Nas últimas décadas, as novas formas
de relacionamento e os estigmas ligados à identidade de gênero contribuíram
para elevar os casos de depressão em pessoas transgêneros. Mediante os
conflitos associados a essas questões, é preciso entender melhor o que é
transfobia e a relação desse conceito com a saúde LGBT.
Neste post, o psicólogo do Hospital Santa Mônica, Antonio Chaves Filho, irá
definir o que é transfobia e ressaltar as formas mais eficazes de combatê-la.
Você também vai entender o que é uma pessoa trans, as principais diferenças
entre trans e cis e entre sexo biológico e identidade de gênero. Aproveite a
leitura!
O que é uma pessoa trans?
Faz parte desse grupo todos os
indivíduos — homens ou mulheres — que manifestam características comportamentais
de um gênero diferente de seu sexo biológico. Ou seja, a pessoa pode ter
nascido com a genitália de um homem, mas não consegue se identificar com o
gênero masculino e, por isso, escolhe viver como uma mulher.
Nem sempre esse comportamento é compreendido pela sociedade que, por falta de
conhecimento ou por não saber o que é transfobia, acaba reforçando atitudes
preconceituosas contra os pertencentes dessas minorias. Tais práticas precisam
ser combatidas para evitar o sofrimento psicológico resultante da opressão dos
transgêneros.
Qual é a diferença entre pessoas cis
e trans?
Agora que você já sabe o que define o
grupo de pessoas trans, será bem mais fácil entender as diferenças entre
indivíduos trans e cis. Em primeiro lugar, uma pessoa que se identifica como
cisgênero é aquela que vive de acordo com o seu sexo biológico. Em outras
palavras, cis são todas as pessoas que se identificam com o gênero que lhe foi
atribuído ao nascer.
Se ao nascimento, alguém é identificado como pertencente ao sexo masculino e,
ao longo de sua vida, há a aceitação desse gênero, isso reflete sua identidade
cis. Do contrário, quando a pessoa não vive em conformidade com o gênero que
lhe foi designado ao nascer, ela é classificada como transgênero, transexual ou
simplesmente trans.
O que é transfobia?
No Brasil, esse conceito está ganhando cada vez mais notoriedade
devido à associação da transfobia com atos de preconceito contra as pessoas que
se identificam como transgêneros. No sentido estrito da palavra, o termo trans
é utilizado para caracterizar indivíduos transexuais e transgêneros, enquanto
“fobia” significa “aversão a algo ou a alguém.”
Logo, a definição de transfobia envolve atos de preconceito contra esse grupo,
assim como toda forma de discriminação e intolerância. Nesse conceito estão
incluídos comportamentos que incitam práticas de violência física, verbal,
psicológica ou moral contra essas pessoas. Tais atos são também veiculados
virtualmente, gerando implicações que envolvem as redes sociais e a saúde
mental.
Quais são as principais causas da transfobia?
Tão importante quanto saber o que é transfobia é ter informação
suficiente sobre os motivos que sustentam posturas preconceituosas. Confira os
mais relevantes!
Preconceito estrutural
Um dos pilares que alimentam esse preconceito é a ideia da
“heterocisnormatividade”, cultura que julga como aceitáveis somente os
relacionamentos heteroafetivos. A adesão a esse pensamento transfóbico exclui,
por completo, pessoas transexuais e todas as demais que se encaixam em
orientações sexuais alternativas.
Questões religiosas
Desde a antiguidade, interpretações duvidosas de livros sagrados
têm sido a base de sustentação de diversas formas de preconceito. Por tal
razão, o ideário cristão — ainda vigente em nossos dias —desaprova atitudes e
pessoas que se comportam diferentemente do que é considerado correto pela
religião.
Isso torna a transexualidade um tema ainda mais delicado pois, segundo os
princípios do Cristianismo, tal prática é um desvio de conduta ou ato pecaminoso.
Logo, quando há manifestação de comportamentos contrários aos estereótipos
“comuns” de masculino e feminino, aflora-se a discriminação e o preconceito
mimetizados pela visão religiosa.
Falta de conhecimento
Fazendo alusão à célebre frase de Gandhi “O homem é aquilo que a
educação faz dele”, pode-se ter ideia de como a desinformação ajuda a
reproduzir atitudes preconceituosas. Por isso, a falta de conhecimento gera
comportamentos transfóbicos que, muitas vezes, surgem até
inconscientemente.
Como é a transfobia no Brasil?
De acordo com dados divulgados por instituições que defendem a
causa LGBTQ+, o Brasil é um dos países com maior registro de casos de violência
contra essa população. Até o mês de julho de 2020, houve um aumento de 39% no
número de assassinatos de indivíduos transgêneros em relação ao ano anterior —
89 mortes foram confirmadas.
Em todo o país, 124 pessoas trans foram mortas em 2019. Esses dados demonstram
a necessidade de implementar novas políticas públicas de combate à violência
contra essas minorias. É preciso fomentar campanhas e movimentos que incentivem
a conscientização e que acabem, de uma vez por todas, com a transfobia no país.
Como combater a transfobia?
Entre outras alternativas, o combate à transfobia pode ser possível por meio de
medidas educativas. Listamos algumas práticas que podem minimizar os impactos
desse problema. Acompanhe!
Busque informações sobre o tema
O avanço tecnológico e o desenvolvimento de novas formas de
comunicação facilitam bastante a divulgação de informações. Logo, é de
fundamental importância aproveitar esses recursos para entender melhor as
causas desse preconceito para não reproduzi-lo.
Evite ser invasivo
Ao interagir com indivíduos transgêneros, assuma uma postura
respeitosa e evite questionamentos que gerem constrangimentos. Aprender a
respeitar as diferenças é um importante passo para entender o que é transfobia
e combatê-la.
Eduque as crianças
O poder transformador da educação pode mover barreiras, até
mesmo as que sustentam o preconceito. Por isso, ensinar crianças sobre a
importância da diversidade é fundamental para a construção de uma sociedade
mais ética, respeitosa e harmônica.
Como o HSM pode ajudar pessoas vítimas de transfobia?
Nosso hospital oferece terapias para a reabilitação da saúde
mental de pessoas em sofrimento psicológico, como as vítimas de transfobia.
Disponibilizamos tratamentos para dependentes químicos, crianças, adolescentes,
jovens e adultos que apresentam algum comprometimento emocional ou mental.
Para superar os desafios que envolvem a transexualidade, o ideal é contar com o
apoio da equipe multidisciplinar do Hospital Santa Mônica. Nossa proposta é
promover o bem-estar e a qualidade de vida de quem sabe o que é transfobia pelo
que tal conceito representa em sua realidade.