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quinta-feira, 3 de abril de 2025

Quem vigia os guardiões? O devido processo legal e os limites de atuação do STF


Opinião

 

É inegável o protagonismo e a ascensão da “fama” do judiciário como um todo em nosso País, mas em especial do Supremo Tribunal Federal (STF). Fato é que, com maior politização da população e o aumento da polarização na Política, nos últimos anos, os brasileiros têm acompanhado com mais afinco as decisões na esfera legal e se interessado pelos temas jurídicos, até mesmo os mais técnicos. 

Desde 2018, o País é palco de uma sequência de fatos políticos, de repercussão além fronteiras, como é o caso do Impeachment da então presidente da República Dilma Rousseff (PT); da prisão do hoje presidente, mas, há época, ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e, mais recentemente, da inelegibilidade de Jair Bolsonaro (PL), líder da Direita e ex-presidente da República; e dos movimentos denominados de antidemocráticos e ligados ao liberal e a seus aliados. 

A maior parte dos assuntos polêmicos listados nas linhas acima são balizados por temáticas jurídicas e passaram por apreciação na Alta Corte. O Supremo tem como função principal guardar a Constituição Federal. No entanto, por ser o Tribunal de “última instância”, não há nenhum outro órgão que pode rever suas decisões. E é aí onde mora um grande problema: afinal, quem vigia o vigia? 

As discussões mais frequentes tangem à violação do princípio constitucional chamado de devido processo legal por parte do STF. Tal princípio tem como função inibir abusos que possam ser praticados em decisões administrativas e judiciais contra qualquer cidadão brasileiro.

O princípio do devido processo legal abrange outros princípios que norteiam todo o ordenamento jurídico: inércia do judiciário, que foi, diga-se de passagem, violado quando houve a instauração de inquéritos, por determinação de ministros do Suprema Corte; o princípio do contraditório e da ampla defesa, igualmente ultrajado em algumas oportunidades, ao ponto de advogados constituídos pelas partes não conseguirem ter acesso aos processos. E, não menos importante: o da individualização da pena, também transgredido quando os condenados pelo 8 de janeiro responderam de forma solidária por atos que, ao meu juízo, não abarcam elementos suficientes que sustentam as violações imputadas. 

Estes só são alguns dos exemplos que é possível elencar neste espaço. Contudo, há um sem-número de violações a encetaduras constitucionais balizadas pelo princípio do devido processo legal e que foram vilipendiadas, por diversas vezes, nos últimos anos. 

Na história mais recente de nossa República, o debate, vira e mexe, gira acerca de provável preferência política por parte dos ministros do Supremo, principalmente pelo fato de que muitos deles foram escolhidos por governos que são publicamente opositores a Bolsonaro e seu entorno. Como, então, ter a certeza de que indicações políticas não influenciam em decisões jurídicas de instâncias que não se pode questionar ou recorrer? 

O único mecanismo criado por nossa Carta Magna passível de punir excessos praticados pelos ministros do STF são os crimes de responsabilidade, previstos no artigo 39 da lei 1.079/1950. Desde 2021, estão sendo protocoladas petições no Senado Federal (órgão competente para o julgamento), neste sentido. Todavia, os pedidos devem ser acolhidos pelo presidente da Casa, para irem a julgamento. 

O atual presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil), inclusive, se manifestou, recentemente, sobre o assunto, dizendo que o Impeachment de ministros da mais Alta Corte do País causaria “problemas para o Brasil”. Agora, a pergunta: esse problema seria maior do que o que já temos - o da tentativa de criminalizar a divergência?

 

Dra. Isis Sangy - advogada; pós-graduada em Direito Público, e em Direito Eleitoral; e professora de Direito Eleitoral em cursos de pós-graduação e de extensão


Estudo global revela impacto oculto das atividades humanas na natureza


Mapa das regiões estudadas, gráfico de dispersão (crédito: DarkDivNet)

 

Levantamento conduzido em 119 regiões do mundo investigou a “diversidade faltante”, isto é, espécies nativas que poderiam estar presentes na localidade, mas estavam ausentes. Resultados foram publicados na revista Nature

 

A vegetação natural frequentemente carece de muitas espécies que poderiam estar presentes, mas não estão. Isso ocorre, principalmente, em regiões muito afetadas pela atividade humana. Uma pesquisa publicada hoje (02/04) na revista Nature fez um levantamento exaustivo dessa situação em 119 regiões ao redor do mundo. O artigo dá conta daquilo que os especialistas chamam, em inglês, de dark diversity, que, em português, poderia ser denominado “diversidade faltante”.

