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segunda-feira, 9 de dezembro de 2024

Qual é o prognóstico da sua saúde? Especialista explica a ciência por trás dos guias personalizados para o bem-estar

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Você pode estar familiarizado com uma série de dicas para viver uma vida saudável: Controle seu peso, faça exercícios físicos, coma alimentos nutritivos e não fume, por exemplo. E se você pudesse combinar esses fatores de estilo de vida com uma série de outras variantes para aprender sobre o seu risco de desenvolver doenças específicas, ajudando-o a detectá-las e tratá-las precocemente, ou até mesmo preveni-las por inteiro? O Dr. e Ph D. Victor Ortega, diretor associado do Centro de Medicina Personalizada da Mayo Clinic no Arizona, explica como a ciência está cada vez mais próxima de tornar possível esses prognósticos pessoais de saúde.

Anteriormente inconcebíveis, esses guias personalizados para o bem-estar estão se tornando cada vez mais possíveis devido às novas e sofisticadas tecnologias de mapeamento genômico que registram os dados que abrangem todo o genoma, explica o Dr. Ortega. Os escores complexos são compilados a partir de uma combinação de dados de milhares a centenas de milhares de sequenciamentos de variantes do DNA de uma pessoa. Esse tipo de dado genômico de grande escala tem o potencial de prever riscos de doenças, como doenças cardíacas, diabetes, asma e cânceres específicos.

"Imagine você saber que tem predisposição genética para sofrer um ataque cardíaco na casa dos 50 anos, ou que você está entre os 5% da população que tem o risco de desenvolver câncer ou diabetes, tudo isso baseado nos dados de todo o seu genoma. Sabendo disso, você poderá tomar decisões informadas sobre o seu estilo de vida e receber exames aprimorados para mitigar esse risco", explica o Dr. Ortega.  

Como pneumologista e cientista genômico, o Dr. Ortega está liderando um movimento para dar um novo impulso aos avanços da medicina de precisão. Sua missão está fundamentada em um profundo compromisso com as equidades na área da saúde e que possui inspiração em sua avó. 

"Minha avó morreu de asma, e isso não deveria ter acontecido. Ela era porto-riquenha como eu, e os porto-riquenhos têm a maior gravidade e frequência de asma em comparação a outros grupos étnicos do mundo", explica o Dr. Ortega. "Eles também representam menos de 1% das pessoas nos estudos genéticos. Portanto, fiz disso uma missão de vida: Desenvolver curas e diagnósticos para pessoas como a minha avó e para todas as pessoas." 

Cada pessoa possui milhões de variantes genéticas, cada uma com um pequeno efeito. Mas, juntas, essas variantes podem aumentar o risco de desenvolver alguma condição. O escore de risco poligênico estima o risco geral que alguém tem de desenvolver uma doença, somando os pequenos efeitos das variantes em todo o genoma de um indivíduo. 

Os escores de risco poligênico não são utilizados para diagnosticar doenças. Algumas pessoas que não têm um escore de alto risco para determinada doença ainda pode estar em risco de desenvolvê-la ou de já tê-la tido. Outras pessoas com escores de alto risco podem nunca desenvolver a doença.

Pessoas com o mesmo risco genético podem apresentar resultados diferentes, dependendo de outros fatores, como o estilo de vida, que determinam as exposições ambientais ao longo da vida, também conhecidas como exposoma.

O Dr. Ortega afirma que chegar ao ponto em que todas as pessoas conheçam seus escores de risco poligênico exigirá uma base sólida de pesquisa "ômica", um conjunto de dados, tecnologias de ponta e novas descobertas sobre as conexões entre genes e doenças — todos esses fatores estão dentro da expertise e das capacidades de sua equipe.

A ômica é um campo multidisciplinar emergente das ciências biológicas que abrange as áreas genômica, proteômica, epigenômica, transcriptômica, metabolômica, entre outras.

"Tudo isso exigirá planejamento e um trabalho considerável, mas é, de fato, o caminho do futuro", diz ele.

Em um período de curto prazo, o Dr. Ortega planeja transitar mais descobertas ômicas dos laboratórios de pesquisa para a área clínica. Os dados ômicos podem ajudar a identificar os responsáveis moleculares que causam a doença de uma pessoa, assim como os biomarcadores que podem levar ao desenvolvimento de tratamentos e diagnósticos direcionados.

Recentes descobertas ômicas no Centro de Medicina Personalizada da Mayo Clinic permitiram que os cientistas previssem a resposta a antidepressivos em pessoas com depressão e descobrissem uma possível estratégia terapêutica para o câncer de medula óssea. Os cientistas também utilizaram as ômicas para identificar variações genéticas que possivelmente aumentam o risco de COVID-19 grave, descobrir possíveis pistas  para prevenir e tratar gliomas e desvendar o mistério genético de um raro transtorno do neurodesenvolvimento.

Com base em seus largos anos de experiência clínica no tratamento de pacientes com doenças respiratórias graves, o Dr. Ortega também está trabalhando para expandir os testes genômicos para um conjunto mais amplo de doenças. Ele destaca o Programa Colaborativo para Doenças Raras e Não Diagnosticadas do Centro como um modelo eficaz que ele espera ampliar.

O Programa para Doenças Raras e Não Diagnosticadas envolve proativamente equipes de saúde em toda a prática clínica da Mayo para realizar testes genômicos direcionados em pacientes com suspeita de alguma doença genética rara. Ele afirma que ampliar essa estratégia para mais doenças ajudará a construir colaborações em toda a Mayo e a educar mais médicos sobre a genômica. Isso também pode garantir que os testes de sequenciamento genômico mais eficazes sejam oferecidos aos pacientes, melhorando, em última análise, seus cuidados e resultados.

