimento com retorno garantido, como ensinou o economista britânico Sir Arthur Lewis, em lição ainda não aprendida pelos governantes brasileiros.

 

É unanimidade nacional o conceito de que sem educação não há salvação. O problema é que a prática se mantém distanciada do discurso. Com isso, a salvação não veio e não virá sem mudanças profundas como, por exemplo, as discutidas nessas linhas.

 

 

Samuel Hanan - engenheiro com especialização nas áreas de macroeconomia, administração de empresas e finanças, empresário, e foi vice-governador do Amazonas (1999-2002). Autor dos livros “Brasil, um país à deriva” e “Caminhos para um país sem rumo”. Site: https://samuelhanan.com.br

 

Condenação de Daniel Alves divide especialistas sobre rigor da legislação brasileira

Ex-jogador deve se manter afastado da vítima por nove anos e meio. Mantida a condenação, ele deve sair da prisão em meados de 2027


O ex-jogador de futebol Daniel Alves foi condenado a quatro anos e meio de prisão por estuprar uma mulher numa boate de Barcelona em 30 de dezembro de 2022. A pena máxima para o crime na Espanha, sem agravantes, é de 12 anos, o que foi pedido pela acusação. O Ministério Público pediu nove anos de detenção.

A Justiça também definiu uma indenização de € 150 mil (cerca de R$ 800 mil). Da pena total devem ser descontados os 13 meses que o brasileiro já ficou preso enquanto aguardava o julgamento.

Daniel Alves deverá cumprir outros cinco anos de liberdade vigiada e deve se manter afastado sem se comunicar com a vítima por nove anos e meio. Mantida a condenação, ele deve sair da prisão em meados de 2027.

Para Leonardo Pantaleão, especialista em Direito e Processo Penal, a dosimetria fixada pela Justiça espanhola mostra que as penas fixadas no Brasil para crimes sexuais não podem ser consideradas irrisórias. "No Brasil, o crime de estupro tem pena mínima de seis anos, além de ser considerado um crime hediondo e, portanto, tem a vedação de algumas benesses, como a liberdade condicionai e regras mais rígidas sobre progressão de regime", opina.

Raquel Gallinati, delegada de polícia e diretora da Associação dos Delegados de Polícia do Brasil, enxerga que as penas são mais severas em comparação com o sistema legal do Brasil. "No Brasil, para réus primários com bons antecedentes, é aplicado um regime de progressão de 1/6 da pena mínima para o crime de estupro, que é de 6 anos. Isso significa que após um ano de cumprimento da pena, o réu pode estar em liberdade", argumenta.

Rafael Paiva, advogado criminalista, pós-graduado e mestre em Direito, achou que a pena foi baixa, mas coerente com as leis espanholas. "A redução se deu em razão do pagamento do valor de cerca de R$ 800 mil como ressarcimento de danos, o que é considerado circunstância atenuante. Se o julgamento fosse no Brasil, essa indenização não seria usada para diminuição da pena nesse importe todo. Aqui, a pena seria fixada entre 6 e 10 anos. Por ser primário, provavelmente o jogador seria condenado à pena mínima de 6 anos. No Brasil, infelizmente dificilmente o jogador responderia ao processo preso. Estaria em liberdade e poderia apelar da decisão em liberdade", analisa.

Para Ceres Rabelo, Especialista em Direito Penal. Pós-Graduação em Direito Civil e Processual Civil pelo Centro Universitário de João Pessoa, é importante lembrar que o ex-jogador ainda poderá recorrer a outras Cortes. "Ele pode apresentar uma apelação para outro tribunal. A sentença cabe recurso ao Superior Tribunal de Justiça da Catalunha e ainda teríamos uma última súplica. A última apelação ao Tribunal Supremo em Madrid. O jogador vai cumprir pena na Espanha pelo crime ter acontecido em território espanhol, ter sido julgado no território espanhol. E caso ele queira cumprir a sentença no Brasil, deverá fazer uma petição à Justiça", pontua.

 



Rafael Valentini - advogado criminalista, pós-graduado em Direito e Processo Penal pelo Mackenzie, avalia que o caso abre um canal para discutir a lei brasileira. "Muito se critica a legislação penal no Brasil como defasada ou branda demais, ao mesmo tempo que se elogia 'o rigor' de outros países com criminosos (especialmente Estados Unidos e países europeus). É claro que há aperfeiçoamentos que podem ser feitos na legislação penal brasileira, mas fato é que ela, no que diz respeito ao crime de estupro, se apresenta mais condizente com a realidade e com o senso de reprovação social decorrente da prática deste delito", opina.


Fontes: Acacio Miranda - Mestre em Direito Penal Internacional pela Universidade de Granada/Espanha. Cursou pós-graduação lato sensu em Processo Penal na Escola Paulista da Magistratura e em Direito Penal na Escola Superior do Ministério Público de São Paulo.

Rafael Valentini - advogado criminalista, pós-graduado em Direito e Processo Penal pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e sócio do FVF Advogados.

Rafael Paiva - advogado criminalista, pós-graduado e mestre em Direito, especialista em violência doméstica e professor de Direito Penal, Processo Penal e Lei Maria da Penha.

Leonardo Pantaleão - especialista em Direito e Processo Penal, mestre em Direito das Relações Sociais pela PUC/SP.

