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quarta-feira, 10 de janeiro de 2024

6 dicas da Serasa Experian para montar um currículo de destaque para vagas de tecnologia

Sempre em busca de talentos na área de TI, a companhia compartilha um guia para elaborar currículo e chamar a atenção dos recrutadores 

 

O setor de tecnologia é um dos que mais crescem no país, com uma expectativa de evoluir 12% em 2024, conforme projeção da consultoria International Data Corporation (IDC Brasil). Iniciar o ano em um novo emprego é o desejo de muitos profissionais da área. Para ajudar em uma possível recolocação ou para ingressar em um novo trabalho, a Serasa Experian, datatech, líder em soluções de inteligência para análise de riscos e oportunidades, com foco nas jornadas de crédito, autenticação e prevenção à fraude, separou seis dicas valiosas para elaborar um currículo direcionado a vagas de tecnologia, baseada em sua expertise como uma das melhores empresas de Tecnologia da Informação (TI) para trabalhar, conforme ranking Great Place to Work (GPTW). Confira: 

 

1. Currículo enxuto – é importante ser breve. Nos processos seletivos, os recrutadores têm contato com vários currículos todos os dias e encher o documento de informações não essenciais pode não ser uma boa ideia, já que o profissional de RH pode se perder na leitura e não conseguir analisar seu perfil. Busque identificar e priorizar o que é realmente relevante. Mesmo que o candidato possua diversas experiências profissionais, vale a pena refletir antes se realmente cabe citar todas elas. Tenha em mente o cargo que você deseja ocupar e destaque aquelas que possam agregar na execução dessa função. 


 

2. Informar os dados pessoais e não esquecer do objetivo - A primeira seção do currículo deve conter as informações de contato do candidato. Preencha essa parte com atenção e a mantenha sempre atualizada. As essenciais são:

 

• Nome;


• Número de telefone;


• E-mail;


• LinkedIn 


 

3. Objetivo: Logo abaixo, é necessário incluir o objetivo. Ele serve para indicar qual cargo o candidato gostaria de ocupar dentro da empresa. Por isso, vale ter clareza e assertividade. Outro ponto importante: evitar frases muito longas. 


 

4. Incluir palavras-chaves – Após o cabeçalho do currículo, é importante fazer um breve resumo de, no máximo cinco linhas, sobre as habilidades e experiências que correspondam à vaga em que se está concorrendo. Ao final deste espaço, devem ser incluídas palavras-chaves referentes às linguagens de programação e tecnologias em que o candidato já atuou. Isso contribui e muito para a leitura do recrutador e na identificação de possíveis tecnologias que ajudam o RH a selecionar os melhores candidatos.


 

5. Projetos de destaque – Utilizar o GitHub, plataforma de hospedagem de código-fonte e arquivos com controle de versão, também é uma forma de deixar o currículo com informações importantes e mais atrativas. Essa plataforma permite que programadores, utilitários ou qualquer usuário cadastrado adicionem seus projetos. 

 

6. Elaborar um documento com boa estrutura - Um currículo visualmente agradável facilita o acesso às informações e direciona o olhar do recrutador para os pontos realmente importantes do documento. Ter uma boa estrutura e um bom layout podem ser decisivos no momento de seleção para uma entrevista.

 

Experian
https://www.serasaexperian.com.br/


terça-feira, 9 de janeiro de 2024

Hipotireoidismo no idoso traz desafios no diagnóstico e no tratamento

Interpretação cuidadosa dos exames é crucial

 

Conforme envelhecemos, vamos passando por inúmeras alterações metabólicas. Após os 60 anos, vários eixos hormonais sofrem modificações e o da tireoide é um desses eixos. “Nos últimos anos, temos constatado que, com o passar da idade, o TSH - hormônio da hipófise que comanda a tiroide e é usado como base para diagnosticar hipotireoidismo - vai aumentando. Então a concentração de TSH apresentado por um indivíduo de 20 anos, que pode sugerir um hipotiroidismo subclínico, para alguém acima de 60 anos pode ser perfeitamente normal para essa idade. Por isso, é preciso cuidado com os idosos na hora de pensar em tratá-los do hipotireoidismo tendo como base apenas um exame de TSH isolado”, ressalta Dra. Maria Izabel Chiamolera, endocrinologista da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia Regional São Paulo (SBEM-SP).

 

A endocrinologista pontua que fazer o diagnóstico do hipotireoidismo apenas por queixas clínicas é difícil em qualquer idade, isso porque os sinais de cansaço, intestino preso e pele mais seca, sintomas clássicos do hipotireoidismo, também são muito comuns em qualquer pessoa nos dias de hoje e isso faz parte do envelhecimento. Assim, os exames laboratoriais são essenciais para o correto diagnóstico de uma disfunção da tireoide como o hipotireoidismo.

 

Porém interpretar corretamente os exames pode ser o grande desafio, pois os sintomas podem ser confundidos com os de outras doenças ou até como sinais da senescência.

 

“Fazer limite de referência para exames de TSH no idoso é um desafio muito grande; hoje em dia usamos estratégias de big data usando os dados da população geral para determinar esse limite. O olhar cuidadoso deste exame evita ter de medicar um idoso sem necessidade”, explica Dra. Maria Izabel. Já existem alguns estudos brasileiros que comprovam que esse valor de referência de TSH para idosos precisa ser aumentado, mas isso ainda não está refletido na interpretação de testes de todos os laboratórios, portanto, entender este limite é sempre desafiador.

