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segunda-feira, 2 de março de 2020

Manter hábitos antigos após a bariátrica pode colocar em risco resultados da cirurgia


Especialista do Hospital São Camilo ressalta importância do acompanhamento pós-operatório multidisciplinar para evitar o problema


A gastroplastia, também chamada de cirurgia bariátrica ou redução do estomago, é uma das opções mais indicada para quem está lutando contra os problemas relacionados à obesidade. A cirurgiã do aparelho digestivo que atua na Rede de Hospitais São Camilo de São Paulo Dra. Carina Fernandes Barbosa revela que o procedimento pode ajudar a reduzir diabetes, hipertensão, enxaqueca, depressão, apneia do sono, colesterol alto, asma, esteatose hepática, doença do refluxo, ovários policísticos, incontinência urinaria, osteoartrite, varizes e gota.

No entanto, segundo a especialista, para obter e manter os bons resultados com o procedimento, é fundamental promover uma mudança de hábitos.

“O reganho de peso pós-cirurgia bariátrica, normalmente, está vinculado à ausência de mudança no estilo de vida dos pacientes. A falta de atividade física, más escolhas alimentares e o não acompanhamento psicológico estão entre os agravantes”, alerta a especialista.

De acordo com dados de 2017 da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM), cerca de 15% das pessoas que fazem o procedimento não conseguem manter bons resultados.

Para combater esses números, a médica conta que a Rede São Camilo de São Paulo criou um programa que é conduzido por uma equipe multidisciplinar, cujo foco é dar suporte especializado aos pacientes que realizam a cirurgia.

“A equipe é composta por nutricionistas, psicólogos, fisioterapeutas e/ou preparadores físicos. Esse time, juntamente com o cirurgião bariátrico, acompanha o paciente desde a pré-cirurgia até o pós-operatório, dando todo o apoio necessário na jornada da cirurgia bariátrica.”

O acompanhamento é feito individualmente através de consultas, e o direcionamento pode variar para cada paciente. “Em alguns casos, como da obesidade mórbida, por exemplo, o tratamento é crônico e multifatorial, e depende de diversos profissionais atuando em sua área específica para que seja possível identificar as causas e definir a melhor abordagem”, explica.

Além disso, também são realizados encontros periódicos, onde os pacientes têm a oportunidade de conhecer pessoas que vivenciaram situações parecidas e podem compartilhar suas experiências. “Essa troca é muito rica, os pacientes encontram apoio uns nos outros e encaram as mudanças físicas e emocionais com mais disposição”, comenta Dra. Carina.


Protocolo ERAS reduz tempo de recuperação

Indicada para pacientes com IMC acima de 35 ou 40, com comorbidades, e para aqueles com IMC acima de 30, portadores de Diabetes Mellitus tipo 2, insulinos dependentes com difícil controle da doença, a bariátrica pode ser realizada por diferentes métodos.

A cirurgiã cita o Bypass Gástrico em Y de Roux e a Gastrectomia Vertical, podendo ser feita por cirurgia robótica, como as opções que permitem recuperação mais rápida, sobretudo quando aliadas ao Protocolo ERAS (Enhanced Recovery After Surgery, Otimização da Recuperação Pós-Operatória).

Trata-se de um conjunto de práticas aplicadas ao pós-operatório, que integra as equipes médicas às multidisciplinares com o objetivo de alinhar processos para reduzir complicações no pós-operatório e, consequentemente, diminuir também o tempo de internação hospitalar.

O Hospital São Camilo foi o primeiro hospital privado do país a aplicar o ERAS na bariátrica e os ganhos são significativos. “As práticas promovem uma cirurgia sem grandes cortes, drenos ou sondas, portanto questões como dor pós-operatória e náuseas são mínimas”, comemora.


Dieta tem efeitos rápidos na qualidade do esperma


Foto: Marta Dzedyshko/Pexels
Esta é a conclusão de um novo estudo em que homens jovens saudáveis foram alimentados com uma dieta rica em açúcar




O esperma é influenciado pela dieta e os efeitos decorrentes dela surgem rapidamente. Esta é a conclusão de um estudo realizado por pesquisadores da Universidade de Linköping, na Suécia, no qual jovens saudáveis ​​foram alimentados com uma dieta rica em açúcar. O estudo, publicado na PLOS Biology no fim de 2019, fornece uma nova visão sobre a função do esperma e pode, em longo prazo, contribuir para novos métodos de diagnóstico para medir a qualidade do esperma.