O Dr. Ortega está liderando o desenvolvimento de uma estrutura de escore de risco poligênico para a Mayo Clinic, começando com a doença pulmonar intersticial. Essa condição, marcada pela cicatrização progressiva do tecido pulmonar, é influenciada tanto por variantes genéticas raras como por um conjunto de variantes mais comuns, todas as quais são registradas em conjunto nos escores de risco poligênico.

 


Mayo Clinic

 

Do agro ao meio ambiente: qual a importância das abelhas para a economia?

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A morte de três milhões de abelhas está sendo investigada em Lontra, no interior paulista. E essa não é a primeira ocorrência do tipo no ano. Em janeiro, três fazendeiros foram indiciados, em Goiás, pela morte de mais de nove milhões de abelhas. A suspeita, nesse caso, é de uso de agrotóxicos proibidos no Brasil. Muito além da produção de mel, as abelhas têm um papel crucial para a produção de alimentos em todo o planeta, além da manutenção da biodiversidade. Com mais de 20 mil espécies espalhadas pelo mundo, elas são essenciais para os ecossistemas existentes e para a preservação ambiental.

Isso acontece porque esses pequenos insetos desempenham funções fundamentais na polinização de diversas plantas. A polinização é um processo que influencia na reprodução de mais de 75% das culturas alimentares globais e 85% das plantas com flores, explica a doutora em Ciência Biológicas e professora do Programa de Pós-Graduação em Gestão Ambiental da Universidade Positivo (UP), Cíntia Mara Ribas de Oliveira. "A polinização das abelhas nativas resulta em frutos e sementes viáveis que são essenciais para a reprodução e sustentação de plantas de alto valor ambiental e econômico, como o café e o açaí, por exemplo", detalha. Ela ainda revela que essas abelhas nativas são adaptáveis aos ecossistemas locais, sendo essenciais para a manutenção da biodiversidade nos biomas.


Impactos na agricultura

No que diz respeito à agricultura, especificamente no Brasil, as abelhas são fundamentais para a produção de diversas culturas de exportação e consumo interno, como café, soja, maracujá, melão e laranja, entre outras. "A polinização mediada por abelhas aumenta em até 30% a produtividade de algumas culturas, e as abelhas nativas de espécies sem ferrão são os principais polinizadores de cultivos tropicais", aponta Cíntia. No caso do café, a polinização por abelhas não somente aumenta a produção, mas também pode melhorar a qualidade dos grãos. Além disso, plantas como o cajueiro, a goiabeira, o maracujá e a castanheira-do-Brasil são outras entre tantas espécies que dependem da polinização por abelhas para se reproduzirem e manterem uma produção sustentável.

A fauna também é impactada pela polinização das abelhas, especialmente considerando as espécies de animais que consomem frutos polinizados por elas, como pássaros frugívoros, insetos herbívoros e pequenos mamíferos. A especialista explica que, além disso, há a possibilidade de relações de mutualismo entre determinadas espécies de abelhas e outros animais, como algumas aves, serem prejudicadas no caso de perdas na diversidade desses insetos.


Impactos no meio ambiente

A polinização também está ligada a outros serviços ecossistêmicos, como a regulação do clima e a preservação dos recursos hídricos, visto que as plantas polinizadas contribuem para o ciclo hidrológico e para a fixação de carbono, ajudando na mitigação das mudanças climáticas.

A especialista aponta que, no Brasil, essa polinização sustenta a biodiversidade dos seis principais biomas — Amazônia, Cerrado, Mata Atlântica, Caatinga, Pantanal e Pampa —, estabelecendo ecossistemas resilientes e capazes de sustentar uma grande variedade de espécies. "No Cerrado, por exemplo, o pequi e o baru são frutos que dependem diretamente da polinização por abelhas para se reproduzirem. A perda de abelhas poderia reduzir drasticamente a diversidade vegetal e impactar ecossistemas inteiros, comprometendo espécies de animais herbívoros, polinizadores secundários e predadores", ressalta.


Impactos de uma possível extinção

Em um cenário possível de extinção das abelhas, os impactos para o meio ambiente e também para os seres humanos seriam devastadores. Cíntia revela que, para o agronegócio, a perda de polinizadores em um país como o Brasil reduziria consideravelmente a produção de culturas-chave e comprometeria a biodiversidade em várias regiões, com reflexos negativos para a economia nacional. "Em estados mais voltados à produção agrícola, a perda de plantas polinizadas resultaria em uma paisagem menos diversificada e, consequentemente, mais suscetível à degradação ambiental", prevê.

A especialista ainda aponta que, no agronegócio, o valor econômico da polinização no Brasil é estimado em muitos bilhões de reais anuais, e os futuros cenários de ausência de polinizadores forçariam uma adaptação das práticas agrícolas, tornando as operações muito mais caras e menos produtivas, impactando diretamente no custo dos alimentos e na economia nacional. "Além disso, a falta de polinização natural afetaria a qualidade dos frutos e vegetais, reduzindo o teor nutricional e comprometendo a segurança alimentar no país", finaliza.

 


Universidade Positivo
up.edu.br/

 

Pesquisa global AirHelp revela as principais frustrações dos passageiros de companhias aéreas ao voar

 

● Levantamento contou com a participação de cerca de 209 passageiros para conhecer seus principais incômodos quando voam, as frustrações comuns e as mais frustrantes. 

