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sexta-feira, 30 de setembro de 2016

Bebida alcoólica: Fique atento



Saiba quais os problemas que o álcool pode trazer para sua saúde quando consumido exageradamente

O consumo exagerado do álcool faz mal à saúde e isso todo mundo sabe. Mas você sabia que um dos principais órgãos do corpo humano afetado é o fígado? Praticamente tudo que é absorvido pelo intestino acaba passando por ele. Isso acontece com a bebida alcoólica também. 

Segundo Eduardo Ramos, cirurgião geral e de transplante   do Hospital Nossa Senhora das Graças, aproximadamente 20% das pessoas que ingerem bebida alcoólica em grande quantidade desenvolvem disfunções no fígado. “Essas pessoas apresentam alterações importantes como a esteatohepatite alcoólica aguda, que é o acúmulo de gordura no interior das células do fígado, fibrose e cirrose”, afirma. 

Apesar de o corpo demorar em média uma hora para degradar 10 ml de bebida alcoólica, algumas características pessoais podem fazer com que demore mais para ser metabolizado. “Fatores como o peso, se é homem ou mulher, idade, obesidade, metabolismo pessoal, quantidade de alimentos ingeridos juntamente com a bebida, o tipo e a dose da bebida alcoólica e se a pessoa está tomando alguma medicação, fazem o tempo de degradação do álcool variar”, comenta. 

Além dos problemas de saúde, tais como a cirrose e a pancreatite aguda, o consumo exagerado de álcool pode ser um perigo para quem faz uso de medicamentos. “As bebidas alcoólicas podem diminuir ou potencializar os efeitos dos medicamentos”, comenta o médico. O mais comum é potencializar os efeitos colaterais causando sintomas como náuseas, tonturas, sonolência e diminuição da habilidade motora”, salienta o especialista. 

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) não existe um nível seguro para o consumo de álcool. Se a pessoa bebe, há risco de problemas de saúde. Conforme a OMS as pessoas saudáveis podem consumir, no máximo, 30 gramas de álcool por dia. Porém, se a pessoa for hipertensa ou tiver diabetes não poderá beber. Dr. Eduardo Ramos ressalta que, para aqueles que não abrem mão de um happy hour ou qualquer outra bebida em determinados momentos, o ideal é saber consumir sem exageros. “O ideal é o consumo social, em pequena quantidade, nos fins de semana”, conclui.

Cirrose alcoólica

A cirrose alcoólica é causada pela ingestão diária e prolongada de álcool. É considerada uma doença de alcoólatras, no entanto todas as condições que levam a uma inflamação crônica do fígado (alcoólicas ou não) podem resultar nessa patologia.  É processo crônico de destruição das células hepáticas, que ocorre de maneira difusa, com formação de cicatrizes e nódulos levando à necrose do órgão. 

O único tratamento efetivo da cirrose é o transplante hepático, indicado apenas para alguns casos. Portanto, é importante fazer o diagnóstico precoce para iniciar o mais depressa possível o tratamento que pode adiar ou evitar maiores complicações.

Pancreatite Aguda

É uma inflamação repentina do pâncreas  que ocorre quando as enzimas digestivas produzidas no órgão são ativadas em seu interior, causando danos. As duas causas mais frequentes são a existência de cálculos na vesícula e/ou vias biliares, conhecidas como pedras na vesícula, e também o consumo de álcool em excesso. 

Os sinais de pancreatite aguda costumam variar, mas o mais comum é a dor progressiva na parte superior do abdômen, que torna-se constante e vai piorando com o tempo. Além disso, pode causar náuseas, vômito, gases, fezes com cor de argila, indigestão e inchaço na região abdominal, entre outras.




7 medidas que o Brasil precisa tomar para impedir o avanço do câncer



 Sem aprimoramento das políticas públicas, doença deve se tornar principal causa de óbitos em até 13 anos


Se o Brasil não investir em mudanças substanciais nas políticas públicas de prevenção, detecção e tratamento do câncer, a doença se tornará a principal causa de mortes no País já em 2029. É o que aponta o último estudo do Observatório da Oncologia, uma plataforma de análise de dados criada pelo movimento Todos Juntos Contra o Câncer (TJCC). 

Para chegar a essa projeção, a pesquisa analisou dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) entre os anos 2000 e 2013 e projeções para o futuro (até 2040), comparando o número de óbitos e incidência do câncer com os de doenças cardiovasculares (como infarto e AVC), atuais campeãs de óbitos no Brasil. Em 2029 a taxa de mortalidade de tumores chegará a 115 a cada 100 mil habitantes, enquanto o índice de óbitos por doenças cardiovasculares será de 113 por 100 mil. Atualmente, as duas doenças juntas matam 542 mil brasileiros todos os anos, conforme dados do Datasus.

