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domingo, 29 de setembro de 2024

Exposição solar em excesso pode prejudicar o seu pet

Assim como em humanos, o câncer de pele pode ser fatal se não diagnosticada e tratada precocemente em pets. 

 

O câncer de pele é uma das formas mais comuns de câncer em cães e gatos, especialmente nas raças de pelagem clara e sem subpelo. De acordo com Raquel Michaelsen, médica-veterinária do Grupo Hospitalar Pet Support, a exposição excessiva ao sol, especialmente em épocas de calor, pode aumentar significativamente o risco de desenvolvimento de tumores cutâneos.

 Conforme Raquel, os tutores devem estar atentos a sinais como: 

-Mudanças na pele, como nódulos ou feridas que não cicatrizam;

-Alterações na coloração da pele;

-Coceira excessiva ou desconforto nas áreas afetadas.

 

Formas de prevenção 

-Proteção solar: conforme Raquel, a aplicação de protetores solares específicos para pets, especialmente em áreas sem pelo, é recomendada. Existem produtos formulados especialmente para animais, que ajudam a prevenir queimaduras solares. 

-Evitar exposição prolongada: durante os horários de pico do sol (entre 10h e 16h), é aconselhável limitar a exposição dos pets ao sol. 

-Check-ups regulares: consultas veterinárias regulares são essenciais para a detecção precoce de problemas de pele e outras condições de saúde. 

-Importância da detecção precoce: a médica-veterinária explica que o diagnóstico precoce é crucial para aumentar as chances de tratamento bem-sucedido. “Caso suspeite de qualquer alteração na pele do seu animal, procure imediatamente um veterinário. O tratamento pode variar desde a remoção cirúrgica de tumores até terapias complementares, dependendo da gravidade da condição”. complementa. 

“Proteger nossos pets do câncer de pele é um ato de amor e responsabilidade. Com cuidados adequados e vigilância, é possível garantir uma vida saudável e feliz para nossos amigos de quatro patas”, finaliza a médica-veterinária do Grupo Hospitalar Pet Support.




Grupo Hospitalar Pet
www.petsupport.com.br

 

Dia mundial dos animais: Logística veterinária impulsiona o transporte de produtos essenciais para pets

No último ano a Solistica movimentou mais de R$4,5 bilhões em transporte e gestão no setor pet em todo o Brasil 

 

No Dia Mundial dos Animais, celebrado em 04 de outubro, é importante ressaltar que o crescente engajamento no bem-estar animal e nos cuidados de saúde adequados para pets tem impulsionado o mercado de produtos e serviços do segmento. O setor de logística e transporte especializado, responsável pela garantia de que medicamentos, alimentos e outros produtos essenciais cheguem ao consumidor final, movimentou cerca de 4,5 bilhões no último ano, somente na Solistica, maior operadora da América Latina com soluções 3PL.

 

O Brasil se destaca no cenário mundial não apenas por sua rica biodiversidade, mas também por sua significativa população de animais de estimação, além de ser um grande player no mercado pecuário. É o terceiro maior país em população total de bichos de estimação, com 54 milhões de cães, 24 milhões de gatos, 19 milhões de peixes e 40 milhões de aves, entre outros animais. 

 

O extenso território e as condições de infraestrutura desafiadoras no Brasil acrescentam complexidade quando falamos do transporte de produtos veterinários. A distribuição precisa ser planejada com cuidado para superar as barreiras geográficas e garantir que os produtos cheguem a todos os cantos do País. Atualmente, grande parte das empresas utilizam um operador logístico terceirizado, tanto no armazenamento quanto no transporte, seja para animais de produção ou animais de companhia. 

 

Com tanta demanda por produtos veterinários, é necessária uma cadeia de suprimentos bem orquestrada. Para Luís Matsuda, da Solistica, é importante que haja uma compreensão profunda dos desafios enfrentados na logística veterinária para evitar problemas nessa cadeia. “Cada produto possui uma particularidade específica e exige uma abordagem especializada em relação aos processos de armazenagem, transporte e gestão da informação, sendo responsabilidade do Operador Logístico garantir a qualidade nestes processos e atendimento de todas estas particularidades. Por isso, nosso papel como Operador é tão importante”, ressalta Matsuda.

 

Tecnologia a favor da eficiência e rastreabilidade


É imprescindível estabelecer um processo sólido e seguro em todo o ciclo do pedido, desde o recebimento dos produtos e correta alocação nas áreas de armazenagem, atendendo a todas as regras de acondicionamento, passando pelo despacho do produto para seu destino e até a entrega ao cliente. Isso requer a incorporação de tecnologias para automação de processos, sistemas de gestão de estoque, monitoramento de processos e, é claro, uma rede de de transporte confiável.

 

O ideal é aproveitar a tecnologia disponível para antecipar a demanda, oferecer rastreabilidade total e atender às exigências regulatórias. O aprendizado de máquina é capaz de dimensionar os recursos de forma adequada, conforme a procura e a sazonalidade. Recursos de rastreamento também contribuem para garantir a transparência e o bom relacionamento com o cliente, certificando ainda a qualidade em todas as etapas. 