● Maioria sente-se frustrada com a falta de informações em casos de interrupções de voos, limites do tamanho das malas e reembolsos e compensações 

● Maior parte também está incomodada com a falta de espaço para as pernas e oferta de substituição de voos em casos de atrasos e cancelamentos

 

Voar de avião pode ser uma experiência frustrante. É o que revela pesquisa global inédita da AirHelp, empresa de tecnologia de viagens que auxilia passageiros em interrupções de voos. De acordo com o levantamento, a maior frustração ao voar é a falta de informações em casos de interrupções de voos (66%), seguida por limites de tamanhos de malas rígidos ou pouco claros (64%) e dificuldades em reivindicar reembolsos e compensações (63%). A maior parte (63%) também está incomodada com a falta de espaço para as pernas e com a oferta de voos em casos de atrasos e cancelamentos de voos (57%). 

O estudo também procurou saber quais são as maiores frustrações dos passageiros nas viagens. Os mais mencionados foram: limites de tamanhos de malas rígidos ou pouco claros, bagagem não inclusa na reserva do voo e sites confusos e complicados para reservar, nessa ordem. “Nossa pesquisa mostra que a bagagem é um componente frustrante nas viagens. Muitos passageiros acreditam que as informações sobre as bagagens deveriam ser mais claras no momento da reserva do voo para que o viajante não tenha de pagar taxas adicionais no aeroporto ou não levar suas malas para a cabine”, explica Luciano Barreto, diretor-geral da AirHelp no Brasil.  

A pesquisa também revela as maiores frustrações dos passageiros nos aeroportos. Segundo o levantamento, logas filas, comidas e bebidas caras e mudanças de portão de embarque de última hora foram listados entre os três principais motivos de frustração. “Os respondentes reclamaram que perderam muito tempo no aeroporto e ficaram muito frustrados com desorganização, criando longas filas para check-in e segurança”, conta Luciano Barreto. 

Já no caso das aeronaves, as três maiores frustrações dos passageiros foram: falta de espaço para as pernas, banheiros sujos e passageiros reclinando o assento à sua frente. “O nível de conforto nos voos também gera insatisfações, sendo os assentos pequenos e falta de espaço pessoal a reclamação mais comum. Isso é exacerbado pelo comportamento de outros passageiros, especialmente assentos muito reclinados. Banheiros sujos foi outro incômodo comum, com alguns passageiros relatando espaços completamente inutilizáveis ​​durante todo o voo”, diz o diretor-geral. 

Em atrasos e cancelamentos de voos, os passageiros frustram-se mais com a falta de informação sobre a interrupção de um voo, dificuldade em reivindicar reembolsos e compensações e oferta de substituição de voos. “Estamos muito familiarizados com as frustrações dos passageiros com atrasos e cancelamentos. É por isso que muitos nos acionam para ajudá-los a reivindicar a indenização a que têm direito. Nosso estudo revelou que as companhias aéreas podem diminuir as frustrações dos passageiros não apenas pagando indenizações e reembolsos imediatamente, mas também fornecendo informações sobre a interrupção e oferecendo voos de substituição que ajudem os passageiros a seguirem seu destino o mais rápido possível”, relata Luciano Barreto. 

A AirHelp realizou a entrevista de 16 a 30 de setembro, em formato on-line, com 209 passageiros. O objetivo da pesquisa era conhecer os principais incômodos dos passageiros quando voam, as frustrações comuns em voos e quais são as mais frustrantes. Todos os participantes viajaram de avião nos últimos 12 meses e são, majoritariamente, da Europa, EUA e Brasil.

 

Diferenças regionais  

 

Europa 

1º lugar: Tamanho de bagagem restritivo ou falta de clareza sobre as dimensões das malas permitidas nos aviões (73,6%)
 

2º lugar: Falta de informação quando há um problema com voos (66%)
 

3º lugar: Dificuldades na reivindicação de reembolsos e compensações quando um voo está atrasado ou é cancelado (63,1%)
 

4º lugar: Falta de espaço para as pernas nos aviões (61,7%)
 

5º lugar: Ausência de reacomodação em um voo adequado quando há um cancelamento (56,7%)

 

Estados Unidos  
 

1º lugar: Falta de informação quando há um problema com voos (80,7%)
 

2º lugar: Empate entre falta de espaço para as pernas e falta de reacomodação em um voo adequado quando há um cancelamento (67,7%)
 

4º lugar: Filas longas nos aeroportos (58,1%)
 

5º lugar: Falta de voos diretos na hora da compra da passagem (54,8%)

 

Brasil 
 

1º lugar: Falta de espaço para as pernas nos aviões (73,9%)
 

2º lugar: Empate entre bagagem de mão não estar inclusa na reserva, mudanças de última hora no portão de embarque e dificuldades na reivindicação de reembolsos e compensações quando um voo está atrasado ou é cancelado (69,6%)
 

5º lugar: Falta de informação após voo ser cancelado ou estar atrasado (65,2%)
 

6º lugar: Comida cara nos aeroportos (60,9%)
 

7º lugar: Empate entre tamanho de bagagem restritivo ou falta de clareza sobre as dimensões das malas permitidas nos aviões e falta de acomodação noturna quando voos são cancelados (56,5%)
 

9º lugar: Impossibilidade de escolher os assentos na hora da reserva (52,2%)
 

10º lugar: Falta de número de telefone de suporte aos clientes (43,5%)
 

11º lugar: Serviço de atendimento ao cliente ruim (43,5%)
 

12º lugar: Empate entre crianças barulhentas a bordo e toaletes dos aviões sujo (39,13%)

 

Diferenças entre perfis de viajantes 

 

Turistas 
 

1º lugar: Falta de informação após voo ser cancelado ou estar atrasado
 

2º lugar: Tamanho de bagagem restritivo ou falta de clareza sobre as dimensões das malas permitidas nos aviões
 

3º lugar: Falta de espaço para as pernas nos aviões
 

4º lugar: Dificuldades na reivindicação de reembolsos e compensações quando um voo está atrasado ou é cancelado
 