Mais de 200 pesquisadores, membros da colaboração internacional DarkDivNet, participaram do estudo, investigando a presença ou não de plantas em 5.500 locais. A pesquisa foi coordenada pelo professor Meelis Pärtel, do Instituto de Ecologia e Ciências da Terra da Universidade de Tartu, na Estônia. E teve a participação de Alessandra Fidelis e Mariana Dairel, entre outros brasileiros.

“Em cada lugar, pesquisadores locais registraram todas as espécies de plantas e identificaram a diversidade faltante, isto é, as espécies nativas que poderiam viver ali, mas estavam ausentes. Isso nos permitiu compreender o potencial da diversidade vegetal no lugar e também medir o impacto das atividades humanas sobre a vegetação natural”, explica Fidelis, professora do Instituto de Biociências da Universidade Estadual Paulista (IB-Unesp), campus de Rio Claro.

Área submetida a impacto antrópico próxima
 à Estação Ecológica de Itirapina, no
Estado de São Paulo
 (
foto: Mariana Dairel)

Segundo o estudo, em regiões com pouco impacto humano, os ecossistemas normalmente apresentam mais de um terço das espécies potencialmente adequadas. A ausência dos outros dois terços deve-se a fatores naturais, como a dispersão limitada. Porém, em regiões fortemente impactadas por atividades antrópicas, os ecossistemas contêm apenas uma em cada cinco espécies adequadas. “Medidas tradicionais de biodiversidade, como simplesmente contar o número de espécies presentes, não detectam esse impacto, pois a variação natural da biodiversidade entre regiões e ecossistemas oculta a verdadeira extensão da influência humana”, afirmam os coordenadores do estudo.

O professor Meelis Pärtel conta que a colaboração DarkDivNet começou cerca de sete anos atrás, em 2018. “Tínhamos introduzido a teoria de dark diversity e desenvolvido métodos para estudá-la, mas, para realizar comparações globais, precisávamos de uma amostragem consistente em muitas regiões. Parecia uma missão impossível, porém, muitos colegas de diferentes continentes se juntaram a nós”, afirma. Apesar das dificuldades decorrentes da pandemia de COVID-19 e das crises econômicas e políticas globais, os dados foram coletados ao longo dos anos, mesmo sem um financiamento central.

Fidelis aderiu ao estudo desde o início, quando uma pequena reunião sobre a DarkDivNet foi realizada em um congresso da International Association for Vegetation Science (IAVS), em Bozeman, Estados Unidos, em 2018. “A partir disso, vários pesquisadores se juntaram à iniciativa, aplicando a mesma metodologia em diversos locais do mundo. A doutora Mariana Dairel, na época minha orientanda de doutorado, empolgou-se com a ideia e me auxiliou no levantamento dos dados. Resolvemos coletar informações na região de Itirapina, no Estado de São Paulo, onde se localizam as estações Ecológica e Experimental de Itirapina. Nessa região, há tanto vegetação nativa de Cerrado quanto áreas antropizadas, com plantio de pinheiros e eucaliptos”, informa a pesquisadora.

E acrescenta: “Sabemos que o impacto humano tem trazido diversas consequências para os ecossistemas, afetando a biodiversidade. Porém, este estudo vai além: mostra como estamos perdendo não somente as espécies que estavam ali antes, mas também as que potencialmente poderiam estar na área, podendo, dessa forma, afetar a regeneração natural”.


Pegada ecológica

O nível de perturbação antrópica em cada região foi medido utilizando o Indicador da Pegada Ecológica (Human Footprint Index), que inclui fatores como densidade populacional humana, mudanças no uso da terra (como urbanização e agricultura) e infraestrutura (estradas e ferrovias). O estudo constatou que a diversidade de plantas em um local é negativamente influenciada pelo nível da “pegada ecológica”. Quanto maior o índice, menor a diversidade. A influência antrópica pode estender-se por centenas de quilômetros ao redor do ponto em que ocorre.

“Esse resultado é alarmante, porque mostra que as perturbações humanas têm um impacto muito mais amplo do que se pensava, alcançando até mesmo reservas naturais. Poluição, desmatamento, descarte de lixo, pisoteio e incêndios causados por humanos podem excluir plantas de seus hábitats e impedir a recolonização. Também descobrimos que a influência negativa da atividade humana era menos pronunciada quando ao menos um terço da região ao redor permanecia intacto, o que reforça a meta global de proteger 30% do território terrestre até 2030”, destaca o professor Pärtel. E alerta para a necessidade de manter e melhorar a saúde dos ecossistemas para além das reservas naturais, utilizando o conceito de “diversidade faltante” como ferramenta prática para atividades de conservação e restauração.