Os pesquisadores afirmaram que a dieta influencia a motilidade dos espermatozoides e vincularam as alterações a moléculas específicas neles. O estudo revelou efeitos rápidos que são perceptíveis após uma a duas semanas.

A qualidade do esperma pode ser prejudicada por vários fatores ambientais e de estilo de vida, dos quais obesidade e doenças relacionadas, como diabetes tipo 2, são fatores de risco bem conhecidos para a baixa qualidade.

“Quando se pensa na saúde reprodutiva do homem, muitos pacientes acreditam que a contagem de espermatozoides (concentração) é o único critério para se avaliar  a fertilidade. Ela é, de fato, importante, mas há outros aspectos igualmente relevantes para avaliar a fertilidade masculina. Esses incluem a motilidade (movimentação dos espermatozoides) do esperma e a morfologia (formato correto e estrutura fisiológica)”, afirma Arnaldo Cambiaghi, especialista em ginecologia e obstetrícia, com certificado de atuação na área de reprodução assistida, e responsável técnico do Centro de Reprodução Humana do IPGO.


Dos pais para os filhos

O grupo de pesquisa que realizou o novo estudo está interessado em fenômenos epigenéticos, que envolvem propriedades físicas ou níveis de alteração da expressão gênica, mesmo quando o material genético, a sequência do DNA, não é alterado. Em certos casos, essas alterações epigenéticas podem levar à transferência de propriedades dos pais para os filhos por meio do esperma ou do óvulo.

Em um estudo anterior, cientistas mostraram que as moscas-das-frutas masculinas que consumiram excesso de açúcar pouco antes do acasalamento produziram mais frequentemente filhotes que ficaram com sobrepeso. Estudos semelhantes em ratos sugeriram que pequenos fragmentos de RNA, conhecidos como tsRNA, desempenharam um papel nesses fenômenos epigenéticos que apareceram na próxima geração. Esses fragmentos de RNA estão presentes em quantidades incomumente grandes no esperma de muitas espécies, incluindo humanos, moscas-das-frutas e camundongos.

Até agora, sua função não foi examinada em detalhes. Os cientistas especularam que os fragmentos de RNA no esperma podem estar envolvidos em fenômenos epigenéticos, mas é muito cedo para dizer se esse é o caso em humanos. O novo estudo foi iniciado pelos pesquisadores para investigar se o alto consumo de açúcar afeta os fragmentos de RNA no esperma humano.

 
Foto: Alexander Mils/Unsplash
O estudo examinou 15 homens jovens normais e não fumantes, que seguiram uma dieta na qual receberam todos os alimentos dos cientistas por duas semanas. A dieta foi baseada nas Recomendações Nórdicas de Nutrição para uma alimentação saudável, com uma exceção: durante a segunda semana, os pesquisadores adicionaram açúcar, correspondendo a cerca de 3,5 litros de refrigerantes, ou 450 gramas de doces, todos os dias. A qualidade do esperma e outros indicadores de saúde dos participantes foram investigados no início do estudo, após a primeira semana (durante a qual eles fizeram uma dieta saudável) e após a segunda semana (quando os participantes consumiram adicionalmente grandes quantidades de açúcar).

No início do estudo, um terço dos participantes apresentava baixa motilidade espermática. A motilidade é um dos vários fatores que influenciam a qualidade espermática, e a fração de pessoas com baixa motilidade espermática no estudo correspondeu à da população em geral. Os pesquisadores ficaram surpresos ao descobrir que a motilidade espermática de todos os participantes se normalizou durante o estudo.

Segundo os cientistas, o estudo mostrou que a motilidade espermática pode ser alterada em um curto período e parece estar intimamente ligada à dieta. Isso tem implicações clínicas importantes, mas eles ainda não podem dizer se foi o açúcar que causou o efeito, pois pode ser um componente da dieta saudável básica que tem efeito positivo no esperma.

Os pesquisadores também descobriram que os pequenos fragmentos de RNA, que estão ligados à motilidade espermática, também mudaram. Agora, eles planejam continuar o trabalho e investigar se existe uma ligação entre a fertilidade masculina e os fragmentos de RNA no esperma. Eles também determinarão se o código de RNA pode ser usado para novos métodos de diagnóstico para medir a qualidade do esperma durante a fertilização in vitro.

Cambiaghi explica que diversos fatores estão envolvidos nas deficiências nutricionais: socioeconômicos, culturais (tabus e crenças) e maus hábitos alimentares. Ele ressalta que deficiências nutricionais surgem em decorrência de uma alimentação inadequada a curto, médio ou longo prazo. Essas carências originam-se de acordo com a qualidade da alimentação e a frequência com que determinados alimentos são inseridos na rotina do indivíduo.