Quando se trata da indústria de Saúde e Nutrição Animal, a logística especializada se torna ainda mais essencial, defende Matsuda. “O Brasil é capaz de desenvolver soluções sob medida, que garantem a entrega de produtos pet com qualidade e eficiência para manter a integridade dos produtos, como no caso de vacinas, que devem ser armazenadas e transportadas garantindo temperaturas entre 2°C e 8°C. Na Solistica, utilizamos todas as tecnologias ao nosso alcance, temos processos extremamente robustos e dispomos de parceiros de negócio altamente capacitados, além de uma equipe extremamente engajada e conhecedora deste segmento, tudo isso para promover uma entrega responsável e de qualidade”, conclui.



Cuidados para manter os pets saudáveis e livres da obesidade

Divulgação Royal Canin
ROYAL CANIN® apresenta orientações essenciais para prevenir um dos distúrbios que mais acomete gatos e cães, em colaboração ao livro “Obesidade em Animais de Companhia” 

 

Com mais de 59% dos cães e 52% dos gatos apresentando sobrepeso ou obesidade*, a condição é considerada uma epidemia moderna em pets, sendo um dos maiores desafios na saúde animal do século XXI. Correlacionado à redução da qualidade de vida e uma série de alterações fisiológicas, o excesso de peso pode levar ao desenvolvimento de problemas de saúde graves, como doenças cardiovasculares, diabetes, complicações ortopédicas e respiratórias, impactando diretamente a longevidade dos animais. 

O livro “Obesidade em Animais de Companhia”, lançado recentemente durante um evento na Universidade de São Paulo (USP) que contou com o apoio da ROYAL CANIN®, é a primeira literatura sobre o tema no Brasil desenvolvida por renomados Médicos-Veterinários que, há anos, acompanham de perto a problemática da obesidade em gatos e cães. Editado pelo Dr. Fábio Alves Teixeira e coeditado pelas Dras. Mariana Porsani e Vivian Pedrinelli, a obra oferece uma visão detalhada sobre a prevenção e o manejo do sobrepeso, abordando causas, diagnóstico e estratégias para o tratamento. Como um guia essencial para estudantes e profissionais da saúde animal, a publicação se destaca por sua abordagem científica e acessível, contribuindo significativamente para o enfrentamento da crescente prevalência dessa condição entre os pets. 

“A obesidade é uma doença que traz diversos prejuízos à saúde e resulta na diminuição da expectativa de vida. Entre os seres humanos, o número de pessoas com excesso de peso tem aumentado significativamente em todo o mundo, e a obesidade é hoje considerada uma epidemia global. Da mesma forma, no caso dos animais de companhia, nas últimas décadas também se verificou um crescimento alarmante da obesidade. Por isso, esta obra é de grande relevância, abordando desde a fisiopatologia até os fatores de risco, diagnóstico, tratamento e prevenção, tornando-se um recurso essencial para Médicos Veterinários e Estudantes de Medicina Veterinária”, destaca Dr. Fábio Alves Teixeira. 

Consultas veterinárias regulares são fundamentais para monitorar a saúde do animal e identificar precocemente quaisquer sinais e/ou fatores de risco. Durante o atendimento, o profissional deve realizar a pesagem e registro do peso no histórico do paciente, bem como a avaliação do escore de condição corporal, uma escala validada que determina através de uma avaliação clínica qual é o percentual de sobrepeso do paciente. Com base nessas informações, o Médico-Veterinário irá recomendar exames adicionais, se necessário. Esse acompanhamento permite antecipar ou detectar sinais de problemas associados ao excesso de gordura, como doenças metabólicas e cardiovasculares, além de possibilitar a oferta de orientações personalizadas sobre dieta e estilo de vida. A atividade física também é crucial: cães precisam de caminhadas diárias e atividades ao ar livre que estimulem o corpo e a mente, enquanto gatos podem ser estimulados com brinquedos interativos e brincadeiras que simulem comportamentos naturais, como caça e escalada. Um ambiente enriquecido e variado ajuda a evitar o sedentarismo e contribui com o bem-estar. 

A alimentação balanceada é outro pilar importante. Oferecer alimentos de alta qualidade, formulados para atender às necessidades nutricionais específicas de cada animal, é vital para a saúde a longo prazo. Alimentos especialmente formulados para a necessidade de cada animal, bem como um manejo adequado podem ajudar a prevenir o ganho excessivo de peso. Para os animais que já apresentam excesso de peso, alimentos formulados com baixo teor calórico e que promovem a saciedade ajudam a reduzir o peso corporal. Além de fornecer a quantidade adequada, é essencial controlar a frequência das refeições para manter o peso ideal e prevenir doenças relacionadas ao sobrepeso. 

“Compreender e gerenciar o peso é uma parte indispensável do cuidado com a saúde animal. Estamos comprometidos em fornecer não apenas alimentos de alta qualidade, mas também em oferecer orientação e suporte contínuo aos tutores para que possam fazer as melhores escolhas para uma guarda responsável e o bem-estar de seus animais de estimação, sempre incentivando o acompanhamento do Médico-Veterinário. Nossa missão é ajudar a promover uma vida longa e saudável aos pets, e isso começa com a busca por fontes confiáveis e uma solução nutricional adaptada para cada gato ou cão”, afirma Priscila Rizelo, Médica-Veterinária e Coordenadora de Comunicação Científica da Royal Canin Brasil. 

A ROYAL CANIN® entende a importância do controle de peso para a saúde dos animais e, como parte de seu compromisso em oferecer Saúde Através da Nutrição, desenvolveu a linha Satiety. Esses alimentos são coadjuvantes na gestão de peso de gatos e cães, com baixa densidade energética, maior teor de proteínas e fibras  para garantir mais saciedade e auxiliar os pets a alcançarem o peso ideal de forma saudável e eficaz, a partir de uma nutrição equilibrada. 