Os autores do estudo atribuem o empobrecimento da vegetação à fragmentação, perda de conectividade, defaunação (perda de espécies animais, especialmente de dispersores de sementes), distúrbios como fogo e extração de madeira, além da eutrofização (processo de poluição que ocorre quando há um aumento de nutrientes em corpos de água, como rios, lagos e estuários). A presença de pelo menos 30% da paisagem em estado natural foi associada a uma mitigação desses efeitos.

Alessandra Fidelis recebeu apoio da FAPESP por meio do projeto “Como a época do fogo afeta a vegetação do cerrado?”. E Mariana Dairel foi contemplada pela FAPESP com uma Bolsa de Doutorado.

O artigo Global impoverishment of natural vegetation revealed by dark diversity pode ser acessado em: www.nature.com/articles/s41586-025-08814-5.

 



José Tadeu Arantes
Agência FAPESP
https://agencia.fapesp.br/estudo-global-revela-impacto-oculto-das-atividades-humanas-na-natureza/54378


É errando que se aprende, será mesmo?

Na esmagadora maioria das empresas com as quais trabalho, percebo que diversos colaboradores tem medo de errar quando estão realizando alguma tarefa, diante do receio de serem repreendidos (na frente dos colegas ou não) e até mesmo serem demitidos da empresa ou, no mínimo, serem taxados e rotulados. O ponto é que, esse medo pode ser paralisador e impedir que ao menos tentem fazer o que pretendiam inicialmente: propor uma nova ação, sugerir um novo direcionamento ou apenas dar uma ideia.


Dados de uma pesquisa feita pela Pulses, plataforma de soluções de clima organizacional, apontam que 54% dos colaboradores que foram entrevistados acreditam que irão sofrer algum tipo de represálias caso cometam falhas na empresa. A pesquisa contou com a participação de mais de 2 mil respondentes de empresas de diferentes portes e segmentos e teve como objetivo avaliar a existência de segurança psicológica nas organizações.

Os dados mostrados na pesquisa vão diretamente ao encontro do que eu estou falando. E neste sentido, sinto que é papel da gestão criar um ambiente de trabalho seguro nas empresas, onde os colaboradores sintam que podem compartilhar e trocar informações sem julgamentos. Tenho certeza que essa mobilização por parte da liderança vai impactar de forma positiva os integrantes do time, que irão tentar e - errar - mais.

Por essa razão, recomendo a adoção de uma gestão por OKRs - Objectives and Key Results (Objetivos e Resultados Chaves) -, pois vai possibilitar que os colaboradores tenham mais espaço e mais autonomia para realizarem suas tarefas e até mesmo para cometerem erros, e isso vai possibilitar que se alcance resultados melhores do que o esperado, para além do que se planejou.

Neste sentido, se um processo é bem conhecido e dominado dentro da empresa, de fato devemos ter pouca margem de erro. Agora, se estamos tentando alguma coisa nova, mesmo que seja para um processo bem conhecido, o erro é bem-vindo, de certa maneira, porque vamos passar a conhecer algumas maneiras de não fazer e, se documentarmos adequadamente, os próximos que vierem não precisarão cometer os mesmos erros.

Então, quando são erros diferentes, pode significar que possibilidades distintas estão sendo testadas, o que é um bom sinal. Conhece o método de ‘tentativa e erro’? Muitas vezes, esse pode ser o melhor caminho para gerar um aprendizado para toda e equipe, e ao utilizar a ferramenta do OKRs, garantir que estejam sempre trabalhando por resultados, com foco e clareza para obter o sucesso desejado.


Pedro Signorelli - um dos maiores especialistas do Brasil em gestão, com ênfase em OKRs. Já movimentou com seus projetos mais de R$ 2 bi e é responsável, dentre outros, pelo case da Nextel, maior e mais rápida implementação da ferramenta nas Américas. Mais informações acesse: http://www.gestaopragmatica.com.br/


13 mentiras que o empreendedor ouve antes de abrir seu negócio


IMAGEM: DC

Será que empreender é sinônimo de liberdade e dinheiro rápido? Especialistas ouvidos pelo Diário do Comércio desmontam esses e outros mitos do empreendedorismo

 

O número de pequenos negócios no Brasil cresce ano a ano. Só em 2024, foram 4,158 milhões de novos empreendimentos formalizados, um crescimento de mais de 10% na comparação com 2023.

Mas, junto com o entusiasmo de abrir o próprio negócio, também surgem mitos e ilusões que podem levar os empreendedores a falsas expectativas, que nem sempre refletem a realidade do mercado.

Empreender é sinônimo de liberdade e dinheiro rápido? Nem sempre! Muitos iniciantes acreditam em promessas que não condizem com a realidade. Neste 1º de abril, Dia da Mentira, desvendamos as principais ilusões sobre abrir o próprio negócio.