 

Tratamento - a levotiroxina é o medicamento usado no tratamento do hipotiroidismo, mas no caso dos idosos há outro desafio relacionado à absorção deste remédio, uma vez que outros medicamentos comumente usados nessa faixa etária podem alterar a absorção e o metabolismo da levotiroxina, dificultando o ajuste na dose. Entre esses remédios estão substâncias como sulfato ferroso, carbonato de cálcio e até os inibidores de bomba de próton, que fazem parte dos medicamentos usados para refluxo de estômago ou gastrite (entre eles o conhecido omeprazol).

 

O excesso de hormônio tireoidiano é muito prejudicial particularmente para o idoso, pois pode causar perda de massa muscular, perda de massa óssea, arritmias cardíacas - que nessa fase da vida já são mais frequentes. “Em Medicina existe o princípio básico primum non nocere, que significa antes de tudo não fazer o mal: então é preciso observar bem esse idoso e ver se as doses de levotiroxina não estão exageradas para realizar uma boa prática médica”, finaliza a médica.

 

SBEM-SP - Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia do Estado de São Paulo
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Verão X Saúde Bucal: 4 cuidados que são indispensáveis durante a estação

 

Freepik

Aumento do consumo de sorvetes e doces podem causar aparecimento de cáries nesta época do ano

 

Os cuidados com a saúde bucal precisam existir durante o ano todo, porém, devido ao calor e ao período de férias, é comum que haja o aumento do consumo de doces, sorvetes, sucos e picolés. O resultado desse excesso pode gerar consequências, como a fragilidade dos dentes e a proliferação de cáries. Para evitar esse tipo de problema, o cirurgião dentista Paulo Zahr, presidente do Grupo OdontoCompany, separou quatro dicas para manter os dentes e lábios protegidos durante a estação mais quente do ano. 


Use protetor labial

A saúde bucal não está restrita apenas aos dentes ou à parte interna da boca, mas também à proteção externa. Durante esse período do ano, é importante dar uma atenção especial aos lábios, pois eles ficarão o tempo todo expostos ao sol, e a falta de cuidados pode levar a danos na pele. 

Como essa área do corpo é bem mais sensível que o restante da pele, vale a pena ir a uma farmácia para adquirir um protetor labial para usar em seus passeios na praia ou na piscina durante o verão. E em caso de dúvidas sobre qual marca escolher, converse com o seu dentista e peça uma orientação.


Atenção ao consumo de frutas cítricas

Durante o verão, há um aumento significativo no consumo de frutas cítricas, como laranja e limão, que são importantes fontes de vitamina C. O dentista alerta que é importante não exagerar no consumo delas, pois a acidez- que tem propriedades para limpar os dentes- em excesso pode levar à corrosão. Se você tem dentes sensíveis, esse cuidado deve ser redobrado:

“Uma boa dica para evitar esse tipo de problema é limpar a boca logo após o consumo de frutas cítricas, fazendo um bochecho simples com água e, quando possível, fazer a escovação completa. Assim você conseguirá reduzir os possíveis danos da acidez”, alerta Paulo Zahr


Modere o consumo de doces

É normal que neste período do ano as pessoas consumam mais alimentos refrescantes para aliviar as altas temperaturas. Quase sempre as escolhas variam entre refrigerantes, sorvetes e picolés. Mesmo que as opções sejam irrecusáveis, o exagero pode prejudicar os dentes, afinal, o açúcar presente nesses alimentos contribui para a proliferação de cáries. Como o açúcar deixa a saliva ácida, o resultado é a desmineralização dos dentes, o que retira a proteção natural.

“Mas vale destacar que o segredo não está na eliminação de sucos, refrigerantes e sorvetes, mas sim o consumo moderado”, alerta o presidente do Grupo OdontoCompany.


Leve seu kit de saúde bucal

Não se esqueça de levar seu kit de saúde bucal na viagem, seja em versão reduzida ou em uma nécessaire. Mantenha a higienização padrão do dia a dia, leve escova, fio dental, enxaguante e o que mais for importante para manter sua higiene e demais tratamentos em dia. “Isso vai fazer a diferença durante essa estação, pois, na empolgação das férias, na praia e na piscina, podemos passar o dia todo comendo e bebendo, sem lembrar de fazer a escovação”, alerta o dentista.

Em caso de dores ou desconforto nos dentes e sensibilidade excessiva, evite alimentos gelados, ácidos e  assim que voltar das férias, não deixe de entrar em contato com seu dentista.

 

OdontoCompany


Hospital Alemão Oswaldo Cruz alerta para os riscos de contaminação durante o período de chuvas

 

Leptospirose, hepatite A e doença diarreica aguda podem ser transmitidas pelo contato com água contaminada


 Com a chegada do verão, além da elevação das temperaturas, é comum a ocorrência de chuvas de curta duração e de forte intensidade, o que aumenta os riscos de enchentes, alagamentos, transbordamento de esgotos e rios e de deslizamentos de terra. Com isso, crescem também o número de casos de Leptospirose, doença transmitida pelo contato com a urina de ratos, Hepatite A e Doenças Diarreicas Agudas (DDA). 