Para conhecer mais sobre os alimentos da Linha Veterinária da ROYAL CANIN®, acesse o site.

 


* Loftus & Wakshlag, 2014; Shmalberg, 2016; Pegram, et.al., 2021.



ROYAL CANIN
Para saber mais visite o site.


5 doenças comuns em cães idosos

 Com a longevidade crescente dos pets, algumas doenças que antes eram pouco discutidas tornaram-se mais frequentes e relevantes

 

À medida que os cães envelhecem, enfrentam novas vulnerabilidades de saúde que impactam seu bem-estar. O envelhecimento traz mudanças significativas no organismo, refletindo-se em alterações comportamentais tanto nos animais quanto na rotina de seus tutores.

"Com o aumento da expectativa de vida dos cães, observamos com mais frequência doenças que estão diretamente ligadas à idade. Conhecer essas condições e entender seu impacto na vida do pet ajuda na prevenção e incentiva visitas regulares ao veterinário”, afirma Marina Tiba, Médica-veterinária e Gerente de Produto da Unidade de Animais de Companhia na Ceva Saúde Animal.

Proporcionar um envelhecimento saudável e confortável é fundamental, e isso exige acompanhamento veterinário regular. Veja abaixo algumas das principais doenças que afetam cães idosos:


1- Doenças Cardíacas

Os problemas cardíacos variam conforme o porte do animal e geralmente estão relacionados à idade. Os primeiros sintomas incluem tosse seca e cansaço em atividades simples, como durante o passeio. A avaliação cardíaca deve ser parte dos exames anuais a partir dos 5 anos de idade. Cães diagnosticados precocemente podem ter uma vida normal com tratamento adequado.


2- Problemas Odontológicos

Cães idosos são suscetíveis ao acúmulo de tártaro, placa bacteriana, doença periodontal e tumores bucais. A escovação dental deve ser iniciada desde filhote para prevenir problemas. A avaliação e limpeza periódica da cavidade bucal são essenciais, especialmente com o envelhecimento dos dentes.


3- Catarata

A catarata, que provoca opacificação da lente do olho, pode ocorrer de forma total ou parcial e pode estar relacionada ao envelhecimento ou a condições como a diabetes.

O diagnóstico é realizado pelo veterinário, e a condição pode levar à cegueira. Embora haja cirurgia disponível, algumas situações podem não ser indicadas. Adaptações no ambiente, como manter os móveis em locais fixos, ajudam o pet a se adaptar. A caminha, água e pote de comida devem permanecer sempre no mesmo local, para que o pet possa ter acesso a eles sempre que precisar. Os passeios devem ser sempre no mesmo trajeto, para que o cão se sinta seguro reconhecendo os cheiros, sons e as distâncias percorridas.


4- Problemas ortopédicos

O desgaste das articulações é comum em cães idosos, o que promove dores articulares. A doença ortopédica mais comum nos cães idosos é a artrose, e os principais sintomas observados são uma locomoção mais lenta, dificuldades para acessar locais mais altos, resistência à passeios mais longos, e, em alguns momentos de dor, os pets podem se mostrar um pouco resistentes ao toque na área das articulações.

A prevenção começa com uma dieta equilibrada e exercícios regulares, já que o sobrepeso e a obesidade influenciam muito no desgaste precoce das articulações. Além disso, a realização regular de exercícios ajuda a manter a saúde muscular e aliviar o esforço das articulações. Uma boa opção para os pets que já sofrem com algum desconforto articular pode ser a utilização da hidroesteira, que alivia o contato com o solo e acelera a reabilitação articular.

Em alguns casos o médico-veterinário pode receitar medicamentos específicos para reduzir os quadros de dor e suplementos alimentares que ajudam na manutenção e proteção articulares.


5- Câncer

Tumores e caroços podem ser sinais iniciais de câncer, especialmente em cães mais velhos. Sinais como aumento dos linfonodos, presença de caroços pelo pescoço, axilas e dorso do animal e feridas que não cicatrizam são alertas importantes.

Em outros casos, como linfomas e leucemias, os primeiros sinais podem ser observados em exames de sangue rotineiros.

Casos de câncer nos pets tem crescido cada vez mais nos últimos anos, principalmente nos cães idosos, e, assim como nos humanos, o diagnóstico precoce é crucial, aumentando as chances de tratamento eficaz, que pode incluir cirurgia e quimioterapia, conforme a condição de saúde do animal.

 


Ceva Saúde Animal
www.ceva.com.br


Como manter seu pet saudável em dias de calor e baixa umidade

Freepik
Entenda como mudanças no ambiente e cuidados especiais com a pele, pelagem e respiração podem fazer toda a diferença para a saúde do seu pet

 

Com o aumento das temperaturas e a seca enfrentada por diversas regiões do país, a saúde dos pets pode ser severamente impactada. O calor intenso, combinado com a baixa umidade, traz riscos como desidratação, queimaduras, problemas respiratórios e até complicações mais graves, como o aumento da pressão sanguínea e o risco de insolação. 

Segundo o site de monitoramento IQAir, São Paulo ocupou o primeiro lugar no ranking de qualidade do ar nas primeiras horas da manhã do dia 9 de setembro, com um índice de 162, onde valores mais altos indicam uma piora na qualidade do ar. Por isso, é fundamental que os donos estejam atentos e saibam como proteger seus animais de estimação desses perigos. 

