Assim
como em humanos, o câncer de pele pode ser fatal se não diagnosticada e tratada
precocemente em pets.
O câncer de pele é uma das formas mais
comuns de câncer em cães e gatos, especialmente nas raças de pelagem clara e
sem subpelo. De acordo com Raquel Michaelsen, médica-veterinária do Grupo
Hospitalar Pet Support, a exposição excessiva ao sol, especialmente em
épocas de calor, pode aumentar significativamente o risco de desenvolvimento de
tumores cutâneos.
Conforme Raquel, os tutores devem
estar atentos a sinais como:
-Mudanças na pele,
como nódulos ou feridas que não cicatrizam;
-Alterações na
coloração da pele;
-Coceira excessiva
ou desconforto nas áreas afetadas.
Formas de prevenção
-Proteção solar: conforme Raquel, a aplicação
de protetores solares específicos para pets, especialmente em áreas sem pelo, é
recomendada. Existem produtos formulados especialmente para animais, que ajudam
a prevenir queimaduras solares.
-Evitar exposição prolongada: durante
os horários de pico do sol (entre 10h e 16h), é aconselhável limitar a
exposição dos pets ao sol.
-Check-ups regulares: consultas
veterinárias regulares são essenciais para a detecção precoce de problemas de
pele e outras condições de saúde.
-Importância da detecção precoce: a
médica-veterinária explica que o diagnóstico precoce é crucial para aumentar as
chances de tratamento bem-sucedido. “Caso suspeite de qualquer alteração na
pele do seu animal, procure imediatamente um veterinário. O tratamento pode
variar desde a remoção cirúrgica de tumores até terapias complementares,
dependendo da gravidade da condição”. complementa.
“Proteger nossos pets do câncer de pele
é um ato de amor e responsabilidade. Com cuidados adequados e vigilância, é
possível garantir uma vida saudável e feliz para nossos amigos de quatro
patas”, finaliza a médica-veterinária do Grupo Hospitalar Pet Support.
No
último ano a Solistica movimentou mais de R$4,5 bilhões em transporte e gestão
no setor pet em todo o Brasil
No Dia Mundial dos
Animais, celebrado em 04 de outubro, é importante ressaltar que o crescente
engajamento no bem-estar animal e nos cuidados de saúde adequados para pets tem
impulsionado o mercado de produtos e serviços do segmento. O setor de logística
e transporte especializado, responsável pela garantia de que medicamentos,
alimentos e outros produtos essenciais cheguem ao consumidor final, movimentou
cerca de 4,5 bilhões no último ano, somente na Solistica, maior operadora da
América Latina com soluções 3PL.
O Brasil se
destaca no cenário mundial não apenas por sua rica biodiversidade, mas também
por sua significativa população de animais de estimação, além de ser um grande
player no mercado pecuário. É o terceiro maior país em população total de bichos
de estimação, com 54 milhões de cães, 24 milhões de gatos, 19 milhões de peixes
e 40 milhões de aves, entre outros animais.
O extenso
território e as condições de infraestrutura desafiadoras no Brasil acrescentam
complexidade quando falamos do transporte de produtos veterinários. A
distribuição precisa ser planejada com cuidado para superar as barreiras
geográficas e garantir que os produtos cheguem a todos os cantos do País.
Atualmente, grande parte das empresas utilizam um operador logístico terceirizado,
tanto no armazenamento quanto no transporte, seja para animais de produção ou
animais de companhia.
Com tanta demanda
por produtos veterinários, é necessária uma cadeia de suprimentos bem
orquestrada. Para Luís Matsuda, da Solistica, é importante que haja uma
compreensão profunda dos desafios enfrentados na logística veterinária para
evitar problemas nessa cadeia. “Cada produto possui uma particularidade
específica e exige uma abordagem especializada em relação aos processos de
armazenagem, transporte e gestão da informação, sendo responsabilidade do
Operador Logístico garantir a qualidade nestes processos e atendimento de todas
estas particularidades. Por isso, nosso papel como Operador é tão importante”,
ressalta Matsuda.
Tecnologia
a favor da eficiência e rastreabilidade
É imprescindível
estabelecer um processo sólido e seguro em todo o ciclo do pedido, desde o
recebimento dos produtos e correta alocação nas áreas de armazenagem, atendendo
a todas as regras de acondicionamento, passando pelo despacho do produto para
seu destino e até a entrega ao cliente. Isso requer a incorporação de
tecnologias para automação de processos, sistemas de gestão de estoque,
monitoramento de processos e, é claro, uma rede de de transporte confiável.
O ideal é aproveitar
a tecnologia disponível para antecipar a demanda, oferecer rastreabilidade
total e atender às exigências regulatórias. O aprendizado de máquina é capaz de
dimensionar os recursos de forma adequada, conforme a procura e a sazonalidade.
Recursos de rastreamento também contribuem para garantir a transparência e o
bom relacionamento com o cliente, certificando ainda a qualidade em todas as
etapas.
Quando se trata da indústria de Saúde e Nutrição Animal, a
logística especializada se torna ainda mais essencial, defende Matsuda. “O
Brasil é capaz de desenvolver soluções sob medida, que garantem a entrega de
produtos pet com qualidade e eficiência para manter a integridade dos produtos,
como no caso de vacinas, que devem ser armazenadas e transportadas garantindo
temperaturas entre 2°C e 8°C. Na Solistica, utilizamos todas as tecnologias ao
nosso alcance, temos processos extremamente robustos e dispomos de parceiros de
negócio altamente capacitados, além de uma equipe extremamente engajada e
conhecedora deste segmento, tudo isso para promover uma entrega responsável e
de qualidade”, conclui.