Segundo o médico patologista e presidente da Sociedade Brasileira de Patologia (SBP), Clóvis Klock, projeções como a do Observatório da Oncologia devem servir como um sinal grave de alerta para o Pode Público, motivando o aprimoramento das estratégias para enfrentar a doença.
Ele enumera sete medidas importantes que o Brasil deve adotar como formas de combate ao avanço do câncer:

Intensificar a vacinação da população contra o HPV: o controle de fatores importantes de risco é uma das formas mais economicamente viáveis de combater a mortalidade do câncer. O Vírus do Papiloma Humano (HPV), por exemplo, é conhecido por sua associação ao desenvolvimento do câncer de colo do útero.

“Desde 2014 temos a vacinação de meninas contra o HPV, uma estratégia que sem dúvida deve diminuir o número de casos e mortes por esse tipo de tumor. Precisamos agora investir na manutenção e ampliação dessa estratégia, lutando pela erradicação de câncer colo uterino causado por essa infecção”, aponta.

Investimento em hábitos saudáveis: assim como no caso da vacinação contra HPV, a estratégia de combater o câncer de maneira preventiva pode ser feita atacando fatores mais passíveis de alteração do que a propensão genética. O fumo, por exemplo, é responsável por cerca de 90% das mortes por câncer de pulmão.

“Investir nesses hábitos saudáveis é uma tarefa de políticas públicas abrangentes, focadas em educação e construídas para atuarem em longo prazo, mas de extrema relevância para o objetivo de combater a mortalidade do câncer, assim como de outras doenças”, ressalta o patologista.

Rastreamento: depois da prevenção, o diagnóstico correto e precoce é uma das principais estratégias na diminuição da mortalidade do câncer. Campanhas de conscientização para o autoexame e rotinas efetivas de exames como mamografia e Papanicolau, por exemplo, são valiosas para a detecção da doença em seus estágios iniciais.

“Diagnosticar um tumor em seu princípio é fator determinante para ditar a sobrevivência do paciente, diminuindo as sequelas e os custos que a doença representa para o sistema de saúde, uma vez que é mais fácil e barato tratar um câncer antes de seu crescimento ou metástase”, explica.

Medicina de precisão: as opções disponíveis para o tratamento do câncer evoluíram muito nos últimos anos tendo como combustível os avanços de áreas como genética e biologia molecular. A chamada medicina de precisão traz alternativas assertivas com mais expectativas de cura e menos sequelas.

“Vale lembrar que não existe medicina de precisão sem um diagnóstico correto e afinado, realizado pelo médico patologista. Esse laudo serve como direcionamento da conduta terapêutica, permitindo ao oncologista saber com o que ele está lidando e quais são as suas alternativas”, conta o presidente da SBP.

Consolidação de dados: segundo Clóvis Klock, é fundamental um investimento crescente para a consolidação dos dados referentes ao câncer. Com base nisso, o País pode identificar deficiências no sistema e concentrar esforços em saídas relevantes para populações específicas.

“O Brasil ainda engatinha no quesito epidemiologia. Quando falamos câncer estamos nos referindo a um ‘guarda-chuva’ que compreende mais de mil doenças diferentes. Reunir toda a informação possível sobre essas variantes e suas especificidades é fundamental, principalmente em um país plural e de dimensões continentais como o nosso”. 

Aprofundar a parceria com as sociedades médicas: para o patologista, o constante diálogo entre o governo e as sociedades de especialidade envolvidas na luta contra o câncer é outro ponto chave para reverter o cenário atual. Segundo ele, essas instituições são uma das pontes capazes de ligar os responsáveis pelas políticas públicas à linha de frente responsável por aplica-las e aferir seus efeitos.

Resolver o nó do sistema de saúde e prepará-lo para o futuro: unindo fatores como prevenção, diagnóstico e tratamento, a manutenção do sistema de saúde é a esfera superiora no combate ao câncer, ditando como todas as políticas públicas são aplicadas.

“É uma questão extensa e extremamente complexa, mas prioritária e da qual não se pode fugir. Para impedir o avanço do câncer precisamos, antes de tudo, resolver o nó do sistema de saúde, colocando na mesa questões como o reajuste de honorários e de procedimentos e até o financiamento dos sistemas públicos”, finaliza.




Sobre a SBP
Fundada em 1954, a Sociedade Brasileira de Patologia (SBP) atua na defesa da atuação profissional dos patologistas, oferecendo oportunidades de atualização e encontros para o desenvolvimento da especialidade. Desde sua instituição, a SBP tem realizado cursos, congressos e eventos com o objetivo de elevar o nível de qualificação desses profissionais. 