5º lugar: Ausência de reacomodação em um voo adequado quando há um cancelamento

  

Viajando para visitar familiares 
 

1º lugar: Ausência de reacomodação em um voo adequado quando há um cancelamento e dificuldades na reivindicação de reembolsos e compensações quando um voo está atrasado ou é cancelado
 

3º lugar: Tamanho de bagagem restritivo ou falta de clareza sobre as dimensões das malas permitidas nos aviões; sites confusos ou complicados para fazer reserva; bagagem não inclusa na reserva; filas longas nos aeroportos; e falta de informação após voo ser cancelado ou estar atrasado

 

Viajantes de negócios 
 

1º lugar: Dificuldades na reivindicação de reembolsos e compensações quando um voo está atrasado ou é cancelado
 

2º lugar: Falta de espaço para as pernas nos aviões e falta de informação após voo ser cancelado ou estar atrasado
 

4º lugar: Tamanho de bagagem restritivo ou falta de clareza sobre as dimensões das malas permitidas nos aviões
 

5º lugar: Falta de voos diretos na hora da compra da passagem e filas longas nos aeroportos

 

Compensação de passageiro

Para reivindicar uma indenização, os passageiros devem estar cientes de certas condições. A primeira é verificar se o atraso ou cancelamento realmente causou sofrimento, estresse ou lesão ao usuário. Acontecimentos como faltar a uma consulta médica importante, cancelamento de contrato, demissão, afastamento de um acontecimento de grande relevância emocional, são situações que podem dar lugar a um pedido de indenização perante a companhia aérea. Se o passageiro já sofreu os chamados "danos morais" e pode prová-los, os passageiros têm boas chances de obter uma indenização financeira média de R$ 10.000 por pessoa. 

O passageiro tem mais chance de obter uma compensação financeira se a companhia aérea for a responsável direta pela interrupção do voo, por problemas técnicos ou falta de tripulação, por exemplo. A reparação deve ser integral, inclusive para compensação de sofrimentos psicológicos. Mesmo quando a interrupção do serviço é devida a condições climáticas extremas ou situações de força maior que estão fora do controle da companhia aérea, os passageiros continuam a ter direito ao serviço e à informação adequada e tempestiva. 

“O conjunto de direitos dos passageiros aéreos que temos no Brasil é orientado para o cliente e oferece aos passageiros aéreos uma grande consideração, especificando exatamente quais os cuidados que as companhias aéreas devem oferecer e quando em caso de problemas de voo. No entanto, a lei é muito vaga quando se trata de critérios de compensação e pode ser um desafio para um único indivíduo sem conhecimento especializado interpretar a lei corretamente. Entre os principais motivos pelos quais os passageiros brasileiros não reivindicam seus direitos em caso de problemas de voo, podemos encontrar: falta de conhecimento sobre como fazer uma reclamação, mas também falta de consciência dos direitos dos passageiros”, diz Luciano Barreto, diretor-geral da AirHelp no Brasil. 

Leis que protegem os passageiros no Brasil

Quem voa no Brasil está amparado pelo Código de Defesa do Consumidor e pela legislação da Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC), que são os instrumentos jurídicos mais relevantes para o passageiro. Essas leis definem claramente as responsabilidades das companhias aéreas para com seus passageiros sempre que houver problemas de voo. 

A legislação brasileira abrange voos domésticos dentro do Brasil, voos internacionais com partida ou chegada em aeroportos brasileiros, bem como voos com conexão em um aeroporto brasileiro. 

A legislação brasileira protege os passageiros, desde que seus voos atendam aos 4 critérios a seguir: 

● O voo pousou ou decolou em um aeroporto brasileiro 

● O voo foi cancelado com aviso tardio, o voo estava com mais de 3 horas de atraso ou estava com overbook 

● Os passageiros não foram atendidos adequadamente pela companhia aérea 

● O problema ocorreu nos últimos 5 anos

  


AirHelp
www.airhelp.com/pt-br/

 

De malas prontas: Guia para transformar o sonho de morar na Espanha em realidad

  

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A aproximação de um novo ano é o momento perfeito para repensar sonhos e traçar novos caminhos. Para muitos brasileiros, mudar-se definitivamente para a Espanha é uma meta que combina qualidade de vida, oportunidades de trabalho e a chance de vivenciar uma imersão cultural. No entanto, para realizar esse sonho, é necessário um planejamento cuidadoso. Segundo Renata Barbalho, CEO e fundadora da Espanha Fácil, empresa especializada em assessoria de imigração para brasileiros, o primeiro passo é definir o objetivo da mudança: estudar, trabalhar, empreender ou buscar qualidade de vida. “Essa decisão guiará o processo de escolha do tipo de visto ou autorização de residência, considerando requisitos como comprovação de renda, seguro-saúde e, em alguns casos, vínculos familiares”, comenta.

A especialista conta que o mercado de trabalho na Espanha é diversificado, mas também é competitivo. Por isso, recomenda que os interessados iniciem suas pesquisas antes mesmo de embarcar. “Áreas como tecnologia e saúde têm grande demanda, e adaptar o currículo ao formato europeu pode ser decisivo”, orienta.

Uma outra dica, é a escolha de moradia, as grandes cidades, como Madri e Barcelona, oferecem mais oportunidades, mas possuem um custo de vida elevado. “Como alternativas, vale considerar cidades como Valência, Sevilha e Málaga, são opções econômicas que mantêm alta qualidade de vida, com boa infraestrutura e proximidade de serviços essenciais”, explica.

Um fato crucial é a integração cultural, a profissional ressalta que aprender o idioma é indispensável para facilitar a vida cotidiana e a inserção no mercado de trabalho. “Além disso, participar de eventos locais e criar uma rede de contatos ajuda no processo de adaptação”, comenta.