ROYAL
CANIN® apresenta orientações essenciais para prevenir um dos distúrbios que
mais acomete gatos e cães, em colaboração ao livro “Obesidade em Animais de
Companhia”
Com mais de 59% dos cães e 52% dos
gatos apresentando sobrepeso ou obesidade*, a condição é considerada uma
epidemia moderna em pets, sendo um dos maiores desafios na saúde animal do
século XXI. Correlacionado à redução da qualidade de vida e uma série de
alterações fisiológicas, o excesso de peso pode levar ao desenvolvimento de problemas
de saúde graves, como doenças cardiovasculares, diabetes, complicações
ortopédicas e respiratórias, impactando diretamente a longevidade dos animais.
O livro “Obesidade em Animais de
Companhia”, lançado recentemente durante um evento na Universidade de São
Paulo (USP) que contou com o apoio da ROYAL CANIN®,é a primeira literatura sobre o tema no
Brasil desenvolvida por renomados Médicos-Veterinários que, há anos, acompanham
de perto a problemática da obesidade em gatos e cães. Editado pelo Dr. Fábio
Alves Teixeira e coeditado pelas Dras. Mariana Porsani e Vivian Pedrinelli, a
obra oferece uma visão detalhada sobre a prevenção e o manejo do sobrepeso,
abordando causas, diagnóstico e estratégias para o tratamento. Como um guia
essencial para estudantes e profissionais da saúde animal, a publicação se
destaca por sua abordagem científica e acessível, contribuindo
significativamente para o enfrentamento da crescente prevalência dessa condição
entre os pets.
“A obesidade é uma doença que traz
diversos prejuízos à saúde e resulta na diminuição da expectativa de vida.
Entre os seres humanos, o número de pessoas com excesso de peso tem aumentado
significativamente em todo o mundo, e a obesidade é hoje considerada uma
epidemia global. Da mesma forma, no caso dos animais de companhia, nas últimas
décadas também se verificou um crescimento alarmante da obesidade. Por isso,
esta obra é de grande relevância, abordando desde a fisiopatologia até os
fatores de risco, diagnóstico, tratamento e prevenção, tornando-se um recurso
essencial para Médicos Veterinários e Estudantes de Medicina Veterinária”,
destaca Dr. Fábio Alves Teixeira.
Consultas veterinárias regulares são
fundamentais para monitorar a saúde do animal e identificar precocemente
quaisquer sinais e/ou fatores de risco. Durante o atendimento, o profissional
deve realizar a pesagem e registro do peso no histórico do paciente, bem como a
avaliação do escore de condição corporal, uma escala validada que determina
através de uma avaliação clínica qual é o percentual de sobrepeso do paciente.
Com base nessas informações, o Médico-Veterinário irá recomendar exames
adicionais, se necessário. Esse acompanhamento permite antecipar ou detectar
sinais de problemas associados ao excesso de gordura, como doenças metabólicas
e cardiovasculares, além de possibilitar a oferta de orientações personalizadas
sobre dieta e estilo de vida. A atividade física também é crucial: cães
precisam de caminhadas diárias e atividades ao ar livre que estimulem o corpo e
a mente, enquanto gatos podem ser estimulados com brinquedos interativos e
brincadeiras que simulem comportamentos naturais, como caça e escalada. Um
ambiente enriquecido e variado ajuda a evitar o sedentarismo e contribui com o
bem-estar.
A alimentação balanceada é outro pilar
importante. Oferecer alimentos de alta qualidade, formulados para atender às
necessidades nutricionais específicas de cada animal, é vital para a saúde a
longo prazo. Alimentos especialmente formulados para a necessidade de cada
animal, bem como um manejo adequado podem ajudar a prevenir o ganho excessivo
de peso. Para os animais que já apresentam excesso de peso, alimentos
formulados com baixo teor calórico e que promovem a saciedade ajudam a reduzir
o peso corporal. Além de fornecer a quantidade adequada, é essencial controlar
a frequência das refeições para manter o peso ideal e prevenir doenças
relacionadas ao sobrepeso.
“Compreender e gerenciar o peso é uma
parte indispensável do cuidado com a saúde animal. Estamos comprometidos em
fornecer não apenas alimentos de alta qualidade, mas também em oferecer
orientação e suporte contínuo aos tutores para que possam fazer as melhores
escolhas para uma guarda responsável e o bem-estar de seus animais de
estimação, sempre incentivando o acompanhamento do Médico-Veterinário. Nossa
missão é ajudar a promover uma vida longa e saudável aos pets, e isso começa
com a busca por fontes confiáveis e uma solução nutricional adaptada para cada
gato ou cão”, afirma Priscila Rizelo, Médica-Veterinária e Coordenadora de
Comunicação Científica da Royal Canin Brasil.