Para auxiliar nos cuidados com a saúde no período mais chuvoso do ano, o infectologista e coordenador do Serviço de Controle de Infecção Hospitalar (SCIH) do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, Filipe Piastrelli, orienta como se proteger.

De acordo com o Ministério da Saúde, entre janeiro e novembro de 2023, o país registrou cerca de 2 mil casos de Leptospirose e mais de 180 mortes. Para evitar a transmissão da doença é importante minimizar ao máximo o contato com a água suja e barrenta. Além disso, sair rapidamente do ambiente atingindo é fundamental para que as bactérias não penetrem na pele, afirma o especialista. Os principais sintomas da Leptospirose são dores pelo corpo principalmente nas panturrilhas, febre, icterícia rubínica (coloração amarelada na pele e nos olhos, que por vezes podem ficar avermelhados) e dor de cabeça. O período de incubação da doença pode chegar a até 30 dias, mas normalmente os sintomas se manifestam entre 7 e 14 dias após a exposição ao risco. O diagnóstico da doença é feito por meio de exame de sangue.

O tratamento da Leptospirose consiste no uso de antibióticos e medidas de suporte clínico, muitas vezes requer internação hospitalar. “A qualquer sinal dos primeiros sintomas é importante procurar um médico e relatar o contato com a enchente, para que seja feita uma melhor avaliação clínica para a possibilidade de Leptospirose e o tratamento seja instituído precocemente caso seja pertinente. A Leptospirose pode evoluir com comprometimento renal, hepático e pulmonar e até mesmo levar à morte.”, explica o infectologista.

Já a Hepatite A é uma infecção causada pelo vírus A da hepatite (HVA) e que pode ser contraída quando há o consumo de alimentos ou líquidos contaminados. Os primeiros sintomas da doença são perda de apetite e dores abdominais. É importante lembrar que é possível evitar essa doença por meio da vacinação.

As Doenças Diarreicas Agudas são caracterizadas por uma infecção gastrointestinal, que pode ser causada por diferentes agentes, como bactérias, vírus ou parasitas. A doença altera a consistência das fezes, que fica aquosa ou pouco consistente, e há o aumento do número de evacuações em 24 horas, quadro que pode ser acompanhado de vômitos. 

Segundo o Dr. Filipe Piastrelli, essas doenças aparecem de forma silenciosa e por isso, as pessoas que tiveram contato com água contaminada devem procurar ajuda médica o quanto antes.

 

Dengue, Zica e Chikungunya

Os períodos de chuvas intensas, aumenta a preocupação dos especialistas também com a proliferação dos casos de Dengue, Zica e Chikungunya, que são provocadas pelo mosquito Aedes aegypti, cuja reprodução é maior durante a estação mais quente do ano. De acordo com dados divulgados pelo Centro de Vigilância Epidemiológica do Estado de São Paulo, até a primeira quinzena de dezembro deste ano, foram registrados cerca de 316 mil casos de Dengue, 2 mil de Chikungunya e quatro de Zika.

Os principais sintomas dessas doenças são febre alta, manchas na pele, dor de cabeça e dores pelo corpo, principalmente nas articulações. Quem apresenta esses sintomas deve procurar atendimento médico, pois são doenças potencialmente graves.

“A principal forma de prevenção é eliminar pontos que podem acumular água parada e que provocam o surgimento de poças de água, locais propícios para a proliferação das lavas do mosquito transmissor dessas três doenças. Para isso, é importante manter caixas d´água bem tampadas, evitar o acúmulo de lixo, realizar a limpeza frequente de ralos, calhas além de eliminar pratos em vasos de plantas”, reforça Dr. Filipe.

 

O que fazer em casos de enchentes

Caso você tenha sido vítima de uma inundação, a limpeza dos ambientes atingidos deve ser feita quando a água baixar e sempre com o uso de protetores como luvas, botas impermeáveis ou sacos plásticos duplos para pernas e braços. 

O que não puder ser recuperado deve ser descartado e o barro que permanecer nos ambientes, utensílios, móveis e outros objetos deve ser removido usando escova ou vassoura, sabão e água limpa. Para a limpeza de ambientes e superfícies deve-se utilizar produtos à base de hipoclorito de sódio (como água sanitária). 

Todos os alimentos que tiveram contato com a água das enchentes devem ser jogados fora, pois mesmo quando lavados e secos, ainda podem estar contaminados. 

Atenção com as crianças, elas não devem jamais brincar com a água suja das poças e inundações.



Hospital Alemão Oswaldo Cruz
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Como se manter hidratado mesmo não gostando de tomar água

Nutricionista da dica de como se manter hidratado nesse verão mesmo não gostando de tomar água


  A hidratação é fundamental para a saúde e o bem-estar, especialmente no verão, quando as temperaturas estão mais elevadas e o risco de desidratação é maior. De acordo com uma pesquisa realizada em 2022 pela Euromonitor International, o Brasil é o quarto maior mercado de água engarrafada do mundo, com um consumo per capita de 62 litros por ano. O estudo aponta que os brasileiros estão cada vez mais conscientes da importância da hidratação para a saúde, e buscam opções de água que ofereçam benefícios adicionais, como sabor, funcionalidade e sustentabilidade.  

