Com sintomas silenciosos, o tumor de ovário é o mais letal dos cânceres
ginecológicos, e, diferentemente do câncer de mama, não possui um exame específico
de rastreamento, fatores que preocupam, já que 75% dos casos ainda são
diagnosticados tardiamente¹. Segundo dados do Instituto Nacional do Câncer
(INCA), são estimados 6.650 novos casos do câncer de ovário no país por ano,
sendo registrados aproximadamente 4 mil mortes somente em 2020². O tumor de
ovário é a segunda neoplasia ginecológica mais prevalente entre as brasileiras,
ficando apenas atrás do número de diagnósticos de câncer de útero². Em sua fase
inicial, o tumor de ovário não causa sintomas específicos, o que dificulta o
diagnóstico precoce, mas na medida em que ele cresce pode causar pressão, dor
ou inchaço no abdômen, pelve, costas ou pernas, náusea, indigestão, prisão de
ventre ou diarreia e cansaço constante ¹.
Para detectar a doença são realizados exames clínicos, laboratoriais ou
radiológicos, mas é importante manter as consultas regulares ao ginecologista
³. É fundamental que a mulher fique atenta a manifestações inesperadas e,
sempre se lembre de relatar ao médico se existem casos de câncer na família.
Entre os fatores de risco para esse tipo de tumor estão a idade, infertilidade,
mulheres que não tiveram filhos, menarca precoce, menopausa tardia, histórico
familiar, fatores genéticos e excesso de peso ³.
A falta de debate sobre o tema fez surgir em 2013 o Dia Mundial de
Conscientização Sobre o Câncer de Ovário, criado por um grupo de líderes de
organizações engajadas no tema câncer de ovário em todo o mundo ⁴. A data,
instituída pela Coalizão Mundial do Câncer de Ovário em 8 de Maio, é uma
iniciativa de conscientização, apoiada por cerca de 200 organizações. Para
estimular o debate sobre a importância do diagnóstico e do tratamento, a
farmacêutica GSK lança este mês, a ação “Câncer de Ovário Importa”. Mariana
Xavier, atriz que estrelou os filmes Minha Mãe É um Peça e Medida Provisória,
participou da ação no Instagram. Ela, que já acompanhou a batalha de familiares
contra o câncer, acredita ser importante alertar sobre a enfermidade. “Quanto
mais informação, melhores são as chances das pacientes”, afirmou.
Anne Carrari foi diagnosticada com Câncer de Ovário aos 40 anos. Hoje,
depois de sete anos e muitas metástases e várias cirurgias, ela alerta para a
importância de falar sobre a doença. “Eu descobri depois um de inchaço
abdominal persistente. Eu recebi o diagnóstico num pronto atendimento, já em
estágio 4. E de lá para cá, ouvi vários médicos dizendo que eu tinha pouco
tempo de vida. Mas, eu sou teimosa”, afirma Anne.
Ela conta que em 2015 foi para a internet pesquisar sobre Câncer de Ovário, mas encontrou muito pouca coisa. “Eu não achei ninguém e nenhuma informação. Me senti muito sozinha e culpada, pois sempre me achei esclarecida”. Anne então resolveu ser uma das vozes que informam e contam sua trajetória no enfretamento do câncer no Instagram. No perfil @sobrevivi_ao_cancer_de_ovario, ela fala sobre seu cotidiano. Com uma filha de 24 anos, ela espera que a conscientização cresça. “Quero deixar um legado para minha filha”.
A importância dos exames regulares
Segunda a médica Daniela de Freitas, oncologista do Hospital
Sírio-Libanês, é fundamental conversar sobre a doença e estar em contato
regular com o médico. “Muitas vezes, não há sintomas no início da doença. As
mulheres precisam incluir visitas anuais ao ginecologista, se submeterem aos
exames necessários e não esquecer de contar sobre o histórico de câncer em sua
família, caso haja algum caso relacionado”.
Alguns sinais, esclarece a médica, podem servir de alerta, como dores
pélvicas persistentes, não restritas ao período pré-menstrual, inchaço
abdominal, flatulência, dor lombar persistente, sangramento vaginal anormal,
febre recorrente, dores de estômago ou alterações intestinais, perda de peso
acentuada, anormalidades na vulva ou na vagina e fadiga.