A ROYAL CANIN® entende a importância do
controle de peso para a saúde dos animais e, como parte de seu compromisso em
oferecer Saúde Através da Nutrição, desenvolveu a linha Satiety. Esses
alimentos são coadjuvantes na gestão de peso de gatos e cães, com baixa
densidade energética, maior teor de proteínas e fibras para garantir mais
saciedade e auxiliar os pets a alcançarem o peso ideal de forma saudável e
eficaz, a partir de uma nutrição equilibrada.
Para conhecer mais sobre os alimentos
da Linha Veterinária da ROYAL CANIN®, acesse o site.
Com a longevidade
crescente dos pets, algumas doenças que antes eram pouco discutidas tornaram-se
mais frequentes e relevantes
À medida que os cães envelhecem, enfrentam novas vulnerabilidades
de saúde que impactam seu bem-estar. O envelhecimento traz mudanças
significativas no organismo, refletindo-se em alterações comportamentais tanto
nos animais quanto na rotina de seus tutores.
"Com o aumento da expectativa de vida dos
cães, observamos com mais frequência doenças que estão diretamente ligadas à
idade. Conhecer essas condições e entender seu impacto na vida do pet ajuda na
prevenção e incentiva visitas regulares ao veterinário”, afirma Marina Tiba,
Médica-veterinária e Gerente de Produto da Unidade de Animais de Companhia na
Ceva Saúde Animal.
Proporcionar um envelhecimento saudável e
confortável é fundamental, e isso exige acompanhamento veterinário regular.
Veja abaixo algumas das principais doenças que afetam cães idosos:
1- Doenças Cardíacas
Os problemas cardíacos variam conforme o porte do
animal e geralmente estão relacionados à idade. Os primeiros sintomas incluem
tosse seca e cansaço em atividades simples, como durante o passeio. A avaliação
cardíaca deve ser parte dos exames anuais a partir dos 5 anos de idade. Cães
diagnosticados precocemente podem ter uma vida normal com tratamento adequado.
2- Problemas Odontológicos
Cães idosos são suscetíveis ao acúmulo de tártaro,
placa bacteriana, doença periodontal e tumores bucais. A escovação dental deve
ser iniciada desde filhote para prevenir problemas. A avaliação e limpeza
periódica da cavidade bucal são essenciais, especialmente com o envelhecimento
dos dentes.
3- Catarata
A catarata, que provoca opacificação da lente do
olho, pode ocorrer de forma total ou parcial e pode estar relacionada ao
envelhecimento ou a condições como a diabetes.
O diagnóstico é realizado pelo veterinário, e a
condição pode levar à cegueira. Embora haja cirurgia disponível, algumas
situações podem não ser indicadas. Adaptações no ambiente, como manter os
móveis em locais fixos, ajudam o pet a se adaptar. A caminha, água e pote de
comida devem permanecer sempre no mesmo local, para que o pet possa ter acesso
a eles sempre que precisar. Os passeios devem ser sempre no mesmo trajeto, para
que o cão se sinta seguro reconhecendo os cheiros, sons e as distâncias
percorridas.
4- Problemas ortopédicos
O desgaste das articulações é comum em cães idosos,
o que promove dores articulares. A doença ortopédica mais comum nos cães idosos
é a artrose, e os principais sintomas observados são uma locomoção mais lenta,
dificuldades para acessar locais mais altos, resistência à passeios mais longos,
e, em alguns momentos de dor, os pets podem se mostrar um pouco resistentes ao
toque na área das articulações.
A prevenção começa com uma dieta equilibrada e
exercícios regulares, já que o sobrepeso e a obesidade influenciam muito no
desgaste precoce das articulações. Além disso, a realização regular de
exercícios ajuda a manter a saúde muscular e aliviar o esforço das
articulações. Uma boa opção para os pets que já sofrem com algum desconforto
articular pode ser a utilização da hidroesteira, que alivia o contato com o
solo e acelera a reabilitação articular.
Em alguns casos o médico-veterinário pode receitar
medicamentos específicos para reduzir os quadros de dor e suplementos
alimentares que ajudam na manutenção e proteção articulares.
5- Câncer
Tumores e caroços podem ser sinais iniciais de
câncer, especialmente em cães mais velhos. Sinais como aumento dos linfonodos,
presença de caroços pelo pescoço, axilas e dorso do animal e feridas que não
cicatrizam são alertas importantes.
Em outros casos, como linfomas e leucemias, os
primeiros sinais podem ser observados em exames de sangue rotineiros.
Casos de câncer nos pets tem crescido cada vez mais
nos últimos anos, principalmente nos cães idosos, e, assim como nos humanos, o
diagnóstico precoce é crucial, aumentando as chances de tratamento eficaz, que
pode incluir cirurgia e quimioterapia, conforme a condição de saúde do animal.
Entenda como mudanças no ambiente e
cuidados especiais com a pele, pelagem e respiração podem fazer toda a
diferença para a saúde do seu pet
Com o aumento das temperaturas e a seca enfrentada por diversas
regiões do país, a saúde dos pets pode ser severamente impactada. O calor
intenso, combinado com a baixa umidade, traz riscos como desidratação,
queimaduras, problemas respiratórios e até complicações mais graves, como o
aumento da pressão sanguínea e o risco de insolação.
Segundo o site de monitoramento IQAir, São Paulo ocupou o primeiro
lugar no ranking de qualidade do ar nas primeiras horas da manhã do dia 9 de
setembro, com um índice de 162, onde valores mais altos indicam uma piora na
qualidade do ar. Por isso, é fundamental que os donos estejam atentos e saibam
como proteger seus animais de estimação desses perigos.