Situação do Câncer da Mulher na América Latina é permeada por desigualdade e dificuldade de acesso a tratamento



Debate traçou panorama da doença e apontou organização da Sociedade Civil como forma de mudança do cenário


Segundo dados do Atlas do Câncer, 1.1 milhão de pacientes oncológicos são diagnosticados todos os anos no bloco composto por América Latina e Caribe e são esperadas 600 mil mortes anuais pela doença. O câncer de mama é apontado como a principal causa de morte de mulheres por câncer. Enquanto a tendência global é a queda da mortalidade por esse tipo de tumor, as mulheres latino-americanas seguem perdendo essa batalha de forma crescente. A região concentra 8,3% do total das mortes pela doença, somando 43.326 óbitos anuais e os índices seguem aumentando. Esses e outros dados foram expostos no painel “Tratamento do câncer da mulher na América Latina: Panorama, dificuldade e perspectivas” durante o 3º Congresso Todos Juntos Contra o Câncer (TJCC), maior evento de oncologia do País.

Segundo a Dra. Maira Caleffi, médica mastologista e presidente voluntária da Federação Brasileira de Instituições Filantrópicas de Apoio à Saúde da Mama (FEMAMA), instituição realizadora do painel, esses números têm como principal fator agravante uma série de desigualdades que dificultam o acesso a diagnóstico precoce e tratamento adequado.

“Tomando o Brasil como exemplo, temos duas realidades muito preponderantes no quesito acesso à saúde: a população que utiliza a saúde suplementar via convênios e aquela que utiliza o Sistema Único de Saúde (SUS), algo em torno de 75% dos brasileiros. Essas duas esferas apresentam diferenças imensas”, ressalta.

Alguns exemplos citados pelo Dr. Ricardo Caponero, oncologista e presidente do Conselho Científico da FEMAMA, outro participante do debate, são diferenças no acesso público e privado desde o rastreamento do câncer, passando pelo diagnóstico via testes genéticos como BRCA1 e BRCA2, hoje disponíveis na saúde suplementar mas inacessíveis pelo SUS, e pelo acesso ao tratamento, como o caso de cirurgias de mastectomia profilática, também presentes apenas na rede privada. A oferta do sistema público, falha e permeada de obstáculos, age de forma cumulativa, dificultando o tratamento das pacientes do SUS desde o diagnóstico. No fim, temos uma parcela muito maior de usuárias na rede pública que chegam ao estágio metastático da doença, momento em que também não encontram apoio, uma vez que os tratamentos mais adequados para essa fase não são fornecidos pelo SUS.

Alessandra Durstine, fundadora da Catalyst Consulting Group com atuação na área de Global Advocacy da American Cancer Society, também participou da discussão e ressaltou que os países da América Latina apresentam, como um todo, sistemas de saúde muito diferentes e “confusos” por terem diferentes regras e aplicações dentro de um mesmo país. Além disso, em diversos países latino-americanos existe um desafio duplo no quesito epidemiologia, com sistemas de saúde construídos para lidar com doenças infecciosas como dengue, malária e outras epidemias, mas que agora precisam cuidar de populações cada vez mais afetadas por doenças crônicas, como obesidade, diabetes e câncer. 

Dra. Maira Caleffi evidenciou que as pacientes de câncer de mama avançado devem ser entendidas como pacientes em controle da doença, e não relegadas apenas ao tratamento paliativo, reforçando a necessidade de acesso às novas terapias existentes. Neste sentido, Alessandra Durstine prevê que a luta por direitos de pacientes se destinará a grupos cada vez menores, exatamente por conta do nível de especificidade com que o câncer passa a ser tratado, com a medicina cada vez mais personalizada. 

“Mais do que apenas prover diagnóstico, os países do bloco precisam se preocupar em fornecer diagnósticos apropriados e específicos, baseados em informação genética. A ciência está mudando. Os sistemas de saúde e os tomadores de decisão não estão preparados”, aponta Alessandra.

A Presidente da FEMAMA ainda aponta que outro fator impeditivo para uma atuação melhor nesse cenário é a falta de dados que apontem a real situação do câncer no Brasil e na América Latina. Mesmo números como os do Atlas do Câncer, que reúne informações oficiais da doença em todos os países, podem ser imprecisos, abaixo do total que de fato ocorre. Isso ocorreria por dificuldades de registro da incidência e mesmo pela não associação de muitas mortes ao câncer.

“É necessária uma união de esforços da sociedade civil para garantir um trabalho perene de informação sobre a doença para o paciente, promoção de acesso a diagnóstico e tratamento e a criação de mecanismos que ajudem os pacientes a ‘navegarem’ pelos sistemas de saúde”, finaliza.



Federação Brasileira de Instituições Filantrópicas de Apoio à Saúde da Mama (FEMAMA) www.femama.org.br



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