Vale lembrar, que contar com ajuda especializada é uma vantagem para agilizar a parte burocrática. Agências de imigração oferecem serviços que simplificam o processo, como obtenção de vistos, abertura de contas bancárias e orientação em etapas práticas, permitindo que os interessados foquem em seus projetos e sonhos. “Pensando em facilitar o acesso à cidadania espanhola para mais pessoas, especialmente aquelas que não têm condições de pagar por uma assessoria completa, o curso online LMD Fácil, oferece um passo a passo detalhado para que qualquer pessoa consiga obter a nacionalidade espanhola de forma independente e acessível, através da Lei de Memória Democrática, que reconhece a nacionalidade de filhos, netos e bisnetos de espanhois.  Dessa forma, conseguimos alcançar mais pessoas, oferecendo autonomia e flexibilidade durante o trâmite”, comenta.

Mudar para outro país é um passo rumo a uma vida cheia de novas possibilidades e desafios. A Espanha, com sua riqueza cultural, qualidade de vida e oportunidades profissionais, oferece um cenário ideal para quem deseja recomeçar. Porém, o sucesso dessa jornada depende de planejamento cuidadoso, preparação para os desafios e disposição para abraçar o novo. “Com a orientação certa e um plano bem estruturado, é possível não apenas realizar o sonho de morar na Europa, mas também construir uma vida repleta de experiências enriquecedoras. Seja para crescer profissionalmente, desfrutar de uma nova cultura ou oferecer mais qualidade de vida à família”, finaliza.

  

Espanha Fácil


BOLETIM DAS RODOVIAS

Início de tarde com congestionamento na Bandeirantes, Castello Branco e Ayrton Senna/ Carvalho Pinto

 

A ARTESP - Agência de Transporte do Estado de São Paulo informa as condições de tráfego nas principais rodovias que dão acesso ao litoral paulista e ao interior do Estado de São Paulo no início da tarde desta segunda-feira (9).

 

Sistema Anchieta-Imigrantes (SAI)

Operação 5x5 - Tráfego normal, sem congestionamento.

 

Sistema Anhanguera-Bandeirantes

A Rodovia Anhanguera (SP-330), sentido capital, apresenta lentidão do km 12 ao km 11+360. No sentido interior, o tráfego é normal. Na Rodovia dos Bandeirantes (SP-348), sentido capital, há congestionamento do km 18 ao km 13+360, no sentido interior o tráfego é normal.

 

Sistema Castello Branco-Raposo Tavares

Tráfego normal nos dois sentidos da Raposo Tavares (SP-270). Na Castello Branco (SP-280), sentido capital, há congestionamento do km 17+460 ao km 13+700. No sentido interior, o tráfego é normal.

 

Rodovia Ayrton Senna/Carvalho Pinto

Há congestionamento no sentido capital do km 22 ao km 14, no sentido interior o tráfego é normal.

 

Rodovia dos Tamoios

Tráfego normal, sem congestionamento.


Multicloud: Por que estar em uma nuvem não basta para as empresas mais inovadoras


A nuvem (cloud) transformou a forma como as empresas trabalham com dados, oferecendo maior flexibilidade e escalabilidade. No entanto, a crescente demanda por soluções mais dinâmicas e inovadoras impulsionou o surgimento de outros modelos, dentre eles o multicloud, que permitem otimizar custos, melhorar a performance e garantir maior flexibilidade.

 

Como o próprio nome indica, um ambiente multicloud é uma área de computação em nuvem que utiliza os serviços de múltiplos provedores de cloud, como Amazon Web Services (AWS), Microsoft Azure e Google Cloud Platform (GCP). Nele, ao invés de se vincular a um único provedor, as empresas distribuem suas cargas de trabalho entre diferentes plataformas, buscando otimizar custos, desempenho, segurança e flexibilidade.

 

Não por acaso, a busca por soluções mais eficientes e personalizadas dentro da computação em nuvem segue em expansão, com 49% das organizações adotando uma estratégia de nuvem em primeiro lugar, de acordo com um relatório do Cloud Industry Forum 2024. Destas companhias, 98% usam ou planejam usar pelo menos dois provedores de infraestrutura de nuvem, enquanto outros 31% estão usando quatro ou mais.

 

De tão estratégico na atualidade, o multicloud gerou um contrato nos Estados Unidos de US$ 9 bilhões de ninguém menos do que o Pentágono com a Amazon, Microsoft, Oracle e Google. O que as autoridades de segurança buscam com isso é o mesmo que as principais companhias do planeta: obter o melhor de cada provedor com eficiência, agilidade e custo-benefício superior aos modelos tradicionais de computação.

 

Entretanto, a escolha dos provedores certos e a distribuição eficiente das cargas de trabalho são cruciais para o sucesso de um ambiente multicloud. É preciso ter ciência detalhada de cada aplicativo e serviço, considerando ainda a oferta de serviços por cada provedor que atendam às aplicações da companhia e a localização geográfica dos seus clientes.

 

Essa adoção de um ou mais fornecedores dentro do multicloud ainda deve levar em conta serviços e funcionalidades, a precificação, o suporte técnico e a segurança. Uma vez definido isso, é importante construir uma boa distribuição das cargas de trabalho – considerando requisitos, custos, gerenciamento e backups –, o que permite ainda uma resiliência e observalidade qualitativas e eficientes, evitando problemas de maneira preditiva.