Raquel Gallinati - delegada de polícia. Diretora da Associação dos Delegados de Polícia do Brasil. Mestre em Filosofia. Pós-graduada em Ciências Penais, Direito de Polícia Judiciária e Processo Penal.

Ceres Rabelo - Especialista em Direito Penal. Pós-Graduação em Direito Civil e Processual Civil pelo Centro Universitário de João Pessoa.

 

quinta-feira, 22 de fevereiro de 2024

Médica faz alerta para gestantes terem atenção redobrada com a dengue

 

Diante do crescimento alarmante dos casos e mortes em 2024, a especialista do Hospital Digital Vitta, do Grupo Stone, reforça a importância da prevenção e vigilância especial para grávidas

 

O Brasil está enfrentando um aumento preocupante nos casos de dengue em 2024. De acordo com dados divulgados pelo Ministério da Saúde, o país chegou à marca de 532.921 casos prováveis de dengue e 90 mortes pela doença desde janeiro. 

Consideradas grupo de risco pelo Ministério da Saúde, as mulheres grávidas estão mais suscetíveis ao desenvolvimento de formas graves de dengue, o que pode acarretar sérias consequências para a saúde da mãe e do bebê, incluindo riscos de sangramento obstétrico, aborto e parto prematuro. 

Para a Dra. Fernanda Salvador, Médica de Família e Comunidade e Coordenadora Regional do Hospital Digital Vitta, do Grupo Stone, enfatizar a prevenção é essencial. Segundo ela, as gestantes devem redobrar a atenção no uso de repelentes como medida preventiva contra a picada do mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue. Além disso, destaca a importância de buscar assistência médica de imediato ao notar quaisquer sintomas relacionados à doença. 

O diagnóstico de dengue pode ser desafiador durante a gravidez devido às mudanças naturais no corpo da mulher. "A febre é um sintoma chave, mas dores de cabeça, náuseas e moleza também são comuns. É vital que, ao primeiro sinal de febre, especialmente em áreas com surtos da doença, a gestante busque avaliação médica", alerta a especialista. Quanto ao tratamento, ela reitera que não existem medicamentos específicos para a dengue, sendo crucial manter-se hidratada e repousar. O paracetamol pode ser utilizado para aliviar os sintomas, sob orientação médica.

 

Riscos para o bebê 

A infecção por dengue durante a gravidez pode trazer complicações graves. "Existe um risco aumentado de aborto no primeiro trimestre e de parto prematuro no último," explica Dra. Salvador. Pesquisas do Ministério da Saúde sugerem que a dengue pode estar associada a maior risco de baixo peso ao nascer e até mesmo a morte materna, embora os mecanismos específicos ainda necessitam de mais esclarecimentos.

Para prevenir a dengue, é essencial o controle do vetor e a eliminação de possíveis criadouros do mosquito. "Usar repelentes aprovados pela ANVISA e vestir roupas que cubram a maior parte do corpo são medidas eficazes," destaca a Dra. Salvador. No entanto, ela lembra que, atualmente, as vacinas disponíveis contra a dengue são contraindicadas para gestantes e lactantes, devido à falta de estudos que garantam sua segurança e eficácia neste grupo.


Vitta



Infectologista do São Cristóvão Saúde fala sobre riscos da Dengue e como tratá-l

 

Prevenção ainda é o melhor caminho para eliminar os vetores da doença, cujo tratamento requer atenção


Em menos de dois meses, o Brasil teve mais de 550 mil casos de Dengue, com 98 mortes confirmadas da doença e outras 381 aguardando a finalização de análises laboratoriais. Os dados, recentemente divulgados pelo Ministério Saúde, em 16 de fevereiro, mostram que na semana anterior à publicação da pesquisa, também cresceu o número de adultos doentes, na faixa entre 40 e 49 anos, com 51.756 casos em mulheres e 40.369 em homens. 

Infectologista do São Cristóvão Saúde, Dra. Michelle Zicker explica que, embora exista a vacina atualmente, o controle do vetor Aedes aegypti é o principal método para a prevenção da Dengue e de outras arboviroses urbanas (como Chikungunya e Zika). “As ações preventivas são mais efetivas fora da sazonalidade, visando impedir o aumento do número de casos. Quando a epidemia se instala, esta segue seu curso, porque o tempo até a redução das populações de Aedes aegypti é muito maior do que a velocidade de circulação viral”. 

Alguns estados brasileiros se destacam no número de infecções: Minas Gerais, com 192.258 casos, São Paulo, com 90.408 e Distrito Federal, com 67.768. Ainda segundo o Ministério da Saúde, com base em previsões feitas com o InfoDengue, da Fiocruz, o país pode chegar a 5 milhões de casos até o final de 2024. 

Para a população se proteger das infeções, a Dra. Michelle dá algumas instruções, que devem ser seguidas durante todo o ano, não apenas nos períodos de maior incidência da doença:

  • Usar telas nas janelas e repelente em áreas de reconhecida transmissão;
  • Remover ou esvaziar recipientes (garrafas, vasos e potes) nos domicílios que possam acumular água e se transformar em criadouros de mosquitos;
  • Guardar pneus em locais cobertos;
  • Colocar areia nos vasos de plantas;
  • Vedar reservatórios e caixas de água;
  • Limpar e desobstruir calhas, lajes e ralos;
  • Não acumular sucata e entulho, além de amarrar bem o lixo.