Um dos maiores riscos do tempo seco e quente para os pets é a
desidratação. Os animais podem não perceber que precisam beber mais água e, sem
a ingestão adequada de líquidos, seus corpos podem perder a capacidade de
regular a temperatura. A desidratação pode ser grave, levando à fraqueza,
letargia e, em casos extremos, à falência de órgãos. Para evitar isso, é
importante garantir que seu pet tenha acesso a água fresca o tempo todo e, em
dias muito quentes, considerar incluir alimentos úmidos na dieta.
Outro perigo são as queimaduras, especialmente nas patas dos cães.
O chão quente, como asfalto ou concreto, pode causar queimaduras nas almofadas
das patas, resultando em dor e lesões que podem infeccionar. Segundo Felipe
Muniz, professor de Medicina Veterinária da Newton Paiva, em dias mais quentes
é recomendado evitar passeios em certos horários do dia, além de ter um cuidado
especial com cães braquicefálicos, que têm mais dificuldade em realizar a troca
de calor. “O ideal é sempre optar por horários em que o sol já esteja mais
baixo e testar a temperatura do solo com a palma da mão antes de levar seu pet
para fora. Se o chão estiver muito quente para você, estará também para o seu
cão”, explica o especialista.
O aumento da pressão arterial e a insolação são outros perigos
silenciosos do tempo seco, já que os pets não suam como os humanos e, portanto,
têm mais dificuldade em controlar sua temperatura corporal. A exposição
prolongada ao calor pode levar à insolação, uma condição potencialmente fatal.
Sinais de alerta incluem respiração ofegante, dificuldade para andar e vômitos.
Nessas situações, é crucial levar o animal para um local fresco e buscar
atendimento veterinário imediatamente.
As doenças respiratórias também são comuns no tempo seco. A baixa
umidade resseca as vias respiratórias, dificultando a respiração,
principalmente em raças braquicefálicos. Também existem animais que já sofrem
de alguma doença, como a bronquite, que acabam tendo sua saúde agravada em
determinados climas. Para minimizar os riscos, mantenha o ambiente úmido com
umidificadores de ar ou toalhas molhadas espalhadas pela casa e evite expor os
pets a locais empoeirados ou com muita poluição.
Outro ponto importante é o cuidado com a alimentação durante esse
período. Muitos pets perdem o apetite em dias quentes, o que pode agravar o
risco de desidratação e desnutrição. “Uma dica importante ao notar a falta de
apetite nos pets é tentar oferecer alimentos mais leves e ricos em líquidos,
além de consultar o veterinário sobre possíveis ajustes na dieta. É importante
lembrar de não forçar a alimentação, mas monitorar o comportamento e garantir
que o pet esteja consumindo nutrientes adequados”, pontua Felipe.
Além de todos os cuidados físicos, é importante lembrar que o
tempo seco pode afetar também o comportamento dos animais, deixando-os mais
irritados, letárgicos ou ansiosos devido ao desconforto causado pelo calor. Por
isso, manter um ambiente fresco e confortável, além de proporcionar atividades
mais leves e em horários adequados, ajuda a manter o bem-estar emocional dos
pets. “Com os cuidados certos, como hidratação constante, proteção contra o
calor e atenção ao ambiente, é possível garantir que os pets passem por esse
período com segurança e bem-estar”, destaca o especialista.
Thor e Maya, um
casal de golden retriever, tem visitado semanalmente os internados no hospital
da cooperativa médica com o objetivo de motivar, estimular e alegrar os
pacientes, ajudando a melhorar tanto a saúde emocional quanto física de quem
está hospitalizado, além de proporcionar momentos de antiestresse aos
funcionários que, muitas vezes fazem plantões de 12 a 24 horas. Os cães pertencem
ao médico Dr. José Emílio Duran Bueno, superintendente da Rede Credenciados, e
à esposa dele, Sônia Maria Gatti Mansueti, que, há cinco anos, realizam esse
trabalho em redes hospitalares.
O Hospital Unimed Campinas, primando pela
humanização dos tratamentos, aderiu à Terapia Assistida por Animais (TAA), ou
Pet Terapia, técnica cientificamente comprovada que ajuda a promover o
bem-estar físico, emocional, social e cognitivo de pacientes, recomendada em
diversas situações, incluindo o tratamento de pessoas acamadas ou
hospitalizadas, com deficiências físicas e/ou intelectuais, assim como de
pessoas com doenças psiquiátricas. A visita dos pets ajuda a diminuir o
medo e a ansiedade, que podem dificultar determinados tratamentos. Estudos
mostram que, além de tirar o foco do problema de saúde, a interação com animais
estimula a liberação de uma série de substâncias associadas ao bem-estar, como
a dopamina (neurotransmissor que atua no sistema nervoso central), ocitocina
("hormônio do amor" por estar associado a sentimentos de prazer e por
afetar a capacidade de estabelecer relações) e endorfina (hormônio natural
produzido pelo cérebro que atua como um analgésico natural, aliviando dores e
reduzindo o estresse).