“O consumo alimentar deficiente em nutrientes importantes para a manutenção das funções reprodutoras, seja ele superior ou inferior às recomendações diárias, pode ter relação com a má qualidade, a baixa concentração, a alteração da forma e a produção de espermatozoides”, conclui o médico.

Cambiaghi, inclusive, tem um livro lançado que aborda o tema da alimentação – Dieta da Fertlidade – que pode ser baixado gratuitamente neste endereço: https://dietadafertilidade.com.br
 

A seguir, algumas recomendações de Cambiaghi para maximizar a fertilidade masculina

1. Pare com os maus hábitos: Evite beber álcool pare de fumar e não use drogas ilegais. Todos esses hábitos inadequados podem reduzir a contagem e danificar o espermatozoide, causando uma incapacidade para fertilizar óvulos. Se estes maus hábitos não puderem ser evitados, reduza a regularidade de cada um deles.

2. Evite alimentos processados na sua dieta: nutrição, é claro, é uma variável-chave. É importante manter uma dieta rica em proteínas, verduras e grãos integrais. Prefira sempre uma dieta baixa em gordura e açúcar. Quando se segue uma dieta saudável, a qualidade do sêmen tende a ser melhor porque o organismo se torna também mais saudável com um metabolismo funcionando corretamente. Sempre que possível, optar por alimentos orgânicos para manter uma dieta ideal.

3. Faça exercícios regularmente. Exercitar-se pelo menos 30 minutos por dia, pode minimizar o estresse e maximizar a qualidade do esperma. Exercícios de baixo impacto são melhores, como o tai chi, yoga ou meditação. No entanto, é importante não exagerar ou participar de atividades que possam danificar o organismo, principalmente o sistema reprodutor.

Foto: StockSnap/Pixabay
4. Frequência das relações sexuais. Considera-se ideal a frequência de duas a três relações sexuais por semana para que se obtenha uma chace máxima de sucesso de gestação natural. Entretanto, pesquisas têm demonstrado que este número de relações sexuais tem diminuído nos últimos tempos. Às vezes, são até bem esporádicas. As razões para isso são excesso de trabalho, muitas vezes intercalado com viagens frequentes, tornando difícil ao casal estar junto, o estresse diário e outros tópicos.



5. Hábitos e estilo de vida: abster-se do uso de drogas ilícitas e parar de fumar. Beber álcool só moderadamente. Passar muito tempo em uma sauna ou banheira de água quente pode causar calor excessivo, o que faz que os testículos produzam um sêmen de má qualidade. Além disso, roupas íntimas, shorts ou jeans muito justos devem ser evitados e substituídos por roupas mais largas, a fim de permitir que os testículos “respirem”. 


6. Alguns suplementos podem ajudarantioxidantes são essenciais para a saúde do esperma e fertilidade masculina. A vitamina C e vitamina E têm sido sugeridos para melhorar a saúde do esperma. Outros suplementos como Arginina, Citrulina, Acetilcisteima, Picnogenol, Zinco, Selênio, Coenzima Q10 podem ser úteis na melhora da qualidade do sêmen.


7. Toxinas ambientais: mudanças ambientais têm preocupado autoridades no mundo todo. Muitas delas têm sido causadas pela evolução tecnológica, gerada pelo próprio homem e interferem no bem-estar das pessoas, agredindo vários órgãos do corpo humano e causando problemas de saúde. O uso de pesticidas nas plantações é uma delas.


8. Estresse: também é uma variável em baixa contagem de espermatozoides. O estresse emocional e físico, bem como insônia, podem facilitar desequilíbrios hormonais em homens. Isso tem impacto sobre a produção de esperma. Se o paciente tiver dúvidas sobre como as questões de estilo de vida podem afetar a fertilidade e a contagem de espermatozoides, uma ajuda especializada poderá ajudar a dissipar certos mitos.


9. Exame médico: É uma etapa importante para diagnosticar as causas de um espermograma com problemas. Salienta-se que, em caso de dúvida, o ideal é repetir este exame por pelo menos três vezes para confirmação do diagnóstico. Essas causas incluem varicocele (dilatação anormal das veias dos testículos, podemos dizer que são varizes das veias testiculares; exposição a produtos químicos ou radiação, anormalidades testiculares congênitas e idade (embora este é mais um fator para problemas de fertilidade entre as mulheres). 





Fonte: Arnaldo Schizzi Cambiaghi é responsável técnico do Centro de Reprodução Humana do IPGO.

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