Um dos maiores riscos do tempo seco e quente para os pets é a desidratação. Os animais podem não perceber que precisam beber mais água e, sem a ingestão adequada de líquidos, seus corpos podem perder a capacidade de regular a temperatura. A desidratação pode ser grave, levando à fraqueza, letargia e, em casos extremos, à falência de órgãos. Para evitar isso, é importante garantir que seu pet tenha acesso a água fresca o tempo todo e, em dias muito quentes, considerar incluir alimentos úmidos na dieta. 

Outro perigo são as queimaduras, especialmente nas patas dos cães. O chão quente, como asfalto ou concreto, pode causar queimaduras nas almofadas das patas, resultando em dor e lesões que podem infeccionar. Segundo Felipe Muniz, professor de Medicina Veterinária da Newton Paiva, em dias mais quentes é recomendado evitar passeios em certos horários do dia, além de ter um cuidado especial com cães braquicefálicos, que têm mais dificuldade em realizar a troca de calor. “O ideal é sempre optar por horários em que o sol já esteja mais baixo e testar a temperatura do solo com a palma da mão antes de levar seu pet para fora. Se o chão estiver muito quente para você, estará também para o seu cão”, explica o especialista. 

O aumento da pressão arterial e a insolação são outros perigos silenciosos do tempo seco, já que os pets não suam como os humanos e, portanto, têm mais dificuldade em controlar sua temperatura corporal. A exposição prolongada ao calor pode levar à insolação, uma condição potencialmente fatal. Sinais de alerta incluem respiração ofegante, dificuldade para andar e vômitos. Nessas situações, é crucial levar o animal para um local fresco e buscar atendimento veterinário imediatamente. 

As doenças respiratórias também são comuns no tempo seco. A baixa umidade resseca as vias respiratórias, dificultando a respiração, principalmente em raças braquicefálicos. Também existem animais que já sofrem de alguma doença, como a bronquite, que acabam tendo sua saúde agravada em determinados climas. Para minimizar os riscos, mantenha o ambiente úmido com umidificadores de ar ou toalhas molhadas espalhadas pela casa e evite expor os pets a locais empoeirados ou com muita poluição. 

Outro ponto importante é o cuidado com a alimentação durante esse período. Muitos pets perdem o apetite em dias quentes, o que pode agravar o risco de desidratação e desnutrição. “Uma dica importante ao notar a falta de apetite nos pets é tentar oferecer alimentos mais leves e ricos em líquidos, além de consultar o veterinário sobre possíveis ajustes na dieta. É importante lembrar de não forçar a alimentação, mas monitorar o comportamento e garantir que o pet esteja consumindo nutrientes adequados”, pontua Felipe. 

Além de todos os cuidados físicos, é importante lembrar que o tempo seco pode afetar também o comportamento dos animais, deixando-os mais irritados, letárgicos ou ansiosos devido ao desconforto causado pelo calor. Por isso, manter um ambiente fresco e confortável, além de proporcionar atividades mais leves e em horários adequados, ajuda a manter o bem-estar emocional dos pets. “Com os cuidados certos, como hidratação constante, proteção contra o calor e atenção ao ambiente, é possível garantir que os pets passem por esse período com segurança e bem-estar”, destaca o especialista.

  

Centro Universitário Newton Paiva
  

Terapia Assistida por animais é adotada pelo Hospital Unimed Campinas

Crachá do Thor
Matheus SantAnna de Oliveira


Thor e Maya, um casal de golden retriever, tem visitado semanalmente os internados no hospital da cooperativa médica com o objetivo de motivar, estimular e alegrar os pacientes, ajudando a melhorar tanto a saúde emocional quanto física de quem está hospitalizado, além de proporcionar momentos de antiestresse aos funcionários que, muitas vezes fazem plantões de 12 a 24 horas. Os cães pertencem ao médico Dr. José Emílio Duran Bueno, superintendente da Rede Credenciados, e à esposa dele, Sônia Maria Gatti Mansueti, que, há cinco anos, realizam esse trabalho em redes hospitalares.

 

 


O Hospital Unimed Campinas, primando pela humanização dos tratamentos, aderiu à Terapia Assistida por Animais (TAA), ou Pet Terapia, técnica cientificamente comprovada que ajuda a promover o bem-estar físico, emocional, social e cognitivo de pacientes, recomendada em diversas situações, incluindo o tratamento de pessoas acamadas ou hospitalizadas, com deficiências físicas e/ou intelectuais, assim como de pessoas com doenças psiquiátricas. A visita dos pets ajuda a diminuir o medo e a ansiedade, que podem dificultar determinados tratamentos. Estudos mostram que, além de tirar o foco do problema de saúde, a interação com animais estimula a liberação de uma série de substâncias associadas ao bem-estar, como a dopamina (neurotransmissor que atua no sistema nervoso central), ocitocina ("hormônio do amor" por estar associado a sentimentos de prazer e por afetar a capacidade de estabelecer relações) e endorfina (hormônio natural produzido pelo cérebro que atua como um analgésico natural, aliviando dores e reduzindo o estresse).

