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quinta-feira, 3 de janeiro de 2019

Sou aquele que me guarda


Quem é que, realmente, te guarda? 

Existem momentos que fraquejamos, momentos em que acreditamos não conseguir superar as situações e circunstancias sozinhos. A medida que vemos as coisas acontecerem em nosso redor, percebemos que somos influenciados nesse processo: buscamos ajuda. Seja física ou espiritual.
João Gonsalves, terapeuta transpessoal, comenta que as experiências as quais vivemos são impulsionadas diretamente pelo nosso pensar, sentir e por aquilo que damos mais atenção: “Eu crio minha realidade junto a infinitas consciências que estão prontas a se tornar o que desejo”.
Muitas vezes as circunstancias são resultado de nossas ações, desejos e formas com as quais enxergamos e levamos a vida humana. Quanto mais difícil forem essas, mais desacreditamos de nós e buscamos força em seres além de nós. Pensando nessa conexão transpessoal, João Golsalves remete a ideia do Anjo da Guarda, àquele ser divino que depositamos toda a nossa confiança, a fim de sermos protegidos e, nossos anseios, guardados: “Quando eu dedico um tempo ao anjo da guarda, o meu foco é que esse resolva um problema em meu lugar. Na verdade, o fato de você pensar que o anjo está o vendo é o que realmente está direcionando a sua energia para resolver o verdadeiro problema”.
O terapeuta, na ideia de que somos completos e fonte geradora, nos explica que, na realidade, nós somos o nosso próprio anjo da guarda. “Embora você ache que é um terceiro, na verdade, você é quem está criando a energia que vai realizar aquilo que você espera que o seu anjo da guarda realize”.
A velha expressão de que é a nossa fé que move montanhas, que é a nossa convicção e confiança que fazem as coisas acontecerem, se torna real na percepção do criador da Autosofia: “Se você não entende que é por você mas entende que aquilo está sendo realizado por um terceiro, ou um ajo fora de você, então, de qualquer forma a sua convicção é de que aquilo está sendo resolvido. Mas é interessante que, a medida que você vai se observando, se conhecendo, vendo como você está pensando, o que está esperando em paralelo a como as coisas vão acontecendo, você terá uma associação direta tanto entre o que você espera e o que deseja, quanto entre o que você espera e você teme”.
João afirma que aquilo que damos mais atenção é o que realizamos, logo é muito importante, para ele, termos a consciência de que o anjo da guarda está dentro de nós e vive através de nós. “Estamos atuando no nível de sentimento, de desejo, de confiança e, também, de medo”, observa o terapeuta, se atentando àquelas situações em que nos afligimos, mas temos esperança, mesmo em meio ao receio, de que tudo termine bem.
“Nós somos o anjo que nos guarda”, reafirma e aconselha: “Vamos procurar nos observar, esse é um grande exercício, e ver a correlação entre os acontecimentos e o nosso estado mental, nossas emoções e o que estávamos esperando como resultado, seja porque desejávamos ou temíamos”.
Nós somos, segundo o pesquisador, a fonte, o amor, a vida, o sábio, a força criadora consciente e o poder criador presente. Nós somos o anjo que está atuando sempre, em todos os momentos.



João Gonsalves -Terapeuta e Assessor de Autoconhecimento
Endereço: Estrada Manoel Lages do Chão, 1335 - Cotia - São Paulo


Repetição de palavras e frases pode indicar alteração no desenvolvimento?


A aquisição da fala é um processo complexo, que passa por vários marcos dentro do desenvolvimento infantil. Um dos recursos que as crianças menores podem usar é a ecolalia, repetição em eco da fala do outro.

Por exemplo: se você perguntar para um bebê, que está começando a aprender a falar, se ele quer banana, é possível que ele responda repetindo banana ou parte da palavra, como “nana”. Com o passar do tempo, espera-se que este bebê aprenda a resposta sim, não, quero, etc.

Segundo a
fonoaudióloga Vanessa Medina, algumas crianças apresentam a ecolalia e a utilizam como um dispositivo de comunicação, usando a repetição como confirmação do desejo, mecanismo de regulamento do comportamento ou como meio de falar quando ainda são incapazes de usar as palavras livremente.

“Entretanto, a ecolalia tardia é considerada um sinal precoce do Transtorno do Espectro Autista (TEA). A ecolalia patológica é contínua e persistente, enquanto que ecolalia normal tende a desaparecer com o desenvolvimento da linguagem”.

“Por volta dos dois anos de idade, a criança começa a usar formas mais complexas e espontâneas de comunicação, usando menos o recurso da repetição. Nesta fase, espera-se que a criança esteja usando suas próprias observações ou expressões para se comunicar. Até os três anos, portanto, a ecolalia deve ser mínima ou inexistente”, comenta Vanessa.
 