Confira o que dizem os especialistas Roberta Andrade, sócia e diretora de educação corporativa da Friedman by Gouvêa Ecosystem e da gonow1, e Victor Mota, analista do Sebrae de Minas Gerais, sobre as principais "mentiras" que os empreendedores escutam na hora de empreender. Confira!


1 - Ter o seu próprio negócio e não ter chefe são sinônimos de liberdade

Há uma crescente preocupação com equilíbrio entre vida pessoal e profissional e uma crença de que é possível alcançar esse objetivo se não houver alguém impondo horários ou fazendo cobranças. Porém, Roberta pontua que, para o negócio dar certo, o empreendedor se dedica de segunda a segunda, abrindo mão do lazer, de passar tempo com a família e com os amigos para fazer com que o projeto dê certo. “Empreender é um constante exercício de doação do seu tempo e energia e envolve uma série de sacrifícios pessoais”, diz Roberta.

“Embora haja mais flexibilidade, empreendedores ainda têm muitas responsabilidades e compromissos que limitam sua liberdade”, completa Victor.


2 - Colocar um negócio de pé é uma tarefa fácil

Tornar um empreendimento viável exige meses de dedicação intensa. “O compromisso vai muito além do expediente tradicional e, muitas vezes, o empreendedor trabalha sem pausas, lidando com desafios diários para garantir que tudo funcione”, explica Roberta. A construção de um negócio envolve mais do que apenas boas ideias: é preciso planejamento, persistência e capacidade de adaptação.


3 - Ganhar dinheiro será rápido

Muitos acreditam que os lucros virão rapidamente, mas a realidade é que pode levar tempo para que o negócio se torne sustentável financeiramente, pontua Mota.


4 - Trabalharei menos do que em um emprego tradicional

Tanto Roberta quanto Victor destacam que empreendedores costumam trabalhar muito mais horas do que empregados comuns. É um compromisso intenso, que exige esforço contínuo.


5 - Depois que a empresa cresce, o trabalho diminui

Com o crescimento da empresa, o trabalho realmente diminui? Não exatamente. O empreendedor é, acima de tudo, um solucionador de problemas e, conforme o negócio expande, os desafios também aumentam. “Uma estrutura maior significa mais responsabilidades, novas demandas e um mercado que está sempre mudando. Se a empresa não cresce de forma estruturada, qualquer fator externo pode impactar significativamente o negócio”, alerta Roberta. Para manter a estabilidade e garantir a evolução da empresa, o empreendedor precisa estar sempre atento e em constante adaptação.


6 - Os clientes vão aparecer sozinhos

É um erro acreditar que um bom produto ou serviço atrairá clientes automaticamente, destaca Victor. “Investir em marketing e relacionamento é essencial para conquistar e manter o público.”


7 - Sei fazer algo bem, logo sei administrar um negócio

Não necessariamente. Você pode saber fazer muito bem algum tipo de produto, serviço ou desenvolver novas ferramentas digitais. Mas administrar um negócio envolve outras habilidades relacionadas à operação, finanças, relacionamento, dentre tantas outras. “Você não precisa ter todas as competências. Talvez desenvolver todas elas demore e o caminho mais rápido para o sucesso seja ter uma sociedade com alguém que complemente o que falta em você. Fazer tudo sozinho, desde o começo, nem sempre é a melhor estratégia para economizar”, ressalta Roberta.


8 - Planejar tudo certinho garante o sucesso

Colocar as ideias “no papel” é a parte fácil. Fazer projeções, estimativas de venda, de custos e pesquisas de mercado é muito importante. Dados são importantes para embasar tomadas de decisão. Porém, ao executar o que foi planejado, sua rotina é impactada por uma série de fatores que não estão sob o seu controle ou gestão. “O empreendedor precisa estar atento às oportunidades que podem aparecer e ter uma visão ampla sobre o negócio e o mercado. É muito menos sobre o que você é hoje e muito mais sobre o que você quer se tornar e como vai fazer para chegar lá. Entenda os momentos em que precisa manter-se fiel ao que foi planejado e os momentos que exigem um completo ajuste de percurso. Não basta a ideia ser boa para receber investimento, ela precisa ser real, rentável e preferencialmente escalável, além de resolver problemas reais e impactar positivamente a sociedade e/ou o ambiente, de forma local ou global.”


9 - O acesso ao crédito será fácil

Muitos novos empreendedores acreditam que conseguir financiamentos é simples, mas, na prática, sem histórico comprovado, o acesso a crédito pode ser um grande desafio, esclarece Victor.


10 - Empreender é o caminho certo para se aposentar mais cedo

Abrir seu próprio negócio envolve altos riscos e um nível de dedicação que pode fazer com que a aposentadoria antecipada seja um sonho distante, a menos que haja um planejamento sólido, afirma Roberta.