Sintomas e tratamentos

Os sintomas da Dengue são facilmente confundidos com o de uma gripe e aparecem de 3 a 15 dias após a picada do mosquito. Incluem febre, dores de cabeça e atrás dos olhos, nos músculos e articulações, cansaço intenso e podem aparecer manchas avermelhadas no corpo. Ao apresentar febre (acima de 38º C) e dois desses sinais ou sintomas, o paciente deve procurar um serviço de saúde para avaliação médica. O diagnóstico é essencialmente clínico, mas existem exames laboratoriais específicos que podem confirmar a suspeita da doença. A automedicação deve ser evitada, principalmente os medicamentos à base de ácido acetilsalicílico e anti-inflamatórios, que aumentam o risco de sangramentos”, ressalta Dra. Michelle. 

Nos casos de dengue grave, entre o 3º e 7º dia de infecção, surgem novos sintomas como sangramentos das mucosas, dor abdominal intensa, vômitos persistentes, dificuldade de respirar, sonolência e confusão mental. “Aos primeiros sintomas, a pessoa deve buscar uma unidade de saúde imediatamente. Quanto mais cedo o paciente buscar ajuda médica, maiores são as chances de uma rápida recuperação”, finaliza a infectologista.
 

Grupo São Cristóvão Saúde


Quais os impactos da adenomiose na gravidez?

Uma em cada dez mulheres no mundo podem sofrer com o problema de saúde

 

De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), a adenomiose - condição médica é caracterizada pela presença anormal de tecido glandular endometrial, o mesmo que reveste o interior do útero nas camadas musculares do útero - afeta aproximadamente uma a cada dez mulheres globalmente. 

Entre os sintomas comuns da doença estão dor no período menstrual (dismenorreia), desconforto durante a relação íntima, dificuldade para engravidar, aumento do fluxo menstrual, inchaço abdominal, infertilidade e abortos espontâneos. Além disso, muitas mulheres diagnosticadas com a doença sentem insegurança em relação à sua capacidade de engravidar, e se essa condição pode prejudicar uma atual gestação. 

A seguir, o Dr. Thiers Soares, ginecologista cirurgião especialista em endometriose, adenomiose e miomas, traz informações que podem ajudar a diminuir os riscos desses problemas, além de abordar as possíveis consequências da adenomiose em uma gravidez:
 

Impacto da adenomiose na fertilidade

A adenomiose pode afetar negativamente a fertilidade das mulheres, tornando a concepção mais desafiadora, devido a possíveis alterações na estrutura do útero que dificultam a implantação do embrião. Isso pode ser causado pelo aumento da inflamação uterina, tornando o ambiente menos propício para a gravidez e aumentando o risco de complicações. Embora nem todas as mulheres com adenomiose enfrentam dificuldades para engravidar, é importante avaliar cada caso individualmente para desenvolver estratégias de tratamento e realizar o desejo de ser mãe quando necessário.

 

Tratamento pré-concepção

Quando as mulheres enfrentam dificuldades para engravidar, os médicos muitas vezes recomendam exames de imagem, preferencialmente ressonância magnética, para avaliar a condição do útero, identificando a adenomiose e suas possíveis alterações. Com base nessa avaliação detalhada, estratégias de tratamento personalizadas podem ser desenvolvidas para aumentar as chances de gravidez bem-sucedida. 

Antes de iniciar a jornada para conceber, algumas mulheres optam por tratar a adenomiose para aliviar sintomas e otimizar as condições uterinas. Opções terapêuticas incluem medicamentos para reduzir desconforto e sangramento menstrual excessivo, além de cirurgias para ressecar adenomioma ou adenomiose difusa, dependendo da gravidade da condição.

 

Tratamento cirúrgico

No tratamento da adenomiose, as opções cirúrgicas minimamente invasivas visam preservar a fertilidade e melhorar a qualidade de vida das pacientes. Procedimentos como cirurgia robótica, laparoscopia, histeroscopia e radiofrequência oferecem alternativas menos invasivas, com recuperação mais rápida e menor impacto no sistema reprodutivo. 

A histerectomia (remoção do útero) é reservada para casos mais graves em mulheres não interessadas em engravidar, quando os sintomas são debilitantes e outras opções foram consideradas e descartadas.

 

Gravidez com adenomiose

Mulheres com adenomiose podem engravidar, mas devem estar cientes dos possíveis desafios durante a gestação, como maior risco de aborto devido às alterações no útero. Portanto, o acompanhamento médico e o cuidado pré-natal são essenciais para garantir a saúde da mãe e do feto. 

Diversas opções de tratamento, incluindo terapias conservadoras e procedimentos minimamente invasivos podem aliviar sintomas e preservar o desejo de engravidar. Se um profissional sugerir que a gravidez não é possível, buscar uma segunda opinião é fundamental, especialmente se a histerectomia for recomendada.