A pesquisa também revela que a pandemia de Covid-19 impactou o consumo de água engarrafada, levando a uma queda de 9% nas vendas em 2020, mas que a recuperação ocorreu em 2021, com um crescimento de 5%. Para evitar problemas, a nutricionista Caroline Medeiros, responsável técnica do ambulatório de nutrição da policlínica universitária do UNASP, recomenda beber a quantidade de água ideal para o peso corporal, que pode ser calculada multiplicando o peso por 35 ml. Ela também sugere ter uma garrafa de água sempre por perto, e variar o sabor da água com frutas, legumes, ervas e especiarias.

 Apesar da importância e do aumento no consumo, muitas pessoas não gostam de beber água ou se esquecem de fazê-lo ao longo do dia. “Algumas pessoas não apreciam o gosto da água, e acabam não bebendo o suficiente. Uma forma de tornar o líquido mais atrativo é aromatizá-lo de forma natural, adicionando, por exemplo, um pedaço de fruta como limão, laranja, lima, maçã, legumes como pepino, especiarias como canela e ervas aromáticas como hortelã. Isso dá um toque de sabor e ainda fornece vitaminas e antioxidantes para o corpo”, explica a especialista. 

Adquirir o hábito de beber água todos os dias e na quantidade ideal contribui para a melhoria da qualidade de vida e prevenção de complicações e futuras doenças. “Nada substitui a água, e que se você possui alguma patologia como diabetes e hipertensão, deve procurar um especialista para te orientar. O importante é manter o equilíbrio e a qualidade da hidratação, e não apenas a quantidade. A água é essencial para a vida, e devemos valorizá-la e consumi-la com consciência e responsabilidade”, conclui Caroline. 

Confira as dicas da nutricionista para se manter hidratado:

  • Aromatizar a água de forma natural: 
  • Utilizar a água com gás;
  • Consumir alimentos ricos em água, como frutas e verduras;
  • Consumir chás, desde que sem açúcar;
  • Aumentar o consumo de água de coco;
  • Vitamina de frutas com água ou leite;
  • Sucos naturais sem açúcar.


Centro Universitário Adventista de São Paulo - UNASP
Para mais informações, acesse aqui.

 

Implante coclear: um procedimento que transforma vidas

 Nas redes sociais é cada vez mais comum assistirmos vídeos emocionantes de pessoas que escutam pela primeira vez, ou que recuperam a audição após anos de surdez; a razão, na maioria das vezes, está justamente nessa cirurgia

 

Nas redes sociais, as imagens sempre ‘viralizam’, tamanha a emoção por parte dos pacientes. Geralmente vem um susto, seguido de muitas risadas, choros incontidos de alegria e, claro, muitos abraços, beijos e infinitas comemorações por parte dos familiares e da equipe médica. 

Assim costuma ser o 'final feliz' de quem faz o chamado implante coclear – procedimento que consiste na implantação de um dispositivo, por baixo da pele da cabeça, na região atrás da orelha, que funciona como um “ouvido biônico”. 

A transmissão dos sons se dá por meio de um fio com eletrodos, que passa pela chamada janela redonda (membrana que cobre a entrada da cóclea no ouvido interno) e dá a volta na cóclea (estrutura responsável pela nossa audição), atuando semelhante a um ouvido normal. 

"É um procedimento que realmente transforma vidas. Afinal, a nossa comunicação depende muito do sentido da audição. Por isso é sempre emocionante ver esse despertar que, para alguns é inédito, e para outros um ‘redespertar’, assim podemos dizer", afirma o Dr. José Ricardo Gurgel Testa, otorrinolaringologista do Hospital Paulista – instituição que é referência em saúde de ouvido, nariz e garganta. 

O implante, segundo ele, é indicado a qualquer indivíduo com perda auditiva profunda ou severa que não tenha observado ganhos satisfatórios com uso de aparelhos auditivos convencionais. "A principal condição é que o nervo auditivo esteja íntegro anatomicamente. Caso sim, é possível fazer a cirurgia, seja em crianças, seja em adultos, seja em idosos. No caso das crianças, em especial, é importantíssimo, por conta do desenvolvimento da linguagem. A partir dos seis meses de vida o implante já é recomendável".

 

Pré e pós-operatórios

O procedimento cirúrgico, por sua vez, consiste em uma pequena incisão atrás da orelha e uma mastoidectomia (remoção de tecido ósseo retro auricular), por onde é inserido o dispositivo eletrônico que passa a compor a estrutura auditiva do paciente. O período de internação costuma ser de apenas um dia, sendo que os maiores cuidados e limitações do pós-operatório geralmente duram de 10 a 15 dias. 

No entanto, os cuidados preparatórios começam bem antes disso e demandam o auxílio de outro profissional de saúde: o fonoaudiólogo. Este, aliás, é elemento essencial antes, durante e depois do implante coclear.