11 - Só gente rica consegue empreender

Dinheiro é importante, mas o sucesso está mais ligado à dedicação, à resiliência e à capacidade de enxergar oportunidades, comentam ambos os especialistas.

Empreender é um caminho cheio de desafios e aprendizado contínuo. Saber diferenciar mitos de realidades pode evitar frustrações e preparar melhor os futuros empresários para o sucesso.


12 - O empreendedor sempre ganha mais do que quem trabalha como funcionário.

Não necessariamente. Ao pensar pura e simplesmente na venda do que está sendo ofertado, as pessoas veem faturamento, mas não o que está por trás disso tudo, como impostos, custos de produção, perdas, necessidade de reinvestimento no negócio, a importância de ter um capital de giro, dentre todos os outros serviços que precisará contratar para fazer a sua empresa operar. Muitas vezes, começar a empreender significa que você pode vir a ganhar menos do que quando tinha um emprego com carteira assinada.


13 - Clientes sempre pagarão em dia

É um dos erros mais comuns, segundo Victor. Contar com pagamentos pontuais de todos os clientes pode levar a problemas de fluxo de caixa, frisa o especialista. “É importante ter um plano para lidar com a inadimplência e, principalmente, ter capital de giro para manter o negócio funcionando antes dele se tornar lucrativo e sustentável financeiramente.” 



Márcia Rodrigues
https://www.dcomercio.com.br/publicacao/s/13-mentiras-que-o-empreendedor-ouve-antes-de-abrir-seu-negocio


Trabalho Remoto: Como as empresas podem criar políticas alinhadas à legislação trabalhista

 Saiba quais os aspectos fundamentais para garantir conformidade legal e segurança no Home Office


A expansão do trabalho remoto trouxe inegáveis benefícios de flexibilidade e produtividade, mas também levantou desafios significativos para empregadores e empregados, especialmente no cumprimento das normas trabalhistas. Segundo a advogada trabalhista patronal Juliana Stacechen, criar políticas eficazes para o home office é indispensável para alinhar-se à legislação e evitar problemas jurídicos.

"É fundamental que o contrato de trabalho inclua as atividades a serem realizadas remotamente, bem como regras específicas sobre fornecimento de equipamentos, reembolsos e medidas de segurança", afirma a advogada. A Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) prevê que o empregador é responsável por garantir um ambiente de trabalho seguro, mesmo que o funcionário esteja em casa.

Além disso, Stacechen ressalta a necessidade de abordar questões de saúde mental e ergonomia. "Empresas devem oferecer orientações sobre pausas regulares, postura e até suporte psicológico, quando necessário, para preservar o bem-estar dos colaboradores", explica. Essas medidas vão além de obrigações legais e ajudam a promover um ambiente saudável.

Outro ponto essencial é a segurança da informação. Para a advogada, é imprescindível estabelecer protocolos para proteger dados corporativos, como o uso de redes privadas virtuais (VPNs) e políticas claras de acesso aos sistemas. "O descuido com informações sensíveis pode gerar prejuízos financeiros e comprometer a reputação da empresa", alerta.

Por fim, Juliana Stacechen enfatiza a importância de monitorar as mudanças na legislação e adaptar as políticas de trabalho remoto conforme necessário. "O cenário é dinâmico, e estar atualizado garante não apenas conformidade, mas também melhores condições para empregados e empregadores", conclui.

Com essas orientações, empresas podem estruturar práticas que garantam produtividade, segurança e tranquilidade jurídica no modelo de trabalho remoto.

 

Juliana Stacechen - Advogada especialista em Direito Trabalhista
@julianastacechen
juliana@stacechen.adv.br
https://stacechen.adv.br/


Evite armadilhas no IRPF e transforme a declaração em estratégia financeira

Advogado especialista em gestão de riscos e negociação alerta sobre os erros mais comuns na declaração do Imposto de Renda e como usá-la para otimizar o planejamento financeiro.

 

Em tempos de entrega da declaração do Imposto de Renda Pessoa Física (IRPF), muitos contribuintes ainda têm dúvidas sobre como evitar erros que podem levar à malha fina ou resultar em cobranças indevidas. Segundo o advogado Sandro Wainstein, especialista em gestão de riscos e negociação, a declaração do IRPF pode ser não apenas uma obrigação fiscal, mas também uma oportunidade para um planejamento financeiro mais estratégico.

 

"Muitos contribuintes acabam caindo em armadilhas por falta de atenção ou desconhecimento. Informações inconsistentes sobre rendimentos, bens e deduções podem gerar problemas com a Receita Federal, além de impactar negativamente a organização financeira pessoal", explica Wainstein.