 

Dr. Thiers Soares - Doctor Honoris Causa pela Universidade Victor Babes/Romênia, Dr. Thiers Soares, graduado em Medicina pela Fundação Universitária Serra dos Órgãos (2001), é ginecologista especialista em doenças como Endometriose, Adenomiose e Miomas. Também é médico do setor de endoscopia ginecológica (Laparoscopia, Robótica e Histeroscopia) do Hospital Universitário Pedro Ernesto (Universidade do Estado do Rio de Janeiro - UERJ). O especialista é membro honorário da Sociedade Romena de Cirurgia Minimamente Invasiva em Ginecologia, membro honorário da Sociedade Búlgara de Cirurgia Minimamente Invasiva, membro honorário da Sociedade Romeno-Germânica de Ginecologia e Obstetrícia e membro da diretoria e comitês de duas das maiores sociedades mundiais em cirurgia minimamente invasiva em ginecologia (SLS e AAGL). Recentemente, o Dr. Thiers Soares foi um dos responsáveis por trazer para o Brasil a técnica de Ablação por Radiofrequência dos Miomas Uterino, um tratamento moderno e eficaz, que causa a destruição térmica de tumores uterino

 

OBESIDADE NAS MULHERES: DESAFIOS, PRECONCEITOS E TRATAMENTOS

 O público feminino ainda é maioria quando se fala em pessoas com obesidade e, atrelado à doença, estão pressões sociais e preconceitos

 

A obesidade é uma preocupação de saúde pública que afeta milhões de pessoas em todo o mundo e ainda é um desafio crescente na sociedade brasileira. A sua prevalência no público feminino é notavelmente maior em comparação ao público masculino e merece uma atenção especial. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), de 2003 a 2019, a proporção de mulheres acima dos 20 anos com obesidade aumentou de 14,5% para 30,2%. Enquanto que entre os homens, a taxa passou de 9,6% para 22,8% no mesmo período. 

A obesidade, além de representar uma questão de saúde, traz uma série de desafios emocionais e sociais, especialmente para as mulheres. O estigma e o preconceito associados à obesidade podem ter impactos significativos na vida desse público, afetando sua autoestima, oportunidades profissionais e saúde mental. 

“Essa doença crônica e multifatorial está estreitamente ligada às questões de saúde mental. Quanto mais grave é a obesidade, maior é a chance de a pessoa ter um quadro de transtorno do humor, como depressão, ansiedade, transtornos de personalidade que podem ser desencadeados ou agravados pelo comprometimento da qualidade de vida que a própria obesidade gera. Assim, quanto mais cedo for iniciado o tratamento, melhor será o prognóstico”, diz Andrea Levy, psicóloga e presidente da ONG Obesidade Brasil. 

A sociedade ainda impõe padrões de beleza irreais, criando pressões sobre as mulheres para atender a essas expectativas, o que pode contribuir para comportamentos alimentares prejudiciais e distúrbios psicológicos. Essas mulheres frequentemente enfrentam discriminação e preconceito, tanto na vida social como em ambientes de trabalho. E esses estigmas podem resultar em consequências sérias para a saúde mental e física, criando-se um ciclo difícil de ser quebrado. 

“O excesso de peso, além de estar associado a diversos outros problemas de saúde como diabetes, pressão alta, asma, dor de cabeça, aumento de colesterol, sobrecarga do sistema ósseo e articular, ainda leva a uma pior resposta ao tratamento de cânceres associados à obesidade, mais casos de mortalidade, complicações e maior toxicidade. Também podem surgir problemas relacionados à fertilidade, gestação de risco e problemas na menopausa”, explica a médica nutróloga Dra. Andrea Pereira, cofundadora da ONG. 

Outros desafios enfrentados pelas mulheres surgem quando tentam acessar serviços de saúde e programas de perda de peso. Desde a falta de apoio médico sensível às questões de gênero até a escassez de opções de tratamento adaptadas às necessidades específicas das mulheres, há uma clara lacuna na prestação de cuidados de saúde para as mulheres com obesidade. 

“As mulheres sofrem, por exemplo, ao não encontrarem macas ou cadeiras adequadas para um atendimento em um ginecologista ou mesmo para a realização de algum procedimento cirúrgico. Junto a isso, ainda existe o preconceito dos próprios profissionais de saúde que julgam os pacientes e consideram a obesidade como falha de caráter, falta de força de vontade ou algo que seja fácil de controlar, mas isso não é verdade. Ela é uma doença crônica e precisa de tratamento”, finaliza Andrea Levy.

 

Instituto Obesidade Brasil - primeira organização sem fins lucrativos do mundo direcionada a pessoas com obesidade e surge com o objetivo de conscientizar e trazer informações claras e objetivas, sempre com mentoria científica, com linguagem acessível sobre obesidade, prevenção, diagnóstico, tratamento, novas tecnologias e direcionamento aos centros públicos e gratuitos de atendimento, ajudando da melhor forma possível.


Exame para pré-eclâmpsia é reconhecido entre as 200 melhores invenções de 2023 e está disponível no Brasil

A pré-eclâmpsia é o aumento da pressão arterial e a perda
de proteínas na urina e pode ser detectada a partir
da 11ª semana de gestação 

valuavitaly/Freepik)


 O reconhecimento da revista norte-americana Time comprova que o exame pode transformar a gestão da saúde materna e fetal no país evitando óbitos e complicações na gravidez 


Aprovado pela FDA (Food and Drug Administration) nos Estados unidos em 2023, a detecção avançada de pré-eclâmpsia foi eleita uma das 200 melhores invenções do ano pela conceituada revista norte-americana Time. A Thermo Fisher Scientific, líder global em ciência e biotecnologia, introduziu no Brasil o exame que significa um passo grande no aprimoramento do cuidado pré-natal. A pré-eclâmpsia, caracterizada pelo aumento da pressão arterial e perda de proteínas na urina, afeta entre 5 a 8% das gestantes brasileiras e é uma das principais causas de complicações graves, como partos prematuros e mortalidade materna. 