Paciente recebe a visita de Thor Matheus SantAnna de Oliveira
Além disso, a terapia com cachorros também diminui os
índices de cortisol (“hormônio do estresse”, que ajuda o corpo a lidar com essa
situação, aumentando a energia e melhorando o foco). “Por isso, essa terapia é
muito benéfica para os pacientes em condição hospitalar. Nesse contato com os
animais, observa-se, inclusive, a melhora no relacionamento interpessoal dos
pacientes, a promoção do autocuidado, a redução do sentimento de solidão, a
estimulação da atividade física, a melhora dos parâmetros cardiovasculares e a
elevação do bem-estar. As visitas dos animais beneficiam também os enfermeiros,
inclusive melhorando a relação com os pacientes, além de promover a humanização
no ambiente hospitalar”, explica Dr. Emílio.
Visitas dos pets
Matheus SantAnna de Oliveira
No Hospital Unimed Campinas, as visitas de Thor e
Maya são quinzenais e acontecem de forma revezada, ou seja, um cão de cada vez.
Isso porque, para seguir os protocolos, os cães devem tomar banho até 48 horas
antes da visita. E, para a raça deles, não são recomendados banhos com menos de
15 dias, devido à pelagem dupla. “Além disso, a troca de energia com os
pacientes é muito forte, e precisamos preservar os cães”, esclarece o tutor. O
Dr. Emílio e Sônia escolheram os goldens retriever para este trabalho
por serem cães inteligentes, dóceis, amigáveis, obedientes, muito fáceis de
lidar e que amam agradar. São, além de excelentes animais de terapia, também
ótimos guias para deficientes visuais e para atuar em resgate de
pessoas. Thor e Mayga têm sete anos de vida e começaram a ser treinados
aos seis meses para socialização e adestramento. Para atuar com eles em
hospitais, os tutores seguem um rigoroso protocolo, aprovado pela Comissão
Controle de Infecção Hospitalar (CCIH), que inclui a apresentação da carteira de
vacinação sempre atualizada e de um relatório do veterinário, assegurando que
eles estão livres de doenças. Para ingressar nos hospitais, eles precisam estar
com coleiras e com placas de identificação no pescoço. Por isso, Thor e Maya
usam crachás.
Os médicos e a equipe de enfermagem identificam os
pacientes que desejam receber a visita dos animais. São recomendados aqueles
que gostam de cachorro, pacientes deprimidos, ou hospitalizados de longa
permanência e sem perspectiva de alta. Não são permitidas as visitas aos
pacientes em qualquer tipo de isolamento, internados em leitos de UTI, com
algum tipo de restrição médica ou que não gostem de animais ou tenham medo de
cachorros. Todos os pacientes, visitantes e profissionais da área da saúde
devem higienizar as mãos antes e após cada contato com o animal. Em quartos
coletivos, o paciente que está ao lado é comunicado e deve estar de acordo com
a visita. O animal não pode ter acesso ao banheiro do paciente ou permanecer
sobre a sua cama.
Humanização dos tratamentos
A unidade hospitalar não é pioneira na Unimed
Campinas a receber esse tratamento humanizado com cães. Em maio passado, oito
cães de diferentes raças da Instituição Medicão, dentro da programação da 9ª
Semana da Sustentabilidade, circularam pelos departamentos de cada uma das
sedes da Unimed Campinas para levar mais descontração aos colaboradores. A
ideia foi proporcionar relaxamento e, dessa maneira, provocar a consciência de
que é preciso ter momentos de descompressão, que fazem tão bem à saúde física e
mental.
História
O primeiro relato do uso terapêutico de animais foi
registrado na Bélgica, no século IX, com a utilização de animais no auxílio a
pessoas com alguma incapacidade. Em 1860, uma enfermeira de origem inglesa
teria recomendado a presença de animais de estimação como excelentes companhias
para os pacientes crônicos. Mas, apenas em 1961 obteve-se o primeiro registro
sobre a utilização de cães como instrumento terapêutico na interação com
pacientes infantis e adolescentes. A partir daí houve maior difusão para os
programas, baseados em estudos, que buscam ajudar os pacientes. Oficialmente,
esses programas são conhecidos como Terapia Assistida por Animais (TAA) e
Assistência Auxiliada por Animais (AAA). A TAA utiliza um animal treinado que,
por longos períodos, interage com o paciente e realiza exercícios
supervisionados. A AAA, ou visitação, é uma intervenção esporádica para
recreação e entretenimento. Os animais utilizados com maior frequência são
cães, gatos, peixes, coelhos, chinchilas, tartarugas e cobaias (hamsters).
Exemplo de um serviço ecossistêmico provido pelas aves; na imagem, um Ariramba-de-cauda-ruiva (Galbula ruficauda) se alimentando de uma libélula. A ave faz o controle das populações de artrópodes (foto: Enzo Coletti Manzoli)
Áreas mais desmatadas têm menos
espécies, que são mais similares entre si e exercem as mesmas funções
ecológicas, mostra estudo conduzido por pesquisadores da UFSCar e da Unesp.
Segundo os autores, tal fenômeno compromete a resiliência do ecossistema
Cinco séculos de exploração
econômica e desmatamento deixaram marcas profundas na Mata Atlântica. Um
estudo publicado na revista Environmental Conservation aponta uma
delas ao mostrar que a cobertura florestal e o tipo de ambiente são
responsáveis por moldar a diversidade funcional das aves insetívoras no bioma.