Quando a ecolalia pode indicar algum atraso no desenvolvimento?

A
neuropediatra Dra. Karina Weinmann, cofundadora da NeuroKinder, reforça que embora faça parte do desenvolvimento da linguagem, a ecolalia também é um sintoma do Transtorno do Espectro Autista (TEA). “Por isso, é importante que os pais entendam os marcos do desenvolvimento. Com isso, eles podem compreender melhor quando é preciso procurar um profissional para avaliar aquilo que foge do esperado para cada fase do desenvolvimento da criança”.

“Se aos três anos de idade, por exemplo, a criança só usa a ecolalia para se comunicar, é preciso fazer uma avaliação. Outro ponto importante é que não basta a ecolalia para o diagnóstico do autismo. Ela é apenas um dos sintomas e faz parte do quadro de outras patologias, que serão descartadas pelo médico”, explica Dra. Karina.


Ecolalia e TEA

A memorização e a repetição de frases ou de palavras são as formas que muitos autistas têm para se expressar. “Alguns podem usar como forma de autorregulação, ou seja, quando algo não está bem eles usam a ecolalia com um conforto ou para aliviar o estresse. Outros usam para relembrar um momento e, por fim, a ecolalia para algumas crianças é usada por ser o único recurso de comunicação que conhecem ou desenvolveram”, comenta Vanessa.

A fonoaudióloga explica que a ecolalia pode ser imediata ou tardia. “A imediata é aquela repetida no momento da escuta. Você diz para a criança lavar as mãos para comer, por exemplo. Em seguida ela vai repetir “lave as mãos para comer” ou parte da frase dita pela outra pessoa. A ecolalia tardia é aquela em que a criança memoriza uma frase ou discurso de um desenho animado ou de um filme, por exemplo, e a usa regularmente dentro da sua comunicação”. Vale lembrar que a ecolalia tardia é considerada um sinal precoce do autismo.


Um novo olhar sob a ecolalia

Nos últimos anos, os terapeutas desenvolveram um novo olhar sob a ecolalia. Segundo algumas linhas terapêuticas, a ecolalia deve ser vista com um recurso importante de comunicação e uma maneira de interação com a criança.

“Podemos dizer que a ecolalia é uma porta de entrada e que o fonoaudiólogo e os pais podem usá-la para ajudar a criança a desenvolver sua comunicação”, diz Vanessa.
 

Quem procurar?

A avaliação inicial é realizada pelo médico neuropediatra. Dependendo da sua hipótese diagnóstica, é solicitada uma avaliação do profissional terapeuta, que no caso da ecolalia, é feita por um fonoaudiólogo. Assim que o diagnóstico é fechado, é feito o planejamento terapêutico pela equipe interdisciplinar, como o médico, o fonoaudiólogo, o psicólogo, etc.  Lembrando que o papel do fonoaudiólogo é essencial para o aprimoramento da linguagem e para o desenvolvimento das habilidades de comunicação.
 


Fracassou em 2018? Não tem problema



Fracasse e serás feliz


Monge Mauricio Hondaku defende que vencer o medo de fracassar pode levar a uma felicidade plena 


Muitos ficam felizes por terem atingido seus objetivos, pelo sucesso profissional ou pessoal, mas uma grande parte se entristece e se angustia por ter "fracassado" mais uma vez. Pois é para este grupo de pessoas que "fracassaram" em 2018 que quero mandar uma mensagem especial.

Ter sucesso...ter sucesso..ter sucesso....ser o melhor, ser líder, ser ousado, ser o primeiro, ser o mais rápido, ser o mais destemido. Será que o mundo tem lugar para tanta gente perfeita assim?

Ter o melhor emprego, ser o empregado do mês, ser a melhor mãe do mundo, ser o pai mais realizado, ser magra sempre, ser sarado como um adolescente, estar na frente do pelotão, subir a mais alta montanha, inventar a mais lucrativa empresa do mundo... Será que vivemos somente de sucessos?

Outro dia olhei para trás e vi que as pessoas que me inspiram não foram as que tiveram sucesso, e sim as que fracassaram terrivelmente durante suas vidas, mas que desses fracassos  tiveram insights fortíssimos e definitivos.

Ainda vejo cursos, programas, grupos que enaltecem o sucesso como se todos nós o tocássemos com o esticar dos dedos. Assim, eu penso quantos Steve Jobs têm lugar no mundo, quantos Winston Churchill  ou Alexandre, o Grande nascerão? Acho que poucos ou até mais nenhum.

Mas quantos fracassados existem? Quantas pessoas que tentam todos os dias ser quem não são e se consomem em lágrimas por se acharem insignificantes na sociedade na qual vivemos?