 

Além de evitar inconsistências que possam gerar multas e fiscalizações, Wainstein destaca que a declaração pode ser uma ferramenta útil para reavaliar a estrutura patrimonial e os investimentos. "Ao analisar os dados do IRPF, o contribuinte pode identificar possibilidades de otimização tributária, organizar melhor seus rendimentos e até mesmo antecipar ajustes para os próximos anos", ressalta.

Outro ponto importante, segundo o especialista, é a possibilidade de destinar parte do imposto devido a projetos sociais. "Pouca gente sabe, mas é possível direcionar uma parcela do imposto a pagar para fundos de apoio a crianças, adolescentes e idosos, sem custo adicional. Essa é uma forma de exercer cidadania fiscal e contribuir para causas relevantes", afirma.

Com o avanço da tecnologia, a Receita Federal aprimorou seus mecanismos de cruzamento de dados, tornando a fiscalização mais rigorosa. Por isso, Wainstein recomenda atenção redobrada ao preencher a declaração. "O ideal é reunir todos os documentos com antecedência e, sempre que possível, contar com o auxílio de um profissional para evitar inconsistências e garantir que todas as oportunidades de otimização tributária sejam aproveitadas", orienta.

O prazo de entrega da declaração do IRPF começou em 17 de março e terminará em 30 de maio. A expectativa da Receita Federal é de que 46,2 milhões de declarações sejam entregues até o final do prazo. Contribuintes que perderem a data estarão sujeitos a multas. Para evitar transtornos e transformar a declaração em uma aliada da gestão financeira, a melhor estratégia é planejamento e atenção aos detalhes.

  

Sandro Wainstein

www.wainstein.com.br


A NR-1 e a inclusão da educação financeira no ambiente de trabalho possuem relação direta


A Norma Regulamentadora nº 1 (NR-1), que entrará em vigor em maio de 2025, marca um avanço significativo na forma como as empresas devem tratar a segurança e saúde dos trabalhadores. Com a recente inclusão de riscos psicossociais, que envolvem questões de saúde mental no ambiente de trabalho, a norma reconhece, finalmente, o impacto de fatores como estresse, assédio moral, e burnout, entre outros, como elementos que afetam diretamente a saúde do trabalhador.

No entanto, é importante que essa abordagem se amplie para incluir também a educação financeira, um aspecto essencial que impacta diretamente na qualidade de vida e produtividade dos colaboradores. De acordo com o presidente da Associação Brasileira de Profissionais de Educação Financeira (ABEFIN), Reinaldo Domingos, "a saúde financeira é um pilar fundamental para o bem-estar do trabalhador, sendo que dificuldades financeiras podem afetar negativamente tanto a motivação quanto a produtividade."

Ele destaca que, mesmo com políticas de recursos humanos bem estruturadas, a questão do dinheiro não pode ser ignorada. "As pessoas trabalham em função dos salários, e quando elas percebem que esses não são suficientes para realizar seus objetivos e sonhos, é natural que isso gere insatisfação, o que pode afetar diretamente sua performance no trabalho", explica Domingos.

Em um cenário em que a pressão financeira se torna um fardo crescente para muitos trabalhadores, a falta de gestão adequada das finanças pessoais pode levar a um ciclo vicioso de estresse e queda na produtividade. Problemas como endividamento, falta de planejamento financeiro e dificuldades para lidar com imprevistos podem gerar impactos significativos no ambiente de trabalho.

Isso se reflete em uma maior taxa de absenteísmo, presenteísmo, desgaste emocional e, consequentemente, uma queda na motivação e engajamento com as tarefas diárias.

O médico Vicente Beraldi, da Moema Medicina do Trabalho, complementa que o contexto financeiro atual tem forte relação com a saúde mental do trabalhador. "A instabilidade financeira gera um estresse constante que pode desencadear condições como ansiedade e depressão, impactando não só a vida pessoal do trabalhador, mas também sua produtividade no ambiente corporativo", afirma Beraldi.

Segundo ele, os transtornos mentais, exacerbados por pressões externas como dificuldades financeiras, têm se tornado uma das principais causas de afastamentos, superando até as doenças físicas nos últimos anos. O aumento de transtornos como a síndrome de Burnout, a ansiedade e a depressão reflete as pressões vividas no dia a dia, que frequentemente estão relacionadas a questões financeiras mal administradas.

A relação entre finanças pessoais e saúde mental dentro do ambiente de trabalho é clara, e a integração da educação financeira nas estratégias de Recursos Humanos se torna cada vez mais uma necessidade. O desenvolvimento de programas de educação financeira nas empresas não apenas ajuda a promover a estabilidade financeira entre os colaboradores, mas também contribui para uma saúde mental mais equilibrada e um ambiente organizacional mais saudável.