Existem dois exames (biomarcadores) que são realizados em diferentes etapas da gravidez e podem melhor orientar um pré-natal. O primeiro, é realizado a partir da 11ª semana de gravidez e serve como triagem, ou seja, ele diz se aquela gestante tem alto ou baixo risco de desenvolver a pré-eclâmpsia ao longo da gestação. O segundo, também está no mercado brasileiro, é destinado ao diagnóstico da pré-eclâmpsia, usado a partir da 20ª semana de gestação e representa uma ferramenta crucial para a detecção precisa da pré-eclâmpsia quando já apareceram os sintomas da doença. Estes biomarcadores são essenciais para a saúde e segurança tanto das mães quanto dos bebês. 

A Thermo Fisher Scientific fornece suporte em todas as etapas da detecção da PE (triagem, diagnóstico e prognóstico). O novo teste permite prever, rapidamente, o risco de desenvolvimento da pré-eclâmpsia. “Isso muda a dinâmica hospitalar, pois permite rapidez, segurança e assertividade na conduta médica”, diz Tatiana Zanareli, especialista de produto da Thermo Fisher Scientific.

 

Sobre a pré-eclâmpsia

A pré-eclâmpsia é o aumento da pressão arterial e a perda de proteínas na urina, ocorrendo principalmente após a 20ª semana de gestação. A doença impede que o bebê receba a quantidade de nutrientes e de oxigênio necessária para seu desenvolvimento adequado. Já a gestante, pode ter complicações neurológicas, renais, descolamento prematuro da placenta entre outros. Caso a pré-eclâmpsia evolua para eclâmpsia, os riscos para a gestante e o bebê são ainda mais severos. 

Podem desenvolver a doença, mulheres dentro do grupo de risco sendo os principais fatores: idade superior a 35 anos, gravidez na adolescência, obesidade, hipertensão arterial crônica, antecedente de PE (mãe, avó, irmã), gravidez gemelar, diabetes mellitus preexistente, e lúpus. Para detecção inicial, o primeiro exame, de triagem, deve ser realizado entre a semana 11ª até a 14ª semana da gravidez e pode reduzir em até 90% o desenvolvimento da doença e suas complicações, diminuindo os impactos durante a gravidez com a utilização de medicamento simples - Aspirina (até a 36ª semana de gestação) e evitando gastos financeiros futuros e desgaste emocional. A primeira triagem (PLGF) deveria ser solicitado para todas as gestantes, porém essa ainda não é a realidade do Brasil, então, recomenda-se que as mulheres que se enquadram nos fatores de risco devam fazer. Até o momento, esse exame sanguíneo não é ofertado na rede pública de saúde. 

A partir da 20ª semana de gestação, os sintomas começam a aparecer, os mais comuns são hipertensão, urina espumosa, inchaço, fortes dores de cabeça, alterações na visão, dores fortes nas costelas, amnésia, náusea e convulsão. A melhor orientação é procurar um médico que solicitará exames e, com o diagnóstico, indicar o tratamento mais adequado para o caso. 

As mortes devido às complicações maternas associadas às formas graves de pré-eclâmpsia incluem edema pulmonar, hemorragia cerebral, insuficiência renal e complicações fetais chegando à antecipação do parto. Para o bebê, os riscos são restrição de crescimento, principalmente nos casos de pré-eclâmpsia precoce, risco cardiovascular, problemas respiratórios entre outros. 

Quando pensamos que nem todo pré-natal começou e se desenvolveu com acompanhamento médico adequado, surge a necessidade do diagnóstico da pré-eclâmpsia por meio dos testes realizados no sangue nomeados ‘PLGT’ e ‘SFLT-1’. A Thermo Fisher Scientific, líder mundial na área de ciência e biotecnologia, é a única empresa que tem o FDA aprovado e fornece suporte em todas as etapas da PE (triagem, diagnóstico e prognóstico). 

Assim como o primeiro exame de triagem, esse segundo também está disponível apenas em alguns planos de saúde e por meio de reembolso. “A razão entre os biomarcadores PlGF e sFlt-1 dá ao médico a segurança para conduta rápida e assertiva, podendo liberar ou internar esta paciente evitando o avanço e a gravidade da doença, além da decisão do melhor momento para o parto, afirma Tatiana Zanareli.
  


Thermo Fisher Scientific


Os benefícios da fisioterapia ao paciente renal crônico

Além de aprimorar o condicionamento físico, os exercícios melhoram a circulação e ajudam no controle da glicose e pressão arterial  

 

O cuidado com o condicionamento físico durante o tratamento da doença renal crônica pode trazer diversos benefícios aos pacientes, com impactos diretos e indiretos. As atividades físicas são importantes para controle do diabetes e da pressão arterial, dois fatores que podem prejudicar a saúde dos rins e agravar o quadro de pacientes renais. 