Pois me deixem contar a história de um personagem do século Xlll. Seu nome era Zenshin, um filho de aristocratas japoneses do poderoso clã Fujiwara. Perdeu seus pais muito cedo e fora criado por seu tio. Quando tinha 9 anos pediu ao seu pai adotivo que o levasse a um templo em Kyoto, pois queria se ordenar monge budista.

Chegando lá Zenshin foi recebido pelo abade. Era um templo austero e os monges muito disciplinados. Zenshin queria saber como ele poderia se iluminar. Seu mestre o instruiu a passar três anos dando voltas em uma estátua do Buda que havia na frente do templo, recitando seu nome.

Depois desses anos, o monge Zenshin voltou a falar com seu mestre dizendo que ele se sentia o mesmo, com os mesmos desejos. Assim, o mestre lhe repreendeu e o mandou de volta para mais três anos de prática em volta da estátua. O tempo determinado passou e um frustrado Zenshin volta a ter com seu mestre para relatar sua frustração de ainda ser como sempre foi. Ao todo foram quase 20 anos de prática diligente, porém com pouca eficácia.

Foi quando Zenshin finalmente encara seu fracasso e sua total incapacidade de executar aquilo que não lhe trazia a felicidade. E foi somente quando esse jovem monge declara sua incompetência e abandona essa prática que ele entende o que é a liberdade e sente pela primeira vez na vida a felicidade suprema.

Como Zenshin, a cada momento de nossas vidas estamos tentando ser o que não somos ao invés de aprimorarmos quem realmente somos. Vimos a internet nos bombardeando de celebridades "perfeitas", vimos pessoas poderosas dirigindo carrões, vimos nosso vizinho se gabando de um mega negócio fechado. E o que sentimos? Sentimos inveja.

Essa inveja nos leva a buscar uma realidade ilusória de transformação que nunca iremos atingir. E só vamos nos frustrar gerando raiva em nossas mentes. Essa raiva vai nos condenar ao sofrimento contínuo e duradouro, pois no espelho alheio seremos sempre inferiores.

Ao passo que se olharmos para o NOSSO espelho, aquele ali no nosso banheiro e pudermos nos reconhecer como fracassados, mas com todas as condições de sermos felizes como Shinran, estaremos enaltecendo nossa natureza pura e nossas qualidades intrínsecas.

E se ao invés de querermos ser Steve Jobs ou qualquer celebridade que nos cerca, fôssemos o que temos de melhor dentro de nós? Mesmo que você ache que é pouco, pode ser muito. Pode ser transformador.

Deixe-me dar outro exemplo: no Palácio de Buckingham existe a Sala das Investiduras, na qual cidadãos britânicos são agraciados com reconhecimento da corte por seus feitos. O que logo pensamos é que somente grandes personalidades recebem tal distinção. Ledo engano. 

A grande maioria são cidadãos comuns que fazem sua parte na sociedade britânica, entre eles um homem que dedicou 57 anos de sua vida como voluntário da Cruz Vermelha sem receber um tostão por isso; uma senhora que impossibilitada de dar à luz, adotou 15 crianças; um leiteiro que promoveu e incentivou durante 40 anos o uso do leite animal por crianças no seu condado.

Todos devidamente recebidos no Palácio e reconhecidos pelos seus pequenos, mas importantes feitos. Não eram Jobs, Churchills, Gandhis, Terezas eram apenas mães, pais e...leiteiros.

Talvez todos eles acharam que estavam fazendo pouco e que eram fracassados, mas na verdade eram heróis, anônimos e atuantes, os quais nem mesmo faziam ideia de quem eram e da felicidade que podiam usufruir.

Dessa forma, quando alguém lhe dizer que você precisa ser mais ou que você precisa ser líder ou que você precisa se espelhar em tal pessoa, apenas pense que os grandes seres humanos da história apenas se declararam fracassados para encontrar a felicidade plena.

Portanto, em 2019 seja você e seja feliz. E fracasse quantas vezes precisar, mas descubra o que de melhor tem aí dentro.





Mauricio Hondakuum monge totalmente fora dos estereótipos. Executivo da área de vendas e palestrante motivacional. Adora rock'n'roll, tatuagens, bike de estrada e um bom papo com amigos. Segue a filosofia budista há 32 anos e tornou-se Monge há seis. Pertence à Ordem Shinshu Otani - Higashi Honganji. Apaixonado pela cultura oriental e artes marciais desde a infância. Dá uma perspectiva moderna e simples aos ensinamentos budistas, sem perder a tradição. Primeiro monge brasileiro convidado a fazer uma série de artigos para a Revista Tricycle, principal revista budista do mundo.



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