Ao oferecer apoio em questões financeiras, as empresas podem aliviar a pressão sobre seus trabalhadores, aumentando o foco e a motivação no trabalho, além de reduzir o estresse e melhorar o clima organizacional.

Domingos destaca ainda que as empresas podem adotar medidas práticas, como treinamentos sobre como administrar melhor os salários e benefícios, o que não só ajuda os trabalhadores a alcançarem maior equilíbrio financeiro, mas também favorece a retenção de talentos e a melhoria dos resultados organizacionais. Ele acrescenta: "Programas de educação financeira bem estruturados são essenciais para mudar o comportamento financeiro dos colaboradores e garantir que eles se sintam mais seguros e motivados no seu ambiente de trabalho."

Assim, ao integrar a educação financeira nas práticas corporativas, as organizações não apenas cumprem com as novas exigências da NR-1, mas também oferecem um ambiente de trabalho mais saudável e produtivo para todos os colaboradores.


Como a internet e os influenciadores afetam e moldam os jovens

 

Divulgação

Em uma sociedade cada vez mais ameaçada pela violência e pela insegurança física e financeira, muitos pais passaram a "proteger" seus filhos dentro de casa, uma solução motivada pelo medo e pela falta de segurança nas ruas, onde antes era possível caminhar sem a constante preocupação com assaltos ou conflitos violentos. Além disso, sair com as crianças tornou-se um desafio financeiro em um cenário de economia precarizada, onde cada centavo é essencial para o básico. Com a popularização da internet, a distração das crianças e adolescentes migrou para as redes sociais, oferecendo aos pais momentos de tranquilidade, mas expondo os jovens a um ambiente sem filtros, senso crítico ou ética, onde frequentemente circulam conteúdos ilegais.

Devido a tudo isso, os influenciadores digitais tornaram-se figuras centrais na vida dos adolescentes, moldando comportamentos, opiniões e hábitos de consumo e de vida. Embora muitos criadores de conteúdo promovam informações úteis e motivacionais, a influência excessiva e até intencional, pode gerar consequências negativas no desenvolvimento psicológico, social e emocional dos jovens. O fenômeno da influência digital deve ser analisado com cautela, especialmente pelos riscos inerentes ao consumo acrítico de conteúdo nas redes sociais.

Um dos principais perigos está relacionado à construção da autoimagem e da autoestima dos adolescentes. Muitos influenciadores apresentam estilos de vida idealizados, frequentemente editados e filtrados para parecerem perfeitos. Essa exibição contínua de padrões estéticos inatingíveis pode gerar insatisfação corporal, transtornos alimentares e ansiedade/depressão, uma vez que os jovens se comparam constantemente a modelos irreais.

Outro aspecto preocupante é a disseminação de desinformação. Muitos influenciadores compartilham conselhos sobre saúde, nutrição e bem-estar sem embasamento científico, levando adolescentes a adotarem práticas prejudiciais, como dietas extremas, automedicação ou tratamentos estéticos inseguros. A ausência de regulamentação no conteúdo digital facilita a propagação de informações incorretas, colocando em risco a saúde física e mental dos jovens.

Além disso, a influência digital contribui para o consumismo impulsivo. O marketing de influência disfarçado de opinião pessoal incentiva os adolescentes a adquirirem produtos e serviços sem necessidade real. Muitas vezes, eles não percebem que estão sendo persuadidos por publicidade sutilmente integrada ao conteúdo. Essa prática pode gerar endividamento precoce, frustração e um senso distorcido de necessidade material, reforçando a ideia de que a felicidade está atrelada ao consumo excessivo.

A normalização de comportamentos prejudiciais também é um fator preocupante. Alguns desafios virais promovidos por influenciadores envolvem atividades perigosas, como consumo de substâncias ilícitas, exposição a riscos físicos e práticas de bullying virtual. Influenciadores digitais e grupos denominados de “red pill” e “incel” norteiam o pensamento dos adolescentes para terem comportamento agressivos contra mulheres e a população LGBTQIA+. 

A nova série “Adolescência”, da Netflix, escancara esta realidade de uma forma brutal, trazendo à tona o que a sociedade já sabia, mas tinha medo de discutir. Jovens sempre buscaram comunidades que geram senso de autoaceitação e buscam este senso no mundo digital. A busca incessante por validação e pertencimento pode levar adolescentes a imitar condutas inadequadas, antiéticas e ilegais apenas para se sentirem aceitos dentro de comunidades online.

A dependência digital é outro efeito negativo associado ao consumo excessivo de conteúdo de influenciadores. O uso prolongado das redes sociais compromete o desenvolvimento social e cognitivo dos adolescentes, reduzindo a interação presencial, prejudicando a concentração nos estudos e impactando negativamente o sono. O ciclo de recompensa proporcionado por curtidas e comentários reforça a necessidade de cada vez mais aprovação externa, tornando difícil o estabelecimento de uma identidade autônoma e saudável.