A pesquisa revela que a fragmentação da floresta pode levar à perda de espécies
que desempenham funções ecológicas específicas, como o controle de pragas, e
destaca a importância de manter a conectividade entre os fragmentos florestais
para preservar a biodiversidade e as funções ecológicas essenciais.
O estudo foi realizado por
pesquisadores da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e da Universidade
Estadual Paulista (Unesp), com apoio da FAPESP (projetos 13/50421-2, 20/01779-5, 21/08534-0, 21/10195-0 e 22/10760-1). A área pesquisada foi o corredor ecológico da região
Cantareira-Mantiqueira, no sudeste da Mata Atlântica. Ela cobre aproximadamente
700 mil hectares e conecta o Parque Estadual da Cantareira ao Parque Estadual
da Serra da Mantiqueira. A região é formada por diversos mosaicos
paisagísticos, com variações de perda florestal e diferentes usos da terra.
A maioria dos remanescentes
florestais tem menos de 100 hectares, é isolada e formada por florestas
secundárias em estágios de iniciais a médios de sucessão. Essas áreas são
cercadas por diferentes formas de uso da terra, incluindo pastagens,
agricultura em pequena escala, silvicultura, florestas em regeneração e áreas
urbanas.
Os resultados mostraram que
áreas com maior cobertura florestal abrigam mais espécies com diferentes
funções ecológicas. Áreas com menor cobertura florestal têm diversidade
funcional reduzida, comprometendo a resiliência do ecossistema e a oferta de
serviços ecológicos essenciais.
“Isso é particularmente
importante nas nossas áreas de estudo, muitas vezes compostas por matas
secundárias. Ou seja, essas regiões abrigam hoje apenas uma fração das espécies
que possuíam originalmente, devido à degradação que o ambiente sofreu”, afirma
o biólogo Enzo Coletti Manzoli, que conduziu o trabalho durante seu mestrado,
realizado na UFSCar sob a orientação de Augusto João Piratelli, professor do Departamento de Ciências Ambientais.
Espécies
sensíveis
A Mata Atlântica cobre
aproximadamente 15% do território brasileiro e está presente em 17 Estados.
Nessas áreas vivem mais de 70% da população brasileira, responsáveis por 80% do
Produto Interno Bruto (PIB) do país. Hoje, restam cerca de 12% de sua cobertura
original, de acordo com dados da Fundação SOS Mata Atlântica.
Além da cobertura florestal, o
tipo de ambiente desempenha um papel crucial. Florestas secundárias e áreas
regeneradas, apesar de não serem equivalentes às florestas primárias em termos
de biodiversidade, ainda proporcionam hábitats importantes para espécies de
aves insetívoras. No entanto, porções altamente urbanizadas ou convertidas para
agricultura intensiva mostraram uma drástica redução na diversidade funcional
dessas aves.
“O desflorestamento e a
fragmentação têm sido os principais fatores de impacto sobre as espécies de
aves nas últimas décadas. Em nossa pesquisa, percebemos como esses ambientes
impactados podem conter menos nichos disponíveis para que as espécies de aves
ocupem. Consequentemente, o comportamento das comunidades é afetado, podendo
levar a uma lacuna na dinâmica de compensação entre as espécies”, explica
Manzoli.
Uma das descobertas mais
preocupantes foi a constatação de que a fragmentação da floresta pode levar à
perda de espécies que desempenham funções ecológicas específicas, como o
controle de pragas. Isso ocorre porque espécies com características funcionais
únicas são frequentemente as mais sensíveis à perda de hábitat e a mudanças
ambientais. “Isso significa que as aves especialistas e suas funções
ecossistêmicas podem estar sendo excluídas desses ambientes, pois já existem
espécies generalistas ocupando os nichos dos quais essas aves precisam para
ocorrer nessas matas em regeneração”, diz Manzoli.
O resultado dessa perda de
diversidade funcional não se limita apenas à própria mata degradada. Áreas
ocupadas por plantações, onde originalmente havia floresta, podem também ser
afetadas pela menor presença de aves insetívoras. Ou seja, a atividade
econômica responsável pela derrubada da Mata Atlântica sofre com os problemas
que causou ao bioma.
Piratelli ressalta ainda que as
áreas de pastagens representam uma pequena parcela da avifauna original, enquanto
ambientes como os brejos abrigam algumas espécies não encontradas nas áreas
mais florestais. “A fragmentação e a degradação dos hábitats podem levar a
extinções locais e à perda de funções ecológicas. Isso é preocupante tanto para
a conservação da biodiversidade da Mata Atlântica quanto para a produção
agrícola", diz o orientador da pesquisa.
Os pesquisadores utilizaram uma
combinação de métodos de campo, incluindo observações e gravações de sons das
aves, para catalogar as espécies presentes em diferentes áreas de estudo. Para
avaliar a relação entre a cobertura florestal, o tipo de ambiente e a
diversidade funcional das aves, foram aplicadas técnicas de análise estatística
avançada.
A pesquisa destaca a
necessidade de integrar a conservação da biodiversidade com práticas de uso
sustentável da terra. Em áreas onde a agricultura e a urbanização são
inevitáveis, medidas como a criação de áreas protegidas, o manejo sustentável
de florestas secundárias e a implementação de práticas agrícolas favoráveis à
biodiversidade podem mitigar os impactos negativos sobre a diversidade
funcional das aves.