 

Fica claro que é grande a complexidade do multicloud, já que gerenciar múltiplos ambientes de nuvem pode ser complexo, exigindo ferramentas e processos específicos. Além disso, é mandatório garantir a segurança dos dados em diferentes plataformas, especialmente quando se trata de conformidade com regulamentações, e integrar diferentes serviços de nuvem pode exigir o desenvolvimento de soluções personalizadas. Sem o devido cuidado, esse ambiente pode sofrer com problemas de gerenciamento e de custos.

 

A procura por recursos que evitem bloqueios dentro das cadeias de fornecimento, com recursos de recuperação de desastres e que, neste pacote, tragam melhores custos e serviços seguirá em alta. E é por isso que saber trabalhar com as tecnologias de ponta é tão importante quanto ter o devido conhecimento para gerenciá-las – sejam elas públicas, privadas ou híbridas em sua origem. Até mesmo a Inteligência Artificial (IA) só pode evoluir em um ambiente múltiplo de nuvens, como corroboraram 92% de líderes em uma recente pesquisa.

 

Para simplificar, pense no ambiente multicloud como administrar um restaurante, no qual cada prato vem de uma cozinha diferente, com seu próprio chef e receita única. Se você souber usar esse cardápio variado, ao mesmo tempo, em favor do seu público-alvo, você terá o que há de melhor em termos de desempenho e confiabilidade em suas operações. Importante reforçar que se trata de um processo contínuo de melhoria e ajustes estratégicos.

 

Se bem “temperada”, essa refeição fará o cliente voltar para repetir a experiência, não tenho a menor dúvida disso.






Alessandro Buonopane - CEO Brasil da GFT Technologies



Professores e Médicos são os profissionais mais confiáveis, segundo brasileiros; Políticos e Influenciadores são os menos confiáveis

Estudo da Ipsos foi realizado em 32 países para apontar os profissionais em que as pessoas mais confiam

 

A pesquisa Ipsos Global Trustworthiness Index 2024, trouxe as percepções de confiança em diferentes profissões em 32 países ao redor do mundo. No Brasil, a maior confiança das pessoas é nos professores, com 58% das menções, seguidos por médicos (53%) e cientistas (52%). “Esses dados indicam que a confiança da população brasileira se concentra em profissionais das áreas de educação e saúde, refletindo a valorização desses setores no contexto local. A liderança dos professores, no topo do ranking desde o início da pesquisa, evidencia a percepção positiva sobre a importância da educação, enquanto médicos e cientistas reforçam a confiança em áreas essenciais para o bem-estar e desenvolvimento social”, comenta Marcos Calliari CEO da Ipsos no Brasil. 

Outro destaque interessante são os profissionais de atendimento em restaurantes e serviços de alimentação, inclusos este ano no estudo, e que estreiam diretamente na quarta posição, sendo considerados confiáveis por 42% dos entrevistados brasileiros. A opinião sobre motoristas de táxi, outra nova categoria incluída este ano, porém, é bem dividida, com 22% dos respondentes no Brasil confiando e 28% desconfiando desses profissionais. 

Já no fim do ranking, os políticos apresentam o índice mais elevado de desconfiança, com 67% dos brasileiros expressando falta de confiança e somente 13% de confiança, seguidos pelos ministros do governo, com 58% de desconfiança e apenas 16% de confiança. Os policiais também enfrentam uma percepção mista, com 36% de desconfiança e 30% de confiança por parte da população.

 

Confiança no resto no mundo

Já na média dos 32 países, os médicos aparecem como os profissionais mais confiáveis, com 58% dos entrevistados classificando a categoria como digna de confiança. Este é o quarto ano consecutivo em que os médicos lideram no índice. A pesquisa também mostra que 56% das pessoas confiam em cientistas, colocando-os na segunda posição, seguidos por professores (54%) na terceira posição. 

Embora estas três profissões se revezem encabeçando os rankings da maior parte dos países pesquisados – incluindo o Brasil –, a pesquisa revela algumas diferenças culturais significativas em certas localidades. Nos Estados Unidos, por exemplo, o ranking é liderado pelas Forças Armadas, que são a profissão mais confiável para 55% – empatado com os professores. Já em Singapura, a polícia aparece em 1º lugar com 52% das menções; Enquanto isso, Japão e Holanda colocam os Juízes no Top 3 dos profissionais mais confiáveis. 

Assim como no Brasil, globalmente os políticos continuam ocupando a última posição no índice de confiança, com apenas 15% dos entrevistados expressando confiança na categoria. Desde o lançamento do índice, em 2018, a classe política tem se mantido consistentemente entre as menos confiáveis. Apesar de uma leve melhora nos últimos anos, com um aumento de 6 pontos percentuais, tanto os políticos quanto os ministros do governo seguem com baixos índices de confiança entre a população globalmente.

 

Influência sem confiança

Outro dado relevante do estudo revela que 58% dos participantes, globalmente, consideram os influenciadores digitais não confiáveis, colocando essa profissão na penúltima posição no ranking global de confiança. A desconfiança é ainda mais acentuada entre os Baby Boomers, com 67% afirmando que não confiam em influenciadores. Entre os Millennials, esse índice é de 52%, enquanto na Geração Z, 48% compartilham da mesma visão, contra apenas 20% que demonstram confiança. 

No Brasil, os números são semelhantes: 56% dos brasileiros desconfiam dos influenciadores, enquanto apenas 16% confiam, deixando os influenciadores atrás apenas dos políticos como os menos confiáveis no ranking do país.

 

Três estações da CPTM recebem ação do ‘CIEE em Movimento’ nesta semana

Estudantes entre 14 e 24 anos poderão se cadastrar em vagas de estágios das 11h às 15h nos dias 09, 10, 11 e 13/12

 

Quem passar pelas estações Palmeiras-Barra Funda, Luz e Brás da CPTM nesta semana, poderá participar da ação 'CIEE em Movimento'. Serão oferecidos serviços como ação de cadastramento em vagas de estágio e cursos de aprendizagem oferecidos pelo Centro de Integração Empresa Escola (CIEE). 