"Assim como o médico otorrinolaringologista, o fonoaudiólogo participa de todas as etapas que envolvem esse processo: nos exames para verificar se o paciente está dentro dos critérios para a indicação da cirurgia; nos testes intraoperatórios para verificar se o implante está em bom funcionamento e se o nervo auditivo do paciente responde ao estímulo elétrico; assim como no acompanhamento pós cirúrgico, para ativar o sistema de implante coclear e o processador de fala, fazer as programações periódicas do dispositivo e realizar o treinamento auditivo e reabilitação de fala", detalha a fonoaudióloga Sabrina Figueiredo, que tem larga experiência nesse tipo de assistência e já presenciou inúmeras cenas de alegria por conta disso. 

"Ao longo de mais de 10 anos de experiência com o implante coclear, pude acompanhar mudanças significativas na qualidade de vida de muitos pacientes, sejam adultos que perderam totalmente a audição por alguma doença, trauma ou acidente, sejam crianças que nasceram com surdez e tiveram possibilidade de adquirir e desenvolver de fala, muitas vezes com desempenho compatível a crianças ouvintes da mesma idade. É algo sem dúvida muito gratificante, observa Sabrina".

 

Saiba mais

Diferentemente dos aparelhos auditivos tradicionais, o implante coclear não somente amplia o volume dos sons que o paciente escuta, mas melhora também a taxa de compreensão. Por isso muitas vezes têm sucesso em pacientes que não apresentam melhoras com o tratamento convencional. 

Embora resulte de uma tecnologia já antiga, presente desde o início dos anos 1970, os equipamentos utilizados atualmente são bem mais compactos, e a qualidade sonora e de ajustes são bem mais avançadas e de fácil manuseio. 

Apesar de ainda ser necessário o uso de um dispositivo externo, hoje a tecnologia disponível já prevê modelos de tamanhos mais discretos (semelhante a uma presilha de cabelo), modelos à prova d´água, bem como modelos que funcionam como fones de ouvido com conexão Bluetooth e recurso de conectividade com Smart Phone, transmitindo áudio de som, mídia e ligação diretamente ao implante. 

O primeiro implante coclear realizado no Brasil foi realizado em outubro de 1977, pela equipe do Prof. Dr. Pedro Luiz Mangabeira Albernaz e do Prof. Dr. Yotaka Fukuda.

Embora de alto custo, hoje em dia o implante coclear é bem mais acessível ao público. Atualmente o procedimento tem cobertura pelos planos de saúde no Brasil e também pode ser realizado por meio do Sistema Único de Saúde (SUS).



Hospital Paulista de Otorrinolaringologia


Farmacologista alerta sobre os perigos da automedicação

Além dos problemas no estômago, o uso indiscriminado de anti-inflamatórios pode desencadear um  aumento na pressão arterial, colocando em risco a saúde cardiovascular


Poucos ainda desconhecem essa realidade, mas cerca de 85% da população brasileira se arrisca, sem consultar profissionais da área da saúde, ao utilizar medicamentos por conta própria. Essa prática irresponsável pode trazer consequências muito sérias para a saúde. Por isso, é fundamental alertar sobre o perigo do uso irracional de medicamentos e conscientizar a sociedade sobre a importância de buscar orientação médica ou farmacêutica. 

De acordo com Thiago de Melo, farmacêutico e pesquisador na área de Ciências Farmacêuticas, professor de pós-graduação nos cursos de Ciências Farmacêuticas e Farmacologia e no curso de graduação de Medicina pela Universidade Vila Velha (UVV), reduzir essas incidências pode ajudar a diminuir o número de internações desnecessárias e evitar diversas complicações, ou até mesmo mortes. 

A automedicação, segundo o especialista, é uma prática comum. “Vejo que a busca desenfreada por soluções rápidas somada à facilidade de acesso aos medicamentos podem ser importantes ingredientes desse bolo. Soma-se a isso o fato de que boa parte das pessoas desconhece que cada organismo é único e reage de formas distintas aos fármacos”, destaca.

Há décadas já se sabe que o uso prolongado de  anti-inflamatórios pode gerar gastrite  e até sangramentos no estômago. Entretanto, alguns acham que por comprar o diclofenaco de potássio (por não conter sódio) estariam livres dos problemas gastrointestinais. “ Isso é um engano, porque podem desencadear um aumento na pressão arterial, colocando em risco a saúde cardiovascular.  Devemos também lembrar dos corticóides que também podem prejudicar o controle da glicose no sangue em pessoas com diabetes, levando a complicações mais graves”, alerta.

Os exemplos citados são apenas a ponta do “iceberg” quando se trata de complicações causadas pela automedicação. Existe também o perigo de interações medicamentosas desconhecidas e a possibilidade de mascarar sintomas de doenças subjacentes, retardando o diagnóstico correto. “O uso de qualquer tipo de medicamento deve ser acompanhado por profissionais capacitados, como médicos e farmacêuticos que possuem conhecimento técnico para avaliar cada caso individualmente e prescrever a terapia mais adequada”, aponta Thiago.

Em tempos modernos, com acesso fácil a informações na palma das mãos, é importante utilizar a tecnologia de forma consciente. Por outro lado, a internet jamais pode substituir uma consulta médica ou farmacêutica especializada. 

O autodiagnóstico e a automedicação podem ter consequências sérias para a saúde. “Portanto, convido a todos que façam uma reflexão sobre a sua atitude em relação aos medicamentos. Procure sempre a orientação de profissionais de saúde qualificados, que poderão indicar a melhor abordagem terapêutica para cada caso específico. A saúde é valiosa demais para ser arriscada pela imprudência”, conclui.