Paciente recebe a visita de Thor
Matheus SantAnna de Oliveira

Além disso, a terapia com cachorros também diminui os índices de cortisol (“hormônio do estresse”, que ajuda o corpo a lidar com essa situação, aumentando a energia e melhorando o foco). “Por isso, essa terapia é muito benéfica para os pacientes em condição hospitalar. Nesse contato com os animais, observa-se, inclusive, a melhora no relacionamento interpessoal dos pacientes, a promoção do autocuidado, a redução do sentimento de solidão, a estimulação da atividade física, a melhora dos parâmetros cardiovasculares e a elevação do bem-estar. As visitas dos animais beneficiam também os enfermeiros, inclusive melhorando a relação com os pacientes, além de promover a humanização no ambiente hospitalar”, explica Dr. Emílio.           

 

 Visitas dos pets 


Matheus SantAnna de Oliveira
No Hospital Unimed Campinas, as visitas de Thor e Maya são quinzenais e acontecem de forma revezada, ou seja, um cão de cada vez. Isso porque, para seguir os protocolos, os cães devem tomar banho até 48 horas antes da visita. E, para a raça deles, não são recomendados banhos com menos de 15 dias, devido à pelagem dupla. “Além disso, a troca de energia com os pacientes é muito forte, e precisamos preservar os cães”, esclarece o tutor. O Dr. Emílio e Sônia escolheram os goldens retriever para este trabalho por serem cães inteligentes, dóceis, amigáveis, obedientes, muito fáceis de lidar e que amam agradar. São, além de excelentes animais de terapia, também ótimos guias para deficientes visuais e para atuar em resgate de pessoas. Thor e Mayga têm sete anos de vida e começaram a ser treinados aos seis meses para socialização e adestramento. Para atuar com eles em hospitais, os tutores seguem um rigoroso protocolo, aprovado pela Comissão Controle de Infecção Hospitalar (CCIH), que inclui a apresentação da carteira de vacinação sempre atualizada e de um relatório do veterinário, assegurando que eles estão livres de doenças. Para ingressar nos hospitais, eles precisam estar com coleiras e com placas de identificação no pescoço. Por isso, Thor e Maya usam crachás.

Os médicos e a equipe de enfermagem identificam os pacientes que desejam receber a visita dos animais. São recomendados aqueles que gostam de cachorro, pacientes deprimidos, ou hospitalizados de longa permanência e sem perspectiva de alta. Não são permitidas as visitas aos pacientes em qualquer tipo de isolamento, internados em leitos de UTI, com algum tipo de restrição médica ou que não gostem de animais ou tenham medo de cachorros. Todos os pacientes, visitantes e profissionais da área da saúde devem higienizar as mãos antes e após cada contato com o animal. Em quartos coletivos, o paciente que está ao lado é comunicado e deve estar de acordo com a visita. O animal não pode ter acesso ao banheiro do paciente ou permanecer sobre a sua cama.

 

Humanização dos tratamentos

A unidade hospitalar não é pioneira na Unimed Campinas a receber esse tratamento humanizado com cães. Em maio passado, oito cães de diferentes raças da Instituição Medicão, dentro da programação da 9ª Semana da Sustentabilidade, circularam pelos departamentos de cada uma das sedes da Unimed Campinas para levar mais descontração aos colaboradores. A ideia foi proporcionar relaxamento e, dessa maneira, provocar a consciência de que é preciso ter momentos de descompressão, que fazem tão bem à saúde física e mental.

  

 História

O primeiro relato do uso terapêutico de animais foi registrado na Bélgica, no século IX, com a utilização de animais no auxílio a pessoas com alguma incapacidade. Em 1860, uma enfermeira de origem inglesa teria recomendado a presença de animais de estimação como excelentes companhias para os pacientes crônicos. Mas, apenas em 1961 obteve-se o primeiro registro sobre a utilização de cães como instrumento terapêutico na interação com pacientes infantis e adolescentes. A partir daí houve maior difusão para os programas, baseados em estudos, que buscam ajudar os pacientes. Oficialmente, esses programas são conhecidos como Terapia Assistida por Animais (TAA) e Assistência Auxiliada por Animais (AAA). A TAA utiliza um animal treinado que, por longos períodos, interage com o paciente e realiza exercícios supervisionados. A AAA, ou visitação, é uma intervenção esporádica para recreação e entretenimento. Os animais utilizados com maior frequência são cães, gatos, peixes, coelhos, chinchilas, tartarugas e cobaias (hamsters).

                                  

Cobertura florestal e tipo de ambiente moldam diversidade funcional de aves insetívoras na Mata Atlântica

Exemplo de um serviço ecossistêmico provido pelas aves;
na imagem, um Ariramba-de-cauda-ruiva (
Galbula ruficauda)
se alimentando de uma libélula. A ave faz o controle
das populações de artrópodes
(
foto: Enzo Coletti Manzoli)
Áreas mais desmatadas têm menos espécies, que são mais similares entre si e exercem as mesmas funções ecológicas, mostra estudo conduzido por pesquisadores da UFSCar e da Unesp. Segundo os autores, tal fenômeno compromete a resiliência do ecossistema

 

Cinco séculos de exploração econômica e desmatamento deixaram marcas profundas na Mata Atlântica. Um estudo publicado na revista Environmental Conservation aponta uma delas ao mostrar que a cobertura florestal e o tipo de ambiente são responsáveis por moldar a diversidade funcional das aves insetívoras no bioma. A pesquisa revela que a fragmentação da floresta pode levar à perda de espécies que desempenham funções ecológicas específicas, como o controle de pragas, e destaca a importância de manter a conectividade entre os fragmentos florestais para preservar a biodiversidade e as funções ecológicas essenciais.