Estudantes entre 14 e 24 anos matriculados no ensino médio, técnico ou superior podem se inscrever e concorrer a vagas de acordo com o perfil. 

Durante a atividade, haverá divulgação de cursos online, orientações e atendimento pelos profissionais do CIEE, que prestam apoio aos jovens na procura de vagas de estágio e auxiliam na solução de dúvidas em relação ao mundo do trabalho. 

A iniciativa acontece na segunda-feira (09/12) na Estação da Luz, terça (10/12) e sexta-feira (13/12) na Estação Brás, e na quarta-feira (11/12) na Estação Palmeiras-Barra Funda, sempre das 11h às 15h.

 

Ações de Cidadania

Todas as iniciativas são realizadas com o apoio da CPTM, que abre espaços em suas estações para a realização de atividades ligadas a promoção do bem-estar de seus passageiros.

  

Serviço
CIEE em Movimento

Data: Segunda-feira (09/12)
Horário: 11h às 15h
Local: Estação da Luz (Linhas 7-Rubi, 11-Coral e Serviço Expresso Aeroporto)
 

Data: Terça-feira (10/12) e sexta-feira (13/12)
Horário: 11h às 15h
Local: Estação Brás (Linhas 7-Rubi, 10-Turquesa, 11-Coral e 12-Safira)


Garimpos ilegais de ouro podem emitir 3,5 toneladas de carbono por hectare e concentrar mercúrio no solo

 

Os pesquisadores coletaram amostras em áreas de mineração de ouro
 nos municípios de Tucumã (PA), Colider (MT), Poconé (MT) e Descoberto (MG),
que abrangem os biomas Amazônia, Cerrado, Pantanal e Mata Atlântica
 (fotos: Matheus Bortolanza Soares)

Pesquisadores da USP e colaboradores analisaram amostras de áreas de mineração em quatro biomas, incluindo Amazônia

 

 Garimpos ilegais de ouro reduzem em até 50% os estoques de carbono de áreas mineradas, especialmente durante estações secas. Como consequência dessa emissão, há aumento de até 70% na disponibilidade de mercúrio (Hg) no solo, representando riscos ambientais e de saúde pública, especialmente para comunidades que vivem próximas a esses locais.

Com base em amostras de solo de regiões de mineração ilegal em quatro biomas, pesquisadores brasileiros verificaram que a liberação de carbono para a atmosfera é, em média, de 3,5 toneladas por hectare, enquanto o acúmulo de Hg pode chegar a 39 quilos por hectare. Os resultados estão em artigo publicado na revista Science of The Total Environment.

Para analisar a dinâmica sazonal dos dois elementos químicos, os pesquisadores utilizaram técnicas avançadas, como a extração química, a espectroscopia – que avalia como a luz interage com a matéria para identificar substâncias e entender suas propriedades químicas e físicas – e a termogravimetria, que mede a variação de massa de um material conforme ele é submetido a alterações de temperatura.

Ao fazer as avaliações ao longo do tempo, os cientistas detectaram que a mudança da estação chuvosa para a seca pode elevar em até 20% a liberação de carbono para a atmosfera.

“A matéria orgânica no solo tem papel crucial na retenção de mercúrio. Com a mineração e o desmatamento, além de liberar o CO2 para a atmosfera, contribuindo com o aquecimento global, há um acréscimo na disponibilidade de mercúrio no solo. Além disso, as mudanças das estações do ano promovem aumento na liberação de Hg do solo, podendo favorecer a contaminação de corpos d’água, entre eles nascentes, rios e lençol freático, com grande potencial de chegar aos seres vivos”, explica o engenheiro agrônomo Matheus Bortolanza Soares, pesquisador de pós-doutorado vinculado ao Departamento de Ciência do Solo da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, da Universidade de São Paulo (Esalq-USP).

Autor correspondente do artigo, Soares recebe bolsa da FAPESP, que também financia o Centro de Estudos de Carbono em Agricultura Tropical (CCARBON), um Centro de Pesquisa, Inovação e Difusão (CEPID) sediado na USP e coordenado por Carlos Eduardo Pellegrino Cerri, coautor do artigo. Também assina o texto Luís Reynaldo Alleoni, pesquisador vinculado ao CCARBON.

“Nossos resultados realçam que a mudança nas estações climáticas [seca e chuvosa] desempenha papel fundamental na manutenção dos estoques de carbono e na regulação da disponibilidade de Hg. A análise da solução do solo mostrou o esgotamento de carbono devido à conversão de pastagem em área de mineração e ao acúmulo de Hg, o que pode representar sérios riscos tanto para os ecossistemas quanto para a saúde humana. Além disso, a contaminação significativa de mercúrio influenciada por fatores climáticos sugere que as mudanças no clima podem exacerbar o transporte e a biodisponibilidade de Hg, levando a maiores desafios ambientais e de saúde pública”, diz Alleoni, que foi orientador de Soares no doutorado e supervisiona seu pós-doutorado, ambos com bolsa da FAPESP.


Paisagens diversas

Os pesquisadores coletaram as amostras em áreas de mineração de ouro nos territórios dos municípios de Tucumã (PA), Colider (MT), Poconé (MT) e Descoberto (MG), que abrangem os biomas Amazônia, Cerrado, Pantanal e Mata Atlântica. Para trabalhar nessas regiões, contaram com a ajuda de professores e cientistas de universidades e instituições de pesquisa locais, que fizeram a intermediação com garimpeiros para entrar nas áreas de coleta.