 

Thiago de Melo Costa Pereira - pesquisador, professor, palestrante e escritor. Ao longo de sua carreira, prof. Thiago tem demonstrado a importância da educação continuada em farmacologia para os profissionais de saúde do Brasil. De uma forma dinâmica e aplicada ao contexto prático nacional, suas aulas de farmacologia têm sido fonte de inspiração para gerações de alunos tanto de graduação quanto de pós-graduação. Farmacêutico desde 2002, graduado em Farmácia pela Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), Mestre (2005), Doutor (2009) em Ciências Fisiológicas pela Universidade Federal do Espírito Santo (UFES) e Pós-Doutor em Farmacologia pela Universidade de Santiago de Compostela- Espanha (2018).Atualmente é pesquisador na área de Ciências Farmacêuticas e professor de pós-graduação (Ciências Farmacêuticas e Farmacologia), graduação (Medicina) – Universidade Vila Velha (UVV).Já publicou mais de 75 artigos em revistas científicas internacionais (fator H= 30). É pesquisador bolsista do CNPq (2A, área de farmácia) e autor do livro “Biblioquímica – Evidências das Ciências Biomédicas na Bíblia”. Para mais informações, acesse o site, no instagram @farmaconapratica e também pelo canal no YouTube



Janeiro Branco: a importância do acompanhamento psicológico para o cuidador do paciente com câncer

 Durante o mês de conscientização com a saúde mental, é preciso olhar com carinho para familiares ou amigos que vivem a rotina do cuidado ao paciente oncológico. Especialistas falam sobre importância da rede de apoio no consultório e fora dele

 

Descobrir o diagnóstico de câncer é um momento bastante sensível e cheio de desafios. Apesar da situação exigir muita empatia com o paciente, também é preciso olhar com carinho para a pessoa que assume o papel de cuidador, ou seja, aquela que irá se responsabilizar na maior parte do tempo em oferecer bem-estar tanto físico, como emocional.

Em muitos casos, o cuidador tende a deixar suas vontades e necessidades de lado para se dedicar ao máximo ao paciente com câncer. Mas, quando existe a ausência de uma rede de apoio neste momento tão delicado, o desgaste físico e emocional podem tornar o período ainda mais complexo para o cuidador.
 

O cuidador tem uma maneira única de lidar com a doença, afinal, cada pessoa tem o seu jeito de encarar a nova etapa. Porém, uma coisa é fato: ele se torna responsável por ser mais presente e tem uma grande influência no cenário (e na vida!) do paciente com câncer. 

Toda a responsabilidade faz com que o cuidador passe por diversos papéis, provando que ele também precisa (e deve!) pedir ajuda. Uma das maneiras de se cuidar é buscando o apoio emocional, que pode vir de um psicólogo, oncologista ou até mesmo da família, dependendo de cada caso. 

Segundo Jacqueline Pereira, psicóloga na Oncoclínicas São Paulo, o diagnóstico de câncer irá impactar tanto o paciente, quanto a família, desorganizando assim um sistema que já é anterior à doença. "A gente sabe que todos os membros desse núcleo familiar vão se sentir afetados e vão se mobilizar para cuidar do paciente. Mas, geralmente se concentra em uma única pessoa, a qual chamamos de cuidador principal", explica.

 

Os desafios 

A oncologista Andrea Borges, também da Oncoclínicas São Paulo, reforça que é muito importante entender quais são as dificuldades do cuidador para ajudar o paciente. "Esse é um papel do médico na hora da consulta. Nós não podemos olhar apenas para o paciente, é importante compreender o contexto e focar também no cuidador. Muitas vezes, ele é uma pessoa frágil e pode ser que não dê conta sozinho se nós não conseguirmos ajudá-lo”, comenta. 

Além do desgaste, o cuidador também lida com a impotência, mais um motivo para que a equipe médica esteja alinhada com o contexto daquela família. “Precisamos dar a base para o cuidador na parte psicológica. A impotência do cuidador é querer passar pela situação que o próprio paciente está vivendo. Então, ele se frustra o tempo inteiro. Por isso, precisamos estar de olho a todo momento na consulta. É nessa hora que devemos falar: 'Você precisa de ajuda? Nós temos uma equipe de psicólogos que pode auxiliar’”, diz a oncologista. 

Toda a sobrecarga pode ter ainda um impacto direto no cuidador, fazendo com que ele tenha dificuldades no sono e alimentação, além de episódios de ansiedade que podem mobilizar a depressão. 

"A gente sabe que o estresse pode mobilizar repercussões muito intensas na parte física. Então, o adoecimento físico do cuidador é muito comum por conta dessa sobrecarga e porque ele mesmo deixa de se cuidar, de fazer suas rotinas de acompanhamento médico, ficando em segundo plano. O agravamento do estresse pode trazer um quadro mais grave, como depressão e outras questões de saúde mental", comenta Jacqueline.