O estudo foi realizado por pesquisadores da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e da Universidade Estadual Paulista (Unesp), com apoio da FAPESP (projetos 13/50421-220/01779-521/08534-021/10195-0 e 22/10760-1). A área pesquisada foi o corredor ecológico da região Cantareira-Mantiqueira, no sudeste da Mata Atlântica. Ela cobre aproximadamente 700 mil hectares e conecta o Parque Estadual da Cantareira ao Parque Estadual da Serra da Mantiqueira. A região é formada por diversos mosaicos paisagísticos, com variações de perda florestal e diferentes usos da terra.

A maioria dos remanescentes florestais tem menos de 100 hectares, é isolada e formada por florestas secundárias em estágios de iniciais a médios de sucessão. Essas áreas são cercadas por diferentes formas de uso da terra, incluindo pastagens, agricultura em pequena escala, silvicultura, florestas em regeneração e áreas urbanas.

Os resultados mostraram que áreas com maior cobertura florestal abrigam mais espécies com diferentes funções ecológicas. Áreas com menor cobertura florestal têm diversidade funcional reduzida, comprometendo a resiliência do ecossistema e a oferta de serviços ecológicos essenciais.

“Isso é particularmente importante nas nossas áreas de estudo, muitas vezes compostas por matas secundárias. Ou seja, essas regiões abrigam hoje apenas uma fração das espécies que possuíam originalmente, devido à degradação que o ambiente sofreu”, afirma o biólogo Enzo Coletti Manzoli, que conduziu o trabalho durante seu mestrado, realizado na UFSCar sob a orientação de Augusto João Piratelli, professor do Departamento de Ciências Ambientais.


Espécies sensíveis

A Mata Atlântica cobre aproximadamente 15% do território brasileiro e está presente em 17 Estados. Nessas áreas vivem mais de 70% da população brasileira, responsáveis por 80% do Produto Interno Bruto (PIB) do país. Hoje, restam cerca de 12% de sua cobertura original, de acordo com dados da Fundação SOS Mata Atlântica.

Além da cobertura florestal, o tipo de ambiente desempenha um papel crucial. Florestas secundárias e áreas regeneradas, apesar de não serem equivalentes às florestas primárias em termos de biodiversidade, ainda proporcionam hábitats importantes para espécies de aves insetívoras. No entanto, porções altamente urbanizadas ou convertidas para agricultura intensiva mostraram uma drástica redução na diversidade funcional dessas aves.

“O desflorestamento e a fragmentação têm sido os principais fatores de impacto sobre as espécies de aves nas últimas décadas. Em nossa pesquisa, percebemos como esses ambientes impactados podem conter menos nichos disponíveis para que as espécies de aves ocupem. Consequentemente, o comportamento das comunidades é afetado, podendo levar a uma lacuna na dinâmica de compensação entre as espécies”, explica Manzoli.

Uma das descobertas mais preocupantes foi a constatação de que a fragmentação da floresta pode levar à perda de espécies que desempenham funções ecológicas específicas, como o controle de pragas. Isso ocorre porque espécies com características funcionais únicas são frequentemente as mais sensíveis à perda de hábitat e a mudanças ambientais. “Isso significa que as aves especialistas e suas funções ecossistêmicas podem estar sendo excluídas desses ambientes, pois já existem espécies generalistas ocupando os nichos dos quais essas aves precisam para ocorrer nessas matas em regeneração”, diz Manzoli.

O resultado dessa perda de diversidade funcional não se limita apenas à própria mata degradada. Áreas ocupadas por plantações, onde originalmente havia floresta, podem também ser afetadas pela menor presença de aves insetívoras. Ou seja, a atividade econômica responsável pela derrubada da Mata Atlântica sofre com os problemas que causou ao bioma.

Piratelli ressalta ainda que as áreas de pastagens representam uma pequena parcela da avifauna original, enquanto ambientes como os brejos abrigam algumas espécies não encontradas nas áreas mais florestais. “A fragmentação e a degradação dos hábitats podem levar a extinções locais e à perda de funções ecológicas. Isso é preocupante tanto para a conservação da biodiversidade da Mata Atlântica quanto para a produção agrícola", diz o orientador da pesquisa.

Os pesquisadores utilizaram uma combinação de métodos de campo, incluindo observações e gravações de sons das aves, para catalogar as espécies presentes em diferentes áreas de estudo. Para avaliar a relação entre a cobertura florestal, o tipo de ambiente e a diversidade funcional das aves, foram aplicadas técnicas de análise estatística avançada.

A pesquisa destaca a necessidade de integrar a conservação da biodiversidade com práticas de uso sustentável da terra. Em áreas onde a agricultura e a urbanização são inevitáveis, medidas como a criação de áreas protegidas, o manejo sustentável de florestas secundárias e a implementação de práticas agrícolas favoráveis à biodiversidade podem mitigar os impactos negativos sobre a diversidade funcional das aves.

“O poder de predição dos índices de diversidade funcional pode ser bastante útil para apoiar a tomada de decisão em projetos de uso da terra. Podemos ter ambientes cuja diversidade seja baixa, mas que funcionalmente as aves ali presentes sejam muito diferentes em características entre si e que, por isso, elas forneçam serviços ecossistêmicos mais variados”, explica Manzoli.

