Com a aprovação do Rozerem pela Anvisa, na
última segunda-feira, médico teme que substância mascare a real causa dos
distúrbios de sono no paciente
A
regulamentação do Rozerem (ramelteona), medicamento de combate à insônia, pela
Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) acendeu um sinal de alerta
entre os médicos que atuam em reequilíbrio corporal de pacientes. Segundo o
médico Theo Webert, que atua em nutrologia e qualidade de vida, a aprovação da
nova droga precisa ser avaliada com cautela.
“As
pessoas estão negligenciando o sono, porque cada vez se dorme menos e pior.
Tudo isso devido a nossa vida agitada, por causa do alto nível de stress, à
cobrança, e o sono não se torna uma prioridade”, analisa o especialista.
Segundo ele, a possibilidade de se recorrer a uma nova forma de indução ao sono
faz com que os pacientes se distanciem da perspectiva de conhecer o real motivo
daquele distúrbio.
Theo
Webert avalia o lado positivo e o negativo da liberação do novo medicamento.
“Sem dúvida, algumas pessoas serão beneficiadas porque voltarão a dormir e
terão a qualidade do sono de volta as suas vidas. No entanto, há o risco de
pacientes também acabarem mascarando as causa do problema e ainda postergarem o
tratamento ideal”, explica.
O
médico sustenta ainda que pessoas com tendências depressivas e oscilação de
humor precisam ter cuidado redobrado ao decidirem fazer uso de substâncias
desse tipo. “A partir do momento que ela passa a fazer uso, pode ser que o
consumo se torne compulsivo e exagerado. Se você observar, as pessoas com
distúrbios do sono possuem oscilação de humor, tendência depressiva, depressão
e ansiedade. Não é um sintoma isolado”, reforça.
O
Rozerem teve o registro aprovado e publicado no Diário Oficial da União da
última segunda-feira (12). Inédito no Brasil, o remédio será vendido em
farmácias na forma de comprimidos revestidos, de 8mg cada. A fabricação será de
responsabilidade da empresa Takeda, sediada na Irlanda. A detentora do registro
brasileiro é a Takeda Pharma LTDA, localizada na cidade de São Paulo.
Atualmente,
a insônia afeta entre 10% e 25% da população geral adulta, de acordo com dados
divulgados pela Anvisa. “Moramos num país que liberou recentemente a
melatonina, mas que já é um dos maiores consumidores de Rivotril do mundo.
Temos que ficar em alerta”, finaliza.