Dados do MapBiomas referentes a 2022 apontam que o Brasil tem 263 mil hectares de garimpo (duas vezes o tamanho da cidade do Rio de Janeiro) – dos quais 92% estão na Amazônia. Desse total da floresta tropical, 77% ficam a menos de 500 metros de algum tipo de corpo d’água, como rios, lagos e igarapés.

Considerando os valores médios de estoques de Hg obtidos no estudo liderado por Soares, a estimativa é que esses solos minerados possam abrigar cerca de 10.200 toneladas do metal. A pesquisa destacou que a quantidade de Hg varia significativamente entre os locais analisados, sendo a forma de mineração e a idade dos garimpos os fatores cruciais que influenciaram a dinâmica do mercúrio no solo, afetando diretamente sua concentração e mobilidade.

“Nosso trabalho é pioneiro por ter conseguido quantificar a perda de carbono e o acúmulo do metal nas áreas pesquisadas, além de analisar quanto a mudança das estações do ano afeta esses resultados. Porém, ainda precisamos refinar os dados em escala atômica e molecular para desvendar quais compostos orgânicos têm maior potencial de reter Hg e carbono e compreender melhor o papel do clima nessa interação. Isso é fundamental para avaliar o impacto no Brasil como um todo e os efeitos no clima”, diz Soares à Agência FAPESP.

Os garimpos ilegais – sem registro em agências reguladoras e órgãos ambientais – geralmente usam mercúrio em excesso para viabilizar a separação do ouro dos demais sedimentos, causando uma série de impactos sanitários, ambientais, socioculturais e econômicos.

Na Amazônia, o ouro está presente no ambiente em forma de partículas muito pequenas. Para uni-las e facilitar a extração, é utilizado mercúrio metálico, que forma um amálgama. Quando liberado – após a queima do amálgama ou a lavagem nos rios –, pode sofrer um processo químico (metilação) por ação de microrganismos, tornando-se um composto altamente tóxico.

Ao longo do tempo, os peixes podem acumular o metal em seus tecidos e, quando consumidos, representam risco para a saúde humana. Estudo desenvolvido por cientistas da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e de instituições amazonenses, divulgado em 2023, revelou que peixes dos principais centros urbanos da Amazônia estavam contaminados pelo metal (leia mais em: agencia.fapesp.br/50128).

No organismo humano, o mercúrio provoca distúrbios renais, cardiovasculares e imunológicos, com comprometimento da visão e do sistema respiratório. Também pode afetar o sistema nervoso central, resultando em danos cerebrais e desempenho cognitivo reduzido, como os registrados em indígenas do povo Yanomami de nove aldeias assediadas pelo garimpo em Roraima, segundo estudo da Fiocruz em parceria com a USP. Além deles, os territórios mais ocupados por garimpeiros são as terras indígenas Kayapó e Munduruku.

Estima-se que cerca de 19 mil pessoas, majoritariamente indígenas e ribeirinhos, são diretamente afetadas pela contaminação decorrente da mineração de ouro somente na Amazônia, de acordo com a pesquisa. Nos outros biomas os dados sobre as populações em risco de exposição são menos abrangentes.

No trabalho, os cientistas também citam outro estudo que apontou cerca de 5,4 milhões de hectares de minas legalmente ativas no Brasil, incluindo vários tipos de minério, onde os estoques globais de dióxido de carbono equivalente no solo foram calculados em 1,68 gigatonelada (leia mais em: agencia.fapesp.br/41887).

Com base nesses resultados, há uma perda aproximada de até 0,07 gigatonelada de dióxido de carbono equivalente apenas nas camadas mais superficiais do solo, considerando exclusivamente as áreas legais, independentemente do tipo de mineração, e assumindo perdas de carbono semelhantes entre as diferentes regiões.


Alternativas

Segundo os pesquisadores, para mitigar os danos, é essencial fortalecer as políticas de fiscalização da mineração, incentivar a legalização da atividade e implementar programas de educação ambiental direcionados às comunidades locais. Além disso, é necessário utilizar técnicas capazes de reduzir os impactos causados pela disponibilidade de Hg no solo e na água, como a fitorremediação.

Os cientistas estudaram amostras de uma área de mineração abandonada há mais de 50 anos e observaram sinais de restauração da floresta nativa. Nessa área, os teores de carbono no solo são elevados e os níveis de Hg disponíveis são baixos. No entanto, isso demonstra que o processo de restauração é muito lento e, provavelmente, poderia ser acelerado por meio de pesquisas e o uso de novas estratégias de recuperação.

Para Soares, os resultados obtidos são fundamentais para desenvolver estratégias que promovam o aumento da matéria orgânica no solo visando melhorar a retenção de Hg e minimizar as possíveis emissões de CO2. Essas iniciativas contribuem para mitigar a degradação ambiental causada pela mineração, reduzindo os riscos de contaminação e os impactos negativos sobre o ecossistema.

Atualmente na Inglaterra, o pesquisador está em estágio de pesquisa no exterior com bolsa da FAPESP. O objetivo é desenvolver estratégias para reduzir a contaminação ambiental por meio da adição de nanopartículas de biocarvão e resíduos vegetais, além de compreender como as interações do carbono presente nesses materiais podem influenciar o solo e minimizar os impactos causados pela liberação de Hg.

O artigo Impact of climatic seasons on the dynamics of carbon, nitrogen and mercury in soils of Brazilian biomes affected by gold mining pode ser lido em: www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S0048969724064350?via%3Dihub.

 


Luciana Constantino
Agência FAPESP
https://agencia.fapesp.br/garimpos-ilegais-de-ouro-podem-emitir-35-toneladas-de-carbono-por-hectare-e-concentrar-mercurio-no-solo/53510


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