Os autores do estudo também destacam a importância de políticas de conservação que promovam a restauração e a conectividade dos fragmentos florestais e a importância de considerar a diversidade funcional nas decisões do uso da terra. “Os próximos passos são verificar como os serviços ecossistêmicos são afetados e quantificar em modelos ecológicos o quanto disso se reflete economicamente”, diz Manzoli. “No meu doutorado testaremos os impactos nas funções ecológicas juntamente com o impacto nos índices de diversidade funcional. Estou ansioso para ver os novos resultados.”

O artigo Forest cover and environment type shape functional diversity of insectivorous birds within the Brazilian Atlantic Forest pode ser lido em: https://doi.org/10.1017/S0376892924000080.

 


Emilio Sant’Anna
Agência FAPESP
https://agencia.fapesp.br/cobertura-florestal-e-tipo-de-ambiente-moldam-diversidade-funcional-de-aves-insetivoras-na-mata-atlantica/52852


Maior primata das Américas é peça-chave para o reflorestamento em região do interior de São Paulo


Mãe carrega filhote na Estação Ecológica do Barreiro Rico,
 em Anhembi. Combate aos incêndios contribuiu para que
dois muriquis nascessem em 2023 e 2024, mas corredores
 ecológicos são fundamentais para grupo se conectar com outros (
foto: Beatriz Robbi/UFV)

Na Estação Ecológica do Barreiro Rico, em Anhembi, abordagens distintas são compartilhadas entre pesquisadores a fim de compreender a relação da floresta com o muriqui-do-sul e conectar populações por meio de corredores ecológicos. Prevenção dos incêndios na área fez com que grupo voltasse a prosperar após quase desaparecer

 

Cercada de pastagens, plantações de cana-de-açúcar, eucalipto e laranja, uma área de 292 hectares no interior de São Paulo abriga cinco dos cerca de 1.300 indivíduos remanescentes na natureza de muriqui-do-sul, ou mono-carvoeiro (Brachyteles arachnoides). Junto com o muriqui-do-norte (B. hypoxanthus), os mono-carvoeiros representam os maiores primatas das Américas, endêmicos da Mata Atlântica e exclusivos do território brasileiro.

Observar do chão a família residente na Estação Ecológica do Barreiro Rico, uma unidade de conservação integral estadual criada em 2006, não é fácil para os humanos, primatas que há muito perderam a habilidade de escalar árvores com destreza.

Por isso, numa manhã de agosto, a doutoranda Beatriz Robbi, do Laboratório de Manejo e Conservação de Fauna, da Universidade Federal de Viçosa (UFV), sobrevoa a copa das árvores com um drone. O pequeno veículo aéreo guiado por controle remoto é dotado de um sensor termal e de uma câmera.

No começo da manhã e no fim da tarde, quando as temperaturas são mais amenas e os galhos e folhas estão mais frios, é mais provável detectar os muriquis pelo calor emanado de seus corpos, de braços alongados e barriga protuberante.

Com autonomia de 20 minutos em cada bateria (são quatro no total), o drone percorre grande parte da área. Quando detecta os muriquis, é possível ir até eles no meio da floresta. Então pode-se observar se estão juntos ou separados, o que estão comendo, se estão se reproduzindo, se têm filhotes ou fêmeas grávidas, entre outras informações. As coletas de dados vão até o final do dia, quando param para dormir. Nenhum foi detectado quando a equipe da Agência FAPESP esteve no local nos dias 21 e 22 de agosto de 2024.

“No total, são 12 indivíduos conhecidos na chamada Área de Proteção Ambiental do Barreiro Rico, que junto com a Estação Ecológica compõe um mosaico de cerca de 30 mil hectares, com fazendas, empresas e fragmentos de Mata Atlântica. No caminho entre essas porções de floresta, porém, existem estradas, fios de alta tensão, plantações, pastagens e construções, o que atrapalha, quando não impossibilita, os grupos de se encontrarem e se reproduzirem entre si”, explica Robbi.

Conectar a população de muriquis é essencial para a conservação da espécie. Medidas para a sua conservação podem contribuir especialmente com as outras quatro espécies de primatas presentes na área: bugio-ruivo, macaco-prego, sagui-da-serra-escuro e sauá. E também com as mais de 200 espécies de aves e mais de 30 de mamíferos terrestres, como quatis, jaguatiricas, onças-pardas, tamanduás-bandeira, queixadas e catetos.

A principal forma de fazer a ligação da área com outros remanescentes são os chamados corredores ecológicos, florestas que conectem os fragmentos de Mata Atlântica então isolados. Esse é o objetivo de um grupo de pesquisadores, ONGs e da Fundação Florestal, órgão que administra as unidades de conservação do Estado de São Paulo.

Restauração

Segundo Luana Carvalho, mestranda no Laboratório de Silvicultura Tropical (Lastrop) da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo (Esalq-USP), que também desenvolve pesquisa no local, por meio do estudo da ecologia da paisagem e de sensoriamento remoto será possível identificar os fragmentos florestais de maior valor ecológico para o muriqui, ou seja, aqueles que ainda possuem qualidade para sua reprodução, alimentação e abrigo.

“A partir disso, poderemos determinar onde e como conectar esses fragmentos. Estamos priorizando espécies arbóreas importantes para a alimentação e uso pelo muriqui, o que nos permitirá orientar uma restauração florestal focada nessa espécie. Assim, poderemos criar corredores ecológicos que, além de expandir a cobertura florestal, oferecerão os recursos alimentares necessários, respeitando as exigências de cada espécie arbórea”, afirma.