Embora não seja obrigatória, a fisioterapia é uma forma de garantir a melhor evolução do condicionamento. Ela é capaz de entregar múltiplos benefícios aos pacientes que passam por hemodiálise, desde que supervisionada por um profissional qualificado. 

“A fisioterapia melhora a tolerância à glicose auxiliando no controle do diabetes, além de fortalecer músculos e articulações. Também ajuda a circulação e controla a pressão arterial”, explica Bruno Zawadzki, diretor médico da DaVita Tratamento Renal. 

Não existem contraindicações que impossibilitem a prática da fisioterapia. Entretanto, é válido destacar que, assim como outras atividades físicas, é preciso que o fisioterapeuta avalie a condição clínica do paciente para definir os exercícios mais adequados. 

A fisioterapia pode ser realizada em clínicas de nefrologia, onde o paciente realiza o seu tratamento, ou em estúdios, academias e até mesmo em casa, com o auxílio e coordenação do fisioterapeuta responsável pelo tratamento. 

Além dos benefícios já citados, a fisioterapia consegue aumentar a tolerância do paciente aos exercícios diários, diminui os sintomas de fraqueza muscular, câimbras, dores e falta de ar. Isso acaba também reduzindo o número de internações e aumenta a autoconfiança e independência para o paciente executar as atividades cotidianas.  




DaVita Tratamento Renal  

 

As "receitas da vovó" que hoje em dia são nada recomendáveis

Gargarejo com vinagre, lenço umedecido com álcool no pescoço, dente de alho nas narinas, inalar pedra de cânfora... médico do Hospital Paulista destaca soluções caseiras que, além de pouco eficazes, podem agravar quadros de irritação das vias aéreas 

 

O tempo passa, a medicina evolui e, em meio a esse processo, é natural que muita coisa que a gente fazia no passado, para tratar da saúde, hoje seja considerada ineficaz ou até mesmo prejudicial. Os estudos científicos, aliás, servem justamente para isso. Ou seja, avaliar a eficácia dos tratamentos que temos à disposição, sempre em busca de elevar o grau de curabilidade e minimizar possíveis efeitos colaterais.

Por essa razão que os médicos são tão enfáticos ao não recomendar todas as “receitinhas da vovó”, aprendidas no passado, que, muitas vezes, ficamos tentados de fazer em casa, em busca de uma solução rápida – principalmente quando se trata de tosse, dor de garganta e sinusite.

Algumas, além de inúteis, podem ser perigosas e agravar o quadro de saúde – conforme alerta o médico otorrinolaringologista Gilberto Pizarro, do Hospital Paulista, referência em saúde de ouvido, nariz e garganta.


Pedra de cânfora

Dos piores exemplos, o médico destaca a inalação de pedra de cânfora, algo que no passado era bastante usual para aliviar incômodos respiratórios, mas hoje é altamente vedado pela comunidade médica.

"A pedra de cânfora é nociva por exposição aguda e apresenta risco para a saúde, seja quando inalada, assim como se for ingerida ou mesmo em contato com a pele. O uso desse produto para aliviar a irritação das vias respiratórias, na verdade, traz um efeito totalmente reverso. A cânfora agrava a irritação, além de ensejar tosse, dispneia e edema pulmonar, porque causa um processo inflamatório de toda a região.”


Alho nas narinas

Outra receitinha bastante conhecida, mas hoje nada recomendável, é colocar um pequeno dente de alho nas narinas para aliviar os sintomas de sinusite. "Não há nenhuma evidência científica que justifique o uso de alho nasal. A secreção nasal tem uma consistência específica e qualquer substância que não tenha essa mesma osmolaridade pode causar lesões à mucosa e, consequentemente, piorar sinusites e rinites", destaca o Dr. Pizarro.

O especialista acrescenta que a mesma recomendação vale para a buchinha-do-norte, assim como para o grão de café, água de cheiro e álcool – itens que também costumam compor as receitas caseiras para aliviar a sinusite e devem ser riscadas do caderninho.


Lenço umedecido em álcool

Outro clássico do passado, o uso de lenço umedecido em álcool, envolto ao pescoço, para aquecer a garganta e minimizar a tosse, é outro recurso que há muito tempo deixou de ser recomendado pelos médicos.

"O lenço umedecido com álcool na garganta, na verdade, era utilizado para baixar febre e não para tosse, como muitos imaginam até hoje. Mesmo assim, a eficiência para baixar febre é bastante reduzida. Por isso, não é utilizado", esclarece o médico do Hospital Paulista.


Gargarejo com vinagre

Receita também bastante popular e que, por muito tempo, foi largamente utilizada para combater as infecções de garganta, o gargarejo com vinagre já ganhou substitutos muito mais eficientes, segundo o Dr. Pizarro.

"O gargarejo com vinagre foi utilizado como antisséptico no passado, porém, hoje, sabe-se que sua eficiência para matar as bactérias atuais é mínima. O vinagre pode alterar a acidez da boca, diminuindo a defesa natural e aumentando a acidez local, o que pode provocar um efeito reverso. Por isso, hoje, não se utiliza mais o vinagre dessa forma", finaliza o especialista.