“O poder de predição dos
índices de diversidade funcional pode ser bastante útil para apoiar a tomada de
decisão em projetos de uso da terra. Podemos ter ambientes cuja diversidade
seja baixa, mas que funcionalmente as aves ali presentes sejam muito diferentes
em características entre si e que, por isso, elas forneçam serviços
ecossistêmicos mais variados”, explica Manzoli.
Os autores do estudo também
destacam a importância de políticas de conservação que promovam a restauração e
a conectividade dos fragmentos florestais e a importância de considerar a
diversidade funcional nas decisões do uso da terra. “Os próximos passos são
verificar como os serviços ecossistêmicos são afetados e quantificar em modelos
ecológicos o quanto disso se reflete economicamente”, diz Manzoli. “No meu
doutorado testaremos os impactos nas funções ecológicas juntamente com o
impacto nos índices de diversidade funcional. Estou ansioso para ver os novos
resultados.”
O artigo Forest cover
and environment type shape functional diversity of insectivorous birds within
the Brazilian Atlantic Forest pode ser lido em: https://doi.org/10.1017/S0376892924000080.
Mãe carrega filhote na Estação Ecológica do Barreiro Rico, em Anhembi. Combate aos incêndios contribuiu para que dois muriquis nascessem em 2023 e 2024, mas corredores ecológicos são fundamentais para grupo se conectar com outros ( foto: Beatriz Robbi/UFV)
Na Estação Ecológica do
Barreiro Rico, em Anhembi, abordagens distintas são compartilhadas entre
pesquisadores a fim de compreender a relação da floresta com o muriqui-do-sul e
conectar populações por meio de corredores ecológicos. Prevenção dos incêndios na
área fez com que grupo voltasse a prosperar após quase desaparecer
Cercada de pastagens,
plantações de cana-de-açúcar, eucalipto e laranja, uma área de 292 hectares no
interior de São Paulo abriga cinco dos cerca de 1.300 indivíduos remanescentes
na natureza de muriqui-do-sul, ou mono-carvoeiro (Brachyteles arachnoides).
Junto com o muriqui-do-norte (B. hypoxanthus), os mono-carvoeiros
representam os maiores primatas das Américas, endêmicos da Mata Atlântica e
exclusivos do território brasileiro.
Observar do chão a
família residente na Estação Ecológica do Barreiro Rico, uma unidade de
conservação integral estadual criada em 2006, não é fácil para os humanos,
primatas que há muito perderam a habilidade de escalar árvores com destreza.
Por isso, numa manhã de
agosto, a doutoranda Beatriz Robbi, do Laboratório de Manejo e Conservação de
Fauna, da Universidade Federal de Viçosa (UFV), sobrevoa a copa das árvores com
um drone. O pequeno veículo aéreo guiado por controle remoto é dotado de um
sensor termal e de uma câmera.
No começo da manhã e no
fim da tarde, quando as temperaturas são mais amenas e os galhos e folhas estão
mais frios, é mais provável detectar os muriquis pelo calor emanado de seus
corpos, de braços alongados e barriga protuberante.
Com autonomia de 20
minutos em cada bateria (são quatro no total), o drone percorre grande parte da
área. Quando detecta os muriquis, é possível ir até eles no meio da floresta.
Então pode-se observar se estão juntos ou separados, o que estão comendo, se
estão se reproduzindo, se têm filhotes ou fêmeas grávidas, entre outras
informações. As coletas de dados vão até o final do dia, quando param para
dormir. Nenhum foi detectado quando a equipe da Agência FAPESP esteve
no local nos dias 21 e 22 de agosto de 2024.
“No total, são 12
indivíduos conhecidos na chamada Área de Proteção Ambiental do Barreiro Rico,
que junto com a Estação Ecológica compõe um mosaico de cerca de 30 mil
hectares, com fazendas, empresas e fragmentos de Mata Atlântica. No caminho
entre essas porções de floresta, porém, existem estradas, fios de alta tensão,
plantações, pastagens e construções, o que atrapalha, quando não impossibilita,
os grupos de se encontrarem e se reproduzirem entre si”, explica Robbi.
Conectar a população de
muriquis é essencial para a conservação da espécie. Medidas para a sua
conservação podem contribuir especialmente com as outras quatro espécies de
primatas presentes na área: bugio-ruivo, macaco-prego, sagui-da-serra-escuro e
sauá. E também com as mais de 200 espécies de aves e mais de 30 de mamíferos
terrestres, como quatis, jaguatiricas, onças-pardas, tamanduás-bandeira,
queixadas e catetos.
A principal forma de
fazer a ligação da área com outros remanescentes são os chamados corredores
ecológicos, florestas que conectem os fragmentos de Mata Atlântica então
isolados. Esse é o objetivo de um grupo de pesquisadores, ONGs e da Fundação
Florestal, órgão que administra as unidades de conservação do Estado de São
Paulo.
Restauração
Segundo Luana Carvalho,
mestranda no Laboratório de Silvicultura Tropical (Lastrop) da Escola Superior
de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo (Esalq-USP), que
também desenvolve pesquisa no local, por meio do estudo da ecologia da paisagem
e de sensoriamento remoto será possível identificar os fragmentos florestais de
maior valor ecológico para o muriqui, ou seja, aqueles que ainda possuem
qualidade para sua reprodução, alimentação e abrigo.