Pesquisadores estão coletando dados das plantas mais usadas pelos muriquis-do-sul na região de Anhembi.
Objetivo é guiar reflorestamento que deve conectar fragmentos de Mata Atlântica (foto: Beatriz Robbi/UFV)

Seu projeto, orientado por Edson Vidal, um dos coordenadores do Lastrop e professor na Esalq-USP, busca entender a estrutura da floresta e como ela sustenta as espécies. A área estudada é parte dos 4% remanescentes de floresta estacional semidecidual que restam na Mata Atlântica. Mais seca do que a floresta ombrófila, fitofisionomia mais conhecida por áreas como a Serra do Mar, por exemplo, a estacional semidecidual perde parte das folhas durante os meses de seca como forma de conservar água nas plantas.

A restauração planejada na região faz parte do projeto Corredor Caipira, iniciativa financiada pela Petrobras que visa estabelecer corredores ecológicos para conectar o território.

“O projeto busca justamente reconectar os fragmentos florestais para que a biodiversidade não fique isolada, o que aumentaria em muito os riscos de extinção de espécies em declínio populacional. Os animais precisam de conexão para se reproduzir, para procurar alimento e mesmo aumentar as chances de não desaparecerem por conta de algum evento não controlado, como um incêndio que destrua uma área como essa, por exemplo”, afirma Pedro Brancalion, professor da Esalq-USP e outro coordenador do Lastrop.

Brancalion está à frente do projeto “Compreendendo florestas restauradas para o benefício das pessoas e da natureza – NewFor”, apoiado pela FAPESP no âmbito do Programa BIOTA e pela Organização Neerlandesa para a Pesquisa Científica (NWO), dos Países Baixos.

Barreiro Rico se tornou recentemente parte das cerca de 50 áreas atualmente monitoradas pelo NewFor. Em todas elas, são selecionadas parcelas, porções de 900 metros quadrados de floresta, em que todas as árvores com diâmetro acima de 5 centímetros na altura do peito são medidas e monitoradas. Ao todo, o projeto já monitorou cerca de 800 parcelas, distribuídas ao longo de quase toda a Mata Atlântica.

A cada mês, Robbi visita as parcelas do NewFor em Barreiro Rico, medindo a quantidade de flores, frutos e sementes para saber a disponibilidade de alimento para os muriquis na floresta. Além disso, em um esforço paralelo, ela e Carvalho coletam fezes dos muriquis para identificar quais espécies de frutos são consumidos, a fim de aumentar o número de espécies vegetais indicadas para a área.

“Os muriquis são considerados os jardineiros da floresta, importantes na manutenção da Mata Atlântica. Por se alimentarem de frutos com sementes grandes, são os principais dispersores de espécies arbóreas como cambuí, jatobá e copaíba, que outros animais não conseguem dispersar”, explica Carvalho.

Algumas dessas sementes, inclusive, só germinam após a quebra da dormência, que acontece depois de passarem pelo trato digestório dos animais. Portanto, a extinção local do primata pode causar uma degradação importante na floresta pela perda de espécies da flora restritas a pequenos fragmentos, como a Estação Ecológica do Barreiro Rico.


Fogo

Estimativas dão conta de que entre 200 e 500 muriquis já viveram em Barreiro Rico num passado não muito distante. O grupo da Estação Ecológica era ainda menor em 2018, quando ocorreu o último incêndio na área. Com a trégua do fogo, dois filhotes nasceram entre 2023 e 2024.

Com temperaturas cada vez mais altas e clima mais quente, não foi por milagre que os incêndios cessaram nos últimos anos. João Marcelo Elias, gestor da Estação Ecológica junto à Fundação Florestal, conta que foram muitos fatores que contribuíram para que não houvesse mais queimadas como a de 2012, que destruiu 750 hectares, parte deles dentro da Estação Ecológica.

“Houve um investimento do Estado em recursos humanos, viaturas com 500 litros de água, equipamentos de proteção individual, abafadores, mangueiras, mochilas costais e treinamento de brigadas. Isso é essencial para evitar que um foco se transforme em um incêndio como os que estamos vendo”, diz Elias, citando os então 110 mil focos de calor registrados no país em 2024.

Além do investimento estatal, por meio do projeto SP sem Fogo da Secretaria de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística (Semil), o gestor atribui o sucesso ao engajamento realizado no entorno, que ele chama de uma verdadeira mobilização de empresários, proprietários rurais e da população em geral. Hoje, além dos 500 litros de água em cada viatura, existem reservas de 7 mil litros na base da Estação Ecológica e outros milhares nas propriedades rurais do entorno. A conscientização quanto a evitar fogueiras, queimar lixo, queimadas para limpar terrenos, descarte de bitucas de cigarro acesas e mesmo o simples ato de encostar o motor quente dos tratores na palha seca da cana-de-açúcar, entre abril e setembro, já traz grande alívio para os bombeiros e brigadistas.

“Criou-se um pertencimento ao local, e o muriqui é o nosso melhor garoto-propaganda”, encerra Elias.

 


*Colaboraram Daniel Antônio e Phelipe Janning.

https://agencia.fapesp.br/fapesp-apoiara-colaboracoes-internacionais-em-transicao-urbana-sustentavel/52871

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