 

Hospital Paulista de Otorrinolaringologia


Uso da Testosterona sintética e os efeitos sobre a fertilidade


Nos últimos anos, tem-se observado um aumento significativo do uso suplementar de testosterona exógena (sintética) na população masculina como um todo. O principal hormônio masculino é de grande importância para a saúde e bem-estar do homem, pois influencia uma variedade de funções corporais, como a função sexual, massa muscular, humor e até mesmo a saúde cardiovascular. Mas o seu uso sem respeitar as corretas indicações e contra indicações, pode ter consequências importantes.

Entre os mais velhos, o uso da testosterona principalmente como reposição hormonal, quando os níveis estão comprovadamente baixos e o paciente apresenta sintomas em decorrência disso, sua suplementação é uma condição prevista e regular para a prescrição do hormônio. Porém, o que mais tem preocupado as sociedades médicas é o uso entre os mais jovens, que está quase sempre relacionado a fins estéticos, onde o objetivo é alcançar padrões idealizados de masculinidade. Vale ressaltar que essa é uma faixa etária em idade reprodutiva e que na sua grande maioria ainda não tem prole constituída, e o uso pode ter consequências dramáticas no seu potencial fértil, além de outras complicações para a saúde como um todo.

Diante disso, em 30 de março de 2023, o Conselho Federal de Medicina (CFM) proibiu os médicos de prescreverem a testosterona para fins estéticos (ganho de massa magra, perda de peso etc.), uma tentativa de tentar impedir esse uso desenfreado. Portanto, o uso de testosterona no Brasil para fins estéticos é considerado indevido, independentemente da dose ou período utilizado.

Mas como a testosterona interfere na fertilidade e saúde do homem em geral, se ela é produzida naturalmente pelo corpo masculino? A resposta é bem simples: o uso de testosterona exógena ou qualquer outro esteroide anabolizante, provoca o que chamamos de bloqueio do eixo hipotálamo-hipófise-testicular. Ou seja, aumento

rápido nos níveis sanguíneos de testosterona, manda um “feedback” para o organismo parar sua produção endógena (do próprio corpo). Esse comando faz com que a hipófise (glândula do sistema nervoso central) interrompa a produção de hormônios gonadotróficos, como o hormônio luteinizante (LH) e o hormônio folículo-estimulante (FSH).

Esses hormônios são fundamentais para a espermatogênese, pois normalmente agem nos testículos, o LH induzindo a produção de testosterona, e o FSH induzindo a produção de espermatozoides. Porém, como eles estão suprimidos durante o uso da testosterona exógena, esse estímulo para de ocorrer, e os testículos param de produzir a sua testosterona natural e também os espermatozoides. Como consequência, os espermatozoides diminuem muito sua concentração no ejaculado ou até mesmo zeram, o que chamamos de azoospermia (ausência de espermatozoides no ejaculado).

Além do prejuízo em relação à quantidade, a qualidade seminal também é comprometida com esse desequilíbrio hormonal. Alterações na morfologia, motilidade e fragmentação do DNA espermático também são observadas em homens que fazem uso constante de testosterona exógena. Essas alterações podem comprometer significativamente a capacidade reprodutiva masculina, tornando a concepção muito difícil, seja de forma natural ou por algum método de reprodução assistida.

Independentemente se a pessoa faz uso como reposição hormonal, utilizando doses fisiológicas, que é uma condição regular do uso de testosterona, ou se faz uso indevido, com altas doses para fins estéticos e anabolizantes, esse impacto negativo pode ocorrer. Portanto, não existe dose segura para o uso de testosterona exógena, quando o assunto é fertilidade.

De uma forma geral esse quadro pode ser revertido e o paciente voltar a ter o seu potencial fértil, mas vai depender de alguns fatores, entre eles a substância utilizada, as dosagens e, principalmente, o tempo de uso. Quanto maior a dose e o tempo, maiores são os impactos na espermatogênese e, portanto, menores são as chances de sucesso na reversão do quadro.

Além disso, estudos recentes têm demonstrado que os efeitos adversos sobre a fertilidade podem persistir mesmo após a interrupção do uso da substância, o que ressalta a importância da conscientização sobre os riscos envolvidos. Se você está em uso e deseja ainda constituir prole, a primeira recomendação é interromper imediatamente o uso da suplementação e procurar um especialista para te ajudar. Muitas vezes são necessárias medicações para acelerar esse processo. Em suma, é essencial que profissionais de saúde e indivíduos interessados em suplementação hormonal compreendam os potenciais impactos sobre a saúde reprodutiva e busquem alternativas que promovam o bem-estar sem comprometer a fertilidade futura de homens.

No entanto, infelizmente, o que muitas vezes observamos na prática são pacientes que buscam resultados rápidos e milagrosos, sem fazer ideia dos riscos associados, particularmente no que diz respeito à infertilidade. E de outro lado, alguns profissionais médicos e não médicos que também não têm o conhecimento que deveriam ter para manejar tais pacientes. Pois, além do efeito na fertilidade, a testosterona e outros esteroides anabolizantes trazem outros impactos à saúde que precisam ser acompanhados rotineiramente. A educação e a conscientização são ferramentas essenciais para mitigar esses riscos e promover escolhas mais saudáveis e informadas por toda a população, principalmente os jovens que no futuro almejam ter filhos.  