“É necessário ficar atenta a qualquer sintoma persistente, uma
maneira de aumentar as possibilidades de diagnóstico precoce e início imediato
de tratamento. Temos à disposição um novo arsenal de terapias eficazes que
atuam em diferentes frentes e conseguem impedir o crescimento do tumor,
resultando em maiores chances de controle e proporcionando aumento da
expectativa e qualidade de vida à paciente”, destaca.
Tratamento reduz a progressão
A cirurgia de retirada do tumor e a quimioterapia sempre foram as
principais opções de tratamento para esse tipo de neoplasia, mas há novas
terapias que podem aumentar a esperança das pacientes.
Já aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa)⁵, o
Zejula (niraparibe), da GSK, é uma nova terapia oral para o tratamento de
manutenção do câncer de ovário e é indicado para pacientes com câncer de ovário
recém-diagnosticadas ou nas quais a doença retornou, que fizeram quimioterapia
à base de platina e tiveram resposta completa ou parcial a esta terapia ⁵. Com
eficácia e segurança respaldadas por dois importantes estudos clínicos
publicados no The New England Journal of Medicine: o PRIMA e o NOVA, em 2019 e
2016, respectivamente, o medicamento traz perspectivas otimistas de manejo do
tumor de ovário ⁶ ⁷.
Segundo resultados do PRIMA, estudo realizado em pacientes
recém-diagnosticadas com câncer de ovário, o medicamento apontou redução de 38%
do risco de progressão da doença ou morte na população geral, e 60% na
população com mutação no gene BRCA; já no NOVA, estudo realizado com pacientes
que apresentaram doença recorrente, houve a redução de risco de progressão ou
morte de 73% nas pacientes com mutação no gene BRCA, e de 55% nas pacientes sem
essa mutação ⁶ ⁷.
Ao inibir e bloquear as enzimas PARP, o medicamento leva as células
cancerígenas à morte, evitando que elas consigam se autorreparar. O BRCA1 e o
BRCA2 (Breast Cancer gene 1 ou 2) são dois genes diferentes que afetam as
chances de uma mulher desenvolver câncer de mama e ovário ⁶ ⁷. Um dos
diferenciais do Zejula é sua efetividade em ambos os casos: mulheres com ou sem
o BRCA, condições detectadas por meio de teste genético ⁶ ⁷.
Para a oncologista clínica e diretora médica de Oncologia da GSK, Dra.
Vanessa Fabricio, “esse tipo de terapia-alvo é eficaz na manutenção de casos
de câncer de ovário por postergar a recidiva, aumentando a qualidade de vida
das pacientes ⁶ ⁷. “O fato de haver um medicamento de uso oral com dose
única diária é outra vantagem, pois evita a necessidade de deslocamento até o
hospital e facilita o tratamento, aumentando a adesão”, esclarece.
GSK - empresa global de saúde com foco em ciência.
Referências:
- Instituto
Nacional de Câncer. Câncer de ovário. Acesso em 2022.
- Instituto
Nacional do Câncer. Números de câncer..
- IVOC
(Instituto Vencer o Câncer). 75% dos diagnósticos de câncer de ovário
chegam tardiamente. Acesso em 2022.
- World
Ovarian Cancer Coalition. What is World Ovarian Cancer Day? Acesso em
2022.
- Diário
Oficial da União. Disponível em DOU, Brasília DF. 08 de março de 2021.
Seção 1 Pg. 129.
- GONZÁLEZ-MARTÍN,
A. et al; for the PRIMA/ENGOT-OV26/GOG-3012 Investigators. Niraparib in
patients with newly diagnosed advanced ovarian cancer. N Engl J Med.
2019;381(25):2391-2402.
- MIRZA,
MR. et al; for the ENGOT-OV16/NOVA Investigators. Niraparib maintenance
therapy in platinum-sensitive, recurrent ovarian cancer. N Engl J Med.
2016;375(22):2154-2164.