 

Rede de apoio é tudo 

Assim como o paciente com câncer, o cuidador também precisa de uma rede de apoio, afinal, nada se faz sozinho. O oncologista tem um papel importante em entender e ajudar no que for necessário para colaborar no tratamento como um todo - isso inclui estar ali (de verdade!) para compreender o contexto. 

“Existem diversos tipos de cuidadores, alguns mais técnicos, outros nem tanto, mas a base de tudo é o carinho e a disponibilidade da ajuda que ele tem com o paciente. As vezes, oferecemos suporte encaminhando este cuidador ao psicólogo quando necessário. É completamente diferente quando se tem esse apoio sólido em casa. O paciente tem uma melhor evolução”, explica Andrea Borges. 

Quando algo não vai bem, é muito importante que o cuidador e as pessoas ao redor dele fiquem atentas aos sinais. “Na Oncoclínicas, por exemplo, existe o suporte psicológico ao cuidador. É fundamental que tanto o paciente quanto o cuidador estejam em parceria com a equipe para tomar ações, ou seja, planejamentos que facilitem esse processo”, complementa Jacqueline. 

E esse apoio não para por aí! Algumas ações simples também podem auxiliar nos cuidados com a saúde mental do cuidador. “Organizar uma rotina, pensar o que ele pode fazer, o que está no alcance, o que é possível no momento, não vir com o espírito de super-herói querendo dar conta de tudo e todos e dividir tarefas com outros membros da família para não sobrecarregar”, diz a psicóloga. 

Além disso, o cuidador não deve deixar de ir ao médico e realizar seus exames de acompanhamento, priorizar a alimentação, ter uma boa qualidade de sono, praticar exercícios físicos e encaixar o lazer dentre suas atividades. “Sobretudo, o cuidador deve ter em mente que é superimportante a presença e disponibilidade de cuidado, mas não tomar como o centro da vida. É necessário dividir o processo para que o cuidador não adoeça e ofereça uma atenção de maior qualidade para aquele paciente oncológico que está precisando tanto nesse momento”, finaliza Jacqueline Pereira. 



Oncoclínicas&Co
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Pesquisa usa técnica molecular inovadora e descobre novos candidatos vacinais contra a esquistossomose

 

A infecção pelo Schistosoma mansoni acomete
cerca de 200 milhões de pessoas em 74 países
 (
imagem: CDC/Wikimedia Commons)

Experimento conduzido no Instituto Butantan empregou phage display para codificar as 12 mil proteínas do Schistosoma mansoni, verme causador da doença; método envolve o uso de vírus que expressam proteínas do parasita e que se proliferam em bactérias 

Aplicando uma técnica inovadora da biologia molecular ainda pouco adotada no Brasil, pesquisadores descobriram alvos do parasita Schistosoma mansoni que podem ser eficazes como candidatos vacinais contra a esquistossomose.

Conhecida como barriga d’água, a esquistossomose é considerada uma das 17 doenças tropicais negligenciadas (DTNs) no mundo, afetando cerca de 200 milhões de pessoas em 74 países, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). No Brasil estima-se que sejam 6 milhões de infectados, principalmente em Estados do Nordeste e em Minas Gerais.

Os cientistas usaram a técnica conhecida como phage display – que consiste em trabalhar com vírus (chamados de fagos) que se proliferam em bactérias como vetores para expressar peptídeos ou proteínas do parasita. Com isso, foi possível expressar 99,6% de 119.747 peptídeos do parasita, atingindo uma cobertura abrangente do proteoma do Schistosoma mansoni.

O resultado do trabalho, publicado na revista NPJ Vaccines, do grupo Nature, é uma sequência de outro estudo que havia desvendado o mecanismo pelo qual macacos rhesus (Macaca mulatta) desenvolvem naturalmente uma resposta imune duradoura contra a doença. Essa resposta leva à autocura após um primeiro contato com o Schistosoma e possibilita que o organismo do animal reaja rapidamente a uma segunda infecção – isso por meio da inibição, pela defesa imune do primata, de certos genes do parasita (leia mais em: agencia.fapesp.br/37161).

“O phage display não havia sido utilizado com esse objetivo para uma doença parasitária. Normalmente, nesses casos, as pesquisas pré-selecionam alguns alvos para testá-los como candidatos vacinais. Nesse trabalho, olhamos para as 12 mil proteínas do Schistosoma ao mesmo tempo e identificamos quais foram alvejadas pelos anticorpos dos macacos, seja após a infecção inicial ou reinfecção e autocura, o que é um diferencial. A técnica e o modelo do estudo são inovadores”, afirma o pesquisador Murilo Sena Amaral, do Laboratório de Ciclo Celular do Instituto Butantan.

Amaral é autor do artigo ao lado do professor Sergio Verjovski Almeida, também do Instituto Butantan e professor do Instituto de Química da Universidade de São Paulo (IQ-USP).

Ambos têm apoio da FAPESP (15/06366-2 e 20/01917-9), que também financiou bolsas a outros pesquisadores do grupo, incluindo a primeira autora, a doutoranda Daisy Woellner Santos (19/09404-318/18117-519/02305-0 e 16/10046-6).


Metodologia

Para rastrear a resposta imune de dez macacos rhesus infectados pelo Schistosoma mansoni durante as fases de autocura e resistência à reinfecção, os cientistas usaram a imunoprecipitação de fagos seguida de sequenciamento (PhIP-Seq, sigla em inglês para peptide library-based Phage ImmunoPrecipitation), uma técnica na qual uma biblioteca de fagos é usada para expressar todas as proteínas do parasita.