Rodrigo Spínola - urologista e andrologista da clínica Origen BH e especialista em medicina sexual e infertilidade masculina


Em pesquisa conjunta, Einstein e Butantan descobrem substância em veneno de aranha que elimina células de câncer

 Molécula obtida por processo patenteado causou a morte de células de leucemia 

 

A Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein e o Instituto Butantan, órgão ligado à Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo, identificaram uma molécula obtida por um processo inovador com potencial para tratar o câncer extraída do veneno da aranha caranguejeira Vitalius wacketi, que habita o litoral paulista. 

A substância, sintetizada em laboratório no Butantan e purificada (ou seja, foram eliminados eventuais contaminantes, potencializando seu efeito) pelo Einstein, foi capaz de eliminar células de leucemia em testes in vitro. Resultado de uma trajetória de mais de 20 anos de estudos, a ferramenta que resultou na obtenção da molécula foi patenteada – processo conduzido pelas áreas de inovação de ambas as organizações. Agora, a pesquisa está madura o suficiente para alçar novos estágios de desenvolvimento, com novos parceiros.

A síntese da substância em laboratório, uma união de duas moléculas já conhecidas, feita pelo grupo do pesquisador Pedro Ismael da Silva Junior, do Laboratório de Toxinologia Aplicada do Butantan, permite obtê-la sem precisar extrair o veneno do animal, tornando o processo muito mais rápido. “Nós sintetizamos a molécula e observamos que a versão sintética mantém a atividade antitumoral detectada na toxina natural do veneno”, afirma o cientista.

Um dos grandes diferenciais do composto é que ele conseguiu matar as células tumorais por apoptose (morte programada), e não por necrose. Isso significa que a célula se autodestrói de forma controlada, sem causar uma reação inflamatória, diferente do mecanismo de grande parte dos medicamentos quimioterápicos hoje disponíveis.

“A morte por necrose é uma morte não programada na qual a célula colapsa, levando a um estado inflamatório importante. Já na apoptose a célula tumoral sinaliza ao sistema imune que está morrendo, para que ele remova posteriormente os fragmentos celulares”, explica o pesquisador do Einstein Thomaz Rocha e Silva, responsável pelos testes de ação antitumoral.

Existem outras estratégias no mercado capazes de induzir apoptose em células de câncer, como os anticorpos monoclonais, por exemplo, mas são tecnologias que exigem grande investimento e demandam tempo para produzir. De acordo com Thomaz, a nova molécula é pequena e o processo de síntese é muito mais simples e mais barato, o que pode facilitar uma eventual ida ao mercado e acesso ao produto.

“Outra vantagem é que, devido ao baixo peso molecular, é muito menos provável que haja problema de imunogenicidade – quando uma substância estranha no organismo provoca uma reação do sistema imune”, completa Pedro.

O composto conseguiu eliminar, inclusive, células leucêmicas resistentes a quimioterápicos. O próximo passo é fazer testes em células de câncer de pulmão e de ossos. Além disso, a tecnologia será estudada em células humanas saudáveis para confirmar se não há toxicidade, isto é, se ela é seletiva e danifica somente as células cancerosas.

Devido ao potencial da invenção, as instituições patentearam o processo de produção da molécula. O objetivo é licenciar a tecnologia para uma empresa com capacidade de produzir em maior escala e desenvolver testes em animais – e, futuramente, em humanos, caso se prove segura e eficaz.

“Já fizemos um mapeamento de potenciais interessados e estamos em contato com algumas empresas. Isso poderá acelerar o estudo para que ele se torne um produto e possa chegar mais rápido aos pacientes”, diz o gerente de Inovação do Butantan, Cristiano Gonçalves.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o câncer é a segunda maior causa de morte no mundo, sendo responsável por cerca de 9,6 milhões de óbitos anualmente. “Com uma população em envelhecimento, a tendência é que na próxima década o câncer se torne a principal causa de morte, superando as doenças cardiovasculares”, aponta Thomaz.

A molécula obtida da aranha Vitalius wacketi é uma poliamina, um tipo de toxina abundante nos venenos. A equipe do pesquisador do Butantan Pedro Ismael, responsável pela síntese, é especializada em sintetizar moléculas extraídas da natureza para testar sua atividade contra microrganismos e identificar aquelas com potencial terapêutico. O cientista tem se dedicado, principalmente, ao estudo de substâncias provenientes da peçonha e do sangue de aranhas.

Nos últimos anos, em parceria com o grupo do Einstein liderado por Thomaz Rocha e Silva, os pesquisadores analisaram uma diversidade de toxinas extraídas de outras espécies do gênero Vitalius, e a de Vitalius wacketi mostrou uma atividade mais promissora. A purificação da molécula foi possível graças a uma nova técnica de cromatografia desenvolvida por Thomaz em 2010, específica para poliaminas. Ele estuda a atividade biológica do veneno de aranhas caranguejeiras há cerca de 20 anos. Em colaboração com a área de inovação do Einstein, foi possível avançar um degrau importante nesse desenvolvimento.

“Somos um ecossistema de inovação em saúde capaz de enxergar e analisar essas oportunidades, estudar o potencial de comercialização e transformá-las de fato em patentes, de forma que tenham um impacto real no sistema de saúde”, afirma Denise Rahal, gerente de parcerias e operações de inovação da organização.

 

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