A exposição precoce e excessiva à internet também aumenta os riscos de exploração infantil e vulnerabilidade emocional. Alguns influenciadores expõem suas vidas pessoais e de seus filhos sem considerar os impactos psicológicos dessa exposição. Além disso, adolescentes que compartilham detalhes íntimos nas redes podem se tornar alvos de assédio, pedofilia, golpes ou exploração digital.

Diante desses riscos, torna-se essencial o acompanhamento parental, a conscientização sobre os perigos do consumo passivo de conteúdo digital e a valorização de interações sociais fora das telas são medidas fundamentais para mitigar os impactos negativos da influência digital (se forem possíveis devido à violência). Escolas e famílias devem definir limites sobre o uso da tecnologia, ajudando os adolescentes a distinguirem entre realidade e ficção no ambiente virtual.

Os influenciadores digitais têm um papel relevante na sociedade contemporânea, mas seu impacto sobre os adolescentes exige uma abordagem crítica e responsável. O equilíbrio entre o consumo de conteúdo digital e a vida offline, aliado à educação sobre os riscos das redes sociais, é essencial para garantir um desenvolvimento saudável e equilibrado. A construção de uma relação mais consciente dos perigos da internet pelos pais e escolas podem definir os parâmetros aceitáveis do uso da internet. 



Patricia Punder - advogada e compliance officer com experiência internacional. Professora de Compliance no pós-MBA da USFSCAR e LEC – Legal Ethics and Compliance (SP). Uma das autoras do “Manual de Compliance”, lançado pela LEC em 2019 e Compliance – além do Manual 2020. Com sólida experiência no Brasil e na América Latina, Patricia tem expertise na implementação de Programas de Governança e Compliance, LGPD, ESG, treinamentos; análise estratégica de avaliação e gestão de riscos, gestão na condução de crises de reputação corporativa e investigações envolvendo o DOJ (Department of Justice), SEC (Securities and Exchange Comission), AGU, CADE e TCU (Brasil). www.punder.adv.br


Direitos dos passageiros aéreos: O que você precisa saber para viajar com segurança

A complexidade do transporte aéreo brasileiro ganha novos contornos quando o assunto são os direitos dos passageiros. O advogado, especialista em Direito dos passageiros aéreos, Rodrigo Alvim, desmistifica as principais dúvidas e revela os bastidores de um setor marcado por desafios constantes.

"As companhias aéreas frequentemente se aproveitam da desinformação dos consumidores", afirma Alvim. Segundo ele, a maioria dos passageiros desconhece seus direitos fundamentais em situações como atrasos, cancelamentos e extravios de bagagem.


Atrasos: Quando o tempo vale indenização

O especialista esclarece que os direitos variam conforme o tempo de espera. "Após uma hora de atraso, a companhia deve oferecer comunicação. Duas horas? Hora de garantir alimentação. Quatro horas ou mais com necessidade de pernoite? O passageiro tem direito à hospedagem e transporte", explica.


Cancelamentos: Mais que uma simples remarcação

Rodrigo Alvim destaca que cancelamentos com menos de 72 horas de antecedência dão ao passageiro o direito de escolher entre reembolso integral ou reacomodação em outro voo. "Muitos não sabem, mas a escolha é do consumidor, não da companhia", ressalta.

Overbooking: A prática que prejudica o consumidor

Um dos pontos mais controversos, segundo Alvim, é o overbooking. "As indenizações podem chegar a R$ 1.700 em voos nacionais e R$ 3.400 em internacionais. E importante: receber essa compensação não impede a busca por danos morais adicionais", alerta.


Bagagem extraviada: Guarde todas as provas

O advogado recomenda procedimentos específicos: "Sempre solicite o RIB (Registro de Irregularidade de Bagagem) e guarde comprovantes de gastos emergenciais. Isso pode fazer toda a diferença em uma eventual indenização".


O Desafio da informação

"As empresas muitas vezes atuam com base no 'risco calculado'", revela Alvim. Segundo ele, apenas uma pequena parcela de passageiros conhece profundamente seus direitos e busca reparação.


Dica final do especialista

"Documente tudo. Fotos, comprovantes, comunicações. A prova é o caminho para transformar um direito abstrato em realidade concreta", finaliza o especialista.

 

Fonte: Rodrigo Alvim Gusman Pereira - Mestre em Direito pela PUC/MG. Graduado em Direito pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), com um semestre na Univesidad de Barcelona. Possui MBA em gestão empresarial pela FGV. É especialista em Direito dos Passageiros.


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