“A partir disso,
poderemos determinar onde e como conectar esses fragmentos. Estamos priorizando
espécies arbóreas importantes para a alimentação e uso pelo muriqui, o que nos
permitirá orientar uma restauração florestal focada nessa espécie. Assim,
poderemos criar corredores ecológicos que, além de expandir a cobertura
florestal, oferecerão os recursos alimentares necessários, respeitando as
exigências de cada espécie arbórea”, afirma.
Pesquisadores estão coletando
dados das plantas mais usadas pelos muriquis-do-sul na região de Anhembi.
Objetivo é guiar reflorestamento que deve conectar fragmentos de Mata Atlântica
(foto: Beatriz Robbi/UFV)
Seu projeto, orientado
por Edson Vidal, um dos coordenadores do
Lastrop e professor na Esalq-USP, busca entender a estrutura da floresta e como
ela sustenta as espécies. A área estudada é parte dos 4% remanescentes de
floresta estacional semidecidual que restam na Mata Atlântica. Mais seca do que
a floresta ombrófila, fitofisionomia mais conhecida por áreas como a Serra do
Mar, por exemplo, a estacional semidecidual perde parte das folhas durante os
meses de seca como forma de conservar água nas plantas.
A restauração planejada
na região faz parte do projeto Corredor Caipira,
iniciativa financiada pela Petrobras que visa estabelecer corredores ecológicos
para conectar o território.
“O projeto busca
justamente reconectar os fragmentos florestais para que a biodiversidade não
fique isolada, o que aumentaria em muito os riscos de extinção de espécies em
declínio populacional. Os animais precisam de conexão para se reproduzir, para
procurar alimento e mesmo aumentar as chances de não desaparecerem por conta de
algum evento não controlado, como um incêndio que destrua uma área como essa,
por exemplo”, afirma Pedro Brancalion, professor da Esalq-USP e
outro coordenador do Lastrop.
Barreiro Rico se tornou
recentemente parte das cerca de 50 áreas atualmente monitoradas pelo NewFor. Em
todas elas, são selecionadas parcelas, porções de 900 metros quadrados de
floresta, em que todas as árvores com diâmetro acima de 5 centímetros na altura
do peito são medidas e monitoradas. Ao todo, o projeto já monitorou cerca de
800 parcelas, distribuídas ao longo de quase toda a Mata Atlântica.
A cada mês, Robbi visita
as parcelas do NewFor em Barreiro Rico, medindo a quantidade de flores, frutos
e sementes para saber a disponibilidade de alimento para os muriquis na
floresta. Além disso, em um esforço paralelo, ela e Carvalho coletam fezes dos
muriquis para identificar quais espécies de frutos são consumidos, a fim de
aumentar o número de espécies vegetais indicadas para a área.
“Os muriquis são
considerados os jardineiros da floresta, importantes na manutenção da Mata
Atlântica. Por se alimentarem de frutos com sementes grandes, são os principais
dispersores de espécies arbóreas como cambuí, jatobá e copaíba, que outros
animais não conseguem dispersar”, explica Carvalho.
Algumas dessas sementes,
inclusive, só germinam após a quebra da dormência, que acontece depois de passarem
pelo trato digestório dos animais. Portanto, a extinção local do primata pode
causar uma degradação importante na floresta pela perda de espécies da flora
restritas a pequenos fragmentos, como a Estação Ecológica do Barreiro Rico.
Fogo
Estimativas dão conta de
que entre 200 e 500 muriquis já viveram em Barreiro Rico num passado não muito
distante. O grupo da Estação Ecológica era ainda menor em 2018, quando ocorreu
o último incêndio na área. Com a trégua do fogo, dois filhotes nasceram entre
2023 e 2024.
Com temperaturas cada
vez mais altas e clima mais quente, não foi por milagre que os incêndios
cessaram nos últimos anos. João Marcelo Elias, gestor da Estação Ecológica
junto à Fundação Florestal, conta que foram muitos fatores que contribuíram
para que não houvesse mais queimadas como a de 2012, que destruiu 750 hectares,
parte deles dentro da Estação Ecológica.
“Houve um investimento
do Estado em recursos humanos, viaturas com 500 litros de água, equipamentos de
proteção individual, abafadores, mangueiras, mochilas costais e treinamento de
brigadas. Isso é essencial para evitar que um foco se transforme em um incêndio
como os que estamos vendo”, diz Elias, citando os então 110 mil focos de calor
registrados no país em 2024.
Além do investimento
estatal, por meio do projeto SP sem Fogo da Secretaria de Meio
Ambiente, Infraestrutura e Logística (Semil), o gestor atribui o sucesso ao
engajamento realizado no entorno, que ele chama de uma verdadeira mobilização
de empresários, proprietários rurais e da população em geral. Hoje, além dos
500 litros de água em cada viatura, existem reservas de 7 mil litros na base da
Estação Ecológica e outros milhares nas propriedades rurais do entorno. A conscientização
quanto a evitar fogueiras, queimar lixo, queimadas para limpar terrenos,
descarte de bitucas de cigarro acesas e mesmo o simples ato de encostar o motor
quente dos tratores na palha seca da cana-de-açúcar, entre abril e setembro, já
traz grande alívio para os bombeiros e brigadistas.
“Criou-se um
pertencimento ao local, e o muriqui é o nosso melhor garoto-propaganda”,
encerra Elias.