O estudo foi feito em macacos rhesus, que desenvolvem
 naturalmente uma resposta imune duradoura
contra a doença
(
foto: acervo dos pesquisadores)

Os pesquisadores construíram a “biblioteca” – que codificou 119.747 peptídeos representando todas as proteínas do parasita – a partir das sequências das 11.641 proteínas conhecidas nos diversos estágios de vida do Schistosoma. Com base nessa biblioteca, foi feita uma triagem dos anticorpos de macacos rhesus coletados na pesquisa anterior em diferentes momentos das fases de autocura e reinfecção. O objetivo era isolar e identificar os alvos do parasita atingidos pela resposta imune do macaco.

Identificaram na fase inicial da infecção parasitária epítopos significativamente enriquecidos de proteínas extracelulares do parasita – conhecidas por serem expressas no sistema digestivo do hospedeiro. Na fase tardia da eliminação do Schistosoma, foram identificadas proteínas intracelulares, liberadas em decorrência da morte do verme. Os epítopos são a menor porção de antígeno com potencial de gerar resposta imune.

Os peptídeos foram então analisados com ferramentas de bioinformática para identificar potenciais candidatos a vacinas. A partir disso, os pesquisadores realizaram um ensaio de proteção vacinal, que consistiu na imunização de camundongos com um conjunto selecionado de peptídeos exibidos em fagos enriquecidos no PhIP-Seq. O resultado foi uma redução significativa da carga de vermes nos camundongos imunizados.

“Há quem defenda que não dá para fazer vacina contra a esquistossomose. Porém, nossas descobertas melhoram a compreensão das respostas imunes e abrem perspectivas promissoras para o desenvolvimento de uma vacina eficaz. Trabalhamos com as 12 mil proteínas de todas as fases do ciclo de vida do Schistosoma e conseguimos apontar os alvos mais reativos”, explica Almeida à Agência FAPESP. O pesquisador destaca que a técnica também pode ser usada para outros tipos de parasita.

Em maio deste ano, o grupo publicou um trabalho que revelou uma maneira de “separar” o “casal” de vermes causadores da esquistossomose. Isso porque o S. mansoni só consegue sobreviver na corrente sanguínea do hospedeiro se estiver com a fêmea vivendo dentro do macho para, assim, produzirem e liberarem os ovos. No estudo, ficou demonstrado que o silenciamento de um tipo específico de RNA – os RNAs longos não codificadores de proteínas – leva à separação dos parasitas, o que torna essas moléculas alvos promissores para o tratamento da doença (leia mais em: agencia.fapesp.br/41663).


Casal de vermes da espécie Schistosoma mansoni
 (foto: acervo dos pesquisadores)

A contaminação

Doença parasitária ligada a baixas condições sanitárias e falta de saneamento básico, a esquistossomose é transmitida quando o indivíduo infectado (hospedeiro definitivo) elimina os ovos do verme por meio das fezes humanas. Em contato com a água, os ovos eclodem e liberam larvas que infectam caramujos (hospedeiros intermediários) em água doce.

Após quatro semanas, as larvas abandonam o caramujo na forma de cercárias. Ao entrar em contato com a água contaminada, o ser humano adquire a doença pela penetração ativa das cercárias na pele.

Na corrente sanguínea, as larvas perdem a cauda e tornam-se esquistossômulos, que amadurecem e se transformam nos vermes adultos. São eles que seguem para veias do intestino. Os primeiros sintomas da doença aparecem entre duas e seis semanas após a infecção.

O diagnóstico é feito por meio de exames laboratoriais das fezes. Já o tratamento para os casos simples é a dose única de um medicamento chamado praziquantel, descoberto no início dos anos 1970 e distribuído pelo Sistema Único de Saúde (SUS). No entanto, o medicamento não dá uma proteção continuada e o indivíduo pode ser reinfectado, além de já terem sido reportados casos de resistência parasitária.

“O próximo passo é encontrar uma formulação vacinal adequada, que contenha adjuvantes e um novo mecanismo de entrega desses antígenos de forma que gere uma proteção maior no hospedeiro. Temos alguns alvos com nível de resposta maior”, afirma Amaral. Agora o Butantan está em processo de registro da patente das descobertas do grupo ligadas aos possíveis alvos vacinais.

A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) vem trabalhando há anos e realizando ensaios do que pode ser a primeira vacina no mundo contra a doença. Em fase de testes, a Schistovac contém a proteína modificada Sm14, presente no Schistosoma. Normalmente, essa proteína desempenha um importante papel no transporte de gorduras vitais para as funções celulares do parasita, mas, ao ser modificada, impede a proliferação.

O artigo Schistosoma mansoni vaccine candidates identified by unbiased phage display screening in self-cured rhesus macaques pode ser lido em: www.nature.com/articles/s41541-023-00803-x.

 

Luciana Constantino
Agência FAPESP
https://agencia.fapesp.br/pesquisa-usa-tecnica-molecular-inovadora-e-descobre-novos-candidatos-vacinais-contra-a-esquistossomose/50585


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